domingo, 26 de outubro de 2014

RECONHECENDO O VERDADEIRO DONO - PARASHÁ NOACH 5775

"Quando o pequeno Moishe foi ao banco pela primeira vez com seu pai, observou que o homem que trabalhava no caixa entregava muito dinheiro a um cliente e recebia uma quantia grande de outro. Ele encantou-se com a quantidade de dinheiro que passava pelo caixa. Ao sair, virou-se para o pai e disse:

- Aquele homem por trás do balcão deve ser um milionário. Viu só quanto dinheiro ele tem?

- Não é bem assim - disse o pai - Você e eu talvez sejamos mais ricos do que ele. O dinheiro que ele recebe e entrega não lhe pertence, é do banco. Se ele abusar deste privilegio e entregar ou guardar um real a mais, pode perder seu emprego e o privilegio de lidar com o dinheiro. Ele deve sempre ter em mente a origem do dinheiro e a quem ele realmente pertence."

Assim também devemos olhar a vida. Nossos talentos e as riquezas que acumulamos são nossos somente porque D'us nos deu, para utilizarmos no nosso trabalho espiritual. Mas se esquecermos de que Ele é o verdadeiro Dono e fizermos mau uso das nossas conquistas, podemos acabar perdendo tudo.

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Nesta semana lemos a Parashá Noach, que descreve dois episódios que mudaram a história da humanidade: o grande dilúvio que ocorreu nos dias de Noach (Noé) e que destruiu o mundo inteiro, e a construção da Torre de Bavel, que marcou o início da mistura das línguas no mundo. E estes dois eventos têm um importante ponto em comum: tanto o dilúvio quanto a mistura das línguas foram castigos aplicados por D'us por causa de erros que a humanidade estava cometendo.

Na geração do dilúvio, a humanidade havia se corrompido e se desviado dos caminhos corretos, e transgressões como o roubo e a promiscuidade se tornaram comuns. Já o erro da Torre de Bavel foi a própria construção da torre, como está escrito: "Venham, vamos construir para nós uma cidade e uma torre cujo topo chegue aos céus" (Bereshit 11:4). Mas o que há de tão mal em construir uma torre que chegue até o céu? Rashi (França, 1040 - 1105), comentarista da Torá, explica que eles queriam chegar até o céu para lutar contra D'us. Porém, quem em sã consciência tentaria lutar contra o Criador do Universo? Por que aquela geração cometeu um erro assim tão grave?

Há ainda outra pergunta que surge quando prestamos atenção em um dos primeiros versículos que descrevem a construção da Torre de Bavel: "Venham, vamos fazer tijolos e queimá-los no fogo. E o tijolo servirá como pedra, e o betume servirá com argamassa" (Bereshit 11:3). Sabemos que a Torá não gasta nem mesmo uma letra de maneira desnecessária. Se o problema da Torre de Bavel era uma rebeldia contra D'us, então qual a importância de sabermos com que materiais a torre foi construída? E por que ressaltar que foi utilizado o tijolo ao invés da pedra?

Explica o Rav Yohanan Zweig que neste pequeno detalhe está a chave para entender qual foi a fonte do erro que aquela geração cometeu. Apesar de parecer apenas um detalhe construtivo, há uma diferença crucial entre uma casa construída com pedras e uma casa construída com tijolos. As pedras utilizadas nas construções eram retiradas de pedreiras naturais. Quando uma pessoa vive em uma casa de pedras, ela sente que está vivendo no mundo de D'us, pois está cercada por materiais que vêm diretamente da natureza, com pouca intervenção humana. Já quando uma pessoa fabrica tijolos e os utiliza para construir sua casa, ela pode ter a sensação de que sua moradia é desconectada de D'us, pois foi ele próprio o responsável por processar os materiais utilizados na construção.

O propósito da Torre de Bavel era ir contra o Criador do mundo, tentando negar Seu controle sobre todo o universo e atribuindo ao ser humano o poder de controlar o mundo. Isto é ressaltado pelo versículo inicial sobre a construção da Torre de Bavel: "E toda a terra tinha apenas uma linguagem e um propósito comum" (Bereshit 11:1). Rashi explica que a expressão "Dvarim Achadim" (propósito comum) tem um significado mais profundo. A palavra "Achadim" vem da mesma raiz que a palavra "Ichud", que significa "unicidade". Isto quer dizer que os seres humanos estavam querendo anular o "Ichudo Shel Olam", isto é, a noção da Unicidade de D'us, o único e verdadeiro Poder que controla todo o universo. E por que isto aconteceu justamente naquela geração? Pois quando eles começaram a alcançar avanços tecnológicos, acharam que podiam controlar o mundo. Por isso chegaram ao ponto de construir uma torre gigantesca para lutar contra D'us.

Explica o Rav Avraham ben Meir (Espanha, 1092 - 1167), mais conhecido como Ibn Ezra, que o versículo "e o tijolo servirá como pedra" demonstra que as pessoas intencionalmente deram preferência ao uso do tijolo, refletindo a percepção daquela geração de que eles estavam vivendo em um mundo em que eles mesmo haviam criado, na ilusão de que D'us não mais exercia Sua autoridade sobre o mundo.

Infelizmente nós muitas vezes cometemos os mesmos erros das gerações anteriores, e nos deixamos cegar pelos avanços tecnológicos da humanidade. Quanto mais o ser humano progride em suas buscas tecnológicas, mais ele se torna propenso a perder de vista que D'us é a única autoridade no mundo. Ao invés de utilizarmos os avanços tecnológicos para nos conectarmos a D'us, utilizamos para procurar novos fenômenos que possam explicar um mundo sem Ele.

O próprio nome dado a Noach traz este conceito. Noach vem da mesma raiz de "Menuchá", que significa "descanso". Por que o pai de Noach deu a ele este nome? Explicam nossos sábios que desde o erro de Adam Harishon, a terra havia sido amaldiçoada. Quando o trigo era plantado, ao invés de nascerem espigas, praticamente nasciam apenas espinhos. Mas o pai de Noach sabia que a maldição se aplicaria com toda a sua força apenas enquanto Adam estava vivo. Noach foi o primeiro ser humano a nascer depois da morte de Adam e, portanto, seu pai sabia que seu nascimento marcaria uma época de descanso e tranquilidade ao mundo. E Noach realmente fez uma grande diferença, pois inventou equipamentos agrícolas, desenvolveu novas técnicas e facilitou o trabalho no campo.

Porém, a Torá nos ensina que foi justamente a geração de Noach, aquela geração que usufruiu dos benefícios dos primeiros avanços tecnológicos, que foi destruída no terrível dilúvio que quase apagou a humanidade da face da Terra. Por que? Pois eles também não souberam utilizar os avanços tecnológicos para se conectarem com D'us. Com as novas técnicas e equipamentos, as pessoas precisavam trabalhar menos. Mas ao invés de fazer algo construtivo com o tempo livre que surgiu, as pessoas acabaram utilizando-o para pensar em besteiras, se corrompendo e chegando a grandes desvios.

Se o mal uso das tecnologias já foi suficiente para desviar a geração de Noach, muito maior deve ser o nosso cuidado, pois vivemos em um tempo no qual os avanços tecnológicos praticamente nos atropelam. Nos 200 anos após a Revolução Industrial foram feitas mais invenções do que nos 5 mil anos anteriores. Estamos agora em uma nova fase, a Revolução Digital, na qual as mudanças são ainda mais frenéticas. Quando compramos um celular novo, no dia seguinte já há um novo modelo, como uma nova função que até ontem não existia. Em todas as áreas vemos mudanças constantes. Mas será que utilizamos estas melhorias para o bem? As tecnologias cada vez mais nos isolam, criando verdadeiros "casulos" dentro das casas. Atualmente não há mais momentos em família, pois cada um tem a sua televisão, seu computador e seu celular, fazendo que as pessoas vivam na mesma casa mas, ao mesmo tempo, em mundos independentes.

Outro perigo das grandes e frenéticas evoluções tecnológicas é novamente cairmos no erro de pensar que o ser humano está no controle das coisas. Isto é apenas uma grande ilusão, pois a verdade é que D'us está no comando. É Ele quem permite as novas descobertas e é Ele quem faz com que as pessoas tenham novas ideias. Portanto, se soubermos utilizar as novas tecnologias da maneira correta, elas podem nos trazer Brachót (Bençãos). Mas aprendemos de Noach e da Torre de Bavel que utilizar as novas tecnologias da maneira incorreta pode nos trazer muitos sofrimentos e dificuldades.

SHABAT SHALOM

Rav Efraim Birbojm
Gn.6:9-11:32, Is 54:1-55:5, 1 Pe. 3: 18-22
 

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

TESTE DE LEALDADE - SUCÓT 5775

"Sentados num bar russo e bebendo vodca, alguns amigos conversavam e expressaram seu sincero amor pelo czar e seu governo. Sentindo-se repleto de lealdade, um dos homens proclamou:

- Se eu tivesse um palácio magnífico, eu o dedicaria ao czar!

- É mesmo? - perguntaram os amigos, impressionados - E se você tivesse uma carruagem de luxo puxada por cavalos de raça, ou uma fazenda com animais, você também dedicaria ao czar?

- Claro que sim! Pelo czar, Sua Majestade, eu daria qualquer coisa que eu tivesse - declarou o homem.

Os outros duvidaram do amigo, imaginando que ele estava afetado pelo álcool. Então o desafiaram de novo:

- E se você tivesse duas galinhas, então você as daria para o czar?

O homem ficou sério e admitiu, em voz baixa, que não daria. Percebendo a expressão de perplexidade dos amigos, o homem explicou com franqueza:

-Estas são as coisas que eu realmente possuo".

Em Rosh Hashaná , e principalmente em Yom Kipur, dissemos para D'us: "Por favor, me dê mais um ano de vida e eu vou cumprir a Sua vontade. Serei uma pessoa completamente diferente". Mas passado Yom Kipur, será que estamos cumprindo nossa palavra, ou o que dissemos foi apenas da boca para fora?

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Após passarmos por Rosh Hashaná e Yom Kipur, finalmente chegamos à festa de Sucót, que começa na próxima 4ª feira de noite (08/10). Rosh Hashaná e Yom Kipur são festas relacionadas com nosso julgamento e, portanto, são dias mais solenes. Já Sucót, também chamada de "Zman Simchateinu" (a época da nossa alegria), tem como tema central a alegria. Então qual a relação entre Sucót, Rosh Hashaná e Yom Kipur, festas comemoradas em datas tão próximas, mas que parecem ser tão diferentes?

Há outra pergunta interessante sobre Sucót. Uma das Mitzvót que simbolizam esta festa são os Arba Minim (as 4 espécias – Etróg, Lulav, Adass e Aravá), sobre os quais fazemos uma Brachá especial todos os dias do Chag. E assim começa o versículo que fala sobre os Arba Minim: "E você deve pegar para você no primeiro dia..." (Vayikrá 23:40). Mas por que a Torá chama Sucót de "primeiro dia", ao invés de se referir a Sucót como "o dia 15 do sétimo mês", como normalmente faz em relação aos Chaguim?

Ensina o Rav Yaacov ben Asher (Alemanha, 1270 - Espanha, 1340), mais conhecido como Tur, que a resposta está em um interessante Midrash (parte da Torá Oral) que explica de onde vem o costume Ashkenazi de jejuar na véspera de Rosh Hashaná. O Midrash responde que o primeiro dia de Sucót é identificado como "primeiro dia" pois é considerado o "primeiro dia para a contabilidade das nossas transgressões". Para explicar este conceito, o Midrash traz a seguinte parábola: uma cidade devia a um poderoso rei uma enorme quantia de dinheiro em impostos. Como resultado da falta de pagamento, o rei marchou contra a cidade com um enorme exército. Antes que o exército chegasse, uma pequena delegação composta pelos anciãos da comunidade, apenas as pessoas mais distintas, foi enviada para tentar apaziguar o rei. O encontro teve sucesso e o rei descontou um terço da dívida, mas continuou avançando com seu exército. Temendo pela sua segurança, os moradores mandaram uma segunda delegação enorme, composta por pessoas comuns, para se encontrar com o rei. Eles também tiveram sucesso e conseguiram convencer o rei a descontar mais um terço da dívida. Entretanto, o rei não deteve o avanço de suas tropas. Em desespero, todos os habitantes da cidade saíram de suas casas e começaram a implorar ao rei, que já havia alcançado os portões da cidade, para que ele os tratasse com gentileza. Comovido com esta exibição de humildade, o rei descontou o último terço da dívida que havia restado.

Qual é o paralelo com as festas judaicas? Durante o ano, o povo judeu acumula uma enorme quantidade de transgressões. Na véspera de Rosh Hashaná, as pessoas mais distintas do povo têm o costume de jejuar, fazendo com que D'us perdoe um terço das nossas transgressões. Durante os "Asseret Yemei Teshuvá" (10 dias de Arrependimento, entre Rosh Hashaná e Yom Kipur), outro terço das transgressões é perdoado. Então chega Yom Kipur, quando o povo inteiro jejua e grita para D'us, e somos absolvidos do último terço das transgressões. Por isso, em Sucót se inicia uma nova contabilidade de transgressões para o ano.

Mas se pararmos para refletir sobre os ensinamentos contidos neste Midrash, surgem muitas perguntas. Em primeiro lugar, Sucót começa só alguns dias depois de Yom Kipur. Então por que a nova contabilidade não começa imediatamente no dia seguinte ao Yom Kipur? Outro detalhe que nos chama a atenção é que o jejum da véspera de Rosh Hashaná tem o mesmo peso do jejum de Yom Kipur, já que, de acordo com o Midrash, cada um deles tem o poder de descontar um terço das nossas transgressões. Mas sabemos que Yom Kipur é o dia mais sagrado do ano, então por que o Midrash aparentemente iguala os dois? E finalmente, em Sucót temos três diferentes Mitzvót: se sentar durante os 7 dias na Sucá, trazer os Korbanót (sacrifícios) relacionados ao Chag ao Beit Hamikdash (Templo Sagrado) e os Arba Minim. Então por que a Torá escolheu justamente os Arba Minim para transmitir a mensagem da nova contabilidade de transgressões que se inicia em Sucót, e não alguma outra Mitzvá de Sucót?

Explica o Rav Yochanan Zweig que há uma incrível semelhança entre o sistema de perdão Divino com uma prática comum no mundo dos negócios, e isto pode nos ajudar a entender o que o Midrash está nos ensinando. Antigamente, quando alguém não conseguia pagar uma dívida, estava sujeito a ir para a prisão. Atualmente, na grande maioria das sociedades civilizadas, existem leis relativas à falência, que permitem que uma pessoa possa se isentar de suas dívidas caso não tenha condições de pagá-las, protegendo-se assim dos seus credores. Mas qual a lógica que está por trás das leis de falência? Por que a sociedade permitiria que uma pessoa se desviasse da prestação de contas por suas ações?

A resposta é que uma pessoa atolada em dívidas, incapaz de sair desta situação negativa, pode acabar deixando de ser um membro produtivo da sociedade e se tornar alguém passivo. Quando permitimos a esta pessoa descontar suas dívidas, totalmente ou parcialmente, estamos permitindo que ela continue andando com suas próprias pernas, ao invés de ter que ficar dependendo dos outros, podendo facilmente voltar a ser um membro produtivo e contribuinte da sociedade, o que acaba sendo bom para todos.

Por outro lado, as leis de falência devem ser exercidas com muito cuidado e atenção, para termos a certeza de que estas leis não serão usadas de forma abusiva por pessoas cuja única intenção seja se esquivar de suas obrigações. Mas sempre existe o perigo potencial da pessoa utilizar a falência como uma "muleta" para se apoiar e se proteger da sua própria negligência e de seu comportamento irresponsável.

Este é o paralelo com o perdão dos nossos erros. É um grande erro pensar que D'us nos perdoa apenas por causa de Sua enorme benevolência, sem que nada precise ser feito da nossa parte. Precisamos entender que esta absolvição não pode se tornar uma "muleta", na qual podemos continuamente nos apoiar para diminuir as consequências do nosso comportamento irresponsável. Ao contrário, recebemos de D'us um "alívio" para que possamos outra vez voltarmos a ser membros ativos da sociedade, sem o enorme peso nas costas das nossas inúmeras transgressões. Mas se nós errarmos na forma de ver a expiação dos nossos erros, ao invés dela ser utilizada como uma ferramenta que nos ajuda a nos tornarmos responsáveis pelos nossos atos, justamente o efeito contrário pode ocorrer, e a expiação dos nossos erros pode se tornar uma "muleta" que apenas gera mais irresponsabilidade.

Se uma pessoa que decretou falência fica ainda responsável por parte das dívidas, então o risco da falência ser utilizada para encorajar um comportamento irresponsável diminui. Portanto, embora Yom Kipur desconte a mesma quantidade de transgressões do que o jejum da véspera de Rosh Hashaná, há uma enorme diferença entre as duas absolvições. Depois de Rosh Hashaná a pessoa ainda tem nas costas o peso de parte das transgressões que ainda não foram descontadas, e por isso ainda não se sente tranquila. Mas em Yom Kipur ocorre a absolvição total, e o perigo desta expiação ser mal utilizada é muito maior. Por isso, somente um dia tão sagrado como Yom Kipur pode nos proporcionar esta expiação total sem estar acompanhada de um sentimento de irresponsabilidade.

Mas para a expiação dos nossos erros ser completa, ela deve ser acompanhada do compromisso de começarmos a pagar nossas dívidas e da aceitação da responsabilidade por nossas ações. Sucót é a época em que novas responsabilidades são colocadas sobre nós e, portanto, serve como um teste da veracidade do nosso compromisso. É o primeiro momento em que nossas propostas de mudança apresentadas para D'us em Rosh Hashaná e Yom Kipur são colocada à prova. É por isso que Sucót é chamado de "o primeiro dia da contabilidade das nossas transgressões".

Os Arba Minim de Sucót precisam ter certas características para serem considerados aptos para o uso. Por exemplo, o Talmud Yerushalmi afirma que um Lulav, que é a folha de uma palmeira, não pode estar demasiadamente seca, e aprendemos isso do seguinte versículo: "E os mortos não louvam a D'us" (Tehilim 115:17). O Lulav é o símbolo de frescor e vitalidade, que representa a nova concessão de vida que recebemos depois de Yom Kipur. Nós utilizamos o Lulav como uma ferramenta para louvar e agradecer a D'us por Sua bondade desta nova chance. É por isso que a Torá considera mais apropriado transmitir o conceito do recomeço, da nova contabilidade dos nossos erros, através dos Arba Minim, que representam justamente o frescor de um recomeço.

O Midrash nos ensina que Sucót é um grande teste das nossas convicções. Sair do conforto de casa para passar a semana na Sucá, uma construção provisória e desprotegida, e cumprir a Mitzvá dos Arba Minim com todos os seus detalhes não são atitudes simples. Somente é possível cumprir estas Mitzvót com alegria se conseguirmos internalizar o conceito de fazer a vontade de D'us mesmo quando não é exatamente a nossa vontade. Em Rosh Hashaná e Yom Kipur pedimos para D'us mais um ano de vida para podermos cumprir as Suas Mitzvót e atingirmos as nossas metas, e Sucót é o momento de demonstrar que vamos cumprir nossa palavra. Assim, teremos mais crédito com Ele quando for necessário pedir qualquer outra coisa durante o ano.

CHAG SAMEACH E SHABAT SHALOM
 

sábado, 4 de outubro de 2014

Mensagem de Yom Kippur 5775

 
Yom Kipur é um dos maiores presentes que D'us deu ao povo judeu. Um dia muito especial, uma oportunidade de começarmos o novo ano renovados, com nossas almas limpas e purificadas. A Teshuvá, composta pelo arrependimento sincero, a decisão de não voltar a cometer os mesmo erros, e a confissão para D'us das nossas transgressões, tem o incrível poder de transformar os nossos erros em méritos. Yom Kipur é um dia de misericórdia, uma das maiores demonstrações do amor de D'us pelo povo judeu. Neste dia podemos e devemos abrir nossos corações e implorar para que D'us nos perdoe pelos nossos erros.


Infelizmente não é apenas contra D'us que transgredimos durante o ano. Erramos, e muito, com as pessoas. Fomos egoístas, enganamos, não nos importamos com as dificuldades e sofrimentos dos outros. E o pior de tudo é que achamos que não foi tão grave assim. Mas nossos sábios ensinam que, apesar da enorme força de expiação das transgressões que existe em Yom Kipur, ela somente funciona para limpar os erros que cometemos contra D'us. Porém, os erros que cometemos contra o próximo não são perdoados por D'us até que sejamos perdoados pela pessoa com quem erramos. Por isso, a Halachá (Lei Judaica) nos ensina que é necessário apaziguar a pessoa que machucamos, prejudicamos ou magoamos através de um sincero pedido de perdão.

Portanto, gostaria de aproveitar a oportunidade para pedir perdão a qualquer um de vocês, leitores do "Shabat Shalom M@il", tanto aqueles que eu conheço pessoalmente quanto aqueles cujo meu único contato é através dos emails semanais, por qualquer atitude minha que possa ter ofendido ou magoado, ou por ter causado qualquer tipo de tristeza. Tanto os erros intencionais quanto os não intencionais, tanto os erros que eu me lembro quanto aqueles que eu já me esqueci, de todos eles eu me arrependo profundamente e espero que vocês me perdoem. Falta de tempo, stress e "cálculos errados" são apenas desculpas, e Yom Kipur é o momento de assumirmos nossos erros sem procurar desculpas. Eu sei que errei e peço sinceramente perdão. Se alguém tiver alguma mágoa, por favor me escreva para que eu possa pedir perdão pessoalmente.

Existe uma incrível fórmula para sermos perdoados em Yom Kipur: "Todo aquele que passa por cima da sua honra e perdoa a alguém que lhe fez mal, D'us passa por cima de todas as suas transgressões e o perdoa". Portanto, eu perdoo de todo o coração a qualquer um que possa ter feito algum mal para mim, intencionalmente ou não intencionalmente.

Que possamos ter um ano muito bom, com muita saúde, crescimento espiritual, paz e respeito ao próximo. Que possamos ter paz dentro do povo judeu, para que tenhamos o mérito da vinda imediata do Mashiach e possamos receber todas as Brachót que ele nos trará.

Shaná Tová e Gmar Chatimá Tová

Com carinho,

Rav Efraim Birbojm
http://ravefraim.blogspot.com.br/

Lv 16:1-34, (Maftír -Nm. 29:7-11), Is. 57:14-58:14