segunda-feira, 27 de agosto de 2012

O que é o politicamente correto?

Escrito por Orlando Braga          

O antropocentrismo do marxismo econômico falhou, como sistema social e econômico, em todo o mundo; resta ao marxismo a guerrilha cultural.

Muitos de nós fazemos uma ideia do que é o politicamente correcto (PC), pela repetição de informações transmitidas pela mídia.

O PC não teve origem recente; remonta a sua utilização como instrumento ideológico, ao tempo da I Guerra Mundial. Quando Karl Marx escreveu o “Manifesto Comunista” (séc. 19), ficou bem claro que ideologia que nascia assentava em duas vertentes básicas: O marxismo econômico, que defende a ideia de que a História é determinada pela propriedade dos meios de produção, e o marxismo cultural, que defende a ideia de que a História é determinada pelo poder através do qual, grupos sociais (para além das classes sociais) definidos pela raça, sexo, etc., assumem o poder sobre outros grupos. Até à I Guerra Mundial, o marxismo cultural não mereceu muita atenção, que se concentrou praticamente toda no marxismo econômico, que deu origem à revolução bolchevista (URSS).

O marxismo cultural é uma sub-ideologia do marxismo (a “outra face da moeda” é o marxismo econômico), e como todas as ideologias, tende inexoravelmente para a implantação de uma ditadura, isto é, para o totalitarismo.

À semelhança do marxismo econômico, o marxismo cultural (ou Politicamente Correto) considera que os trabalhadores e os camponeses são, à partida, “bons”, e que a burguesia e os capitalistas são, a priori, “maus”. Dentro das classes sociais assim definidas, os marxistas culturais entendem que existem grupos sociais “bons” (como as mulheres feministas — porque as mulheres não-feministas são “más” ou “ignorantes”), os negros e os homossexuais – para além dos muçulmanos, dos animistas, dos índios, dos primatas superiores, etc.. Estes “grupos sociais” (que incluem os primatas superiores — chimpanzés, gorilas, etc.) são classificados pelos marxistas culturais como sendo “vítimas” e por isso, são considerados como “bons”, independentemente do que os seus membros façam ou deixem de fazer. Um crime de sangue perpetrado por um homossexual é visto como “uma atitude de revolta contra a sociedade opressora”; o mesmo crime perpetrado por um heterossexual de raça branca é classificado como um “acto hediondo de um opressor”. Segundo o marxismo cultural, o “macho branco” é o equivalente ideológico da “burguesia” no marxismo econômico.

Enquanto que o marxismo econômico baseia a sua ação no ato de expropriação (retirada de direitos à propriedade), o marxismo cultural (ou PC) expropria direitos de cidadania, isto é, retira direitos básicos a uns cidadãos para, alegadamente, dar direitos acrescidos e extraordinários a outros cidadãos, baseados na cor da pele, sexo ou aquilo a que chamam de “orientação sexual”. Nesta linha está a concessão de cotas de admissão, seja para o parlamento, seja no acesso a universidades ou outro tipo de instituições, independentemente de critérios de competência e de capacidade.

Enquanto que o método de análise utilizado pelo marxismo econômico é baseado no Das Kapital de Marx (economia coletivista marxista), o marxismo cultural utiliza o desconstrucionismo filosófico e epistemológico explanado por ideólogos marxistas como Jacques Derrida, que seguiu Martin Heidegger, que bebeu muita coisa em Friederich Nietzsche.

O Desconstrucionismo, em termos que toda a gente entenda, é um método através do qual se retira o significado de um texto para se colocar a seguir o sentido que se pretende para esse texto. Este método é aplicado não só em textos, mas também na retórica política e ideológica em geral. A desconstrução de um texto (ou de uma realidade histórica) permite que se elimine o seu significado, substituindo-o por aquilo que se pretende. Por exemplo, a análise desconstrucionista da Bíblia pode levar um marxista cultural a inferir que se trata de um livro dedicado à superioridade de uma raça e de um sexo sobre o outro sexo; ou a análise desconstrucionista das obras de Shakespeare, por parte de um marxista cultural, pode concluir que se tratam de obras misóginas que defendem a supressão da mulher; ou a análise politicamente correta dos Lusíadas de Luís Vaz de Camões, levaria à conclusão de que se trata de uma obra colonialista, supremacista, machista e imperialista. Para o marxista cultural, a análise histórica resume-se tão só à análise da relação de poder entre grupos sociais.

O Desconstrucionismo é a chave do politicamente correto (ou marxismo cultural), porque é através dele que surge o relativismo moral como teoria filosófica, que defende a supressão da hierarquia de valores, constituindo-se assim, a antítese da Ética civilizacional europeia.
Com a revolução marxista russa, as expectativas dos marxistas europeus atingiram um ponto alto. Esperava-se o mesmo tipo de revolução nos restantes países da Europa. À medida que o tempo passava, os teóricos marxistas verificaram que a expansão marxista não estava a ocorrer. Foi então que dois ideólogos marxistas se dedicaram ao estudo do fenômeno da falha da expansão do comunismo marxista: António Gramsci (Itália) e George Lukacs (Hungria).

Gramsci concluiu que os trabalhadores europeus nunca seriam servidos nos seus interesses de classe se não se libertassem da cultura europeia – e particularmente da religião cristã. Para Gramsci, a razão do falhanço da expansão comunista marxista estava na cultura e na religião. O mesmo conclui Lukacs.
Em 1923, por iniciativa de um filho de um homem de negócios riquíssimo de nacionalidade alemã (Félix Veil), que disponibilizou rios de dinheiro para o efeito, criou-se um grupo permanente (“think tank”) de estudos marxistas na Universidade de Frankfurt. Foi aqui que se oficializou o nascimento do Politicamente Correto (Marxismo Cultural), conhecido como “Instituto de Pesquisas Sociais” ou simplesmente, Escola de Frankfurt – um núcleo de marxistas renegados e desalinhados com o marxismo-leninismo.
Em 1930, passou a dirigir a Escola de Frankfurt um tal Max Horkheimer, outro marxista ideologicamente desalinhado com Moscou e com o partido comunista alemão. Horkheimer teve a ideia de se aproveitar das ideias de Freud, introduzindo-as na agenda ideológica da Escola de Frankfurt; Horkheimer coloca assim a tradicional estrutura socio-econômica marxista em segundo plano, e elege a estrutura cultural como instrumento privilegiado de luta política. E foi aqui que se consolidou o Politicamente Correto, tal como o conhecemos hoje, com pequenas variações de adaptação aos tempos que se seguiram. Surgiu a Teoria Crítica.

O que é a Teoria Crítica? As associações financiadas pelo nosso Estado e com o nosso dinheiro, em apoio ao ativismo gay, em apoio a organizações feministas camufladas de “proteção à mulher”, e por aí fora – tudo isso faz parte da Teoria Crítica do marxismo cultural, surgida da Escola de Frankfurt do tempo de Max Horkheimer. A Teoria Crítica faz o sincretismo entre Marx e Freud, tenta a síntese entre os dois (“a repressão de uma sociedade capitalista cria uma condição freudiana generalizada de repressão individual”, e coisas do gênero).
No fundo, o que faz a Teoria Crítica? Critica. Só. Faz críticas. Critica a cultura europeia; critica a religião; critica o homem; critica tudo. Só não fazem auto-crítica (nem convém). Não se tratam de críticas construtivas; destroem tudo, criticam de forma a demolir tudo e todos.

Por essa altura, aderiram ao bando de Frankfurt dois senhores: Theodore Adorno e Herbert Marcuse. Este último emigrou para os Estados Unidos com o advento do nazismo.
Foi Marcuse que introduziu no Politicamente Correto (ou marxismo cultural) um elemento importante: a sexualidade. Foi Marcuse que criou a frase “Make Love, Not War”. Marcuse defendeu o futuro da humanidade como sendo uma sociedade da “perversidade polimórfica”, na linha das profecias de Nietzsche.
Marcuse defendeu também, já nos anos 30 do século passado, que a masculinidade e a feminilidade não eram diferenças sexuais essenciais, mas derivados de diferentes funções e papéis sociais; segundo Marcuse, não existem diferenças sexuais, senão como “diferenças construídas”.
Marcuse criou o conceito de “tolerância repressiva” – tudo o que viesse da Direita tinha que ser intolerado e reprimido pela violência, e tudo o que viesse da Esquerda tinha que ser tolerado e apoiado pelo Estado. Marcuse é o pai do Politicamente Correto moderno.

O sucesso de expansão do marxismo cultural na opinião pública, em detrimento do marxismo econômico, deve-se três razões simples: a primeira é que as teorias econômicas marxistas são complicadas de entender pelo cidadão comum, enquanto que o tipo de dedução primária do raciocínio PC, aliado à fantasia de um mundo ideal e sem defeitos, é digno de se fazer entender pelo mentecapto mais empedernido. A segunda razão é porque o Politicamente Correto critica por criticar, pratica a crítica destrutiva até à exaustão – e sabemos que a adesão popular (da juventude, em particular) a este tipo de escrutínio crítico é enorme. A terceira razão é que o antropocentrismo do marxismo econômico falhou, como sistema social e econômico, em todo o mundo; resta ao marxismo a guerrilha cultural.
O que se está a passar hoje na sociedade ocidental, não é muito diferente do que se passou na União Soviética e na China, num passado recente. Assistimos ao policiamento do pensamento, à censura das ideias, rumo a uma sociedade totalitária.
 
Orlando Braga
edita o blog Perspectivas – http://espectivas.wordpress.com

http://www.midiasemmascara.org/artigos/movimento-revolucionario/13344-o-que-e-o-politicamente-correto.html

domingo, 26 de agosto de 2012

PREPARANDO-SE PARA A GUERRA - PARASHÁ SHOFTIM 5772

"O Rav Israel Meir HaCohen, mais conhecido como Chafetz Chaim, viveu em Radin, na Polônia, um local onde o inverno era extremamente rigoroso. Quando ele tinha cerca de 94 anos, o Yetzer Hará (Má inclinação) tentava de tudo para convencê-lo a não sair da cama de manhã, para fazê-lo perder a reza na sinagoga. Algumas vezes o Yetzer dizia para ele: "Chafetz Chaim, agora é inverno, está muito frio lá fora, fique mais um pouco na cama quentinha". Outras vezes o Yetzer Hará tentava outro argumento: "Chafetz Chaim, você já é um homem muito velho, você precisa descansar mais um pouco". E havia oportunidades em que o Yetzer Hará dizia para ele: "Chafetz Chaim, está cedo demais, você não precisa rezar agora, deixe para rezar mais tarde".
Como o Chafetz Chaim conseguia vencer seu Yetzer Hará? Respondendo para ele: "Yetzer Hará, não seja um hipócrita. Você foi criado junto com o mundo, isto é, você já está velho. E mesmo sendo bem mais velho do que eu, você já está de pé desde a madrugada, no frio, trabalhando. Então por que eu, que sou muito mais jovem do que você, deveria continuar deitado, ao invés de fazer o meu trabalho espiritual?"
O Chafetz Chaim nos ensina que para vencer o Yetzer Hará, temos que saber lutar contra todas as estratégias que ele utiliza para tentar nos derrubar. Ele tenta nos enganar com argumentos simples. Por isso, precisamos estar sempre alertas para saber contra-argumentar cada um deles.
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Na Parashá desta semana, Shoftim, a Torá nos descreve vários aspectos da conduta do povo judeu nas guerras. Moshé começa ressaltando a importância de cada soldado judeu não sentir medo, mesmo nas situações de aparente desvantagem numérica, enfatizando que D'us lutaria junto com o povo. Um "Cohen (sacerdote) de guerra" era especialmente nomeado para as batalhas, e um de seus trabalhos era encorajar os soldados antes da guerra. E assim ele falava aos soldados: "Escute, Israel, vocês se aproximam hoje da batalha contra seus inimigos. Não deixe que seu coração se acovarde, não tenha medo, não sinta pânico, e não se quebre diante deles" (Devarim 20:3). É interessante perceber que o Cohen repetia algumas vezes a mensagem "não sintam medo", mas utilizando diferentes linguagens.
Mas esta necessidade repetitiva de encorajamentos é aparentemente incoerente com um ensinamento do Talmud (Sotá 44b), que diz que apenas os mais Tzadikim (Justos) do povo iam para a guerra, e qualquer transgressão, mesmo as mais leves, desqualificava a pessoa para ser um soldado do povo judeu. Se estamos falando de um exército composto por soldados espiritualmente tão elevados, certamente eram pessoas com muita Emuná (fé). É entendível que eles se amedrontassem, por causa da pressão, quando sentissem a guerra se aproximando. Mas após um primeiro encorajamento, os soldados já deveriam voltar ao seu nível original de Emuná. Então por que o Cohen repetia tantas vezes o conceito de não ter medo, e com tantas linguagens diferentes?
Explica o Rav Eliahu Dessler que uma pessoa com medo não se concentra na luta e contagia seus companheiros, desmotivando todos à sua volta. Por isso, quando um povo saía para lutar contra outro, utilizava quatro tipos de "truques" para apavorar o inimigo. A primeira artimanha era fazer muito ruído batendo objetos uns contra os outros, dando a impressão de que um exército gigantesco se aproximava. Então eles faziam seus cavalos relincharem, dando a impressão de que o exército inimigo era muito bem equipado. Depois disso gritavam com toda força, produzindo um ruído ensurdecedor, que era escutado a dezenas de quilômetros. E finalmente, eles tocavam trombetas, produzindo um som que por si só já amedrontava aqueles que escutavam.
É por isso que o Cohen utilizava quatro expressões diferentes de encorajamento, uma para cada estratégia de guerra utilizada pelo exército inimigo. "Não deixe que seu coração se acovarde" por causa do relincho dos cavalos, "não tenha medo" por causa do barulho dos objetos, "não sinta pânico" por causa do toque das trombetas, e "não se quebre diante deles" por causa dos gritos dos soldados. Mas por que não era suficiente apenas um único encorajamento? Se os inimigos utilizassem apenas uma única estratégia para amedrontar, como o relincho dos cavalos, o encorajamento do Cohen seria suficiente para fazer voltar a Emuná do povo judeu. A partir daí, mesmo que fizessem mais cem vezes seus cavalos relincharem, isto não traria mais medo. Mas quando eles mudavam e utilizavam uma nova estratégia, voltava o perigo de o medo surgir, e por isso era necessário um novo encorajamento. Portanto, para cada uma das quatro táticas de desencorajar o exército inimigo, era necessário um tipo diferente de incentivo do Cohen.
Este conceito trazido na nossa Parashá, apesar de ter sido ensinado há mais de 3.000 anos, também pode ser utilizado para nossas vidas. Qualquer general sabe que um dos pré-requisitos para vencer uma guerra é conhecer bem o inimigo. Quanto mais conhecemos o exército inimigo, suas armas e suas formas de ataque, melhor podemos nos preparar para enfrentá-lo e derrotá-lo. Mas se vamos para a frente de batalha despreparados, podemos ser pegos de surpresa, com menos possibilidade de reação. Este conceito vale para as guerras físicas, mas também pode e deve ser utilizado na nossa guerra espiritual contra o nosso maior inimigo: o Yetzer Hará (Má inclinação). Para derrotá-lo, é preciso conhecê-lo.
O Yetzer nos ataca utilizando o mesmo princípio que os exércitos utilizavam antigamente: a renovação das formas de ataque. Se ele lutasse sempre da mesma maneira, poderíamos facilmente aprender como derrotá-lo. Mas quando pensamos que já o derrotamos, ele se levanta e novamente nos ataca, mas desta vez com outras armas. Portanto, esta é a grande dificuldade de lutar contra o Yetzer: ele muda constantemente a forma de nos atacar. Por isto precisamos estar sempre alertas contra este temível inimigo. Contra ele não existe descanso nem trégua.
Este conceito aprendemos de Yaacov Avinu. A Torá nos conta que ele lutou com o Yetzer Hará e, após a luta, perguntou seu nome, pois no nome está contida a essência de qualquer criatura. Yaacov esperava entender a essência do Yetzer Hará para poder ensinar aos seus descendentes a fórmula para vencê-lo. Mas o Yetzer respondeu: "Para que você pergunta meu nome?" (Bereshit 32:30). É como se o Yetzer estivesse dizendo: "Não adianta eu falar meu nome, pois minha principal força é não ter uma essência fixa. Eu posso mudar a todo instante, para atacar as pessoas onde elas menos esperam".
Um ser humano, ao ser derrotado em uma luta, ainda tenta se levantar novamente. Mas se após duas ou três tentativas ele continua sendo derrotado, ele desiste. Porém, o Yetzer Hará não é assim. Ele pode ser derrotado centenas de vezes, mas sempre voltará, e cada vez com uma nova tática de guerra. Então como vencer um inimigo assim tão poderoso, versado em todos os tipos de batalha e que surge cada vez com um ataque diferente? D'us nos ensinou a receita ao afirmar: "Eu criei o Yetzer Hará, e criei também o antídoto contra ele: a Torá". O que isto significa?
Em países onde as guerras são frequentes, os soldados estão constantemente sob intenso treinamento militar, pois é necessário estar preparado para qualquer situação que possa surgir durante a guerra. O soldado não pode aprender a atirar ou a montar sua arma durante a guerra, pois quando o inimigo está diante dele, vindo para matar, cada segundo é precioso. O soldado precisa treinar muito para aprender as várias técnicas de luta e estar preparado para todas as possibilidades de ataque inimigo. Quanto mais preparado e treinado o exército estiver, maiores as chances de vitória.
Assim também é na nossa guerra espiritual contra o Yetzer Hará. Ensina o Talmud (Makót 23b), em nome do Rabi Chanania ben Akashia: "D'us queria dar méritos para o povo judeu, por isso Ele multiplicou a Torá e as Mitzvót". Temos muitas Mitzvót na Torá, e é isso que mantém o povo judeu vivo há tanto tempo. Elas são o nosso treinamento militar, para nos deixar prontos para os ataques do Yetzer Hará. As Mitzvót cobrem todas as áreas da vida: no "Bein Adam La Makom" (entre o homem e D'us), no "Bein Adam Le Haveiró" (entre o homem e seu semelhante) e no "Bein Adam Le Atzmó" (o homem consigo mesmo).
Diz o ditado popular que quanto mais difícil é o treinamento, mais fácil é a batalha. Seguir as Mitzvót da Torá não é algo fácil, mas nos prepara para vencer as dificuldades e testes da vida. Quando seguimos o "Manual de instruções", nos preparamos para qualquer tipo de surpresa, aprendemos a lidar com as mais diferentes situações. Uma pessoa que cumpre as Mitzvót aprende a ter autocontrole, facilitando muito o sucesso no seu casamento, na educação dos seus filhos e no relacionamento com as pessoas em geral. A pessoa se torna mais paciente e tolerante, aprende a ver a vida de uma maneira positiva e a julgar as pessoas para o bem. Portanto, vive de maneira mais harmoniosa. Por isso, a lição que fica para nossas vidas é a importância de se preparar bastante no treinamento, pois no momento da guerra pode ser tarde demais.
SHABAT SHALOM
R' Efraim Birbojm
Dt. 16:18-21:9, Is. 51:12-52:12, Mt 3:1-17

sábado, 11 de agosto de 2012

ENSINAMENTOS DE PAI PARA FILHO - PARASHÁ EKEV 5772

Em uma tarde fria de inverno em Tsfat, norte de Israel, o rabino Yaakov Dovid Wilovsky, mais conhecido como Ridvaz, um dos gênios da Torá de sua geração, foi para a sinagoga para Minchá (reza da tarde) um pouco antes de seu horário habitual. Naquele dia era o "Yortzait" (aniversário de falecimento) de seu pai. Ele sentou-se e ficou imerso em seus pensamentos, até que seus olhos se encheram de lágrimas. Os homens que entraram na sinagoga para Minchá perceberam o choro do Ridvaz e, sabendo que era Yortzait de seu pai, mantiveram uma distância respeitosa dele. Um amigo mais próximo aproximou-se dele e perguntou:
- Por que você está tão triste? Seu pai tinha 80 anos quando faleceu, morreu com boa idade, não era um homem jovem. E já faz cinquenta anos que ele morreu. Nossos sábios não ensinam que está decretado que a tristeza em relação aos nossos mortos vai enfraquecendo com o tempo?
- Não estou chorando de saudades - respondeu o Ridvaz - Mas lembrei de algo que me fez chorar. Quando eu ainda era garoto, meu pai contratou o melhor professor da cidade, Rav Chaim Sender, para ser meu professor de Torá. Ele cobrava pelas aulas um rublo por mês, valor muito alto naqueles dias, principalmente para o meu pai, que era um homem pobre. Era uma luta para conseguir o dinheiro cada mês, pois meu pai sustentava a casa construindo fornos. Houve então um inverno no qual não havia cimento nem gesso em nenhuma loja, e por isso meu pai ficou impossibilitado de trabalhar. Como ele não recebia dinheiro, não conseguia pagar as aulas ao Rav Chaim. Após três meses assim, um dia eu cheguei com uma carta do meu professor, na qual ele dizia que não poderia continuar a me ensinar se não recebesse seu salário na manhã seguinte. Quando meus pais leram a carta, foi como se o mundo tivesse acabado. Para eles, a minha educação de Torá era tudo!
- Naquela noite, meu pai foi à sinagoga, como de costume. – continuou o Ridvaz, visivelmente emocionado - Lá ele ouviu um frequentador, que era muito rico, se queixando que a construtora que estava fazendo uma casa para seu filho era incapaz de construir um forno por causa da escassez de cimento e gesso. O homem rico ofereceu seis rublos para quem pudesse montar um forno para seu filho. Na Rússia, um forno era uma necessidade absoluta, para aquecer as casas e cozinhar. Meu pai voltou para casa e, discutindo o assunto com minha mãe, decidiu desmontar o nosso próprio forno, tijolo por tijolo, e usar os materiais para construir um novo forno para o filho do homem rico. Assim eles teriam os seis rublos para pagar o meu professor. Meu pai entregou o forno ao homem rico e recebeu os seis rublos em troca. Ele me chamou e disse: "Filho, diga ao seu professor que três rublos são para o pagamento dos meses que eu estou devendo, e os outros três são para os próximos três meses de aula para o meu Yankel Dovid". Aquele foi um inverno muito frio, e estávamos sempre tremendo e quase congelando. E tudo isto para que eu pudesse ter o melhor professor e poder crescer na Torá.
- Estava frio lá fora hoje - concluiu o Ridvaz - e eu pensei em mandar trazer um Minyan (grupo de 10 homens) para minha casa, ao invés de ir para a sinagoga. Então eu decidi, em honra de meu pai, que eu deveria fazer um esforço especial para ir à sinagoga. Quando senti o frio na rua, refleti sobre todo sofrimento que minha família passou durante aquele longo e frio inverno. Sofrimento por mim e pela minha Torá. É por isso que eu chorei, lembrando do amor dos meus pais e a dedicação sem fim para que seu filho pudesse aprender a sagrada Torá. Se não fosse por seu sacrifício, eu nunca teria sido capaz de escrever o meu comentário sobre o Talmud Yerushalmi".
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Na Parashá desta semana, Ekev, a Torá traz mais alguns versículos que compõe o Shemá Israel. E um dos versículos nos ensina sobre a importância da transmissão dos conceitos e valores judaicos para os nossos filhos, como está escrito: "E você deve ensiná-las aos seus filhos" (Devarim 11:19). Diz o Talmud (Tratado Kidushin 29b) que deste versículo aprendemos que não é apenas "bonito" ensinar judaísmo aos filhos, na verdade o pai tem uma obrigação de ensinar Torá para o seu filho e, se necessário, deve contratar um professor de Torá para ele. Caso o filho precise estudar Torá em outra cidade, o pai tem a obrigação de prover todas as necessidades, como comida e estadia, para que o filho possa aprender Torá.
Mas por que precisamos deste ensinamento especificamente para o estudo da Torá? Apesar de uma criança não estar obrigada a cumprir as Mitzvót da Torá antes de sua maioridade religiosa, os pai tem a obrigação de ensinar aos seus filhos o cumprimento delas, por "Chinuch" (educação). Assim, quando o filho chega à idade em que estará obrigado a cumprir as Mitzvót, já terá se acostumado e não será uma carga tão pesada em suas costas de uma só vez. Portanto, qual a diferença entre a Mitzvá de ensinar Torá aos filhos e as outras Mitzvót da Torá?
Explicam nossos sábios que esta obrigação de preparar os filhos para as Mitzvót (Chinuch) é uma obrigação rabínica. Mas existem 3 Mitzvót que são exceções, nas quais o pai está obrigado a educar seus filhos, mesmo os que ainda não atingiram a maioridade religiosa, não apenas por Chinuch, mas por obrigação direta da Torá. São as Mitzvót de Brit-Milá (circuncisão), Shabat e Torá. Nestas 3 Mitzvót há versículos que explicitamente incluem os filhos no seu cumprimento. Em relação ao Brit-Milá está escrito: "E com 8 dias de idade serão circuncidados todos os filhos homens, por todas as gerações" (Bereshit 17:12). Em relação ao Shabat está escrito: "Não farão nenhum trabalho, você e teu filho e tua filha" (Shemot 20:10). E em relação à Torá está escrito: "E você deve ensiná-las aos seus filhos" (Devarim 11:19).
Há algo interessante que também percebemos em relação a estas 3 Mitzvót. Todas as vezes em que o povo judeu foi exilado ou esteve sob o domínio dos outros povos, sempre houve decretos que proibiam a prática do judaísmo. Mas "coincidentemente", as primeiras Mitzvót a serem proibidas sempre foram estas três, como diz o Talmud (Taanit 18a): "Foi decretado sobre o povo judeu que não se ocupassem com o estudo da Torá, e que não circuncidassem seus filhos, e que desrespeitassem o Shabat". O que há de tão especial nestas 3 Mitzvót, que faz com que mesmo os outros povos queiram arrancá-las de nós?
Responde o livro "Lekach Tov" que, apesar de todas as Mitzvót da Torá estarem incluídas dentro de um pacto que fizemos com D'us no Monte Sinai, estas 3 Mitzvót são individualmente chamadas de "pacto". Em relação ao Shabat está escrito: "Os filhos de Israel devem guardar o Shabat, para cumprir o Shabat por todas as gerações, um pacto eterno" (Shemot 31:16). Em relação ao Brit Milá está escrito: "E você deve guardar o meu pacto" (Bereshit 17:9). E em relação à Torá está escrito: "Se não cumprirem o Meu pacto dia e noite, as leis do céu e da terra Eu não teria instituído" (Irmiahu 33:25).
Portanto, como são pactos do povo judeu com D'us, mesmo as crianças já estão obrigadas a cumprir estas 3 Mitzvót. Um bebê já é introduzido ao pacto do Brit Milá com 8 dias de vida. As crianças já são ensinadas, desde pequenas, a não transgredir o Shabat, sendo proibidas de realizar para os seus pais qualquer uma das atividades criativas proibidas no Shabat. E os pais já ensinam, desde muito cedo, Torá para os seus filhos, acompanhando os seus estudos e seu crescimento espiritual.
Estas 3 Mitzvót são tão fundamentais e vitais para o povo judeu que o nosso Yetzer Hará (má inclinação), quando quer nos derrotar, ataca diretamente neste três pilares. Por isso se repetem, de geração em geração, decretos nos proibindo de cumpri-las. Mas o povo judeu nunca desistiu de manter nossos pactos com D'us. Mesmo em épocas nas quais vigoraram decretos proibindo as Mitzvót, mesmo quando havia pena de morte, muitos deram suas próprias vidas para manter nossos pilares. Mesmo nos momentos em que era impossível cumprir abertamente estas Mitzvót, elas foram cumpridas em segredo. Um exemplo é a antiga União Soviética. Em épocas em que havia proibição de qualquer prática religiosa, sob o risco de ser enviado para a Sibéria, a cerimônia de Brit Milá era feita em garagens e porões das casas, diante de poucos familiares, para não levantar suspeitas dos agentes do governo. Muitas vezes as famílias tinham que esperar o momento certo e o Brit Milá acontecia quando os bebês já tinham mais de 1 ano de idade.
Atualmente vivemos uma época de liberdade religiosa. Apesar do antissemitismo estar cada vez mais presente, na mídia e nos ataques isolados contra a comunidade judaica em todo o mundo, não existem decretos que nos proíbem de cumprir as Mitzvót. Mesmo na Rússia, atualmente os judeus são livres para cumprir suas Mitzvót. Porém, apesar desta liberdade, grande parte do povo judeu está tão afastada que abandonou completamente as Mitzvót. Não conhecemos mais as leis de Shabat, a Torá não é mais ensinada aos nossos filhos, e muitos estão deixando de se importar até mesmo com o Brit-Milá. Isto nos prova que o pior inimigo do povo judeu não é nem os antissemitas nem os ataques de terroristas árabes. Nosso pior inimigo é o comodismo e a ignorância dos ensinamentos da Torá.
Devemos aproveitar nossa liberdade para conhecer os ensinamentos pelos quais nossos antepassados deram a vida para manter. Devemos ter orgulho da nossa Torá, que encheu o mundo inteiro de justiça e sabedoria. Há mais de 3 mil anos a Torá é transmitida, de pai para filho, de professor para aluno, em uma corrente que nunca foi interrompida. Agora chegou a nossa vez, precisamos sentir a responsabilidade de transmitir a Torá para as futuras gerações. Não morrendo pela Torá, mas vivendo por ela, e dando vida espiritual para nossos filhos, netos e bisnetos.

SHABAT SHALOM
R' Efraim Birbojm
http://ravefraim.blogspot.com.br/
Dt. 7:12-11:25, Is. 49:14-51:3, Hb. 11:8-13

sábado, 4 de agosto de 2012

QUEM É COMO D'US? - PARASHÁ VAETCHANAN 5772

 "Carlos entrou na sala do psicólogo, visivelmente irritado, para sua primeira consulta. Deitou-se no divã, mas não conseguiu relaxar. Tentando começar uma conversa amigável, o psicólogo perguntou:
- Boa tarde, Sr. Carlos. Em que posso ajudá-lo? Algum problema em especial? Algo o incomoda?
- Vou ser sincero, doutor - responde Carlos - Não sei nem mesmo porque estou aqui. Minha família me trouxe à força. Eles dizem que eu estou ficando louco, mas não é verdade, eu sou completamente normal.
- Está bem - riu o psicólogo - Mas o que a sua família diz sobre o seu comportamento? Por que eles estão incomodados a ponto de achar que você é louco?
- Eles é que são loucos, doutor - continuou afirmando Carlos, já um pouco mais exaltado - Eles dizem que eu sou megalomaníaco, que estou com mania de grandeza. Mas você pode ver que não é verdade!
- Está bem, fique calmo - tranquilizou o psicólogo – Para que possamos nos conhecer, me conte um pouquinho da sua vida. Comece do princípio.
- Bom, doutor - disse Carlos, com um grande sorriso - No primeiro dia eu criei os Céus e a Terra..."
Pode parecer uma grande piada, mas muitas vezes nos comportamos assim. Esquecemos o quanto somos pequenos e sentimos que temos controle de tudo, como se fossemos D'us. Mas a verdade é que não controlamos absolutamente nada.
********************************************Na Parashá desta semana, Vaetchanan, a Torá traz alguns dos versículos que compõe o Shemá Israel, a nossa maior declaração de Emuná (fé) e amor por D'us, que recitamos duas vezes por dia. E entre outros ensinamentos, estes versículos falam sobre a Mitzvá de colocar uma Mezuzá nas portas de nossas casas, como está escrito: "E as escreverá nos batentes de sua casa e nos seus portões" (Devarim 6:9).
A Mitzvá de Mezuzá tem algumas particularidades interessantes que a diferem das outras Mitzvót da Torá. Em geral, o objeto utilizado para cumprir a Mitzvá dá nome à Mitzvá. É o que ocorre, por exemplo, nas Mitzvót do Shofar e Tefilin. Mas a Mitzvá da Mezuzá é diferente, pois a palavra "Mezuzá" significa literalmente "batente". Isto quer dizer que o objeto por si só, isto é, o pergaminho que contém os versículos do Shemá Israel, não define o nome da Mitzvá. O que dá o nome à Mitzvá é o batente, que é apenas o local onde o pergaminho é colocado. Comparando com outras Mitzvót, isto soa tão estranho quanto chamar a Mitzvá do Tefilin de "Mitzvá do braço".
Além disso, o Talmud (Baba Metzia 102a) nos ensina que quando alguém se muda de uma casa e sabe que os próximos inquilinos também serão judeus, ele é obrigado a deixar as Mezuzót fixadas nas portas e não pode retirá-las para levar para sua nova casa. O Talmud descreve o caso de um homem que tirou as Mezuzót de sua casa e teve uma punição muito rigorosa. Comparando com outras Mitzvót, isto seria como obrigar uma pessoa que se muda de casa a deixar seus Tefilin, seu Talit e seus livros de Torá para o próximo inquilino judeu. Por que a Mitzvá da Mezuzá é tão diferente das outras Mitzvót e a punição daquele que tira as Mezuzót de sua casa é tão rigorosa?
E finalmente, a Torá nos conta um detalhe interessante sobre Ruth, uma mulher nobre do povo de Moav que abandonou uma vida de conforto e tranquilidade para se converter ao judaísmo. E pelo seu ato tão elevado, ela teve o mérito de ser a bisavó de David Hamelech (Rei David). Quando a sogra de Ruth, Naomi, decidiu deixar a terra de Moav e voltar para Israel, Ruth decidiu que iria junto com ela e que se converteria ao judaísmo, como está escrito: "Onde você for, eu irei. E onde você dormir, eu dormirei. Seu povo é meu povo, seu D'us é meu D'us" (Ruth 1:16). Para testar se as intenções de Ruth eram realmente sinceras, Naomi tentou dissuadi-la, mencionando as Mitzvót que ela seria obrigada a cumprir caso realmente quisesse se converter. Explica o Midrash (Ruth Raba 2:23) que uma das Mitsvót mencionadas foi a Mezuzá. Qual o motivo de mencionar esta Mitzvá, aparentemente fácil de cumprir, na tentativa de testar a verdadeira intenção de alguém que quer se converter?
Explica o Rav Yohanan Zweig que a maioria das sociedades vive apenas focada em seus próprios direitos. As passeatas e greves exigindo direitos se multiplicam, enquanto os deverem são deixados cada vez mais de lado. Um caso clássico de descaso com o direito dos outros tem repetidamente acontecido em São Paulo. Trechos da Avenida Paulista são tomados, quase diariamente, por manifestações dos mais diversos grupos exigindo seus direitos. Mas estes grupos não se importam que este tipo de manifestação, na maior avenida de São Paulo, interfere na vida de centenas ou milhares de pessoas, que perdem o seu direito de ir e vir.
Se este descaso com os nossos deveres já acontece nas ruas, ainda pior é o efeito que acontece dentro de nossas casas. Quando as pessoas estão nas ruas, elas sabem que não podem fazer o que querem, pois existem as leis do país. Citando como exemplo o trânsito, as pessoas sabem que não podem dirigir da maneira que desejam. Mas na privacidade de suas casas, a pessoa acha que é soberana, isto é, que nenhuma autoridade pode decidir o que ele pode ou não pode fazer entre quatro paredes. O ser humano sente que é o rei em sua própria casa, que tem o domínio e pode tomar suas próprias decisões e atitudes sem que ninguém interfira. Para que todos saibam quem tem o controle sobre a casa, é comum que as pessoas escrevam o nome da família na porta ou no batente, demarcando o seu território.
Mas esta não é a forma como se comporta o povo judeu. Vivemos o tempo inteiro com a consciência da presença de D'us. Não há nenhum momento em nossas vidas que sentimos que estamos sozinhos e, portanto, isentos de seguir regras. Mesmo quando estamos dentro de casa, sabemos que há um Criador que vê tudo e controla tudo, e por isso devemos nos comportar de acordo com as Suas leis. Portanto, esta é a grande importância da Mitzvá de Mezuzá. Quando colocamos a Mezuzá no batente de nossas portas, é como se estivéssemos escrevendo na nossa porta o nome de D'us, declarando que, apesar de ser um domínio particular, o nosso próprio "reinado", é Ele quem tem domínio sobre o lugar, Ele é a verdadeira autoridade daquela morada. Assim deve ser a casa de um judeu.
Naomi sabia que Ruth vinha de uma sociedade idólatra e decadente, onde as pessoas realmente acreditavam que tinham o controle total dentro de suas próprias casas, que podiam fazer o que quisessem sem nenhuma prestação de contas. Então Naomi advertiu Ruth que, caso ela quisesse se converter, deveria mudar sua forma de viver a vida, mesmo quando estivesse na privacidade de sua casa. Por isto Naomi mencionou a Mezuzá, para ressaltar que o comportamento de um judeu deve ser diferente, pois mesmo entre quatro paredes nós continuamos com a obrigação de cumprir as Mitzvót de D'us.
Quando uma pessoa muda-se de casa e deixa para trás as suas Mezuzót fixadas nas portas, ela está afirmando que esta é uma casa que pertence a D'us. Mas quando a pessoa tira suas Mezuzót, ela está negando qualquer controle de D'us sobre aquela casa. Por isso o castigo de alguém que arranca o "nome de D'us" de uma casa é tão rigoroso. E é por isso que o nome da Mitzvá é "batente", pois como a Mezuzá transforma a casa em um ambiente que pertence a D'us, o objeto da Mitzvá é a própria casa, e não apenas o "nome" grudado na porta.
Destes ensinamentos sobre a Mezuzá aprendemos a importância de manter a santidade e a pureza dos nossos atos, mesmo quando estamos dentro de nossas casas, entre quatro paredes. Não há nenhum lugar e nenhum momento do dia em que estamos isentos de cumprir a vontade de D'us, pois é Ele que tem controle, mesmo quando estamos dentro do nosso domínio. Quando nos comportamos como "donos da casa", estamos sendo orgulhosos. A Mezuzá nos ajuda a ter a humildade de saber que, mesmo no nosso local de "reinado", é D'us quem comanda sempre.

SHABAT SHALOM
R' Efraim Birbojm
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Dt. 3:23·7:11, Is. 40:1-26, Mt 23:31-39