terça-feira, 31 de maio de 2011

O Código Florestal e a quinta coluna

Canal do Produtor

Aldo Rebelo
Conta a lenda que ao cercar Madri durante a Guerra Civil Espanhola o general Emilio Mola Vidal ao ser questionado sobre qual das quatro colunas que comandava entraria primeiro na cidade sitiada, respondeu: a quinta coluna. Mola referia-se aos seus agentes, que de dentro sabotavam a resistência republicana.
Durante a Segunda Guerra Mundial a expressão tornou-se sinônimo de ações contra o esforço aliado na luta para derrotar o eixo nazi-fascista. A quinta coluna disseminava boatos, procurava enfraquecer e neutralizar a vontade da resistência e desmoralizar a reação contra o inimigo.
Após a votação do Código Florestal, no último dia 24, um restaurante de Brasília acolheu os principais “cabeças” das ONGs internacionais para um jantar que avançou madrugada adentro. A Câmara acabara aprovar por 410 x 63 votos o relatório do Código Florestal e derrotara de forma avassaladora a tentativa do grupo de pressão externo de impedir a decisão sobre a matéria. O ambiente era de consternação pela derrota, mas ali nascia a tática da quinta coluna moderna para pressionar o Senado e o governo contra a agricultura e os agricultores brasileiros. Os agentes internacionais recorreriam à mídia estrangeira e espalhariam internamente a ideia de que o Código “anistia” desmatadores e permite novos desmatamentos.
A sucessão dos fatos ilumina o caminho trilhado pelos conspiradores de botequim. No último domingo o Estado de São Paulo abriu uma página para reportagem assinada pelas jornalistas Afra Balazina e Andrea Vialli com a seguinte manchete: Novo Código permite desmatar mata nativa em área equivalente ao Paraná. Não há, no próprio texto da reportagem, uma informação sequer que confirme o título da matéria. É evidente que o projeto votado na Câmara não autoriza desmatamento algum. O que se discute é se dois milhões de proprietários que ocupam áreas de preservação permanente (margem de rio, encostas, morros) devem ser expulsos de suas terras ou em que proporção podem continuar cultivando como fazem há séculos no Brasil, à semelhança de seus congêneres em todo mundo.
No jornal O Globo, texto assinado por Cleide Carvalho, procura associar o desmatamento no Mato Grosso ao debate sobre o Código Florestal e as ONGs espalham por seus contatos na mídia a existência de relação entre o assassínio de camponeses na Amazônia e a votação da lei na Câmara dos Deputados. O Guardian de Londres publica artigo de um dos chefetes do Greenpeace com ameaças ao Brasil pela votação do Código Florestal. Tratam-nos como um enclave colonial carente das lições civilizatórias do império.
As ONGs internacionais consideram toda a área ocupada pela agropecuária no Brasil, passivo ambiental que deve ser convertido em floresta. Acham razoável que milhões de agricultores sejam obrigados a arrancar lavoura e capim e plantar vegetação nativa em seu lugar, em um país que mantém mais de 60% de seu território de áreas verdes.
A “anistia” atribuída ao relatório não é explicada pelos que a denunciam, nem a explicação é cobrada pela imprensa. Apenas divulgam que estão “anistiados” os que desmataram até 2008. Quem desmatou até 2008? Os que plantaram as primeiras mudas de cana no Nordeste e em São Paulo na época das capitanias hereditárias? Os primeiros cafeicultores do Pará, Rio de Janeiro e São Paulo no século XVIII? Os colonos convocados pelo governo de Getúlio Vargas para cultivar o Mato Grosso? Os gaúchos e nordestinos levados pelos governos militares para expandir a fronteira agrícola na Amazônia? Os assentados do Incra que receberam suas terras e só tinham acesso ao título de propriedade depois do desmatamento?
É importante destacar que pela legislação em vigor são todos “criminosos” ambientais submetidos ao vexame das multas e autuações do Ministério Público e dos órgãos de fiscalização. Envolvidos na teia de “ilegalidade” estão quase 100% dos agricultores do País por não terem a Reserva Legal que a lei não previa ou mata ciliar que a legislação de 1965 estabelecia de cinco a 100 metros e na década de 1980 foi alterada para 30 até 500 metros.
Reconhecendo o absurdo da situação, o próprio governo em decreto assinado pelo presidente Lula e pelo ministro Carlos Minc suspendeu as multas em decorrência da exigência “legal”, cujo prazo expira em 11 de junho e que provavelmente será re-editado pela presidente Dilma.
O governo e o País estão sob intensa pressão da desinformação e da mentira. A agricultura e os agricultores brasileiros tornaram-se invisíveis no Palácio do Planalto. Não sei se quando incorporou à delegação da viagem à China os suinocultores brasileiros em busca de mercado no gigante asiático a presidente tinha consciência de que quase toda a produção de suínos no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná está na ilegalidade por encontrar-se em área de preservação permanente.
A Câmara dos Deputados, por grande maioria, mostrou estar atenta aos interesses da preservação ambiental e da agricultura, votando uma proposta que foi aceita por um dos lados, mas rejeitada por aqueles que desconhecem ou precisam desconhecer a realidade do campo brasileiro. O Senado tem agora grande responsabilidade e o governo brasileiro precisa decidir se protege a agricultura do País ou se capitulará diante das pressões externas que em nome do meio ambiente sabotam o bem-estar do nosso povo e a economia nacional.
*Aldo Rebelo é deputado federal pelo PCdoB-SP e foi relator do projeto de lei do Novo Código Florestal Brasileiro já aprovado pela Câmara dos Deputados.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Felicidade

Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.

Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!
Fernando Pessoa

Brasil - a desordem do progresso

O Estado de S. Paulo

Antonio Corrêa De Lacerda
O caderno de Economia do Estadão (22/5, B1) trouxe interessante matéria, aprofundada nas suas páginas internas, sobre o que denominou "as dores do crescimento", ou a nova realidade do País nos últimos anos, nos quais a expansão da economia também tem exposto muitas das nossas fragilidades.
A economia brasileira cresceu 4% ao ano, em média, no período 2003-2010, número que deve se repetir em 2011, o equivalente ao dobro da média observada de 1990 a 2002. O aumento da demanda decorrente se expressa nas filas em aeroportos, bares, restaurantes, hotéis e muitos outros locais, sem que tivesse havido uma expansão da oferta no mesmo ritmo.
No caso da infraestrutura, apesar de ter havido um expressivo aumento dos investimentos nos últimos anos, ainda há muitas carências, o que se reflete na falta, ou na má qualidade, de estradas, portos, aeroportos, etc... É muito importante que o poder público acelere os investimentos sob a sua responsabilidade e melhore o ambiente de negócios, para que as empresas também ampliem seus investimentos nessas áreas.
O mesmo se aplica a uma carência de determinados profissionais. Isso tem ocorrido tanto em carreiras especializadas, como engenharia, por exemplo, quanto em outras profissões que não exigem tanta qualificação - mas também temos carência em profissões como empregadas domésticas e em outros serviços pessoais.
No caso das áreas de engenharia, conheci muita gente com excelente formação, mas que, por causa do baixo dinamismo da economia nos anos 80 e 90, acabava desistindo da profissão, seja pela dificuldade de obter um emprego ou porque não se sentia satisfeita com a remuneração e demais condições de trabalho, especialmente na construção civil. Quem teve chance migrou para áreas mais atrativas, como o mercado financeiro ou o serviço público. É obvio que essa situação desestimulou os novos pretendentes.
Isso tem causado duas evidências: a primeira é a carência de profissionais no curto prazo; e a outra decorrente é o crescimento dos preços. Os serviços tiveram seus preços majorados em 10% nos últimos 12 meses, praticamente o dobro do comportamento dos preços dos produtos que enfrentam maior concorrência.
O fato é que o longo período de baixo crescimento da economia brasileira também estagnou a capacidade de investimentos do governo e da iniciativa privada. Afinal, por que uma empresa investiria na expansão do seu negócio se a demanda esperada não crescia substancialmente?
A nova realidade brasileira de maior crescimento da economia nos últimos anos decorre de aspectos favoráveis no mercado internacional, como, por exemplo, os preços dos produtos básicos que exportamos (as commodities), mas também de políticas econômicas e sociais que favoreceram o crescimento da renda e do emprego.
O fato é que conseguimos combinar uma inflação razoavelmente controlada com crescimento da economia e melhora da distribuição de renda, o que fez com que cerca de 30 milhões de brasileiros tivessem ascendido na escala social nos últimos anos. Esse é um bom problema, porque nos desafia a apresentar soluções criativas e rápidas para uma economia pujante. É exatamente o inverso do que ocorre com muitos países em crise, na Europa e outras regiões onde o desafio é como garantir uma vida digna para milhões de pessoas que perderam seus empregos e não têm nenhuma perspectiva de obter um novo posto por alguns anos.
O lema "Ordem e Progresso", como expresso em nossa Bandeira Nacional, denota muito do povo brasileiro, talvez mais no que se refira ao seu espírito pacífico e expressiva tolerância étnica, religiosa e racial. Na economia, no entanto, é a desordem provocada pelo crescimento não programado que está ativando a demanda. Não é o desenvolvimento que deve ser contido, mas sim criarmos as condições para garantir a expansão da oferta, via melhora da infraestrutura e ampliação da capacidade da produção e de serviços.
Ao contrário do que ocorre em países maduros, nos quais a população está estagnada há anos, têm elevada renda per capita e um nível adequado de qualidade de vida, o Brasil enfrenta o desafio de proporcionar ascensão social a milhões de pessoas que vivem em condições precárias, assim como gerar cerca de 2 milhões de empregos para absorver os novos ingressantes do mercado de trabalho. O Brasil não se pode dar ao luxo de não crescer!
É preciso resgatar e aprimorar o instrumento do planejamento público e privado e acelerar a implementação dos projetos, sem interromper o ciclo virtuoso da economia. Até mesmo porque o que motiva os investimentos privados é uma expectativa favorável de ampliação continuada da demanda. Ninguém investe numa economia estagnada.
Enquanto isso, as "dores do crescimento" serão inevitáveis. Elas incomodam, mas são bem menos agudas que as dores da estagnação ou, pior ainda, da crise e da recessão. Convém-nos enfrentá-las com determinação, até mesmo porque representam muito mais uma oportunidade do que uma ameaça, desde que superadas o mais rápido possível.
ECONOMISTA, DOUTOR EM ECONOMIA PELO IE/UNICAMP, PROFESSOR DA PUC-SP E DA FUNDAÇÃO DOM CABRAL, FOI PRESIDENTE DO COFECON E DA SOBEET

sábado, 28 de maio de 2011

Como as potências ocidentais ajudam na perseguição aos cristãos

A política externa abertamente anticristã do Ocidente: apoiar ditadores anticristãos e guerras contra os que apoiam os cristãos
Don Hank
Recentemente, uma reportagem mostrou que os católicos da China desafiarão a política de seu governo que proíbe a realização do Dia Internacional de Oração.
Mas como é que um governo pode proibir isso, já que a oração representa expressão, que é, para citar Barack Obama, um “direito universal”? Obama disse isso num discurso advertindo Hosni Mubarak, presidente do Egito, a não pisar nos direitos humanos de manifestantes egípcios, que estavam destruindo propriedades governamentais e queimando carros nas ruas.
Então, o que o corajoso Obama teve a dizer acerca das flagrantes violações de direitos humanos na China?
Nada. Todos os outros “líderes” ocidentais também ficaram em silêncio.
Aliás, nenhum presidente se queixou de alguma violação de direitos humanos na China, onde o Cristianismo está sob controles rigorosos, e na Coreia do Norte, onde os cristãos são, conforme mostram reportagens, enviados para a prisão, surrados, executados e, num caso, foram pulverizados com ferros a vapor, e onde Kim Jong Il, conforme as reportagens, fez com que 2 milhões de pessoas morressem de fome.
A resposta oficial do Ocidente aos ditadores desumanos é sempre a mesma:
1 – Ignorar toda e qualquer violação de direitos humanos contra os cristãos em qualquer lugar
2 – Apoiar grupos que são hostis aos cristãos
Conforme mostrei num artigo anterior, em todos os conflitos envolvendo muçulmanos, a intervenção do Ocidente levou à perseguição dos cristãos, e na maior parte, eliminou populações cristãs nativas. Cada uma das intervenções dos EUA teve esse mesmo tipo de resultado.
Saddam, embora fosse tirano, protegia os cristãos durante seu governo. Logo que foi derrubado, a perseguição aos cristãos foi imediata. O governo dos EUA sob Bush/Obama não fez nada para dar proteção. Os cristãos assírios do Iraque foram discretamente deportados para a Suécia, que lhes concedeu asilo. Pense nisto: um país sob controle dos EUA perseguindo seus cristãos com a permissão tácita dos americanos (que alegam que fazem guerra para proteger “direitos humanos”).
Mubarak impunha todos os controles necessários para deter ações contra os cristãos. Ele não fez um trabalho grande, vamos dizer a verdade, mas se esforçou ao máximo em vista da atmosfera anticristã da população egípcia. Mas no dia em que ele foi expulso da presidência — sob pressão de Obama — as forças armadas do Egito dispararam em monges e funcionários de um monastério cristão copta.
A Costa do Marfim tinha um presidente cristão, Laurent Gbagbo, que afirmou que houve fraude em sua candidatura à reeleição. Aliás, havia fortes evidências de que ocorreu fraude e de que o candidato muçulmano que afirmou que ganhou tinha na verdade perdido muitos votos (conforme relatei antes, li isso num jornal francês que teve a ousadia de fazer uma reportagem sobre isso, mostrando fotos de cédulas eleitorais alteradas). A ONU deu um pontapé no cristão e declarou o muçulmano presidente sem investigar as afirmações de fraude. Numa área controlada pela ONU, 1.000 cristãos foram assassinados. Não houve nenhum protesto significativo por parte de nenhuma potência ocidental, que meses antes disso haviam investigado relatos de violações de direitos humanos cometidas pelo presidente cristão.
O próximo da fila é a Síria. Obama fixou sua atenção no presidente Basher Assad. Agora, você pode estar pensando acerca do histórico da Síria envolvendo o Cristianismo. Alguns anos atrás, um pastor sírio visitou nossa igreja e nos disse que, de modo espantoso, pelo menos naquela época, que a Síria era tão favorável aos cristãos que o governo ali realmente doava materiais de construção para a construção de igrejas cristãs. Creio que isso era verdade. A liderança não mudou desde então, de modo que estamos falando de outro país que possui relações amistosas com os cristãos, mas que logo poderá cair nas mãos de violentes e brutais islâmicos. Não é de admirar que as potências ocidentais hostis aos cristãos estejam ansiosas para ver a Síria cair. Deus proteja os cristãos ali se isso acontecer!
Qualquer um que desejar se informar sobre os detalhes da perseguição dos brutais chineses e norte-coreanos aos cristãos pode visitar os site da Voz dos Mártires e ler casos terríveis de violência. Contudo, qual é nossa reação ao governo da China? Por que os EUA têm políticas comerciais com eles sem nenhuma restrição e de tal magnitude que destroem as indústrias ocidentais e transformam a China na segunda nação mais rica da terra, e Obama festeja Hu Jintao na Casa Branca, ao mesmo tempo em que dissidentes chineses, inclusive Liu Xiaobao, ganhador do Prêmio Nobel, estavam presos por expressarem suas opiniões? Ao que tudo indica, a liberdade de expressão é só um “direito universal” em países islâmicos em que dissidentes buscam derrubar governos favoráveis aos cristãos. Vá em frente e me diga se estou exagerando.
Pergunta para o leitor:
Alguém aqui acha que o Ocidente, que trava guerras sem aviso prévio por causa de “direitos humanos”, algum dia fará qualquer coisa para proteger os cristãos fora do Ocidente? Você acha que essas mesmas potências ocidentais jamais perseguirão os cristãos ocidentais logo que virem que o clima está favorável?
Os meios de comunicação indicam constantemente que o propósito da “separação de igreja e Estado” é proteger pessoas não cristãs de violações de direitos humanos contra cristãos que têm mentalidade teocrática.
Mas eis o que a maioria de nós esquece por adormecimento:
Uma coisa — e uma coisa extremamente ruim — é o governo favorecer a religião da maioria sobre outra ou estabelecer uma teocracia. Mas outra coisa bem diferente é o governo promover, por meio de sua política externa, grupos que perseguem pessoas de qualquer religião por causa de sua religião.
É hora de nós, o povo, voltarmos a possuir o Ocidente.
De um modo muito real, estamos sob uma ocupação estrangeira hostil, perpetrada por uma coalizão de direita e esquerda do Partido Democrático e do Partido Republicano nos EUA e pela ONU, OTAN e União Europeia, cujas ações sistematicamente vão contra a vontade do povo. Nós o povo temos um direito soberano sobre nossa própria cultura e de não termos de ser manipulados a abandoná-la em favor de uma cultura estrangeira.
É claro que também temos o direito de continuar cometendo suicídio nacional se isso é o que realmente queremos.
Cabe a nós.
Será que o Ocidente tem a vontade de sobreviver?
Traduzido por Julio Severo: www.juliosevero.com
Fonte: Laiglesforum.com

sexta-feira, 27 de maio de 2011

QUANDO A DOR DO OUTRO INCOMODA - PARASHÁ BAMIDBAR 5771 (27 de maio de 2011)

Chaim Shie era um garoto de 12 anos que vivia na Rússia, no começo do século passado. Seus pais não eram ricos, mas tinham boas condições financeiras e Chaim Shie tinha tudo o que precisava. Certa vez ele ganhou de presente do avô um par de botas. Feliz da vida, saiu caminhando pelas ruas geladas para estrear o presente. Foi quando encontrou seu amigo Shaika, um garoto muito pobre e órfão de pai, que vivia com sua mãe em um pequeno apartamento velho e utilizava sempre a mesma roupa esfarrapada. Chaim Shie viu os sapatos de Shaika completamente rasgados e teve misericórdia. Como ele aguentaria o frio do inverno com aqueles sapatos? Imediatamente tirou as botas novas e deu de presente para seu amigo pobre. Voltou de meias para casa, naquele inverno congelante. Pegou uma pneumonia e ficou um bom tempo sem sair de casa.
Chaim Shie também tinha um professor particular, pago pelos seus pais, que lhe ensinava Torá. Ele conseguiu convencê-lo a ensinar Shaika sem que ele precisasse pagar. Quando tudo parecia melhorar, algum tempo depois a mãe de Shaika faleceu subitamente. A compaixão de Chaim Shie novamente despertou-se e ele implorou aos pais para que o amigo viesse morar com eles. Porém a idéia foi rejeitada, já que, com 6 filhos, não havia espaço para mais ninguém. Os pais dele aceitaram ajudar Shaika com a alimentação e dinheiro para moradia, mas para Chaim Shie não era suficiente. Shaika foi morar no "ezrat nashim" (local onde as mulheres rezam) da sinagoga, onde dormiam os mendigos, e Chaim Shie acompanhou seu amigo, abandonando todo o conforto de sua casa.
Algum tempo depois estourou a 1ª Guerra Mundial. Shaika foi enviado para a casa de parentes distantes, que decidiram fugir para a América do Sul. Chaim Shie voltou para a casa dos pais, e os amigos nunca mais se viram. Chaim Shie casou-se, mudou-se para Israel e teve uma grande e bela família. Naquela época a pobreza em Israel era terrível e a família de Chaim Shie constantemente passava dificuldades. Já Shaika também se casou, formou uma família e prosperou nos negócios, tornando-se um homem muito rico.
Muitos anos se passaram e Shaika foi, pela primeira vez na vida, conhecer Israel. Chegando ao Muro das Lamentações, foi tomado de uma emoção enorme. Ainda emocionado, começou a escutar alguém rezando em voz alta. Aquela voz parecia familiar. Seu coração começou a bater acelerado enquanto ele procurava de onde vinha a voz. Foi quando Shaika reencontrou Chaim Shie, que estava também no Muro das Lamentações rezando. Os dois se abraçaram, chorando e rindo ao mesmo tempo.
Hoje, a família de Chaim Shie não passa mais dificuldades. A bondade que ele demonstrou quando era criança teve frutos. Todo mês um cheque vindo da América do Sul ajuda a complementar o orçamento familiar. O calor de um par de botas em uma tarde congelante durou por décadas e continua, até hoje, aquecendo o coração de dois grandes amigos. (História Real)
********************************************
Nesta semana começamos o quarto livro da Torá, Bamidbar, que descreve muitos eventos importantes que aconteceram com o povo judeu durante os 40 anos em que permaneceu no deserto, entre eles as reclamações do povo, a rebelião de Korach e a guerra contra Midian.
A Torá não é apenas um livro de histórias para que possamos saber o que ocorreu no passado. Apesar dos eventos descritos na Torá terem ocorrido há mais de 3.000 anos, cada detalhe nos ensina importantes lições para nossas vidas. Porém, a Parashá desta semana, Bamidbar, começa com algo que parece fugir à regra. A Parashá traz a contagem do povo judeu, dividido por tribos. Que grande ensinamento pode estar contido no número de pessoas que havia em cada tribo há mais de 3.000 anos?
Quando esta contagem foi feita, o povo judeu havia recém saído do Egito. Os 210 anos em que eram escravos foram terríveis, com inimagináveis sofrimentos físicos e psicológicos. Decretos, execuções sumárias, trabalhos forçados até o limite da exaustão. Explica Rashi, comentarista da Torá, que de todas as tribos que compunham o povo judeu, apenas a tribo de Levi não foi escravizada. Segundo a lógica, a população da tribo de Levi, que viveu em relativa tranqüilidade, deveria ser muito maior do que das outras tribos, que viveram oprimidas. Porém, ao olharmos os números do povo judeu trazidos nesta Parashá, temos uma grande surpresa. Enquanto todas as tribos tinham por volta de 50 a 60 mil homens com a idade de 20 a 60 anos, a tribo de Levi tinha pouco mais de 20 mil homens, incluindo os jovens abaixo de 20 anos e os anciãos acima dos 60 anos. Por que esta diferença ilógica nas quantidades?
Explica o Ramban (Nachmanides) que a resposta está no início do livro de Shemot. Quando o povo judeu começou a ser perseguido e escravizado, D'us mandou uma Brachá (benção) especial de fertilidade, de forma que as mulheres engravidavam e davam à luz com muito mais facilidade. Por isso, quanto mais os egípcios oprimiam os judeus, mais judeus nasciam no Egito, como diz o versículo "E quanto mais eles eram afligidos, mais eles aumentavam e se espalhavam" (Shemot 1:12). Já a tribo de Levi, que não foi escravizada, não recebeu a Brachá, o que explica a grande diferença na contagem.
Por que a tribo de Levi, dentre todas as outras tribos, foi a única a não ser escravizada? Pois a escravidão foi consequência da assimilação. Enquanto Yaacov e seus filhos estavam vivos, os judeus viviam isolados em Goshen, mantendo seus valores e seu nível espiritual elevado, afastados da idolatria e da promiscuidade egípcia. Com o passar do tempo começou a perda de valores e muitos judeus começaram a querer fazer parte da sociedade egípcia. O trabalho forçado que se transformou em escravidão começou como um trabalho voluntário, no qual a grande maioria do povo judeu participou como forma de ser socialmente aceito. Somente a tribo de Levi, que se dedicava ao crescimento espiritual, não se assimilou e não foi escravizada.
Mas se tribo de Levi não foi escravizada por seu grande mérito, então por que eles não receberam a Brachá de fertilidade junto com todo o povo? Explicam os nossos sábios um fundamento muito importante. É verdade que a tribo de Levi não foi escravizada por seu mérito, pois realmente os Leviim tinham um nível espiritual diferenciado. Mas eles falharam em uma característica, houve algo que, apesar de seu elevado nível espiritual, eles ainda não tinham alcançado. Pelo fato de estarem em liberdade e isentos do jugo egípcio, os Leviim não conseguiam sentir o sofrimento dos seus irmãos. Eles não sofreram junto com os outros judeus, não compartilharam sua dor. E como eles não se solidarizaram com os outros judeus, também não foram incluídos na Brachá que o resto do povo recebeu.
Portanto, os números da contagem do povo judeu nos ensinam duas lições de vida muito importantes. O primeiro ponto é sabermos que a lógica humana não se aplica em um mundo onde há supervisão de D'us sobre tudo o que ocorre. É verdade que pela nossa lógica deveria haver mais Leviim do que membros de qualquer outra tribo, mas isso não ocorreu, como dizemos todos os dias na Tefilá (reza): "Muitos são os pensamentos no coração do homem, mas é a vontade de D'us que sempre se cumpre". O segundo ponto é que D'us se comporta conosco Midá Kenegued Midá (medida por medida). Aqueles que se preocupam com o próximo recebem de D'us uma atenção especial e diferenciada. A bondade que fazemos aos outros volta a nós mesmos e aos nossos filhos.
Ensinam os nossos sábios que um sorriso para um pobre vale mais do que uma ajuda financeira, pois o sorriso demonstra solidariedade, consola o pobre. Passamos nas ruas e vemos pessoas dormindo nas calçadas, e para nós isso tudo virou normal e aceitável. É preciso lutar contra este conformismo. Mesmo quando não temos condições de dar uma ajuda financeira, pelo menos precisamos sentir a dor do outro. Somente assim poderemos completar o nosso trabalho espiritual e receber todas as Brachót que D'us quer nos mandar.
SHABAT SHALOM
Rav Efraim Birbojm

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Carta de Aldo a Dilma defende Código Florestal. “Eles querem os nossos bens”

Carta aberta que o deputado Aldo Rebelo enviou à Presidenta Dilma Rousseff para rebater a acusação de que seu relatório do Código Florestal quer “anistiar” os desmatadores.

Aldo aproveita para desmascarar a patranha dos verdes e cita o Padre Vieira: eles não querem o nosso bem, mas os nossos bens.

CARTA ABERTA
Excelentíssima presidente Dilma Rousseff,

Diante da iminente votação do novo Código Florestal, e na condição de relator do projeto na Câmara dos Deputados, sinto-me no dever de prestar breves esclarecimentos sobre o assunto no sentido de ajudá-la na compreensão dos aspectos aparentemente polêmicos da matéria em discussão.
Os adversários da atualização do Código insistem na patranha de que meu relatório “anistia” desmatadores. A verdade é que a “anistia” existente e que está em vigor é a assinada pelo ministro Carlos Minc e pelo presidente Lula em junho de 2008 e renovada em dezembro de 2009, no Decreto 7.029/09.
O presidente e o ministro perceberam que quase 100% dos 5 milhões e 200 mil agricultores, 4 milhões e 300 mil deles pequenos proprietários, não teriam como cumprir a legislação alterada por força de medidas provisórias nunca votadas no Congresso, decretos, portarias, instruções normativas e resoluções absurdas do Conama.
Transcrevo a seguir o Artigo 6º do decreto em vigor e que expira em 11 de junho:
1) O decreto suspende a aplicação das multas relativas a APP e RL
§ 1º. A partir da data de adesão ao “Programa Mais Ambiente”, o proprietário ou possuidor não será autuado com base nos arts. 43, 48, 51 e 55 do Decreto nº 6.514, de 2008, desde que a infração tenha sido cometida até o dia anterior à data de publicação deste Decreto e que cumpra as obrigações previstas no Termo de Adesão e Compromisso.
Importante destacar que os artigos mencionados tratam dos crimes de destruição e danificação de florestas e vegetação nativa em Área de Preservação Permanente — APP (43) ou de impedir e dificultar regeneração de vegetação nativa (48), e em Reserva Legal (art. 48, art. 51, art. 55), que não seriam mais autuados ou seja, suspendendo na prática a lei de crimes ambientais.
2) O decreto suspende as multas já lavradas:
§ 2º A adesão ao “Programa Mais Ambiente” suspenderá a cobrança das multas aplicadas em decorrência das infrações aos dispositivos referidos no § 1º, exceto nos casos de processos com julgamento definitivo na esfera administrativa.
O Programa Mais Ambiente suspende multas já aplicadas para todos os que a ele aderirem.
3) Cumpridas as exigências do Programa, as multas aplicadas não serão cobradas:
§ 3º Cumprido integralmente o Termo de Adesão e Compromisso nos prazos e condições estabelecidos, as multas aplicadas em decorrência das infrações a que se refere o § 1º serão consideradas como convertidas em serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente.
Eis a “anistia” em sua plenitude. As aspas são apenas para contestar o conceito, pois de “anistia” não se trata, uma vez que não há perdão mas apenas permuta entre a infração cometida e compromisso da regularização dos proprietários.
O que proponho em meu relatório tem o exato conteúdo do decreto em vigor:
Art. 33º.
§ 4º. Durante o prazo a que se refere o §2º e enquanto estiver sendo cumprindo o Termo de Adesão e Compromisso, o proprietário ou possuidor não poderá ser autuado e serão suspensas as sanções decorrentes de infrações cometidas antes de 22 de julho de 2008, relativas à supressão irregular de vegetação em áreas de reserva legal, áreas de preservação permanente e áreas de uso restrito, nos termos do regulamento.
 § 5º Cumpridas as obrigações estabelecidas no Programa de Regularização Ambiental ou no termo de compromisso para a regularização ambiental das exigências desta lei, nos prazos e condições neles estabelecidos, as multas, referidas neste artigo, serão consideradas como convertidas em serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente, legitimando as áreas que remanesceram ocupadas com atividades agrossivopastoris, regularizando seu uso como área rural consolidada para todos os fins.
Art. 34º. A assinatura de Termo de Adesão e Compromisso para regularização do imóvel ou posse rural junto ao órgão ambiental competente, mencionado no art. 33, suspenderá a punibilidade dos crimes previstos nos arts. 38, 39 e 48 da Lei nº 9.605 de 12 de fevereiro de 1998, enquanto este estiver sendo cumprido.
§1º A prescrição ficará interrompida durante o período de suspensão da pretensão punitiva.
§2º Extingue-se a punibilidade com a efetiva regularização prevista nesta lei.
É evidente que não há “anistia”, mas a interrupção da prescrição das multas até a adequação dos agricultores aos dispositivos da legislação. O que se busca é estimular a regularização ambiental da agricultura em lugar da solução ineficaz das multas e autuações.
Quanto à consolidação das atividades em Áreas de Preservação Permanente é de se destacar tratar-se de cultivos e pastoreio centenários de pequenas propriedades que não podem ser removidos como se erva daninha fossem. A recuperação de APPs, tanto as de topo de morro, encostas ou margem de rio deve considerar a existência do homem, de sua família, de sua sobrevivência, o que parece não estar presente na preocupação do ambientalismo neomalthusiano.
Confio na Vossa sensibilidade de chefe da Nação para arbitrar com equilíbrio e espírito humanitário a necessidade de combinar preservação ambiental e interesses da agricultura e do povo brasileiro. ONGs internacionais para cá despachadas pelos países ricos e sua agricultura subsidiada pressionam para decidir os rumos do nosso País. Eles já quebraram a agricultura africana e mexicana, com as consequências sociais visíveis. Não podemos permitir que o mesmo aconteça no Brasil. Termino relembrando o Padre Vieira quando alertou em um dos seus sermões: “Não vêm cá buscar nosso bem, vêm buscar nossos bens.”
Com apreço e admiração

Aldo Rebelo

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Importante passo para o fim da insegurança jurídica no campo

Canal do Produtor
Da Redação

A aprovação da proposta de atualização do Código Florestal é um importante passo para acabar com a insegurança jurídica no campo
Esta é a avaliação de várias lideranças agropecuárias que estiveram nesta terça-feira (24/5) na Câmara dos Deputados para acompanhar a votação do texto do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), no Plenário da Casa. O texto foi aprovado por 410 votos a favor e 63 contra. “Prevaleceram a democracia e os interesses da sociedade. Chega de Brasil versus Brasil”, destacou a presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). O texto segue agora para o Senado.
Para o vice-presidente Executivo da CNA, Fábio da Salles Meirelles Filho, a proposta vai adaptar a legislação ambiental à realidade do setor, após ser transformada em lei. “Foi uma proposta amplamente discutida, com todos os segmentos, com a ciência, e que vai trazer a segurança que o produtor rural precisa”, destacou. Já o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Paraíba (FAEPA), Mário Borba, acredita que uma legislação ambiental mais moderna poderá tirar os produtores rurais da situação de ilegalidade. “Prevaleceu o bom senso na votação de hoje e esperamos que este mesmo bom senso prevaleça no Senado, pois muitos agricultores e pecuaristas do Nordeste estão aflitos, principalmente com as questões que envolvem APPs (Áreas de Preservação Permanente) e reserva legal nas pequenas propriedades”, afirmou.
Quem também esteve na Câmara dos Deputados foi o presidente da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do sul (FARSUL), Carlos Sperotto. Na sua avaliação o novo Código Florestal poderá minimizar as dificuldades vividas pelo homem do campo. “A legislação de hoje poderá paralisar a atividade. O que queremos é que o agricultor continue produzindo, pois é ele o grande responsável pelo bom desempenho da economia do País”, enfatizou. Outra liderança que acompanhou as discussões foi o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Distrito Federal (FAPE-DF), Renato Simplício Lopes. Apesar de não classificar o relatório do deputado Aldo Rebelo como “o ideal”, ele considera que o substitutivo é o possível. “É um texto que atende aos dois lados, o do setor rural e dos ambientalistas, com base em um consenso construído a partir de um longo processo de discussão que começou há mais de dois anos”, ressaltou.
Outras lideranças do setor também comemoraram a aprovação da proposta de atualização do novo Código Florestal Brasileiro, como o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Maranhão (FAEMA), José Hilton Coelho de Souza. “Além de trazer segurança jurídica aos produtores rurais brasileiros, o novo código vai assegurar a produção e a sustentabilidade”, destacou. O presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Amazonas (FAEA), Muni Lourenço Silva Júnior, também ressaltou que a atualização do novo código vai proporcionar tranqüilidade aos produtores em suas atividades. “Hoje foi o início da concretização de uma expectativa dos produtores que já dura muito tempo”, disse Silva Júnior.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Brasil versus Brasil

Gazeta do Povo Online

Kátia Abreu
Somos tratados como predadores perigosos, carentes de tutela internacional, discurso que espantosamente sensibiliza (e mobiliza) setores internos formadores de opinião
A velha máxima do “dividir para reinar” (divide et regna), observada desde a Antiguidade e chancelada por Maquiavel, em O Príncipe, tem sido aplicada sistematicamente ao Brasil. A segmentação da sociedade pelos assim chamados movimentos sociais gerou em seu entorno uma legião de ONGs – estrangeiras em grande parte –, que, em vez de gerar avanços, indispõem os diversos grupos, levando o país à divisão e à paralisia.
O resultado é um país que luta contra si mesmo. Isso é particularmente nítido – e grave – em setores em que o país é pujante e projeta sua inevitável expansão na economia internacional: minérios, energia, alimentos, meio ambiente. Qualquer iniciativa para que esse extraordinário potencial seja explorado – é o caso presente das hidrelétricas de Jirau e Belo Monte – provoca a ação imediata dessas ONGs, colocando em cena exércitos de lobistas, que, em nome do politicamente correto, empenham-se em sabotar o empreendimento. Pior: quase sempre conseguem.
Grandes empresários brasileiros confessam-se reféns dessas ONGs, às quais apoiam, inclusive financeiramente, para, segundo um deles me confidenciou, “preservar sua reputação”. É um quadro análogo ao das milícias nos morros cariocas ou da Máfia italiana que cobra para dar proteção. No caso em pauta, trata-se de pedágio moral: ou paga ou é difamado.
Temos o maior potencial hídrico do mundo, a maior biodiversidade, um subsolo riquíssimo, a maior extensão territorial contínua de terras agricultáveis do planeta, mas estamos impedidos de tocar nesse patrimônio que a natureza nos oferece.
Somos tratados como predadores perigosos, carentes de tutela internacional, discurso que espantosamente sensibiliza (e mobiliza) setores internos formadores de opinião. A ninguém ocorre averiguar que os países que sediam essas ONGs não praticam o discurso que difundem e nem sequer dispõem de meio ambiente para cuidar, de vez que já o liquidaram por inteiro.
A estratégia é engenhosa. Inoculam o vírus ideológico, produzindo crises onde não há. É o caso do meio rural, em que há anos proliferam invasões criminosas de terras produtivas, coordenadas pelo MST, que nem personalidade jurídica possui.
É marca de fantasia, sustentada por expressivos recursos externos, em nome da reforma agrária, pretexto para deter a produção rural, que, não obstante, garante há anos emprego e renda no campo, além de sucessivos superávits na balança comercial. Passamos, em quatro décadas, de importador de alimentos a segundo maior produtor mundial da melhor e mais barata comida do mundo. Tudo isso em meio a um ambiente que investe no conflito artificial entre trabalhador e produtor rural: este demonizado como exterminador do futuro, aquele como sua vítima histórica.
Há algo de novo no ar, que está desorientando essas ONGs, braços de interesses econômicos internacionais. O discurso desconstrutivista não está funcionando em relação à reforma do Código Florestal. Mesmo os setores tradicionalmente alinhados com o discurso sabotador dessas ONGs estão reagindo.
Nenhuma causa recente produziu o ecumenismo que se registra em relação à reforma do Código. PT, PCdoB, PMDB, DEM, PSDB e demais partidos se mostram determinados a votar o relatório do deputado Aldo Rebelo, que teve o cuidado de ouvir a todos e acatar todas as ponderações pertinentes. Restou às ONGs e a seus porta-vozes parlamentares o recurso de sempre: tentar tirar o tema do âmbito do Congresso para que seja resolvido de forma autoritária pelo Executivo, por meio de expedientes como decretos ou medidas provisórias.
Com esse objetivo, já houve dois adiamentos da votação, que agora, graças a novo acordo interpartidário, deve ocorrer hoje. Não há mais como protelar a hora da verdade.
Não é casual, nem irrelevante, o fato de que há 46 anos o Congresso Nacional não legisla sobre questões ambientais, sempre a cargo dos burocratas do Executivo. O Código Florestal vigente, de 1965, já recebeu mais de 60 emendas, por decretos e medidas provisórias, sem qualquer participação do Congresso ou da sociedade.
É a esse quadro, absurdo e intolerável, que o Congresso agora reage, numa votação que tem tudo para ser um marco divisor nas relações do país consigo mesmo, para além do varejo político.

Kátia Abreu, senadora da República pelo estado do Tocantins, é presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Carta Aberta deste blog ao Congresso - Ex-ministros do Meio Ambiente querem dar um pé no traseiro do Parlamento e punir os agricultores pobres. Ou: Quem os elegeu?

Carta Aberta deste blog ao Congresso - Ex-ministros do Meio Ambiente querem dar um pé no traseiro do Parlamento e punir os agricultores pobres. Ou: Quem os elegeu?

Não julgar todas por algumas

Por Kátia Abreu*
Ninguém, nem nada, que paralise o Congresso Nacional deve ser minimizado ou desconsiderado. Especialmente quando uma obstrução das votações se limita a simplesmente adiar indefinidamente a aprovação de um projeto que conseguiu a incrível façanha de contar com a adesão majoritária de quase todos os partidos, ideologias ou grupos temáticos da Câmara dos Deputados. Por que não se votou ainda o Código Florestal?

Seria um mistério se ONGs internacionais não tivessem revelado a chantagem com que ameaçam o País. Prometem uma campanha internacional para sabotar as exportações de produtos da agropecuária brasileira caso seja aprovado e sancionado o Código Florestal. Não lhes interessa - pois os dirigentes dessas ONGs não estão no País e emitem de fora as palavras de ordem das campanhas - que o texto em votação no Congresso represente criteriosa e cuidadosa seleção de idéias, ponderações e reivindicações levantadas no Congresso, nos últimos dois anos, e adotadas de forma racional e conciliatória pelo relator, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP).

Partindo de um litígio absurdo, absolutamente inconsistente, que opõe de forma inconciliável e beligerante ambientalistas versus agropecuária, tais ONGs desenvolveram uma massiva campanha midiática. Espalharam - quem, neste País, ainda não ouviu tal versão? - que o Código Florestal é uma conspiração de inimigos públicos. Fizeram esquecer que o Código visa disciplinar e controlar, com rigor, o risco de crimes ambientais e adota padrões científicos para disciplinar o uso eficaz de um quarto - apenas um quarto - do território nacional utilizado pela agricultura para gerar mais de um terço do PIB nacional.

Assim, chantageando por um lado, por outro mentindo, tais ONGs criam temores no Governo - basta ver o peso das exportações de grãos, carnes, açúcar e álcool na balança comercial - e impressionam a opinião pública. Já no Congresso, onde os debates afunilaram e os deputados puderam conferir argumentos e, principalmente, ouvir a apreensão dos produtores, grandes, médios e pequenos, a situação é outra. O texto do deputado Aldo Rebelo para o Código Florestal desmoralizou as chantagens, desfez preconceitos e é espantoso o apoio que está obtendo e deverá se confirmar quando houver a votação.

Como vimos na noite de 11 de maio, quando um minuto antes do início de uma votação preliminar o deputado Cândido Vaccarezza (PT- SP), líder do Governo, pediu o adiamento da decisão. Até então, todos os partidos menos um, haviam recomendado às suas bancadas que votassem "sim". Até o Partido Verde. Ninguém pediu a preferência para outra proposta, simplesmente porque não havia outra proposta. Quem mais ousou, apenas ponderou que seria melhor prorrogar a discussão para amadurecer alguns dispositivos, já que não havia outra saída possível. Falou-se em questões pontuais, dois ou três pontos, no máximo, entre centenas de artigos e parágrafos.

Sendo assim, por que não houve a votação? Por efeito das chantagens e incertezas, boatos, infâmias e maledicências de tais ONGs internacionais, que ousaram atingir até o honrado e insuspeito deputado Aldo Rebelo, sugerindo que o Congresso está dividido, quando na verdade há apenas um número insignificante de contestadores. Quanto às ONGs, que de uma maneira geral prestam tantos e tão grandes serviços voluntários, nada de demonizá-las. Melhor é seguir o samba de Ataulfo Alves que a saudosa Elizete Cardoso cantava com tanta graça: "Felizmente ainda alegra/ Saber-se que em toda regra/ Tem sempre a sua exceção." Não podemos julgar todas por algumas.
*Kátia Abreu - Kátia.abreu@senadora.gov.br. Artigo da Senadora Kátia Abreu Publicado no O Popular (GO), em 21/05/2011, na seção Opinião, e no Jornal do Tocantins, em 22/05/2011, na seção Opinião – Tendências e Idéias.

http://www.canaldoprodutor.com.br/comunicacao/artigos/nao-julgar-todas-por-algumas

domingo, 22 de maio de 2011

O caseiro do Piauí e a camareira da Guiné

Direto ao Ponto
Nascido no Piauí, Francenildo Costa era caseiro em Brasília. Em 2006, depois de confirmar que Antonio Palocci frequentava regularmente a mansão que fingia nem conhecer, teve o sigilo bancário estuprado a mando do ministro da Fazenda.
Nascida na Guiné, Nafissatou Diallo mudou-se para Nova York em 1998 e é camareira do Sofitel há três anos. Domingo passado, enquanto arrumava o apartamento em que se hospedava Dominique Strauss-Kahn, sofreu um ataque violento do diretor do FMI e candidato à presidência da França, que tentou estuprá-la.
Consumado o crime em Brasília, a direção da Caixa Econômica Federal absolveu liminarmente o culpado e acusou a vítima de ter-se beneficiado de um estranho depósito no valor de R$ 30 mil. Francenildo explicou que o dinheiro fora enviado pelo pai. Por duvidar da palavra do caseiro, a Polícia Federal resolveu interrogá-lo até admitir, horas mais tarde, que o que disse desde sempre era verdade.
Consumado o crime em Nova York, a direção do hotel chamou a polícia, que ouviu o relato de Nafissatou. Confiantes na palavra da camareira, os agentes da lei descobriram o paradeiro do hóspede suspeito e conseguiram prendê-lo dois minutos antes da decolagem do avião que o levaria para Paris ─ e para a impunidade perpétua.
Até depor na CPI dos Bingos, Francenildo, hoje com 28 anos, não sabia quem era o homem que vira várias vezes chegando de carro à “República de Ribeirão Preto”. Informado de que se tratava do ministro da Fazenda, esperou sem medo a hora de confirmar na Justiça o que dissera no Congresso. Nunca foi chamado para detalhar o que testemunhou. Na sessão do Supremo Tribunal Federal que examinou o caso, ele se ofereceu para falar. Os juízes se dispensaram de ouvi-lo. Decidiram que Palocci não mentiu e que as contundentes provas do estupro eram insuficientes para a aceitação da denúncia.
Depois da captura de Strauss, a camareira foi levada à polícia para fazer o reconhecimento formal do agressor. Só então descobriu que o estuprador é uma celebridade internacional. A irmã que a acompanhava assustou-se. Nafissatou, muçulmana de 32 anos, disse que acreditava na Justiça americana. Sempre jurando que tudo não passara de sexo consensual, o acusado foi soterrado pela montanha de evidências e, depois de trocar o terno pelo uniforme de prisioneiro, recolhido a uma cela.
Nesta quinta-feira, Francenildo completou cinco anos sem emprego fixo. Até agora, ninguém se atreveu a garantir a estabilidade financeira do caseiro que ousou contar um caso como o caso foi. No mesmo dia, Palocci completou cinco dias de silêncio: perdeu a voz no domingo, quando o país soube do milagre da multiplicação do patrimônio. Pela terceira vez em oito anos, está de volta ao noticiário político-policial.
Enquanto se recupera do trauma, a camareira foi confortada por um comunicado da direção do hotel: “Estamos completamente satisfeitos com seu trabalho e seu comportamento”, diz um trecho. Estimuladas pelo exemplo da imigrante africana, outras mulheres confirmaram que a divindade do mundo financeiro é um reincidente impune. Nesta sexta-feira, depois de cinco noites num catre, Strauss pagou a fiança de 1 milhão de dólares para responder ao processo em prisão domiciliar. Até o julgamento, terá de usar uma tornozeleira eletrônica.
Livre de complicações judiciais, Palocci elegeu-se deputado, caiu nas graças de Dilma Rousseff e há quatro meses, na chefia da Casa Civil, faz e desfaz como primeiro-ministro. Atropelado pela descoberta de que andou ganhando pilhas de dinheiro como traficante de influência, tenta manter o emprego. Talvez consiga: desde 2003, não existe pecado do lado de baixo do equador. O Brasil dos delinquentes cinco estrelas é um convite à reincidência.
Enlaçado pelo braço da Justiça, Strauss renunciou à direção do FMI, sepultou o projeto presidencial e é forte candidato a uma longa temporada na gaiola. Descobriu tardiamente que, nos Estados Unidos, todos são iguais perante a lei. Não há diferenças entre o hóspede do apartamento de 3 mil dólares por dia e a imigrante africana incumbida de arrumá-lo.
Altos Companheiros do PT, esse viveiro de gigolôs da miséria, recitam de meia em meia hora que o Grande Satã ianque é o retrato acabado do triunfo dos poderosos sobre os oprimidos. Lugar de pobre que sonha com o paraíso é o Brasil que Lula inventou. Colocados lado a lado, o caseiro do Piauí e a camareira da Guiné gritam o contrário.
Se tentasse fazer lá o que faz aqui, Palocci não teria ido além do primeiro item do prontuário. Se escolhesse o País do Carnaval para fazer o que fez nos Estados Unidos, Strauss só se arriscaria a ser convidado para comandar o Banco Central. O azar de Francenildo foi não ter tentado a vida em Nova York. A sorte de Nassifatou foi ter escapado de viver num Brasil que absolve o criminoso reincidente e castiga quem comete o pecado da honestidade.
http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/direto-ao-ponto/o-caseiro-do-piaui-e-a-camareira-da-guine/

sexta-feira, 20 de maio de 2011

ENTENDENDO O PROBLEMA - PARASHÁ BECHUKOTAI 5771 (20 de maio de 2011)

Esta história real aconteceu há alguns anos. Chegou ao gerente da divisão de carros da Pontiac, da GM dos EUA, uma curiosa carta de reclamação de um cliente. E assim estava escrito: "Após várias tentativas sem sucesso, volto a mandar uma carta de reclamação para vocês, e não os culpo por não me responderem. Eu posso parecer louco, mas o fato é que nós temos uma tradição em nossa família, que é a de comer sorvete depois do jantar. Repetimos este hábito todas as noites, variando apenas o tipo do sorvete, e eu sou o encarregado de ir comprá-lo. Recentemente, comprei um novo Pontiac e, desde então, minhas idas à sorveteria se transformaram num problema. Sempre que eu compro sorvete de baunilha, quando volto da sorveteria para casa, o carro não funciona. Mas se eu compro qualquer outro tipo de sorvete, o carro funciona normalmente. Os senhores devem achar que eu estou realmente louco, mas não importa o quão tola possa parecer minha reclamação. O fato é que estou muito irritado com meu Pontiac, pois aparentemente ele tem alergia a sorvete de baunilha"
A carta gerou tantas piadas do pessoal da GM que o presidente da empresa acabou recebendo uma cópia da reclamação. Ele resolveu levar a sério a reclamação e mandou um dos engenheiros da GM conversar com o autor da carta. O engenheiro se espantou ao conhecer o dono do carro. Achou que encontraria algum tipo esquisito, mas o que viu foi um senhor bem-sucedido na vida e dono de vários carros. Para fazer um teste, foram juntos à sorveteria no Pontiac "alérgico". O engenheiro sugeriu comprar sabor baunilha. Para sua surpresa, no momento de voltar para casa, o carro realmente não funcionou. Quando o dono do carro trocou o sorvete por outro sabor, o carro funcionou normalmente.
O engenheiro voltou nos dias seguintes, na mesma hora e fez o mesmo trajeto. A única coisa que ele mudava era o sabor do sorvete. Com qualquer sabor o carro funcionava normalmente, mas misteriosamente, quando o sabor escolhido era baunilha, o carro não pegava na volta.
O problema acabou virando uma obsessão para o engenheiro, que passou a fazer experiências diárias, anotando todos os detalhes possíveis. Depois de duas semanas, chegou a uma grande descoberta, mas manteve o sigilo. Chamou o dono do carro e, juntos, foram mais uma vez comprar sorvete. O engenheiro pediu ao dono do carro que comprasse o sorvete de baunilha, mas, ao invés de pegar um pote fechado, orientou-o a pedir para que o vendedor enchesse um pote vazio com sorvete de baunilha. Assim foi feito e, para a alegria do dono do caso e alívio do engenheiro, desta vez o carro pegou. O carro não era alérgico a sorvete de baunilha.
O engenheiro explicou que havia descoberto uma pequena diferença entre o sorvete de baunilha e os outros sabores. Como o sorvete de baunilha era o mais vendido, ela já vinha pronto em uma embalagem fechada. Já os outros sabores tinham que ser retirados da lata e colocados em uma embalagem vazia. E qual era a diferença na prática? O homem levava alguns minutos a mais para comprar os outros sabores do que para comprar o sorvete de baunilha.
Mas o mistério ainda não estava resolvido. Por que aquela diferença de tempo causava o mau funcionamento do carro? Examinando o motor, o engenheiro fez uma nova descoberta: como o tempo de compra era mais reduzido no caso da baunilha em comparação ao tempo dos outros sabores, o motor não chegava a esfriar. Com isso, os vapores de combustível não se dissipavam, impedindo que a nova partida fosse instantânea. Isto explicava porque justamente com o sorvete de baunilha o carro não funcionava.
A partir deste episódio, a Pontiac mudou o sistema de alimentação de combustível e introduziu a alteração em todos os seus modelos"
Assim também acontece em nossas vidas. Às vezes temos certeza de que entendemos os motivos de algum problema ou dificuldade pela qual passamos, até que alguém de fora nos mostra que estávamos completamente enganados...
********************************************
Nesta semana lemos a Parashá Bechukotai, terminando o terceiro livro da Torá, Vayikrá. A Parashá começa com todas as Brachót (bênçãos) que recaem sobre o povo judeu quando andamos nos caminhos da Torá. Porém, depois disso o tom muda e a Parashá começa a descrever as terríveis calamidades que recaem sobre o povo judeu quando os caminhos da Torá são abandonados. Para nosso alívio a série de maldições e castigos listadas na Parashá terminam com um consolo: "E Eu lembrarei do Meu pacto com Yaacov, e também Meu pacto com Yitzchak, e também Meu pacto com Avraham Eu me lembrarei, e Eu me lembrarei da Terra" (Vayikrá 26:42). Da mesma forma que muitas das calamidades descritas na Parashá realmente aconteceram durante a história do povo judeu, justamente nas épocas em que o povo judeu mais se afastou do pacto com D'us em processos de assimilação, também podemos ter a certeza de que as palavras de consolo da Parashá se cumprirão no final dos tempos.
Mas deste consolo surge uma famosa pergunta: por que a ordem dos patriarcas está invertida? Explica Rashi, comentarista da Torá, que a ordem está de acordo com os méritos de cada um dos patriarcas, como se D'us estivesse dizendo "Se o mérito de Yaacov, o menor dos patriarcas, não for suficiente, então lembrarei do mérito de Yitzchak. Se também o mérito de Yitzchak não for suficiente, então lembrarei do mérito de Avraham, e será suficiente". Porém, esta explicação de Rashi tem um problema. Segundo nossos sábios, Yaacov foi o maior de todos os patriarcas. A prova disso é que tanto Avraham quanto Yitzchak tiveram filhos Tzadikim (Justos), mas também tiveram filhos Reshaim (malvados), Ishmael e Essav, que não tiveram o mérito de fazer parte do povo judeu. Já Yaacov teve 12 filhos completamente Tzadikim, que formaram as sagradas tribos de Israel. Então como pode ser que a ordem é de acordo com os méritos, do menor para o maior?
Muitas vezes é difícil entender por que D'us nos manda tantos testes e dificuldades na vida. Se pudéssemos escolher, certamente escolheríamos uma vida tranqüila, sem nenhum tipo de obstáculo ou desafio. Pedimos para D'us resolver nossos problemas e parece que os problemas apenas aumentam! A resposta deste questionamento está nas palavras do Pirkei Avót (Ética dos Patriarcas): "De acordo com a dificuldade, assim é a recompensa". Quanto maior é a dificuldade que a pessoa vence para atingir seus objetivos espirituais, maior é o mérito que ela alcança. É por isso que o Talmud nos ensina que "No lugar onde está um Baal Teshuvá (pessoa que se desviou, mas voltou aos caminhos corretos), um Tzadik Gamur (pessoa completamente justa) não pode alcançar". Uma pessoa que foi educada em uma casa onde não se cumpriam as leis da Torá e, apesar das dificuldades, se esforçou e conseguiu começar a cumprir as Mitzvót e a se afastar das transgressões, tem um mérito muito maior do que aquele que foi educado em uma casa religiosa e desde cedo foi educado para cumprir as Mitzvót da Torá.
Quando D'us nos manda dificuldades, não é por maldade. Ao contrário, são as dificuldades que nos dão mais méritos, que fazem nossas conquistas valerem mais. É por isso que os méritos de Avraham são maiores do que os outros patriarcas. Ele foi criado em uma casa onde todos faziam idolatria. Não apenas a sua casa, mas toda a sociedade onde ele vivia era idólatra, e Avraham teve que ir contra todos em sua crença de um único D'us. Ele teve que criar, a partir do nada, uma perspectiva e um modo de vida completamente diferentes. Avraham começou uma nova época na história e mudou o curso de toda a humanidade. Yitzchak teve menos dificuldades, pois nasceu em um mundo onde já existia esta nova perspectiva. Mas explica o Rav Matitiahu Salamon que a dificuldade de Yitzchak foi desenvolver a idéia de que um filho deve seguir fielmente as diretrizes estabelecidas por seu pai. Já Yaakov, ao contrário, não teve que começar uma nova religião nem precisou desenvolver o conceito de seguir os caminhos de seu pai. Ele enfrentou grandes desafios em sua vida, mas sua tarefa foi mais fácil do que seus antepassados. Assim, embora Yaakov tenha sido o maior dos patriarcas, seu mérito foi menor. Portanto, esta Parashá nos ensina a enxergar os problemas e as dificuldades com uma ótica completamente diferente.
Os méritos de Avraham são um grande incentivo para todos aqueles que, apesar de terem nascido em ambientes afastados da Torá, tiveram a coragem de mudar suas vidas. As dificuldades não são poucas, pois muitas vezes a família e os amigos não aceitam e não entendem. Mas herdamos de Avraham os méritos de ir contra a sociedade, de fazer o que é correto apesar das dificuldades. E de acordo com a nossa dificuldade será a nossa recompensa. Por isso, ao invés de reclamar, devemos agradecer a D'us por cada desafio, pois é a oportunidade de transformar uma pedra no caminho em um trampolim para que possamos chegar ainda mais alto.
SHABAT SHALOM
Rav Efraim Birbojm
http://ravefraim.blogspot.com/
Lv 26:3-27:34, Je 16:19-17:14, Mt.21:33-46

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Obama usa povo judeu como moeda de troca na sua “negociação” com o mundo islâmico

Estou aqui me penitenciando porque havia feito anotações para escrever um texto rogando aos céus — da história! — que Barack Obama não fizesse um discurso endereçado ao povo muçulmano que tivesse como centro a paz, ou a guerra, israelo-palestina. “Garrei” numa leitura durante a madrugada, lá me foi o tempo, e acabei não escrevendo. Pois Obama fez justamente o que eu mais temia: a paz no Oriente Médio tem, ele assegura, como ponto fulcral a criação do estado palestino, segundo as fronteiras de 1967.
É a primeira vez que a questão é posta nesses termos pelo governo americano. Agora, sim, Obama fez um discurso “histórico” — entrará para a história da infâmia e já vou dizer por quê. A ser verdade que a paz no Oriente Médio depende de se restabelecerem as fronteiras de 1967, tem-se que ou Israel cede a essa exigência ou será o responsável por tudo o que de ruim aconteça na região — e no mundo. Podem espernear com o que vem agora, não ligo: Hitler também dizia que, se a Alemanha fosse destruída um dia, seria um sinal de vitória dos… judeus. Não estou “comparando” uma personagem a outra; estou apontando o perigoso reducionismo de Obama.
Obama foi estupidamente ousado e errado: “No momento em que o povo do Oriente Médio e do Norte da África está se livrando do peso do passado, o esforço por uma paz duradoura [no Oriente Médio], que ponha fim aos conflitos e atenda às reivindicações, é mais urgente do que nunca”.

É mesmo?
Algumas perguntas óbvias: o que uma coisa tem a ver com a outra? Qual é a relação direta entre a emergência de movimentos ditos democratizantes no mundo muçulmano e a criação de um estado palestino nas fronteiras de 1967? Nenhuma! Se Israel cedesse à reivindicação amanhã, o terrorismo islâmico desapareceria? Não! Israel seria reconhecido por aqueles que ainda hoje dizem querer destruí-lo? Não! Qual é a relação entre o jihadismo e a questão israelo-palestina? Nenhuma! Obama criou um bode expiatório para a sua desastrada política no Oriente Médio: Israel. Se a paz não triunfar, “é porque os judeus terão vencido”, como queria o facinoroso.
Oh, Obama não é exatamente um imbecil. Reconheceu que alguns problemas continuariam a existir: o que fazer com Jerusalém? E os ditos “refugiados”? Bem, já que Israel foi tratado como invasor — desconsiderando-se os motivos que o levaram a ocupar os territórios que hoje ocupa —, o passo seguinte seria declarar o fim do estado judeu. Afinal, os árabes mantiveram armada desde sempre a bomba demográfica, não é? Uma criança nascida hoje na Jordânia ou no Egito, cujo bisavô (já dá para ser tataravô, façam as contas) seja uma “refugiado” palestino de 1948, continua a ser um palestino porque os países árabes lhe negam a cidadania, como negaram a seu pai, a seu avô, a seu bisavô, a seu tataravô.
Ocorre que Obama, o grande líder, o demiurgo dos sonhos de Arnaldo Jabor — hoje ele vai ao delírio — está cansadinho. Como se fosse um George W. Bush (aquele inventado pelos esquerdopatas, não o de fato), declarou: “A comunidade internacional está cansada — uma boa tradução seria “de saco cheio” — de um processo interminável, que nunca produz um resultado”. Entendi. Quando a comunidade internacional se cansa, então se pede a Israel que assuma a responsabilidade de produzir a paz.
Obama e os Estados Unidos foram surpreendidos pelas insurreições no países árabes. Tenta colocar todas elas debaixo do mesmo guarda-chuva da “Primavera Árabe”, mas sabe que isso é falso. Com 15 dias de protesto no Egito, entregou Hosni Mubarak, aliado histórico, de bandeja. Apóia, como um doidivanas, um grupo coalhado de jihadistas na guerra civil da Líbia; censura Bashar Al Assad na Síria pela truculência, mas torce para que ele controle a revolta porque os sunitas que querem derrubar o tirano são uma incognita; pede respeito à oposição no Bahrein, mas, indiretamente, dá suporte ao porrete que aquele governo desce no coco dos xiitas pró-Irã. Pede calma ao ditador do Iêmen, mas sabe que a chance de o país cair nas maos de extremistas — a Al Qaeda domina uma parte do território — é imensa. Vê-se às voltas com a crescente hostilidade aos americanos no Paquistão; no Afeganistão, a intervenção está longe do fim; silencia sobre a ditadura saudita porque ali, de fato, é a fronteira do fim do mundo…
Tudo somado e subtraído, multiplicado pela mistificação e dividido pela metafísica influente, Obama chegou a uma conclusão: é preciso que Israel retorne às fronteiras de 1967, garantindo, claro!, a segurança de Israel, num estado desmilitarizado etc e tal. Se o fizesse, o imbróglio acima seria solucionado num passe de mágica.
Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, já reagiu à fala de Obama e descartou a proposta. A Folha, por exemplo, sintetiza assim a recusa: “[Netanyahu ] descartou a hipótese de devolver aos palestinos as áreas invadidas pelo Estado judeu em parte da Cisjordânia, faixa de Gaza, Jerusalém Ocidental e Golã.” Como se nota, a tentativa de países árabes de destruir Israel em 1967 e 1973 se transformou numa “invasão do estado judeu”. Mais ainda: eu não sabia que um eventual estado palestino também ocuparia Golã… Acho que nem os sírios sabem disso. Certamente não concordariam…
Os otimistas destacariam que Obama desestimulou os palestinos a fazer uma declaração unilateral de independência e coisa e tal: “As ações simbólicas para isolar Israel nas Nações Unidas em setembro não vão criar um estado independente. Os líderes palestinos não vão alcançar a paz ou a prosperidade se o Hamas insiste em um caminho de terror. E os palestinos nunca vão atingir a sua independência negando o direito de Israel de existir.” Certo! Dado o contexto, mero tributo do vício à virtude. A besteira essencial foi feita. Doravante, o terrorismo islâmico e as revoltas muçulmanas, assumam a coloração que assumirem, tomem a direção que tomarem, terão uma causa, uma raiz: a não-existência de um estado palestino segundo as fronteiras de 1967…
Em suma: segundo Obama, deveremos sempre perguntar aos judeus por que não há paz no mundo.
Noto, para encerrar, que os israelenses ocupavam o Sul do Líbano e saíram de lá. O Hezbollah tomou conta da região e a utiliza como plataforma de ataque a… Israel. Os israelenses ocupavam militarmente a Faixa de Gaza e saíram de lá, retirando os assentados na porrada. Os Hamas toma conta da região e a utiliza como plataforma de ataque a… Israel.
Encerro o meu artigo com o que disse no domingo, no hotel Copacabana Palace, num evento com a comunidade judaica, em comemoração as 63 anos de Israel: oferecer terras em troca da paz é uma proposta estúpida, suicida. A paz vem primeiro. Os palestinos desistam de vez do terrorismo, reconheçam o direito de Israel de existir em paz e ponham fim às relações com notórios financiadores do terror, como Irã e Síria, e então se pode falar em negociação.
Obama deveria saber que não existe paz “a qualquer custo”, porque o “custo qualquer” pode significar, no tempo, o fim de Israel, ainda que pela via… pacífica. Não vai acontecer — não aconteceria de modo pacífico desta vez…
O mundo saúda o “discurso histórico”? Pois eu o lamento e o considero moralmente justificador do terrorismo. Não estou nem surpreso nem decepcionado. Constato, aliás, que as minhas reservas todas a Obama foram plenamente recepcionadas em seu discurso. O presidente americano usou o povo judeu como moeda de troca na sua “negociação” com o mundo islâmico. Tudo bem pensado e pesado, por que não o faria?
Por Reinaldo Azevedo

quarta-feira, 18 de maio de 2011

NOTA À IMPRENSA: Dados distorcidos pela má-ciência buscam desestabilizar debate sobre o novo Código Florestal

Notícias CNA

Meio ambiente
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) alerta para o risco que representa o uso de números e dados distorcidos pela má-ciência, disseminados com o objetivo de desestabilizar as negociações que vem se desenvolvendo no Congresso Nacional para a obtenção de um texto justo e adequado para o Código Florestal brasileiro. Informações do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), operado pelo Instituto Imazon, estão sendo utilizadas de forma tendenciosa, com o objetivo de informar um suposto aumento do desmatamento na Amazônia Legal, com a elevação dos índices de conversão de florestas em áreas de uso agrícola. O período escolhido e os métodos empregados evidenciam a disposição de produzir conclusões equivocadas.
Assim, a bem da verdade, cabe esclarecer que:
1 - O boletim do Instituto Imazon divulgou que em março deste ano foram degradados 299 km² de florestas na Amazônia Legal. Este número seria 35% maior que o verificado no mesmo mês de 2010, quando a área desmatada foi de 220 km². Essa informação examinada isoladamente dá a impressão que o desmatamento na Amazônia voltou a crescer. No entanto, essa impressão é inteiramente improcedente e contrária aos fatos.
2 - Os números do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), órgão oficialmente encarregado de monitorar a evolução da floresta amazônica, mostram enorme retração do desmatamento. As áreas em processo de desmatamento, em janeiro e fevereiro deste ano, foram de 18,07km² e 1,14 km², respectivamente, enquanto nos mesmos meses de 2010 foram 23,01 km² e 185,18 km². Esses números demonstram claramente que não podemos analisar o desmatamento de maneira pontual, em breves intervalos de tempo escolhidos para determinados propósitos. Este processo deve levar em consideração a diminuição do avanço sobre áreas florestadas, demonstrado pelas variações anuais negativas das taxas de desmatamento e pelas variações sazonais que ocorrem durante o ano. A quantidade de áreas sob uso alternativo do solo demonstra franco declínio nas taxas de desmatamento.
3 - O Brasil caminha com firmeza para cumprir as metas assumidas junto à 15ª Conferência das Partes para o Clima (COP 15), de redução em 80% do desmatamento até o ano de 2020. Esta redução toma como base o ano de 1995, quando foram desmatados 29.059 km². Como a estimativa do INPE indica um desmatamento de 6.491 km², em 2010, e a meta fixada é de 5.811,8 km² de taxa de desmatamento anual, certamente atingiremos nossos objetivos este ano, nove anos antes dos prazos propostos na COP. Para reforçar esta expectativa, cabe lembrar que o desmatamento, em 2004, era da ordem de 27mil km² e da lá para cá, teve uma queda média de 12,8% ao ano.
Verifica-se, portanto, distorção ou até manipulação na interpretação de dados técnicos, com o objetivo de provocar alarmismo e dificultar os entendimentos sobre o novo texto do Código Florestal, na Câmara Federal. Entendemos que a análise sobre o desmatamento deve ser baseada em dados oficiais.
Brasília, 17 de maio de 2011
SENADORA KÁTIA ABREU
Presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil - CNA
http://www.canaldoprodutor.com.br/comunicacao/noticias/nota-imprensa-dados-distorcidos-pela-ma-ciencia-buscam-desestabilizar-debate-so

Ministério da Desigualdade

Rolf Kuntz
O Estado de S.Paulo
O nome oficial é Ministério da Educação, mas podem chamá-lo Ministério da Desigualdade. Ministério da Incompetência também serve: a palavra tanto se aplica à atuação de seus dirigentes quanto se aplicará à condição das vítimas do padrão educacional proposto no livro Por Uma Vida Melhor, comprado e distribuído pelo governo. A presidente Dilma Rousseff prometeu trabalhar pela redução da miséria. Se quiser fazê-lo, terá de cuidar da qualificação de milhões de brasileiros para o trabalho. Mais que isso, terá de promover sua preparação para trabalhar numa economia cada vez mais complexa e exposta à competição internacional. Tratar os pobres como coitadinhos e incapazes conduzirá ao resultado oposto. Se há preconceito, não é de quem considera errada a violação da gramática. Preconceituoso e elitista é quem condena o pobre a uma instrução de baixa qualidade e ainda o aconselha a contentar-se com isso.
Os problemas de formação profissional e o mau desempenho dos alunos brasileiros em testes de avaliação foram apontados com suficiente clareza em artigo de Carlos Alberto Sardenberg, publicado anteontem neste caderno. Concorrentes do Brasil, incluída a China, estão empenhados em oferecer uma educação muito melhor a seus estudantes. Em vez de tratar os pobres como inferiores, autoridades educacionais desses países cuidam de prepará-los para se igualar aos melhores do mundo.
Não é preciso insistir nesse ponto. Mas é indispensável chamar a atenção para a concorrência em outro nível. No Brasil, quem tem bom senso e condição econômica tenta oferecer aos filhos a melhor educação possível. Pais instruídos procuram boas escolas e valorizam aquelas conhecidas pelo alto padrão de exigência. Rejeitam a ideia do diploma conquistado pelo caminho fácil. Além disso, estimulam os filhos a frequentar cursos de línguas e a envolver-se em atividades intelectualmente estimulantes. Nas melhores escolas, crianças pré-adolescentes são treinadas para combinar criatividade e rigor. Assim como as autoridades dos países mais dinâmicos e competitivos, as famílias brasileiras mais atentas aos desafios do mundo real continuarão em busca dos padrões educacionais mais altos.
Famílias saídas há pouco tempo da pobreza também reconhecem a importância de oferecer uma boa formação a seus filhos e por isso procuram escolas particulares. "Meu filho só tem 5 aninhos e já está aprendendo a ler e a escrever. Nessa idade, na escola pública, ninguém sabe nada ainda", disse uma agente de saúde citada em reportagem publicada no Estado de domingo.
Outra personagem da história explicou: "Não é metideza, é necessidade. Eu trabalho como empregada doméstica o dia todo. Meu marido é coletor de lixo e também passa o dia fora. Pagar a escola para a Gecielle foi a melhor opção". Mas ela descobriu também outra vantagem: "Com meus outros dois filhos não pude (pagar). A situação era muito pior. Na escola pública onde eles estudam já teve tiroteio. Na da Gecielle não tem nada disso e ela ainda aprende mais, tem lição de casa e tudo". Pois é: ela aprende, tem lição de casa e a mãe se mostra convencida de ter feito um bom negócio. As duas entrevistadas apostam nos filhos, apertam o cinto para pagar a escola e têm uma clara visão dos problemas: crianças pobres aprendem, como quaisquer outras, quando têm oportunidade.
Tratar os pobres com paternalismo, como pessoas incapazes de aprender a língua oficial e de aguentar os padrões de uma escola séria, é condená-los a ficar para trás, marginalizados e limitados às piores escolhas. Apoiar essa política é agir como se o mundo fosse esperar os mais lentos. Em países com políticas sociais decentes a solução é dar um impulso extra às pessoas em posição inicial desvantajosa.
O paternalismo é muito mais vantajoso para quem concede benefícios do que para quem recebe. Massas protegidas por Pais ou Mães do Povo tendem a ser dominadas com facilidade e nunca exercem plenamente a cidadania. Tratá-las como pessoas irremediavelmente inferiores é condená-las a ser politicamente subdesenvolvidas. Ensiná-las a conformar-se com "nóis vai" e "os menino joga bola" é vedar-lhes o acesso a aprendizados mais complexos e à possibilidade de pensar livremente. As oportunidades serão cada vez mais limitadas para os monoglotas. Muito piores serão as condições dos semiglotas, embora alguns, muito raramente, possam até presidir um país.
A presidente Dilma Rousseff parece haver renunciado ao papel de Mãe do Brasil, planejado por seu antecessor e grande eleitor. Ao anunciar a intenção de oferecer aos pobres a porta de saída dos programas assistenciais, ela mostrou preferir um caminho mais democrático. Mas, para segui-lo, precisará livrar-se do entulho do paternalismo e da demagogia. Uma faxina no Ministério da Educação ajudaria muito.
JORNALISTA
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110518/not_imp720597,0.php

terça-feira, 17 de maio de 2011

Será uma epidemia?

Não sei como classificar. A única palavra que me vem à mente é epidemia de burrice.
"Os livro mais interessante estão emprestado"
Esta célebre frase de autoria da senhora Heloísa Ramos demonstra bem o que quero dizer.
"Tentando justificar as barbaridades contidas em seu livro — entre elas, afirma que o estudante deve dominar as normas culta e inculta da língua e escolher a mais adequada; logo, o erro pode ser melhor do que o acerto a depender do caso —, disse que, muitas vezes, existe um preconceito sexista contra a norma. E citou caso de estudantes que lhe teriam confessado que, caso falem corretamente nas comunidades onde moram, ficarão com fama de “homoafetivos” — ou “veados”, como se diria nessas áreas preconceituosas…" (http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/)

Hoje, mais do que nunca, o certo é errado e o errado, certo.
Não adianta falar e escrever o português  correto. A inversão chegou a tal ponto que o MEC, em homenagem aos nossos distintos ex e atual presidentes, quer definitivamente retirar a concordância verbal e os plurais! Sim, porque sempre que os vejo falando percebo erros que simplesmente assassinam o português.
Este senhor ministro da Educação é muito incompetente. O Enem todo ano tem problemas, o que prejudica milhões de alunos. No Prouni, denúncias e mais denúncias de mal uso do dinheiro público.
Quantos milhões em impostos, dinheiro que nós pagamos, é jogado fora?
Sem falar na péssima merenda escolar e toda a corrupção e ladroagem que ocorre, assunto que repugna qualquer ser pensante que tenha moral.
Vivemos tempos tenebrosos onde uma epidemia de burrice tem se alastrado e somente uma pequena parcela da população é imune, pois não se deixa levar pela "onda" da ignorância.
É a imbecilizaçao das massas para manter o poder, ou melhor, a perfeita descrição de uma oclocracia. Limitando cada vez mais o pensamento, o estudo e o conhecimento.
E o pior é que nem oposição nós temos.
São tantos absurdos que contradizem a lógica.
Me recuso a participar e aceitar esta situação.

PRESERVE-SE O BOM-SENSO

André Eler e Marcelo Sperandio

Manobra do governo adia a votação da legislação que concilia proteção da natureza com os interesses do agronegócio. Mas ela deve ser aprovada
O Brasil tem a legislação ambiental mais rigorosa do planeta. É o único pais que exige que seus agricultores mantenham reservas de mata natural dentro de suas fazendas. Detém as maiores áreas de preservação. Atribui multas milionárias e prisão a quem infringe as regras. Mas esse aparato só funciona no papel. As florestas continuam sendo derrubadas, as multas não são pagas e são raros os devastadores que vão para a cadeia. Parte do desrespeito às normas pode ser explicada por suas exigências draconianas. Se a lei fosse totalmente cumprida, as lavouras de uma área equivalente a 10% do território nacional teriam de ser substituídas por matas. O faturamento da agricultura cairia 71 bilhões de reais e 5,7 milhões de pessoas perderiam o emprego. A lei atual também é incoerente, porque possibilita novos desmatamentos em outras áreas. O deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) dedicou-se por dois anos a corrigir essas distorções. Sua proposta do novo Código Florestal deveria ter sido votada na semana passada. Momentos antes de o texto ir a plenário, contudo, os lideres dos partidos da base aliada cederam a um apelo do Palácio do Planalto para adiar a apreciação.
O projeto que os deputados deveriam ter votado é a primeira iniciativa coerente de modernização das leis ambientais. O novo Código Florestal define regras capazes de conciliar a preservação da singular biodiversidade dos ecossistemas brasileiros com os interesses dos produtores agrícolas, sobretudo os pequenos. Se aprovado, desatará os nós que entravam a agricultura e a pecuária e que jogaram na ilegalidade 90% dos produtores rurais do país. Pelas normas atuais, aprovadas há treze anos, quem desmatou além de 20% de uma propriedade na Amazônia é obrigado a reconstituir a vegetação até esse limite. Mas, se ainda tem a extensão 100% preservada, pode des-matar 20% dela. Para evitar novas derrubadas, a proposta de Rebelo não obriga o proprietário a reconstituir o que foi derrubado antes de 2008 e estimula o aproveitamento das terras que já perderam a cobertura vegetal original. Quem não derrubou nada pode fazê-lo até 20% da extensão da propriedade, como na atual legislação. Tenta, assim, conservar 61% de território nacional que permanece intacto.
A legislação de 1998 jogou na ilegalidade culturas tradicionais no país. Ficaram nessa situação os paulistas que plantam café na Mojiana e banana no Vale do Ribeira, os produtores de leite de Minas Gerais, os de maçã de Santa Catarina e os arrozeiros e vinicultores gaúchos. Todas essas culturas são irregulares, porque são feitas em encostas ou antigas matas ciliares. Pelas regras atuais, os morros com inclinação de 25 a 45 graus devem ser abandonados e a vegetação das margens de rios e riachos, reconstituída até 30 metros além do ponto máximo de seu curso nas cheias. O texto de Rebelo proíbe novos desmatamentos nessas áreas, mas isenta os pequenos produtores da obrigação de reflorestar. Reduz a restauração da mata natural a 15 metros do curso normal dos rios e libera morros e encostas que já abrigam lavouras de café, uva, maçã e eucalipto ou para o pastoreio. Restitui, assim, segurança jurídica a agricultores e pecuaristas, que respondem por 30% do PIB, 17% da mão de obra empregada e 42,5% das exportações nacionais.
A tendência é que essas mudanças sejam aprovadas tão logo cheguem ao plenário da Câmara. Prova disso é que 399 dos 513 deputados aprovaram a sua apreciação em regime de urgência. Mesmo com as alterações, o Brasil continuará a ter a legislação mais rigorosa do mundo. No último mês, o deputado Aldo Rebelo incluiu em seu texto alterações reivindicadas pelo governo. por ambientalistas e agricultores. Na semana passada, quando o projeto já estava encaminhado para votação. o Planalto sucumbiu à pressão dos ecologistas xiitas. A presidente Dilma Rousseff ficou com receio de reforçar sua fama de "inimiga da natureza" — angariada por ela ter defendido a construção de hidrelétricas na Amazônia. A capitulação do executivo fraturou a base governista. O PMDB, favorável ao projeto, ameaçou não votar mais nada enquanto o código não for apreciado. O Planalto concordou em não criar obstáculos para a votação nesta semana. Afinal de contas, já obteve o que queria. Transferiu o ônus da aprovação para o Congresso e para Rebelo. Poderá dizer que tentou derrubar o novo Código, sem sucesso. Coisas da política.
EMAIL: noticiasdodia@cna.org.br

segunda-feira, 16 de maio de 2011

PLC 122: cadeia para quem discordar da sodomia

Enquanto militantes gays preparam grande ato na frente da Catedral de Brasília, Marta Suplicy prepara votação do PLC 122 nesta semana
Grupos de militantes gays de todo o Brasil preparam-se para a Marcha pela Aprovação do PLC 122 em Brasília em 18 de maio de 2011. O evento, que também se chama Marcha contra a Homofobia, recebeu impulso importante com a recente decisão do STF de desfigurar a Constituição para favorecer as uniões civis com base na sodomia.
Com o governo federal e até o STF se prostrando diante das exigências da ideologia gay, só falta agora o Congresso e o povo. O Congresso não o faz por medo do povo. O povo não o faz porque ainda lhe resta alguns valores morais conservadores — espécies em extinção ou já extintas entre as autoridades.
Se o Congresso e o povo não se dobrarem, os ativistas gays e seus aliados contam com o “jeitinho” brasileiro para aprovar o PLC 122, quer a população do Brasil queira ou não. Não fosse por esse “jeitinho”, o STF jamais teria conseguido enxergar na Constituição algo que nunca existiu: a equiparação da união estável homem/mulher com a união estável homem/homem.
Se o rolo compressor gay conseguir passar por cima do Congresso, usando o STF ou outro órgão, o povo não terá a mínima chance de escapar de um atropelamento e esmagamento social — a não ser que encare o problema de frente em muitas manifestações nas ruas.
Semana passada o Brasil viu o adiamento da votação do PLC 122, graças às pressões de evangélicos e católicos. Mas Marta Suplicy garantiu que nesta semana, que marca o Dia Mundial de Combate à Homofobia (17 de maio), a votação ocorrerá, e os militantes gays já estão se reunindo em Brasília vindos de todo o Brasil para um grande ato pró-PLC 122 na frente da Catedral de Brasília.
A pergunta a ser feita agora diante do rolo compressor gay é: O PLC 122 deve ser enfrentado de forma delicada, como apenas uma mera ameaça à liberdade de expressão e opinião? Ou deve ser encarado como um perigo maior?
Há uma ideia equivocada de que o PLC 122 seja um projeto de mordaça. Mas, como bem aponta o filósofo Olavo de Carvalho em vídeo editado por mim (http://www.youtube.com/watch?v=jIOOE0n2V5g), classificar o PLC 122 como mordaça é um eufemismo. A proposta do projeto anti-“homofobia” é impor punição e cadeia para todos os que discordarem da sodomia. Até mesmo pessoas não cristãs não escaparão se num momento de descontrole emocional disserem algo, como mostrou cena da novela “Insensato Coração” incluída no vídeo.
O vídeo também traz entrevista de Marta Suplicy, relatora do PLC 122, dizendo que com a lei anti-“homofobia” aprovada a crítica ao homossexualismo estará oficialmente banida da TV, rádio, internet, jornais e outros meios, sujeitando os infratores à cadeia e igualando-os a estupradores, assassinos, ladrões e outros criminosos. A única isenção que ela propõe é para críticas feitas dentro de templos religiosos. Os demais casos, mesmo de cristãos criticando em programas religiosos, serão tratados com todo o rigor da lei.
Portanto, Olavo de Carvalho está certo quando diz que a reação anêmica ao PLC 122 mostra que as pessoas estão “sendo vítimas da espiral do silêncio e hipnotizadas pela impressão da força do inimigo”. Dizer que o PLC 122 é um atentado contra a liberdade de expressão é uma maneira muito fraca, segundo ele, de se opor ao projeto de ditadura gay.
Atitudes cristãs aguadas acarretam consequências desastrosas e pavimentam o caminho das ditaduras. Basta ver o exemplo dos cristãos da Alemanha nazista e todo o sofrimento que lhes foi imposto por terem, em maioria esmagadora, reagido sem firmeza à ditadura do Partido Nazista, sigla que significa Partido dos Trabalhadores Nacional Socialista — um partido com elevado número de homossexuais. Homossexualismo e fascismo andam de mãos dadas.
Os cristãos mais famosos daquela época são o pastor luterano Dietrich Bonhoeffer e o católico Claus von Stauffenberg, que faziam parte de grupos que queriam matar Adolf Hitler, que havia sido democraticamente eleito pelo povo alemão.
Hoje, eles são exemplo porque não reagiram de modo fraco diante da ditadura nacional socialista.
Que exemplo esperamos deixar para as próximas gerações?
Divulgue o vídeo a todos os seus amigos.
Fonte: www.juliosevero.com

domingo, 15 de maio de 2011

A Era da (des)Informação

Já tem um tempo que busco notícias sobre o Brasil e o mundo na internet. Morando no meio do mato, é a única forma de estar informada porque já desisti de ver telejornais. São reportagens muito mal feitas, sem um mínimo de inteligência. Sem falar nas omissões terríveis favorecendo certas pessoas e interesses.
Um exemplo da falta de sensibilidade foi uma reportagem do Bom Dia Brasil. Aconteceu um acidente com um caminhão de gado. Um boi sobreviveu e entrou em uma loja. No dia seguinte voltaram a falar da mesma história, mostrando o boi em tom até de brincadeira. Aí entra a questão: o motorista, que havia morrido no acidente, que estava trabalhando e deixou provavelmente família desamparada nem foi lembrado. Uma vida humana não vale nada. Perdeu-se totalmente o respeito ao sentimento das pessoas. Achei de péssimo gosto.
g1.globo.com/bom-dia-brasil/.../boi-invade-loja-em-sao-jose-do-rio-preto-e- fica-preso-na-vitrine.html
www.brasilocal.com/.../sao_jose_do_rio_preto.html
Entretanto, o que mais me horroriza é a omissão e transversão de alguns fatos.
Na votação no Congresso Nacional da atualização do Código Florestal, o deputado Aldo Rebelo  fez uma denúncia que deveria ter sido noticiada amplamente. O marido de Marina Silva, a santa verde do "pau oco" é suspeito de tráfico de madeira. Que ironia não é mesmo?? A defensora das ong's internacionais é para mim a mais nova definição de CARA DE PAU. E o que mais me deixa indignada é o fato de não ter se explorada tal notícia. Uma mulher que teve mais de 20 milhões de votos para presidente do Brasil defendendo o ambientalismo fazendo tráfico de madeira é absurdo! É caso de perda de mandato, pois ela é senadora da república! Mas todos se calam.
www.implicante.org/.../aldo-rebelo-quem-fraudou-contrabando-de-madeira- foi-o-marido-de-marina
E a Record? Parece até brincadeira como eles gostam de falam mal de São Paulo. Qualquer reportagem é feita para denegrir a eficiência dos paulistas. Existe um ódio crescente pelo desenvolvimento e independência de São Paulo, principalmente de ordem política partidária.
Estoura bomba no metrô do Rio, laboratório de refino de coca em UPP e tudo bem, nada é falado, vamos proteger o Cabral.
Enquanto cria-se um pandemônio porque decidiu-se que não era necessário uma estação de metrô a apenas 650 metros de outra já existente em um bairro de São Paulo.
Já no Rio de Janeiro o governo gastou milhões para comprar trens que não cabem nos túneis!!! E nunca vi isto noticiado na tv!
tomauma.blogspot.com/.../metro-do-rio-o-trem-nao-cabe-no-tunel.html
Ou seja: sejamos mais críticos.
Devemos buscar notícias e informações mais próximas da realidade e não uma imagem criada pela mídia. Restam pessoas sensatas e eu não vou desistir de acreditar que ainda é possível revertermos este quadro de mentiras, omissões e interesses no sentido de enganar e ludibriar a população.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

ANTES UMA MULETA DO QUE UMA MACA – PARASHÁ BEHAR 5771 (13 de maio de 2011)

"Certa vez o Rabino Yossef Dov Soloveitchik, mais conhecido como Beit Halevi, estava dando um discurso na noite de Shabat em uma sinagoga completamente lotada. Ao falar sobre o nosso trabalho de aprimoramento das Midót (características pessoais), ele explicou que a palavra "Midót" significa tanto "características" quanto "medidas". Qual a conexão entre as duas coisas? As nossas características são como o sal, que na medida correta dá um excelente sabor, mas em excesso estraga o gosto da comida. Explicou o Beit Halevi que todas as nossas características, mesmo as que parecem mais negativas, podem ser utilizadas para o bem. Por exemplo, a raiva pode destruir o ser humano, mas também pode ser canalizada para lutarmos contra injustiças.
No meio do discurso um homem levantou-se no fundo da sinagoga e, em tom de zombaria, perguntou:
- Ei, rabino. Se todas as nossas características podem ser utilizadas para o bem, como pode ser positivo utilizar a característica de negar D'us?
Houve um grande silêncio na sinagoga. Será que o rabino teria resposta para aquela pergunta? Mas o Beit Halevi, sem demonstrar nenhuma preocupação, abriu um largo sorriso e disse:
- Sim, há uma maneira de utilizar para o bem a característica de negar D'us. Da próxima vez em que um pobre vier pedir sua ajuda, não diga para ele "D'us te ajudará". Assuma para si mesmo a responsabilidade e o ajude em tudo o que ele precisar".
Tudo o que temos é D'us quem nos dá. Mas de nós deve partir a iniciativa de ajudar a todos aqueles que têm qualquer tipo de necessidade.
********************************************
A Parashá desta semana, Behar, traz muitas Mitsvót importantes, como a Shemitá (descanso sabático das terras em Israel) e o Yovel (Jubileu, ano em que se completa o ciclo de 7 Shemitót), além de algumas Mitsvót "Bein Adam Lehaveiró" (entre o homem e seu semelhante). Entre elas, há uma Mitzvá interessante: "Se seu irmão se empobrecer e em sua proximidade suas forças decaírem, você deve fortalecê-lo" (Vayikrá 25:35). O entendimento mais simples deste versículo é que devemos ajudar a todos aqueles que são necessitados. Mas por que a Torá utiliza a linguagem "você deve fortalecê-lo", ao invés de simplesmente utilizar "você deve ajudá-lo"? Explica Rashi que da linguagem "você deve fortalecê-lo" aprendemos que é mais importante ajudar alguém que está caindo do que aquele que já caiu. Mas o que a Torá veio nos ensinar? Será que não é melhor ajudar aquele que não tem mais nada do que aquele que está perdendo o que tem?
Diariamente encontramos nas ruas pessoas necessitadas. No meio do trânsito surgem em nossas janelas pessoas sujas e esfarrapadas, implorando por uma moeda para que possam comer algo. Não agüentamos ver aquelas pessoas necessitadas e acabamos ajudando com algum trocado, e assim nos sentimos melhor. Mas se refletirmos um pouco, este ato de doação foi um ato motivado pelo amor ou pelo egoísmo? A natureza do ser humano é sentir pena daquele que perdeu tudo, e isto nos incomoda. Por isso, quando damos o trocado para o pobre, fazemos pelo nosso próprio bem estar, para nos sentirmos mais confortáveis, não por amor ao outro. Explica o Rav Meir Rubman que, por outro lado, quando vemos uma pessoa que ainda está caindo, não há este sentimento natural de misericórdia. Portanto, ao ajudá-lo, estamos fazendo um ato de amor verdadeiro, não de amor próprio. É por isso que a Torá louva mais aquele que ajuda quem ainda está caindo, pois o ato acaba sendo mais verdadeiro e sincero.
Rashi traz ainda outra explicação. Se um burro com uma carga muito pesada nas costas começa a cair por causa do grande peso que carrega, uma única pessoa é capaz de ajudá-lo a se reerguer. Porém, se o burro chegar a cair no chão, são necessárias cinco pessoas para levantá-lo novamente. Da mesma maneira, quando uma pessoa está caindo é mais fácil ajudá-la a se reerguer e, com menos esforço, é possível dar-lhe novamente uma vida digna. Porém, quando a pessoa já perdeu tudo, torna-se cada vez mais difícil ajudá-la. Por isso o versículo ressalta a importância de ajudar alguém enquanto ele ainda está caindo, ao invés de esperar até que ele perca tudo para começar a ajudar.
Um terceiro ponto pelo qual é mais louvável ajudar alguém que ainda está caindo está relacionado com a nossa sensibilidade. A Torá exige que nos preocupemos com os outros ao ponto de entender suas necessidades sem que eles tenham que nos pedir. Os maiores líderes do povo judeu eram pastores, entre eles Moshé e David Hamelech (Rei David). Por que? Pois já que os animais não falam, os pastores precisam desenvolver sua sensibilidade para perceber sozinhos o que os animais necessitam. Por isso eles se tornaram grandes líderes do povo judeu, pois conseguiam perceber o que o povo necessitava. Todos enxergam quando uma pessoa perdeu tudo, qualquer um consegue ver quando alguém está na sarjeta. Mas poucos conseguem desenvolver a sensibilidade de perceber quando alguém está caindo de forma silenciosa. A Torá valoriza aquele que se trabalhou e percebe, antes do outro cair, que ele precisa de ajuda.
Finalmente, um último motivo para ajudar uma pessoa enquanto ela ainda está caindo é que para o ser humano pedir ajuda aos outros é uma grande humilhação. Por isso o versículo não fala de ajudar alguém que nos pediu ajuda, o versículo nos ensina a ajudar antes mesmo da pessoa vir pedir. Enquanto a pessoa ainda está caindo é possível ajudá-la sem que ela se sinta humilhada. Mas depois que ela já caiu, ela é obrigada a pedir ajuda aos outros, e qualquer coisa que ela recebe torna-se uma grande vergonha.
A Torá exige de nós um nível grande de preocupação com o próximo. Neste mesmo versículo, ao escrever "seu irmão" e não "seu companheiro", a Torá está nos ensinando que é este o nível de amor e preocupação com o próximo que temos que alcançar. Da mesma forma que ninguém deixaria um irmão passando necessidade, assim temos que olhar como se cada um fosse o nosso próprio irmão.
Explica o Talmud que o versículo não se refere somente a uma queda financeira, mas também a uma queda espiritual. Se existe a obrigação de ajudar alguém que perdeu suas posses materiais, muito maior é a nossa obrigação de ajudar alguém que sofreu uma queda espiritual. Atualmente a doença que mais ataca as pessoas é a depressão. Qual é a causa? As pessoas vivem vidas sem sentido. Acordam, vão ao trabalho, almoçam, voltam para casa, assistem à televisão e vão dormir. Segunda, terça, quarta, quinta, sexta, sábado. Não há metas, não há sentido no que fazem. Portanto uma das maiores bondades que podemos fazer é ajudar as pessoas a encontrarem um sentido para suas vidas. E nesta área a nossa sensibilidade precisa ser ainda maior, pois quando falta dinheiro a pessoa sabe que precisa de ajuda, mas quando falta espiritualidade muitas vezes nem a própria pessoa percebe.
O versículo ensina ainda algo para as nossas próprias vidas. Com cada transgressão que cometemos sofremos uma queda espiritual. Esta queda se assemelha a uma picada de cobra, na qual uma pequena quantidade de venenos é injetada em nosso próprio corpo. Quanto mais tempo demorarmos para consertar nossos erros, maior a chance de que hajam complicações. Temos que nos fortalecer antes de cairmos, pois depois fica cada vez mais difícil. Para alguém que está caindo uma muleta volta a dar equilíbrio, mas para alguém que já caiu, é necessária uma maca com várias pessoas para ajudar.
SHABAT SHALOM
Rav Efraim Birbojm
http://ravefraim.blogspot.com/
Behár LEVÍTICO Lv 25:1-26:2, Je 32:6-27, Lc. 4:16-21

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Novo Código Florestal - A paz não interessa a quem lucra com a guerra

Se Marina Silva e a miríade de ONGs não conseguirem, uma vez mais, humilhar o Congresso brasileiro, acusando-o de incompetente para votar um novo Código Florestal, é possível que o sensato texto do deputado Aldo Rebelo (PC do B) seja aprovado hoje. E, meus caros, aí sim, os nossos problemas estarão apenas começando, já digo por quê. Antes que chegue lá, algumas considerações que são vitais para o entendimento do debate. Cumpre indagar: quem não quer um acordo para que se tenha um Código Florestal exeqüível e responsável no Brasil? A resposta óbvia: as ONGs e os políticos que fizeram da causa ecológica a sua principal fonte de financiamento.
Essa gente precisa do clima de guerra — inclusive da guerra contra a natureza — para que possa se financiar no mercado das idéias. A venda do caos, das teorias escatológicas, do fim-do-mundismo rendem um dinheirão. Bancos, indústrias de tecnologia, gigantes da área de serviços, grande redes do comércio, toda essa gente está disposta a ganhar o selo de “ecologicamente correta”. Fundações mundo afora, financiadas pelo culpado dinheiro velho, inundam o caixa dos prosélitos da causa. Se o Brasil tiver um Código Florestal que possa ser cumprido, a quem se vai vender a salvação do mundo?
O Brasil é o país que mantém a melhor relação desenvolvimento/conservação do mundo. Alguns dos agentes internacionais que vêm cá fazer o seu proselitismo não teriam o que preservar em seus países de origem e preferem fazer de conta que é razoável ter o Bananão como um grande santuário. É evidente que a contestação desse farisaísmo não deve servir de estímulo à exploração irresponsável dos recursos naturais ou à sua destruição. Mas quem prega isso? Certamente não é o texto de Aldo Rebelo, ao qual se atribuiu, de forma estúpida e vigarista, até mesmo a responsabilidade de cuidar da ocupação do solo urbano, o que é regulado por outras leis e códigos. Trata-se de um formidável espetáculo de desinformação, no qual a imprensa entrou alegremente porque, quase na totalidade, passou a atuar como militante da causa.
Criou-se até a falsa clivagem entre “progressistas” (os que se opõem ao texto de Rebelo) e “reacionários” (os que o defendem), “atrasados” (idem) e “modernos” (o mesmo…). Até ontem à noite, um ponto impedia a votação: a dispensa de reflorestamento para os pequenos proprietários, de até quatro módulos. Ora, fica evidente o caráter anti-social dos que se opõem ao texto. Quem possui grandes extensões de terra não se opõe à recomposição florestal porque ela ocupará uma porcentagem pequena da terra.
Nesse caso, de modo espantoso, além da militância escatológica dos ditos ecologistas, é preciso enfrentar a má fé ideológica do petismo. O governo aceitava isentar os pequenos desde que eles pertencessem a cooperativas ou integrassem a cadeia da chamada “agricultura familiar” — vale dizer, o crivo passaria a ser, então, de natureza puramente política. É sabido que esses grupos, na maioria das vezes, são ligados ao MST e, por conseqüência ao PT. Entenderam o busílis? Se o pequeno agricultor tem pedigree ideológico, então ele não precisa recompor a mata nativa; se não tem, está lascado. É o fim da picada!
Dificuldades
Se o texto de Aldo for aprovado, o país terá uma das mais avançadas e preservacionistas leis ambientais do mundo, que não seria cumprida em qualquer lugar do planeta. Ainda que a aprovação, como se nota, dê um trabalho danado, essa não será a maior dificuldade. Será preciso ter estrutura para fazer valer a letra da lei. E, nesse caso, é preciso mobilizar também os estados, em vez de tentar manter a estrutura centralizada em Brasília. Mas, de novo, os ecologistas ongueiros não querem nem ouvir falar da divisão de responsabilidades e de uma autonomia relativa dos estados; para eles, isso seria sinônimo de desmatamento.
Uma ova! Enquanto o meio ambiente, mesmo dotado de um bom código, como será o de Aldo Rebelo, continuar como terra de ninguém, melhor para essas “Milícias do Bem”, que podem continuar a bater a carteira do grande capital e das fundações para “proteger” o verde. Não fosse assim, não teriam defendido que se adiasse qualquer decisão por mais dois anos. Ora, se essas mesmas entidades dizem que o desmatamento em curso é grande, sem qualquer controle ou regra, o que se ganharia com o adiamento?
RESPOSTA: MUITO DINHEIRO!
Nesses dois anos, todas as “forças do bem” se conjurariam para que se tivesse no Brasil um Código Florestal que saísse a contento da militância. Provavelmente, ele estaria muito próximo deste de Rebele, mas seriam necessários muitos milhões de dólares para financiar campanhas de preservação e para satanizar os malvados “ruralistas” e o “agronegócio”, que não gostam da natureza, entenderam? Ora… Os grandes empresários do setor já resolveram suas pendengas e estão de olho, hoje, no que fazem muito bem, no mercado de créditos de carbono — como, diga-se, faz George Soros, um grande ecologista hoje em dia.
Quem é mesmo o atrasado nesse debate? Quem é o oportunista? Quem pretende fazer do terrorismo ecológico um redutor do debate público, de modo que não se pode apelar nem mesmo à racionalidade sem que isso pareça de um insuportável reacionarismo? Tenham paciência! Notem que vocês nem ouviram falar do setor sucroalcooleiro ou das papeleiras nesse processo todo. Esses gigantes não terão qualquer dificuldade em se adaptar às restrições. O problema, reitero, está mesmo com os pequenos proprietários. Milhões deles teriam inviabilizada sua atividade se obrigados, como queriam alguns, a recompor a matar nativa.
O nosso problema, reitero, será fazer cumprir o novo código. Para isso, sim, num país viciado em ilegalidade, será preciso mobilizar forças. Quanto à turma viciada no dinheiro fácil que rende a pregação do fim do mundo, dizer o quê? Sei lá… Comece a pregar a substituição de combustíveis fósseis pela energia do pensamento.
O código, como o propõe Aldo, abre uma janela para a convivência pacífica entre economia e preservação. Como sempre, a paz não interessa aos que lucram com a guerra.
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/novo-codigo-florestal-a-paz-nao-interessa-a-quem-lucra-com-a-guerra/?utm