segunda-feira, 31 de outubro de 2011

As sem razões do amor

Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no elipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

Para comemorar o aniversário de Drummond (31/10/1902), um dos meus poetas prediletos.

http://www.astormentas.com/drummond.htm

domingo, 30 de outubro de 2011

Congresso Internacional pela Verdade e pela Vida será realizado no Brasil no começo de novembro

Steve Jalsevac

26 de outubro de 2011 (Notícias Pró-Família) — [A organização pró-vida] Vida Humana Internacional (VHI) estará realizando uma conferencia de quatro dias no Brasil sobre a batalha internacional a favor dos valores da vida e família de 3 de novembro a 6 de novembro no Monastério de São Bento em São Paulo.
O Segundo Congresso Internacional pela Verdade e pela Vida apresentará palestrantes do Brasil, Estados Unidos, Itália, Argentina, Equador e México, e cobrirá temas desde o aborto e ideologia de gênero até a descristianização do Ocidente e o advento de um “inverno demográfico”.
O congresso apresentará tais palestrantes como Dom João Carlos Petrini, presidente da Comissão Episcopal Pastoral sobre Vida e Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), assim como o Pe. Shenan Boquet, o novo presidente de VHI.
Outros palestrantes incluirão o famoso ativista pró-vida brasileiro Pe. Lodi da Cruz, que falará sobre a questão do aborto, Raymond da Souza de VHI sobre descristianização, o Pe. Paulo Ricardo sobre marxismo cultural, Piero Tozzi do Fundo de Defesa Aliança sobre o alegado “direito” ao aborto nas leis internacionais e Matthew Cullinan Hoffman de LifeSiteNews, o qual falará sobre as metas, métodos e histórico do movimento homossexual.
O congresso será transmitido ao vivo pela internet desde o Monastério de São Bento, um dos mais importantes tesouros arquitetônicos de São Paulo. Para mais informações, visite o site: http://congressoprovida.com.br/
Traduzido por Julio Severo: www.juliosevero.com
Fonte: http://noticiasprofamilia.blogspot.com
Veja também este artigo original em inglês: http://www.lifesitenews.com/news/international-congress-for-truth-and-life-to-be-held-in-brazil-in-early-nov

sábado, 29 de outubro de 2011

Amar:

Fechei os olhos para não te ver
e a minha boca para não dizer...
E dos meus olhos fechados desceram lágrimas que não enxuguei,
e da minha boca fechada nasceram sussurros
e palavras mudas que te dediquei...

O amor é quando a gente mora um no outro.

Mário Quintana

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

MILAGRE OU NATUREZA? - PARASHÁ NOACH 5772

"O pequeno Yacov, de apenas 6 anos de idade, voltou para casa mais agitado do que o normal. Seu pai então perguntou o que ele havia aprendido na escola. Ele respondeu que, como a festa de Pessach estava se aproximando, o professor havia ensinado todos os detalhes da saída do povo judeu do Egito. O pai ficou interessado em escutar o que ele havia aprendido e o pequeno Yacov começou a contar:
- Moshé queria tirar o povo judeu do Egito, mas o exército egípcio era uma grande ameaça. Foi então que a força aérea israelense apareceu, com centenas de caças F-16, e bombardeou o Egito. Os egípcios ainda tentaram impedir a saída dos judeus, mas eles foram facilmente derrotados pela artilharia. Durante o trajeto no deserto, helicópteros Apache israelenses voavam na frente, eliminando todos os perigos e iluminando o caminho de noite. Quando eles se aproximaram do Mar Vermelho, não era possível atravessar. Então navios de guerra israelenses deram cobertura para que robôs comandados por controle remoto construíssem uma ponte metálica, possibilitando que todo o povo judeu atravessasse. Quando os egípcios foram atravessar, submarinos nucleares israelenses explodiram a ponte, afogando todo o exército egípcio.
O pai escutou calado todo o relato do filho, sem piscar os olhos, em estado de choque. Respirando fundo, ele perguntou, incrédulo:
- É isso que estão te ensinando na escola?
O garoto abriu um sorriso e confessou ao pai.
- Olha, pai, na verdade eu inventei tudo isso, pois se eu tivesse contado a verdade, com todos os milagres que aconteceram na saída do Egito, certamente você não teria acreditado!"
Infelizmente para muitas pessoas é mais fácil acreditar em acasos da natureza e outros tipos de explicação científica do que enxergar, em cada evento que acontece, a mão de D'us.
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Nesta semana lemos a Parashá Noach, que traz dois eventos que mudaram os rumos da humanidade. A Parashá começa descrevendo o dilúvio que destruiu o mundo inteiro. Dentre todos os humanos, apenas Noach (Noé) e sua família foram salvos em uma arca que eles mesmos construíram sob o comando de D'us. Em seguida a Parashá descreve a construção da Torre de Babel, como está escrito "Venham, vamos construir para nós uma cidade e uma torre com seu topo nos céus, e façamos um nome para nós, para que não sejamos dispersados por toda a Terra" (Bereshit 11:4). D'us, vendo que a construção era feita com más intenções, destruiu o plano misturando todas as línguas, de maneira que as pessoas não podiam mais se comunicar.
Refletindo um pouco sobre a construção da Torre de Babel, surgem algumas perguntas: em primeiro lugar, aparentemente não há nada de errado em construir uma torre alta. Então qual foi exatamente o erro que aquela geração cometeu? Além disso, por que a Torá juntou os eventos da Arca de Noach e a Torre de Babel, se eles ocorreram com uma diferença de 340 anos? E finalmente, sabemos que a Torá não é apenas um livro de histórias. Que mensagem eterna a Torá nos ensina com o episódio da Torre de Babel?
Há um Midrash muito interessante que nos ensina qual foi o fim da Torre de Babel: um terço foi completamente queimado, um terço afundou na terra e um terço continua intacto, e é tão alto que as palmeiras vistas lá de cima parecem gafanhotos. O que este Midrash significa? Será que deve ser entendido de forma literal? Onde está este terço que não foi destruído?
Ensinam os nossos sábios que há uma grave proibição de não acreditar em um Midrash por ele parecer "fantasioso" demais, pois D'us tem poder ilimitado e pode fazer o que desejar. Porém, temos a transmissão oral dos nossos sábios de que alguns Midrashim não devem ser entendidos literalmente. Eles são como mensagens codificadas, transmitindo algo mais profundo.
Há outro Midrash que nos ajuda a "decodificar" a mensagem sobre a destruição da Torre de Babel. O Midrash traz três diferentes opiniões sobre o motivo que levou as pessoas a quererem construir a Torre de Babel. De acordo com a primeira opinião, a construção da Torre era para estabelecer uma nova ordem mundial, um governo universal para toda a humanidade. De acordo com a segunda opinião, as pessoas construíram a Torre para chegar aos céus e lutar contra D'us. Há ainda uma terceira opinião na qual a construção seria para evitar um novo dilúvio. As pessoas pensavam que dilúvios eram fenômenos naturais cíclicos, causados por aberturas no céu, e por isso quiseram construir uma estrutura que chegasse até o céu e o sustentasse, impedindo a queda das águas.
Explica o Rav Yssocher Frand que estas três opiniões representam, na verdade, três diferentes filosofias. E é esta a explicação do Midrash sobre o fim da Torre de Babel: cada uma das três partes da Torre representa o que aconteceu, no decorrer da história, com cada uma destas três filosofias.
A filosofia de lutar contra D'us foi completamente queimada e destruída, isto é, foi erradicada do mundo. Mesmo grandes monstros como Saddam Hussein e Muamar Kaddafi assassinavam e roubavam, mas sempre em nome de D'us. Eles desafiaram o mundo afirmando que D'us estava do lado deles. Apesar de ser uma forma de enganar a si mesmos, eles demonstraram que atualmente, mesmo nos governos mais corruptos e perversos, não há uma luta contra D'us.
A filosofia de criar uma nova ordem mundial apenas afundou na terra, isto é, não desapareceu completamente. De tempos em tempos esta filosofia coloca sua cabeça para fora da terra e ressurge. Por exemplo, após a Primeira Guerra Mundial foi criada a "Liga das Nações", uma tentativa de criar um governo único e universal, mas que durou poucos anos e terminou no final da Segunda Guerra Mundial. Depois disso foi criada a "Organização das Nações Unidas", que cada vez mais demonstra ser uma instituição falida e corrupta. D'us nos garantiu que a união de todos os povos sob um único governo somente acontecerá após a vinda do Mashiach. Qualquer tentativa, antes do momento certo, pode funcionar por um tempo limitado, porém não trará frutos duradouros.
Mas a terceira filosofia, de atribuir tudo o que ocorre ao acaso e às forças da natureza, permanece firme até os dias de hoje. Durante 120 anos Noach avisou as pessoas sobre o dilúvio, mas as pessoas o ridicularizaram. Finalmente o dilúvio veio, exatamente conforme Noach havia profetizado. As pessoas deveriam ter aprendido a lição. As pessoas deveriam ter aproveitado a oportunidade de enxergar a mão de D'us, de ver um milagre aberto. Mas o que a geração da Torre de Babel fez, poucos séculos depois? Tentou construir um apoio para os céus. Enxergou tudo como sendo um fenômeno da natureza. Ao invés de aprender alguma lição espiritual para corrigir seus erros, procuraram explicações científicas.
E o que nos ensina o final do Midrash, ao dizer que a parte remanescente de torre é tão alta que lá de cima mesmo as grandes palmeiras se parecem com minúsculos gafanhotos? O Midrash ressalta o nível de cegueira das pessoas que querem se enganar. Mesmo quando D'us faz milagres incríveis, grandes como as altas palmeiras, eles são minimizados como se fossem míseros gafanhotos por aqueles que não querem enxergar.
Um exemplo aconteceu há 20 anos. Em 1991, Israel foi atacado por Saddam Hussein, durante a Guerra do Golfo, com 39 mísseis "Scud". Apesar de serem mísseis com elevado poder de destruição, eles causaram apenas 3 mortes. Dos 39 mísseis que caíram, 3 destruíram filiais da "Super Farm", uma grande rede de drogarias cujo slogan era "Funcionamos inclusive no Shabat". A "coincidência" foi tanta que os jornais locais divulgaram a seguinte manchete: "O que Saddam Hussein tem contra a Super Farm?". O número 39 é exatamente a quantidade de trabalhos criativos proibidos no Shabat. Difícil ser coincidência, não? Mas quando muitos israelenses foram questionados sobre o milagre de não ter ocorrido uma gigantesca tragédia, a maioria respondeu: "demos muita sorte, né? Os mísseis caíram no lugar certo".
Podemos ver nos nossos dias o quanto esta filosofia ainda é forte, levando muitos a perder a mensagem principal. Quando recentemente o Japão foi atingido por uma série de terremotos, Tsunamis e explosões nas usinas nucleares, tudo o que os jornais noticiaram foram as movimentações das placas tectônicas que causaram tremores de terra, como se tudo tivesse sido um grande acaso. Que lições aprendemos sobre o Japão? O que mudamos depois desta tragédia? Nada, pois se são apenas fenômenos da natureza, o que há para aprender e mudar?
Por que as pessoas procuram tanto explicações científicas ou naturais para as catástrofes? Pois é mais cômodo do que se perguntar "o que eu tenha a ver com isso?". É mais fácil acreditar no acaso do que assumir um erro. Mas fechar os olhos não faz o problema sumir. Procurar soluções na ciência e construir torres não evita dilúvios e não muda decretos espirituais. Mas Teshuvá (arrependimento), Tefilá (reza) e Tzedaká (caridade) podem mudar o curso do mundo. Somente quando aprendermos com as tragédias, assumindo nossos erros e os corrigindo, poderemos nos alegrar com o fim das tragédias "naturais".
SHABAT SHALOM
R' Efraim Birbojm
http://ravefraim.blogspot.com/
Gn.6:9-11:32, Is 66:1-24, 23; 1Pe 2:4-10 (Shabat/Rosh Chodesh)

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Tuareg - Poder e rebeldia dos "homens azuis"

Suas origens parecem perdidas no tempo. Uns lhes atribuem ascendência egípcia. Outros, iemenita. Alguns ainda os consideram descendentes de uma antiga tribo européia. Mas a maioria acredita se tratar de um povo berbere, os antigos habitantes do Saara.

Tuareg: esse nome evoca fantásticas imagens de maravilhosos cenários no deserto do Saara.
Imagens de intermináveis e vagarosas caravanas de camelos entre dunas de areia avermelhada.
De fogosos esquadrões de cavalos montados por bandidos com turbantes de um azul inconfundível.
De esbeltas figuras femininas com seus belos rostos emoldurados por longos cabelos finamente trançados.

DISPERSOS EM CINCO PAÍSES DO NORTE AFRICANO
Hoje, no entanto, os Tuareg são sinônimo de minoria oprimida e de povo perseguido por sua rebeldia. Já foram "senhores do deserto", e agora se vêem condenados a exibir seu aspecto folclórico para turistas que percorrem livremente seu antigo reino.
A falta de um censo oficial torna impossível determinar o número dos "homens do deserto". Calcula-se que são 1 milhão, distribuídos em cinco países: Níger, Mali, Líbia, Burkina Fasso e Argélia. A metade vive na Argélia. Outros 300 mil, no Mali.
Os vestígios de suas origens se perderam, mas se sabe com certeza que, durante muito tempo, dominaram enormes extensões do deserto. Viviam do pastoreio e do comércio, atacando caravanas e os povoados à sua volta.
Os Tuareg não se distinguem por traços físicos comuns. Costumam ser altos e delgados, de pele clara, rosto alargado, olhos escuros e cabelos ondulados e negros.

LINGUAGEM SECRETA NOS NEGÓCIOS E NO AMOR
O nome "Tuareg" lhes foi dado pelos europeus, a fim de distingui-los de outros povos. Sua verdadeira designação, porém, é kel tamashek - aqueles que falam o tamashek, sua língua comum.
Sua escrita original, o tifinarh, de origem fenícia, tem sido objeto de intensos estudos. Ainda hoje encontramos seus caracteres gravados nas figuras rupestres tão abundantes no Saara. No passado, só as mulheres tuaregues sabiam escrever.
Existe também uma "linguagem muda", usada para transmitir mensagens secretas. Os Tuareg a empregam tanto em transações comerciais quanto nas relações amorosas. Nela, o dedo indicador traça complexos ideogramas na palma da mão daquele a quem se dirige a mensagem.

PODER DE VIDA E MORTE SOBRE OS SÚDITOS
A organização social dos Tuareg é típica dos povos pastores e guerreiros: dá-se muita importância à nobreza de sangue.
Tradicionalmente, as tribos tuaregues formavam uma confederação sob o comando de um chefe supremo, o amenokal, que tinha poder de vida e morte sobre seus súditos. As decisões mais importantes eram discutidas por um conselho dos chefes, o arrollan.
A insígnia do poder é o tobol, o grande tambor real de 80 centímetros de diâmetro.
Depois das independências nacionais, o amenokal foi eleito para a assembléia nacional argelina, da qual foi também vice-presidente.

SOCIEDADE FEUDAL COM CLASSES FECHADAS
A estrutura hierárquica da sociedade tuaregue tradicional sofreu consideráveis mudanças neste século.
Antes, a sociedade era claramente feudal. Estava dividida em cinco classes sociais fechadas, e não se podia passar de uma para outra.
Os nobres, os imuhar, proporcionavam os guerreiros e garantiam a proteção dos vassalos, os imrad.
Os imrad, por sua vez, que cuidavam do pastoreio e da condução das caravanas, confiavam os trabalhos mais pesados à casta dos servidores, os iklan, que geralmente eram escravos.
A casta inferior era a dos verdadeiros "servos da gleba", os bella ou harratin, de pele negra.
Por último estavam os "fora de casta", os inaden, isto é, os artesãos que trabalhavam o ferro e o couro. Estes não eram nômades, mas iam de um acampamento a outro, quando lhes era solicitado, para oferecer seus serviços.

MULHERES DE ROSTO VERMELHO E LÁBIOS AZUIS
A alimentação dos Tuareg, tanto agora como antes, tem sua base no leite e seus derivados. Só se abatem animais por ocasião das grandes festas.
Por causa de sua resistência, o camelo é o animal preferido nas viagens pelo deserto. Possuem também ovelhas e cavalos. Há ainda muitos asnos, que vivem em liberdade e não têm valor comercial.
Diferentemente de outros povos berberes, os Tuareg não usam tatuagens. Homens e mulheres pintam os olhos com o kohl, pó negro de sulfato de antimônio.
Os rapazes raspam a cabeça, deixando apenas uma espécie de crista no centro. Segundo acreditam, isso servirá para que Alá os "arraste" ao paraíso.
As mulheres têm longas cabeleiras presas em tranças. Em ocasiões especiais, pintam o rosto de vermelho ou amarelo e os lábios de azul, formando uma espécie de máscara que serve de enfeite e de símbolo mágico.

MISTURA DE ISLAMISMO E CRENÇAS ANCESTRAIS
Em geral, os Tuareg vivem em tendas - imahan -, ou em cabanas transportáveis.
Mas há também diversos tipos de casas fixas, feitas com blocos de terra e palha misturadas, os tub. A zeriba é uma habitação provisória de folhagens. O dahamus, uma casa fresca para o verão, é parcialmente escavado no terreno.
Tuareg praticam a monogamia, embora um homem que faça uma longa viagem possa ter concubinas de castas inferiores.
As mulheres gozam de mais consideração do que em outras sociedades muçulmanas. Inclusive, pode ser da mulher a iniciativa de pedir o divórcio.
A religião é uma mistura de islamismo e crenças ancestrais, relacionadas com o juun, o espírito da natureza.

INDEPENDÊNCIA DOS PAÍSES GERA CONFLITOS
A independência das antigas colônias africanas deu origem a uma verdadeira tragédia. Os novos governantes não se impuseram através do triunfo guerreiro e, por isso, sua autoridade se tornou insuportável, quase um verdadeiro insulto para os "homens azuis".
Ademais, os chefes dos países que se formaram na região pertenciam às etnias agrícolas e sedentárias do sul do Sahel, que sempre haviam servido aos Tuareg como depósito de escravos e de gado. Compreende-se assim o desejo dos novos chefes de se vingarem dos antigos "bandidos".
As grandes secas que atingiram a região do Sahel nos anos 70 abateram ainda mais os Tuareg, empurrando-os para o sul. Ali se depararam com a hostilidade dos povos agrícolas africanos, cujos pastos não eram suficientes para alimentar também os imensos rebanhos dos nômades.

EXOTISMO DOS "HOMENS AZUIS" ATRAI TURISTAS
A maior parte do povo tuaregue foi parar nas grandes cidades africanas da região. Os ricos formaram uma nova classe: a burguesia urbana. Os pobres se viram obrigados a mendigar ou vender objetos de madeira e couro nas entradas dos hotéis.
Muitas jovens caíram na prostituição. Alguns descobriram profissões mais modernas, como as de mecânico ou guia de turismo.
A imagem dos "homens azuis", que nunca mostram o rosto e têm a pele tingida de azul, é um mito para o turista ocidental em busca de exotismo.
O estilo de vida dos Tuareg mudou por completo. Hoje, os arrogantes guerreiros nômades se encontram deslocados de seu hábitat natural. Além disso, sofrem uma verdadeira perseguição em um mundo que não compreende sua forma de ver a vida.

SEM PÁTRIA EM TERRITÓRIO ANTES TODO SEU
Os problemas enfrentados atualmente pelos Tuareg nascem de sua recusa em aceitar as fronteiras de cinco Estados - Argélia, Mali, Líbia, Níger e Burkina Fasso -, estabelecidas nos tempos coloniais em territórios que sempre lhes pertenceram.
Expulsos da Argélia em 1986 e obrigados a sair da Líbia em 1990, os Tuareg se refugiaram no Níger e no Mali. Ali criaram vários distúrbios, e por isso sofreram a dura reação dos governos locais. Houve matanças e verdadeiros genocídios.
Para os povos sedentários, é muito difícil compreender a vida nômade dos Tuareg.
Não se pode esquecer que esses nômades ainda não tiveram a chance de encontrar um território para si, numa imensa região que pertenceu a eles durante séculos.
Um território onde possam se estabelecer e conservar o estilo de vida que lhes é próprio, desde tempos imemoriais.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Desta vez foi a CEMIG - Indignação II

Geralmente não me surpreendo com a absoluta incompetência e descaso das empresas aqui no Brasil.
Porém isto não quer dizer que eu não fique REVOLTADA com o que acontece.
Já tive inúmeros problemas com cobranças indevidas da Vivo. Perdi muitas horas da minha preciosa vida ouvindo uma musiquinha irritante aguardando para ser atendida pelo terceiro ou quarto atendente contando a mesma história pela décima vez. Quando resolvi ligar na Anatel e fiz uma reclamação formal do que estava acontecendo, consegui algo impensável para muitos consumidores, que como eu, pagam caro para ter serviços de péssima qualidade. Eu resolvi meu problema! Acabou! Não veio uma conta errada sequer depois disto.
Bem, resolvido com a operadora de telefone/internet começaram os problemas com a CEMIG.
Eles são tão eficientes para cobrar e querer cortar a luz, mas são terríveis quando o consumidor é quem tem o direito de cobrar. No último dia 15 deste mês, às 18 horas a luz acabou. Armou chuva, bateu um ventinho mais forte, prepare as velas e sempre deixe seu laptop carregado ou ficará no escuro sem nada para fazer. Apesar de achar ridícula esta situação, de certa forma, já até me habituei e acredito que a tendência é piorar.
Porém, neste dia, a energia elétrica não voltou e não tem jantar romântico à luz de velas que resolva tal situação. Ficamos 16 horas e 7 minutos sem energia! Mesmo para a zona rural, o máximo permitido em lei é de 7 horas. É óbvio que tivemos prejuízo! O mais doído foi o da chocadeira. Tínhamos 68 ovos e pior que a perda financeira é a perda de tempo. Ela tem temperatura controlada de 37,8 graus para nascerem os pintinhos. Dezesseis horas desligada e todos se perderam.
Volto a repetir, não é pelo valor financeiro, mas pelo descaso e burocracia. Liguei na Aneel e me informei sobre como restituir meu prejuízo, afinal é um direito que tenho. Me mandaram ligar direto na Cemig. Sabe o que me disseram? Eles restituem sim desde que:
1 - Tenha um laudo de um veterinário credenciado informando o morte dos animais;
2 - Faça um BO registrando ocorrência;
3 - Faça um registro no Ministério da Agricultura;
4 - Tenha fotos e registros documentados dos animais mortos.
OK, não dá, né? Pensei em enviar alguns ovos chocos e pedir que eles façam o reconhecimento e passem por um veterinário legista, dá para imaginar??
Resultado: fiquei com o prejuízo e com raiva.
Será que um dia poderemos ter um sistema que cobre realmente destas concessionárias de serviços que ganham bilhões, mas não investem em modernização?
Com um sistema cada vez mais arcaico sempre seremos as vítimas e sem chance de retorno.
Será que algum dia teremos algo que funcione no Brasil?

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Ministério e BNDES firmam parceria de olho no longo prazo

Valor Online

Mauro Zanatta

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Ministério da Agricultura firmaram um acordo para desenvolver estudos conjuntos de uma política agrícola de longo prazo. O objetivo, apurou o Valor, é "construir" indicadores estatísticos de confiança e uma amplo banco de dados econométricos para o planejamento da produção agropecuária.
Esse será o embrião do redesenho planejado pelo governo para as diretrizes de uma nova política agrícola. O acordo do banco estatal com o governo, acertado na semana passada, prevê foco inicial nos dados de produção da cadeia produtiva da cana-de-açúcar e da pecuária, dois segmentos que têm gerado forte insegurança ao controle da inflação e ao abastecimento interno. O BNDES deve, inclusive, bancar a contratação de uma consultoria para "esquadrinhar" esses segmentos. O Ministério da Fazenda e o Banco do Brasil também vão participar desse esforço.
A proposta foi costurada pelo ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, e o presidente do BNDES, Luciano Coutinho. Os detalhes foram acertados pessoalmente por Coutinho e sua equipe na segunda-feira passada.
A forte oscilação nos preços do etanol e a marcada sazonalidade na oferta de carne de gado levaram o governo a reforçar sua prioridade aos dados nesses dois segmentos. As cotações do etanol, mesmo no auge da safra de cana, continuam a pressionar os índices de inflação. E os preços do boi gordo, sustentados pela entressafra e questões climáticas adversas, mantêm a pressão sobre o bolso do consumidor.
De olho nessa curva, haverá um amplo levantamento de dados históricos e a contratação de novos estudos para tornar as projeções de produção, as análises prospectivas e as estatísticas oficiais "mais confiáveis e refinadas". As avaliações devem incluir informações mais precisas sobre projeções de renda e rentabilidade da produção. Isso ocorrerá nas cadeias da cana e da pecuária, mas deve ser estendido a outros segmentos com forte peso nos índices de inflação, sobretudo alimentos básicos.
Em linha com a política oficial de conferir estabilidade e garantia de oferta de cana e boi gordo no mercado interno, o acordo buscará definir níveis seguros de produção para atender à demanda, interna e externa. O trabalho detalhará as necessidades de financiamento e dimensionará o tamanho da participação do governo nessas operações de crédito.
A cooperação estatal prevê a realização de estudos e exercícios sobre fluxo de produção, estoques, demanda futura (interna e externa), projeção de cenários, exportação, comercialização, geração de renda, endividamento setorial e estimativas de preços futuros com base em critérios e fundamentos do mercado internacional.
O trabalho deve desembocar na sugestão de ações cíclicas para potencializar a bonança derivada de cenários favoráveis de preço e produção, mas também conterá eventuais políticas anticíclicas para momentos emergenciais. O governo tem esboçado uma nova política agrícola baseada na ampliação da oferta de seguro rural, proteção de preços em mercados futuros ("hedge") e linhas de crédito específica e adaptada a cada segmento da agropecuária.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Bode Expiatório - II

Falando em Era Lula, também não faz sentido louvar o governo petista por ampliar a participação popular no mercado interno (à custa, diga-se em passant, de um endividamento nacional suicida) e ao mesmo tempo reclamar contra a avidez com que os novos consumidores se lançam à conquista de bens a que antes não tinham acesso. Ninguém sai comprando tudo quanto é bugiganga eletrônica só para se vingar de uma ditadura da qual mal ouviu falar.

Aliás, no tempo dos militares ocorreu ascensão social idêntica (o então chamado “milagre brasileiro”), resultando em idêntica febre de consumo. Mas, na ocasião, os porta-vozes da esquerda não se lembraram de festejar a inclusão social maciça que isso representava (maior, proporcionalmente, do que tudo o que os tão badalados programas sociais do governo Lula viriam a realizar). Ao contrário: concentraram suas baterias no ataque moralista ao “consumismo”, como se fosse causa sui e não efeito da melhor distribuição de renda. Quando o mesmo fenômeno se repete em pleno apogeu do lulismo, como fazer para louvar a distribuição de renda sem culpar o governo pelo consumismo resultante? É fácil: desvincule a causa do efeito e debite este último na conta de um governo de trinta anos atrás. Se isso é sociologia, eu sou o José de Souza Martins em pessoa. E olhem que, dos sociólogos uspianos, ele não é o pior.
té os exemplos que o emérito escolhe para ilustrar a maldade dos corações brasileiros são erros de perspectiva. Motoristas que atropelam pessoas e só tratam de evadir-se da punição legal, sem a mínima piedade pelas vítimas, são decerto tipos execráveis, mas sua insensibilidade é titica de galinha num país onde de quarenta a cinqüenta mil pessoas são assassinadas anualmente com a ajuda de organizações queridinhas do partido governante e não se ouve sequer um debate a respeito. Nossos “intelectuais” esbravejaram mais contra 25 mil baixas na guerra do Iraque do que contra violência mortífera duplamente maior que se comete contra seus próprios compatriotas a cada 365 dias. Será demasiado concluir que seu ódio aos EUA é infinitamente mais intenso que seu amor ao povo brasileiro? E por que raios uma geração de pessoas educadas nessa mentalidade deveria ser um primor de bons sentimentos?
O prof. Martins reclama: “Falta uma bolsa de valores sociais, que meça diariamente quanto perdemos de nós mesmos, de nossa dignidade, de nossa autoestima, da estima e do respeito pelo outro.” Tem razão, mas a medição diária é impossível sem uma escala constante do valor que se mede. Ao longo da história brasileira, essa escala foi uma só e a mesma, desde a chegada de Pedro Álvares Cabral até o advento da “Nova República”: o cristianismo.
O prof. Martins talvez acredite em moralidade sem religião, mas há de reconhecer que uma civilização integralmente “laica” (termo errado, mas usual) é uma hipótese futura, não uma realidade historicamente constatável. E, no caso brasileiro, nem toda a sociologia da USP somada pode ocultar a obviedade de que a manifesta descristianização da sociedade, da educação, da mídia e da cultura tem algo a ver com o aumento da violência, da crueldade, do egoísmo e da insensibilidade.
Para fugir às suas responsabilidades históricas, os “intelectuais” tapam os olhos até às conseqüências mais óbvias e patentes das escolhas a que se entregam com todo o furor entusiástico da paixão militante. Numa época em que a mera fantasia sexual é considerada oficialmente mais valiosa, mais digna, mais merecedora da proteção estatal do que o sentimento religioso da população, é ridículo esperar que o senso dos valores não acabe se dissolvendo numa névoa turbulenta e a confusão resultante não se traduza em atos de maldade cotidiana cada vez mais aceitos como normais e improblemáticos. E não é preciso nenhuma bolsa de valores para saber de onde vem a perda: o Brasil que escandaliza os sentimentos do prof. Martins é criação exclusiva da sua geração de “intelectuais”. Qualquer reclamação que venha dessa fonte é mera camuflagem de culpas, é mero sacrifício ritual de um bode expiatório prêt-à-porter.
http://www.olavodecarvalho.org/semana/111018dc.html

sábado, 22 de outubro de 2011

Bode Expiatório I

Que os brasileiros vêm-se tornando um povo de egoístas cínicos não é nenhuma grande novidade. Mas no Estadão de 9 de outubro o prof. José de Souza Martins explica o fenômeno como reação coletiva à falta de liberdade que a nação sofreu no período militar. Teríamos passado, segundo ele, da repressão à esculhambação. Apelar tão resolutamente à metáfora hidráulica de fluxo e refluxo como princípio explicativo já é, em si, um delito mental que não se deveria perdoar num sociólogo, especialmente quando este vem com o título de “professor emérito”. O prof. Martins não recorreria a esse automatismo pueril se ele não lhe desse a oportunidade de cumprir o mandamento número um do Decálogo Uspiano: lançar a culpa de tudo, sempre e invariavelmente, na maldita ditadura.

Infelizmente essa intenção devota esbarra em alguns obstáculos invencíveis.
Metade da população brasileira tem menos de 30 anos e não pode ter sofrido nenhuma privação de liberdade num regime que terminou duas décadas e meia atrás. Só o que essa gente sabe da ditadura é o que lhe foi transmitido por professores, jornalistas e artistas de TV – os “intelectuais” no sentido elástico que Antonio Gramsci dá ao termo. O mau comportamento dos brasileiros não pode portanto ser uma reação direta a experiências de trinta ou quarenta anos atrás, mas o resultado da educação que receberam, das crenças e reações que aprenderam. Se alguém achou que as incomodidades sofridas no período militar justificavam a permissão para a busca irrefreada de satisfações egoístas como uma espécie de compensação psicológica, foram os “intelectuais”, não a população em geral. Esta limitou-se a praticar o que eles lhes ensinaram – e quando o resultado começou a aparecer, com toda a sua feiúra deprimente, logo veio um porta-voz dos “intelectuais” para fazer o que eles costumeiramente fazem: apagar as pistas de suas próprias ações, jogar as culpas nos outros e aproveitar o desastre como oportunidade para reforçar sua autoridade de conselheiros da nação.
Mas também é errado imaginar que dentro do próprio círculo de “intelectuais” uma ética de auto-indulgência viesse como resposta a uma situação local especialmente opressiva. Na década de 60, a onda hedonista brotou simultaneamente em dezenas de países, a maioria dos quais não passou por ditadura militar nenhuma. Nos focos principais de onde a moda irradiou – a França e os EUA –, os mais extremados apologistas do “prazer” desfrutavam não só de uma liberdade invejável, mas de financiamentos bilionários vindos das altas esferas do establishment (a história de Alfred Kinsey é, sob esse aspecto, modelar: v. Judith Reisman, Kinsey: Crimes and Consequences, Institute for Media Education, 3rd. ed., 2003). Não faz sentido atribuir a causas locais um fenômeno de escala universal. Os “intelectuais” da taba aderiram à ideologia do prazer porque quiseram, porque era a moda internacional, e não porque a isso os forçasse o governo militar. Quando a repassam a jovens e crianças nas escolas, estão apenas formando as novas gerações à sua imagem e semelhança, mas sempre, é claro, com o cuidado de se isentar preventivamente de qualquer responsabilidade pelas eventuais conseqüências adversas.
Ademais, a análise do prof. Martins erra também por anacronismo. O culto do prazer a todo preço não surgiu no Brasil após o advento da Nova República, mas já nos anos 60, fomentado não só pela influência das modas culturais importadas, mas por toda uma militância local onde se destacaram importantes órgãos de mídia como Realidade, Nova e Cláudia, sem contar uma infinidade de publicações menores como O Pasquim, Ex, Rolling Stones, Flores do Mal e não sei mais quantas, todas dirigidas por ativistas de esquerda empenhados em destruir o capitalismo por via vaginal, o cristianismo por via ano-retal ou ambos por via dupla. Uma coisa não pode ser reação tardia a outra coisa quando ambas acontecem simultaneamente.
Para piorar, o prof. Martins não assinala como sintoma da desordem moral nacional só a busca de satisfações imediatas a todo preço, mas também a cobiça financeira, a sede de bens materiais. Ora, como é possível explicar esse fenômeno como reação de alívio subseqüente a uma situação repressiva, e ao mesmo tempo acusar a ditadura de ter fomentado o espírito capitalista, o consumismo, o culto da mercadoria e o império da “lei de Gérson”? Ou a ditadura incentivou as pessoas a subir na vida por meio do capitalismo ou as inibiu de fazer isso, alimentando nelas um desejo insatisfeito a que só puderam dar vazão na Era Lula. As duas coisas ao mesmo tempo, não pode ser. (Continua.)
http://www.olavodecarvalho.org/semana/111017dc.html

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

QUE VOCÊ QUER SER QUANDO VOCÊ CRESCER? - SHMINI ATSÉRET, SIMCHÁ TORÁ E PARASHÁ BERESHIT 5772

"O movimento dos escoteiros busca desenvolver nos jovens a vontade de trabalhar em equipe pelo bem da sociedade. Seu lema é "sempre alerta", pois procuram constantemente oportunidades de ajudar a alguém necessitado.
Certo dia um grupo de escoteiros voltou ao quartel-general. Todos os dias eles se reuniam com o general, no final do dia, para descrever quais as bondades cada um havia praticado. Naquele dia os 12 rapazes do grupo informaram que haviam feito um trabalho em equipe: ajudaram uma velhinha a atravessar a rua. O general comentou:
- Acho muito bonita a atitude de ajudar uma senhora velhinha a atravessar a rua. Mas para isso eram necessários 12 escoteiros?
Então os rapazes responderam:
- É que ela não queria atravessar..."
Muitas vezes fazemos uma pequena bondade no nosso dia e achamos que já cumprimos nossa obrigação. Mas será que com o pouco que fazemos realmente preenchemos nosso potencial de fazer bondades? E são realmente bondades verdadeiras?
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Na próxima quarta-feira de noite começaremos a reviver a festa de Shmini Atséret. Apesar de vir imediatamente após a festa de Sucót, elas são independentes, cada uma com seus próprios significados e costumes. E junto com a festa de Shmini Atséret nossos sábios fixaram a comemoração da festa de Simchá Torá (em Israel, onde é feito apenas um dia de Yom Tov, as duas festas são juntas. Fora de Israel, que são dois dias de Yom Tov, no primeiro dia é Shmini Atséret e no segundo dia é Simchá Torá). O que fazemos de especial em Simchá Torá? Terminamos o ciclo de leitura anual da Torá, concluindo com a Parashá Vezót Habrachá, e imediatamente recomeçamos o ciclo com a leitura dos versículos iniciais do primeiro livro da Torá, Bereshit. Com isso demonstramos o quanto a Torá é querida para nós, pois não a tratamos como um livro que, ao terminar sua leitura, guardamos na gaveta e nunca mais abrimos. Ao contrário, no mesmo dia em que terminamos o ciclo de leitura da Torá imediatamente recomeçamos sua leitura, demonstrando nosso amor por todos os seus ensinamentos.
Também demonstramos o nosso amor em Simchá Torá dançando com o Sefer Torá. O costume é que todos as pessoas presentes tem o mérito de segurar por alguns instantes o Sefer Torá e dançar com ele, dando voltas pela sinagoga. Mas afinal, por que nos alegrar tanto por termos recebido a Torá? Será que algo que foi entregue há 3 mil anos continua atual até hoje? Os livros de ciência, após 20 ou 30 anos, perdem sua validade, pois novas descobertas substituem o que pensávamos ser correto. Será que a Torá também não está desatualizada?
Uma das respostas está na Parashá Bereshit, a primeira do novo ciclo de leitura semanal, que será lida no Shabat desta semana. A Parashá começa com a criação do mundo e em cada dia é descrito o que foi criado por D'us. No quarto dia a Torá descreve a criação do sol, da lua e das estrelas, como está escrito: "E disse D'us: Que haja luminárias no firmamento do céu, para separar entre o dia e a noite, e servirão como sinais, e para as festas, e para os dias e anos... E D'us fez as duas grandes luminárias, a grande luminária para dominar o dia e a pequena luminária para dominar a noite, e as estrelas" (Bereshit 1:14,16).
Mas deste versículo fica uma dúvida. Por que a Torá descreve o sol como "grande luminária" e a lua como "pequena luminária"? Que diferença faz para nós o tamanho dos astros celestiais? Além disso, existem muitas outras diferenças entre o sol e a lua, então por que ressaltar apenas o ponto de "grande" e "pequena"?
Uma pergunta similar fazemos quando escutamos a Brachá (benção) que é dita para a criança durante o seu Brit-Milá: "Este pequeno será grande". Que tipo de Brachá é esta? Estamos desejando apenas que a criança, que agora é pequena e frágil, se torne forte e grande? Não existe nenhuma Brachá mais importante para dar ao bebê neste momento tão especial, no qual ele entra no pacto com D'us?
Ensina o Rav Eliahu Dessler que existem duas forças no mundo: a força de Netiná (doar aos outros) e a força de Netilá (tomar dos outros). Todas as boas características são apenas derivações da força de Netiná, enquanto todas as más características são apenas derivações da força da Netilá. Quando uma pessoa dirige sua vida orientada pela força de Netiná, ela se torna um ser humano altruísta e solidário, que busca o bem dos outros mesmo à custa de perdas próprias. Já quando a pessoa dirige sua vida orientada pela força da Netilá, ela se torna um ser humano egoísta e insensível, que não hesita em passa por cima dos outros para alcançar seus próprios benefícios.
Dizem os nossos sábios que é justamente este ensinamento que a Torá está transmitindo nos versículos da criação dos astros celestiais. Quando a Torá diz que um astro é "Gadol" (grande) e um astro é "Katan" (pequeno), não está falando apenas do tamanho físico. Qual a diferença principal entre o sol e a lua? O sol tem luz própria, ele ilumina os outros, ele aquece, ele "doa". Já a lua não tem luz própria, ela apenas recebe, apenas toma. Portanto a Torá está definindo que "grande" é aquele que doa, que se importa com os outros, enquanto "pequeno" é aquele que apenas se preocupa em receber e satisfazer suas próprias necessidades.
Podemos ver este conceito em Moshé Rabeinu. Quando ele era um bebê, foi colocado em uma cesta no Rio Nilo e foi encontrado por Batia, a filha do Faraó. Como Batia não podia amamentar, ela entregou Moshé para que Yocheved o amamentasse, sem saber que ela era a verdadeira mãe. Quando Moshé passou da idade de amamentação, ele foi devolvido a Batia, como está escrito "E o garoto cresceu, e ela o trouxe para a filha do Faraó" (Shemot 2:10). Estranhamente o próximo versículo repete: "E aconteceu nestes dias que Moshé cresceu e saiu para ver seus irmãos e viu o sofrimento deles" (Shemot 2:11). Por que a Torá menciona duas vezes em seguida que Moshé cresceu ("Vaigdal", de "Gadol")?
A explicação é que o primeiro versículo se refere ao seu crescimento físico, Moshé cresceu e deixou de ser um bebê. Já o segundo versículo se refere ao seu crescimento espiritual. Quando a Torá considera que Moshé cresceu espiritualmente? Quando ele saiu para ver seus irmãos e o sofrimento deles. Quando deixou de ser egoísta, de se preocupar apenas com seus próprios problemas e passou a se importar com as dificuldades dos outros. Moshé, apesar de viver no luxo e comodidade do palácio do Faraó, se tornou um "Gadol", importando-se e sentindo a dor das outras pessoas.
Não é fácil se importar com os outros. Um bebê nasce com a mão fechada, isto é, ele só sabe receber. Chora por sua comida sem se importar se são 2 ou 3 da manhã, se seus pais estão cansados ou não. Quando a criança cresce, é mandada para a escola e entra em um mundo de competição, ficando cada vez mais centrada em si mesma. Sem nenhum esforço contrário, este egocentrismo tende a crescer cada vez mais. Em uma sociedade competitiva como a que vivemos atualmente, onde somos cobrados constantemente por resultados cada vez melhores, o egoísmo se fortalece ainda mais. Para subir na vida, nos tornamos pessoas frias, aprendemos a passar por cima dos outros sem sentir remorso. Se preocupar com o próximo chega a ir contra a natureza humana de auto-preservação. Justamente por ser algo tão "natural", muitos não se preocupam em mudar. Então, para nós que queremos mudar, como fazer para anular este lado egoísta intrínseco do ser humano?
A resposta está em um dos ensinamentos do Talmud (parte da Torá Oral): "Assim D'us disse ao povo judeu: Meus filhos, Eu criei o Yetzer Hará (má inclinação), e Eu criei a Torá como antídoto contra ele. E se vocês se ocuparem com a Torá, vocês não serão entregues na mão dele" (Kidushin 30b). A má inclinação é parte intrínseca do ser humano. D'us criou esta força que nos puxa para baixo justamente para nos dar méritos por cada vitória. E como vencer? Estudando a Torá e aplicando seus ensinamentos na prática.
A Torá é um modelo de bondade. Podemos aprender a bondade diretamente de D'us. Se Ele é perfeito e completo, por que criou o mundo? Apenas por bondade, apenas para fazer bem às Suas criaturas. Desde Adam e Chava, quando D'us se preocupou em criar para eles roupas mesmo após terem transgredido Seu mandamento, até a morte de Moshé, quando D'us pessoalmente se ocupou com seu enterro, a Torá está repleta de demonstrações da bondade de D'us. Também na Torá podemos aprender a fazer bondades com aqueles que seguiram os caminhos de D'us. Com Avraham Avinu, cuja casa era aberta nas 4 direções, para receber todos os viajantes que passassem pelo caminho. Com Rachel, que foi enterrada no meio da estrada, sozinha, apenas para poder rezar e chorar por seus filhos quando estivessem sendo levados ao exílio, séculos depois. Com Moshé, que abdicou de ter uma vida pessoal e dedicou sua vida a ajudar aos outros. Em que nível devemos nos cobrar? Ensinam os nossos sábios que todos os dias devemos nos perguntar: "Quando meus atos chegarão ao mesmo nível dos atos dos meus antepassados?". Devemos ter o desejo de ser como Avraham, como Rachel e como Moshé. Devemos querer ser verdadeiros campeões de bondade.
Quando vemos um atleta vencendo a prova dos 100 metros, não devemos ter a ilusão de que a vitória veio de maneira simples, em menos de 10 segundos. A vitória não foi apenas na corrida. Foi nos duros treinamentos diários, que muitas vezes começaram de madrugada e se estenderam até o anoitecer. Foi na alimentação balanceada, onde doces e gorduras, apesar de serem deliciosos, ficaram de fora. Foi no equilíbrio, na qualidade de vida, nas noites de sono bem dormidas, mesmo que para isso tivesse sido necessário abrir mão das festas e baladas. E quando vemos o campeão olímpico no pódio, recebendo sua medalha de campeão, sabemos que ele não se arrepende por seu esforço e por tudo o que ele precisou abrir mão. Valeu a pena, valeu o esforço.
Também não podemos ser "campeões de bondade" sem esforço. Temos que nadar o tempo inteiro contra a correnteza. Não importa que o mundo é desonesto, queremos ter uma vida honesta. Não importa que o mundo decidiu ser egoísta, queremos fazer a diferença, queremos nos importar com os outros. Não queremos ser apenas mais um tijolo na parede, queremos ser parte das fundações de um mundo melhor. Apesar de ter mais de 3.000 anos, a Torá não está antiquada. Ao contrário, em uma sociedade tão egoísta como a que vivemos, a Torá se torna fundamental para podermos fugir desta natureza tão negativa. É uma verdadeira bóia no meio de um mar de más influências.
Se um atleta pudesse escolher seu próprio treinamento, o que ele iria preferir? Treinos leves, com pouco esforço. Começar tarde e acabar cedo. Por isso ele precisa de um treinador, que constantemente exige que ele chegue ao limite, que vai obrigá-lo a trabalhar duro. A Torá é o nosso "treinador". Se o ser humano pudesse escolher seus próprios caminhos espirituais, escolheríamos sempre os caminhos mais cômodos. E o caminho mais fácil é o do egoísmo. Assim observamos os animais que, sem um manual de bondades, se preocupam apenas com suas próprias necessidades. Através das Mitsvót, as nossas obrigações, a Torá nos molda, nos "força" a nos tornarmos boas pessoas. Quando damos Tzedaká (caridade), mesmo que no começo seja por obrigação, com o tempo vamos sentindo gosto pelo ato de doar. Quando devolvemos um objeto encontrado, mesmo que com sofrimento, sentimos o gosto de fazer o que é justo e correto. Assim acontece com todas as Mitsvót, elas nos direcionam ao caminho correto. Elas nos ajudam a sermos grandes de verdade.
Portanto, esta é a Brachá que damos para um bebê no dia do seu Brit-Milá. Que este bebê, que agora ainda é um "Katan", que apenas recebe, que apenas se importa com suas necessidades, possa um dia se tornar um "Gadol", um doador, que se importa com as necessidades dos outros.
Sem a Torá estaríamos perdidos, dominados por nossas vontades. A Torá é a chave para nos libertar das algemas que nos prendem às nossas más inclinações. Por isso, em Simchá Torá devemos nos alegrar de verdade, dançar com a Torá nos nossos braços, agradecer a D'us pelo presente que Ele nos mandou. E se esta alegria vier do fundo do nosso coração, certamente ela nos acompanhará durante o ano todo. A alegria verdadeira, de saber que estamos fazendo a coisa certa.
"Felicidade verdadeira é a que se experimenta ao fazer o que deve ser feito" (Rav Akiva Tatz)
CHAG SAMEACH e SHABAT SHALOM
R' Efraim Birbojm
http://ravefraim.blogspot.com/
Gn.1:1-6:8, Is.42:5-43:10, Ap.22:6-21

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

"Novo Código Florestal deve ser aprovado no Senado até o fim de novembro", diz Presidente da CNA

Canal do Produtor


A presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu, disse nesta terça-feira (18/10) que o novo texto do Código Florestal deve ser aprovado até o dia 22 de novembro no plenário do Senado. Ao participar de reunião, no início da noite de ontem, com a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, a senadora destacou o avanço em torno das negociações para atualizar a legislação ambiental e afirmou que a proposta está muito próxima do consenso. No encontro de ontem, foram discutidos ajustes na matéria, com a presença do ministro interino da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, José Carlos Vaz, e dos senadores Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC), relator do texto nas Comissões de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) e Agricultura e Reforma Agrária (CRA), e Jorge Viana (PT-AC), que relatará a proposta na Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA). Também estiveram presentes o presidente da Comissão de Meio Ambiente da CNA, Assuero Veronez, o senador Waldemir Moka (PMDB-MS), o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas, o presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Única), Marcos Sawaya Jank, além de outras lideranças ligadas ao setor rural e representantes de Organizações Não-Governamentais (ONGs).
Um dos pontos abordados pela presidente da CNA foi a necessidade de um tratamento diferenciado para pequenos e médios produtores rurais no novo Código Florestal, que segundo ela são os mais atingidos pelas várias mudanças feitas na legislação ambiental vigente. A senadora Kátia Abreu defendeu um texto que não abra brechas para novos desmatamentos e uma redação clara para evitar questionamentos na justiça. “O texto em discussão no Senado já proíbe a abertura de novas áreas. Os relatores têm tomado suas precauções no texto, porque estão preocupados com esta questão”, enfatizou a senadora. Ela reforçou que, com um novo Código Florestal, o setor agropecuário poderá continuar produzindo comida nos 236 milhões de hectares que hoje estão ocupados com a atividade agropecuária, uma área equivalente a 27,7% do território nacional.
A presidente da CNA disse, ainda, que a atualização da legislação ambiental permitirá a preservação de 61% do País com florestas e vegetação nativa. “Hoje temos uma riqueza ambiental incalculável e vamos trabalhar para que esta poupança ambiental continue preservada. Queremos apenas manter a nossa área de produção. Não precisamos de nem um hectare a mais para alimentar a população com comida barata e de qualidade”, afirmou. Na próxima semana, o senador Luiz Henrique deve apresentar seu relatório na CCT e na CRA, que analisarão o texto conjuntamente, uma vez que ele é o relator nos dois colegiados. A previsão é de que, em meados de novembro, a proposta seja apreciada na CMA, para então ser votada no Plenário da Casa até o fim do próximo mês.
EMAIL: noticiasdodia@cna.org.br

Dois presidentes comentam a morte de dois ditadores: George W. Bush, o homem mau, e Barack Obama, o homem bom

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terça-feira, 18 de outubro de 2011

Código Florestal – Entreguem a agricultura e o meio ambiente para certa antropologia, e terminaremos todos alegres antropófagos

O texto foi publicado ontem na Folha de S. Paulo. Quando o li, na madrugada, pensei: “Quero escrever a respeito”. Depois acabei atropelado pelo noticiário sobre o Ministério do Esporte, e a coisa lá me ficou pelo caminho. Mas não resisto. Começo com a minha graça, mas é coisa muito séria: se deixarmos as escolhas sobre produção de alimentos e preservação da natureza para certa antropologia, acabaremos todos antropófagos, mas conciliados com o meio ambiente. Será um momento lindo. Voltaremos às nossas origens tupinambás, e os europeus mandarão seus novos Hans Stadens pra cá para narrar a nossa saga e descrever os nossos exotismos. Mas vamos à reportagem, de Claudio Angelo, da Folha, que segue em vermelho. Comento em azul.

Cientistas sobem o tom contra novo Código Florestal
Em sua manifestação mais dura sobre a reforma do Código Florestal, as principais sociedades científicas brasileiras adjetivam partes do texto em análise como “injustificado” e “inconstitucional”. A SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) e a ABC (Academia Brasileira de Ciências) entregaram na semana passada a senadores propostas para embasar as mudanças na lei. Para elas, a ciência não foi levada em conta no relatório do deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), aprovado em maio no plenário da Câmara. Entre as 18 assinaturas do documento há pesos-pesados como a antropóloga Manuela Carneiro da Cunha, Carlos Nobre, secretário de Pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e Tatiana Sá, ex-diretora-executiva da Embrapa. Para eles, o maior entrave à expansão da agricultura não é a legislação ambiental, mas “a falta de adequação” da política agrícola do país.
Então vamos ver. Segundo entendi, os cientistas não têm argumentos novos. Eles decidiram mudar a ênfase, como se a dureza da linguagem lhes desse agora a razão que não tinham antes. Daí terem “subido o tom”. O que vai acima tem uma premissa: o texto de Aldo Rebelo teria partido do princípio de que existe uma contradição ente legislação ambiental e produção agrícola. É falso. Ao contrário. O relatório busca sempre a conciliação. Não só isso: ele prevê a recuperação de áreas desmatadas. Mas o bom mesmo vem agora. Vejam como a ignorância pode ser convicta.
Para os cientistas, um aumento marginal na produtividade pecuária -com medidas simples, como erguer cercas e fazer o manejo de pastos- liberaria 60 milhões de hectares para a agricultura. “Continua no Senado essa falácia de que não há espaço para preservar e produzir alimentos”, disse Luiz Martinelli, da USP de Piracicaba. “Como é que eu vou dizer para a Europa não subsidiar sua agricultura quando a gente queima tudo sem nenhuma eficiência? É um tiro no pé.”
Essa falácia existe só na cabeça dos ditos cientista. Como é bom falar sem números, ir jogando dados, assim, ao léu, né? Como, afinal, eles são “cientistas”, ninguém vai se ocupar de fazer algumas continhas e operar minimamente com a lógica. Faz sentido. Quando foi a última vez que a antropóloga Manuela Carneira da Cunha, por exemplo, viu um pé de couve? Vamos lá. A agropecuária ocupa, no Brasil, 329.941.393 de hectares; desse total, 98.479.628 são áreas de preservação dentro das propriedades. Sim, vocês entenderam direito: os proprietários rurais brasileiros preservam 29,84% das terras que constam, oficialmente, como destinadas à agropecuária. Como o Brasil tem 851 milhões de hectares, isso significa que agricultura e pecuária ocupam apenas 27,2% do território brasileiro (231.431.765 milhões de hectares). Estudos mais recentes falam em 27,7%.

Pois bem: segundo esses valentes, erguer cercas e fazer manejos de pastos liberaria 60 milhões de hectares para a agricultura. Deve ser gostoso ser irresponsável ostentando o título de doutor. Ninguém cobra nada do bruto. Isso corresponderia a 26% da área hoje efetivamente ocupada pela agropecuária. Então vamos ver: dadas a demanda do mundo por alimentos e a dificuldade para se conseguir terras, esses gênios da raça estão afirmando que os proprietários rurais aproveitam mal mais de um quarto da sua propriedade??? Falam uma porcaria desse tamanho e nem ficam corados!
Mais ainda: desmatar para arrancar madeira e não plantar nada é coisa fácil; qualquer pistoleiro faz — geralmente, debaixo do nariz de Ibama. Agora, desmatar para preparar a terra para cultivo dá um trabalho danado. É preciso NÃO TER A MENOR IDÉIA DO QUE SE ESTÁ FALANDO PARA SUSTENTAR, como sugere o documento, que o proprietário rural, então, opta pelo mais caro e mais difícil — desmatar e preparar a terra — do que pelo mais barato e mais fácil: erguer cercas e fazer manejo de pastos. Isso é um fantasia ridícula!
Mas quem me encantou mesmo foi Luiz Martinelli, da USP de Piracicaba. Releiam o que ele diz: “Como é que eu vou dizer para a Europa não subsidiar sua agricultura quando a gente queima tudo sem nenhuma eficiência? É um tiro no pé.” Ele estava de pé quando disse isso ou de joelhos para os seus juízes europeus? Europa? Ora, doutor, veja o estudo que seus amigos do Greenpeace encomendaram para o Imazon e para o Proforest, da Universidade Oxford. Escrevi a respeito. Ali está a área de floresta de 11 países — alguns deles são aqueles de que o senhor tem medo. Também se especifica o que é floresta replantada e o que é floresta original. O Brasil tem 61% de suas áreas naturais preservadas! Nenhum dos países estudados tem Área de Preservação Permanente (APP), por exemplo. Segue o quadro. Não se deixem impressionar por Japão e Suécia: num caso é montanha vulcânica; no outro é gelo…
País % do territ. c/ floresta Floresta original Floresta replantada Tem APP?
Holanda 11% 0% 100% Não
R.Unido 12% 23% 77% Não
Índia 23% 85% 15% Não
Polônia 30% 05% 95% Não
EUA 33% 92% 08% Não
Japão 69% 49% 41% Não
Suécia 69% 87% 13% Não
China 22% 63% 37% Não
França 29% 90% 10% Não
Alemanha 32% 52% 48% Não
Indonésia 52% 96% 04% Não
As entidades também pedem que as APPs (áreas de preservação permanente), como margens de rios, sejam restauradas na íntegra, posição mais “ambientalista” que a do governo, que aceitou flexibilizar sua recomposição. Os cientistas exigem, ainda, que o Senado elimine do texto a menção à “área rural consolidada”, que permite regularizar atividades agropecuárias em APPs desmatadas até 22 de julho de 2008. Segundo eles, a Constituição diz que “não há direito adquirido na área ambiental”.
Vamos colocar as coisas nos seus devidos termos. Restaurar “áreas na íntegra” significa que áreas destinadas à agricultura há 200, 300 anos teriam de ceder lugar ao mato, diminuindo a área plantada. Da forma como querem esses valentes, milhares de catarinenses ou gaúchos, por exemplo, terão de abandonar suas propriedades. A propósito: Manuela Carneiro da Cunha deveria pedir a remoção do Cristo Redentor e de todas as favelas do Rio. Um está no topo de morro; as outras, nas encostas. Por que o preconceito contra proprietários rurais apenas? Princípio é princípio, ora…
“Nosso livro anterior dava dados, mas não fazia afirmações tão contundentes”, disse Carneiro da Cunha, aludindo a documento divulgado no semestre passado.
Não! Não dava os dados essenciais, dona Manuela. A conta que vocês fazem sobre a liberação de 60 milhões de hectares é uma das coisas mais alopradas que já li.
Expoente da antropologia, Carneiro da Cunha afirma que os senadores precisarão tratar um tema espinhoso sem acordo: a isenção de reserva legal para propriedades de até quatro módulos fiscais (medida equivalente a até 400 hectares na Amazônia). “Quatro módulos não é o mesmo que agricultura familiar. É uma pegadinha.” Ela diz esperar que o senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC), relator do código em três comissões, seja “persuadido por argumentos convincentes”.
Pegadinha é a batatada dos cientistas. O texto da Folha atribui ao texto de Aldo o que não está lá (leia a (íntegra). Não existe “isenção de reserva legal para propriedades de até quatro módulos” porcaria nenhuma! Vamos ler o que está escrito? Vamos ver o que diz o Parágrafo VII do Artigo 13:
“Nós imóveis com área de até quatro módulos fiscais que possuam remanescentes de vegetação nativa em percentuais inferiores ao previsto no caput, a Reserva Legal será constituída com área ocupada com a vegetação nativa existente em 22 de julho de 2008, vedadas novas conversões par uso alternativo do solo”.
Para quem sabe ler, está tudo claro. Os proprietários de ATÉ quatro módulos estão isentos de REFLORESTAR ou de participar de programa de compensação ambiental em razão das áreas já ocupadas até 22 de julho de 2008. MAS NÃO PODERÃO CONVERTER NOVAS ÁREAS além dos limites estabelecidos pelo Código.
Eis aí: mais uma vez, cientistas e imprensa dizem o que lhes dá na telha sobre o texto de Aldo Rebelo, como se ele não estivesse escrito. Quem ler a proposta vai ver que a regularização de propriedades em áreas hoje consideradas de preservação permanente obedece a critérios e a ações de compensação ambiental. A tal anistia que essa gente condena também não está no texto. É mentira! Nada menos de 10 artigos no Capítulo VI trata das condições para a regularização da propriedade. O capítulo VII estabelece até limites e regras para a indústria usar produtos da floresta.
Não há nada parecido com o Código Florestal Brasileiro, mesmo o de Aldo Rebelo, que esses valentes combatem, no mundo inteiro. Não há um só país, ZERO, que tenha coisa parecida com “Área de Preservação Permanente” do modo como se quer fazer por aqui. E não há um só país no mundo em que se reivindique a diminuição da área plantada para recriar florestas. Seria uma sandice! No caso de um país que tem 61% do seu território praticamente intocado, essa reivindicação parece ser um pouco mais do que loucura. Acho que já esbarra mesmo no mau-caratismo.
Para começo de conversa, ESSA GENTE PRECISA PARAR DE ESCONDER O TEXTO DE ALDO REBELO, ATRIBUINDO À PROPOSTA O QUE NÃO ESTÁ LÁ.
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

EQUILÍBRIO NA VIDA - SUCÓT 5772

"Na primeira vez em que o pequeno Zelig visitou Israel, em 1992, uma das paradas obrigatórias foi uma sorveteria de Jerusalém. Naquela época não era fácil encontrar sorvete de iogurte Kasher em Nova York e ele, ao entrar na loja, não podia acreditar nos seus olhos. Eram mais de 30 sabores diferentes, com infinitas possibilidades de acompanhamento: balas, granulados, wafers, frutas, chocolates. Imaginou que havia chegado ao paraíso.
Zelig não sabia quando ele teria outra oportunidade daquelas, então resolveu aproveitar de verdade. Após pensar um pouco, pediu sorvete de morango, abacaxi e menta, com crocante, wafers, calda de chocolate, nozes, chocolate branco e balinhas. Tudo o que parecia gostoso ele pedia que fosse acrescentado ao seu sorvete de iogurte. A atendente não se importou e foi colocando tudo o que Zelig pedia. Deveria ser mais um daqueles americanos mimados...
Quando o sorvete ficou pronto, Zelig mal podia esperar. Olhava para o sorvete, que mais parecia uma escultura, e sonhava com a primeira colherada. Mas, quando chegou o esperado momento de experimentar, Zelig ficou profundamente decepcionado. Aquela massa não tinha gosto de nada do que ele tinha escolhido. Eram tantos sabores juntos que, no final, já não podia mais distinguí-los..."
O maior segredo da vida é o equilíbrio. Pode ser em coisas simples, como um sorvete de iogurte, mas também pode ser aplicado a prazeres maiores que temos na vida. Quando queremos apenas "curtir" a vida sem limites e sem harmonia, no final sentimos que não aproveitamos nada.
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Nesta quarta-feira de noite reviveremos uma das festas mais alegres do calendário judaico: Sucót. Inclusive nossos sábios "apelidaram" a festa de Sucót como "Zman Simchateinu" (a época da nossa alegria) justamente pelo fato da alegria ser o ponto marcante. Por uma semana inteira saímos do conforto das nossas casas e passamos parte do nosso dia comendo, descansando e relaxando dentro da Sucá, uma cabana provisória feita, em geral, com madeiras e uma cobertura de folhas.
Quando observamos a maioria das religiões do mundo, percebemos que os prazeres do mundo material são vistos como algo negativo. A única maneira de atingir a espiritualidade é afastando-se completamente dos prazeres materiais, com jejuns, votos de silêncio e castidade e abrindo mão de todo o conforto. Mas sabemos que o judaísmo ensina justamente o contrário, que os prazeres do mundo material foram criados justamente para que possamos utilizá-los. A diferença entre o judaísmo e a filosofia ocidental do "Carpe Diem" (aproveite a vida) é que o foco dos prazeres materiais deve ser o crescimento espiritual. Portanto, se o judaísmo não incentiva o ser humano a viver uma vida de pobreza e abstinência, o que tem de tão alegre em abandonar o conforto de nossas casas durante os dias de Sucót?
Além disso, cada um dos Shalosh Regalim (Três Festivais: Pessach, Shavuót e Sucót, nos quais fazíamos a peregrinação para o Templo Sagrado) está relacionado diretamente com um dos três patriarcas. Ensinam os nossos sábios que Sucót está associado ao patriarca Yaacov. Qual a conexão entre Yaacov e a festa de Sucót?
Para entender a alegria de Sucót precisamos voltar no tempo, para mais de 3.300 anos atrás, quando saímos do Egito. Os judeus acabavam de sair de dois séculos de escravidão e opressão. Eles ainda se sentiam desprotegidos e vulneráveis, ainda mais com aquele deserto gigantesco diante deles, cheio de perigos e incertezas. Como eles sobreviveriam sem comida e sem água? Como aguentariam os dias escaldantes e as noites congelantes do deserto? Como suportariam, com animais e crianças, uma caminhada tão longa? Foi então que todos os medos do povo judeu foram aliviados com o aparecimento das nuvens de D'us, que o envolveram e trouxeram um sentimento de amor e conexão com o Infinito. As nuvens os protegiam, por todos os lados, de todos os perigos.
E para relembrar a proteção das nuvens e sentir novamente esta conexão espiritual é que moramos por uma semana em Sucót, as cabanas provisórias. Esta é a essência da festa de Sucót: a Emuná (fé), sentir novamente a proximidade e o amor de D'us. Voltar a refletir sobre todas as bondades que Ele faz conosco, todas as Brachót que recebemos, como Ele nos salva nos momentos de dificuldade e aperto.
Emuná é uma das Mitzvót mais importantes da Torá. Por outro lado, ter uma Emuná verdadeira é algo muito difícil. Todas as vezes que D'us não nos manda o que estávamos esperando, como reagimos? Reclamamos ou entendemos que é parte de Sua sabedoria superior e que devemos aprender alguma lição? Quando não temos sucesso em algo pensamos que este era o decreto Celestial ou que deveríamos ter nos esforçado um pouco mais?
Por que é tão difícil ter Emuná completa? Pois vivemos em uma verdadeira corda bamba. Por um lado temos uma obrigação de nos esforçar e fazer a nossa parte para obter os resultados desejados. Alguns sábios dizem que se esforçar é inclusive uma Mitzvá. Por outro lado, como saber até onde o esforço é válido e quando ele passa a ser demasiado, resultando em uma falta de Emuná? Qual é o limite?
A resposta é que não existe uma medida padrão a ser seguida. O esforço que cada um precisa fazer deve ser de acordo com o seu nível de conexão espiritual, quanto a pessoa sente que D'us participa de sua vida. Mas há uma regra que pode nos ajudar a chegar ao nosso nível correto de Shtadlut (esforço). E esta é a conexão com o nosso patriarca Yaacov.
A Torá nos descreve Avraham como alguém que desenvolveu ao máximo o potencial de Chessed (bondade). Porém, mesmo a característica de Chessed precisa ser dosada, e como Avraham foi ao extremo, dele saiu um filho tzadik (justo), Yitzchak, e um filho rashá (malvado), Ishmael. Yitzchak desenvolveu ao máximo o potencial da justiça estrita. Mas também a característica de justiça estrita precisa ser dosada, e como Yitzchak foi ao extremo, dele saiu um filho tzadik, Yaacov, e um filho rashá, Essav. Yaacov desenvolveu o potencial do equilíbrio, saber dosar entre o Chessed e a Justiça estrita, em que momento utilizar cada um deles. Yaacov representa, portanto, a ponderação e o equilíbrio, e por isso dele saíram apenas filhos tzadikim.
Precisamos aplicar este conceito em nossas vidas. Por exemplo, se tudo o que recebemos de dinheiro no ano já foi decretado em Rosh Hashaná e selado em Yom Kipur, quanto precisamos trabalhar para garantir nosso sustento? A resposta é: equilíbrio. Precisamos ser bons profissionais, dedicar tempo e esforço para fazer as atividades diárias de uma maneira bem feita. Mas se a condição para ser um bom profissional é não sobrar tempo para acompanhar o jogo de futebol do filho no domingo, não ter forças para frequentar as rezas e o estudo de Torá diariamente na sinagoga ou sempre estar atrasado quando vai levar a esposa para jantar, este são sinais de que não se trata de um esforço construtivo e é, portanto, falta de Emuná. O esforço ideal pelo sustento, de acordo com o judaísmo, é aquele que nos permite cuidar também de todas as outras áreas importantes da vida, como família, saúde e espiritualidade.
Mas infelizmente temos a tendência de nos apoiar demais no mundo material, isto é, fazer muito mais esforços do que precisaríamos, causando problemas na nossa Emuná. Associamos nossa segurança às nossas sólidas paredes de casa. Associamos nossa felicidade unicamente aos bens materiais, principalmente aqueles que ainda não temos. Associamos o nosso sucesso profissional a abrir mão de qualquer outra área da vida. Por isso a festa de Sucót está associada com Yaacov e com a alegria. Quando abandonamos o conforto e a segurança de nossas casas, estamos dando um passo ativo para alcançar o equilíbrio e a harmonia. Pendemos momentaneamente para o lado do espiritual, da Emuná, do entendimento de que na verdade, apesar das máscaras que encobrem a verdade, tudo vem de D'us. Voltamos a perceber que para ser feliz precisamos de muito menos do que imaginamos.
Portanto, a alegria de Sucót não é uma alegria passageira. É uma alegria que, se alcançada de forma verdadeira, tem o potencial de iluminar nosso ano inteiro. A alegria de saber que não estamos sozinhos. A tranqüilidade de sentir que estamos dentro de um plano maior e que o que temos na vida é exatamente o que precisamos para dar a nossa contribuição verdadeira ao mundo.
CHAG SAMEACH e SHABAT SHALOM
R' Efraim Birbojm
http://ravefraim.blogspot.com/
Lv 22:26-23:44, (Maftír-Nm. 29:12-16), Zc 14:1-24, Ap. 7:1-10

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Os Cristãos esquecidos do Oriente

É difícil imaginar aonde os governos e as igrejas ocidentais pensam que vão chegar fazendo vista grossa à perseguição de cristãos no mundo islâmico.

Na noite de domingo (9/10/2011), cristãos coptas egípcios organizaram o que era para ser uma vigília pacífica em frente à sede da emissora de TV estatal no Cairo. Os mil manifestantes representavam a antiga comunidade cristã de cerca de 8 milhões de pessoas, cuja presença no Egito precede a dominação islâmica em várias séculos. Eles se reuniram no Cairo para protestar contra os recentes incêndios criminosos de duas igrejas por arruaceiros muçulmanos, e contra a rápida ascensão da violência (com apoio do governo) contra os cristãos por grupos muçulmanos desde a renúncia do ex-presidente egípcio Hosni Mubarak em fevereiro.
De acordo com fontes coptas, os manifestantes foram cercados por agressores islâmicos, que rapidamente ganharam suporte de forças militares. Entre 19 e 40 cristãos coptas foram mortos por soldados e atacantes muçulmanos. Foram atropelados por veículos militares, espancados, baleados e arrastados pelas ruas do Cairo.
A emissora estatal relatou apenas que três soldados haviam sido mortos. De acordo com a agência Ahram Online, os soldados atacaram os estúdios da emissora de TV al-Hurra na noite de domingo para bloquear a transmissão de informações sobre o ataque militar contra os cristãos coptas.
Ao que parece, a tentativa de controle de informações sobre o que aconteceu funcionou. As notícias na segunda-feira sobre a violência deram poucos sinais da identidade dos mortos ou feridos. É certo que não contaram a história do que realmente aconteceu domingo à noite no Cairo.
Em outro evento, o patriarca católico maronita do Líbano, Bechara Rai, gerou polêmica há duas semanas. Durante uma visita oficial a Paris, Rai alertou o presidente francês Niolas Sarkozy que a queda do regime de Assad na Síria seria um desastre para os cristãos da Síria e de regiões próximas. Hoje a oposição, que tem apoio do Ocidente, é dominada pela Irmandade Islâmica. Rai alertou que a derrubada do presidente Bashar Assad poderia levar a uma guerra civil e ao estabelecimento de um regime islâmico.
No Iraque, a insurgência patrocinada pelo Irã e pela Síria que se seguiu à derrubada pelos americanos do regime baathista de Saddam Hussein, em 2003, promoveu uma guerra sangrenta contra a população cristã do Iraque. Este mês marca o primeiro aniversário do massacre de 58 fiéis em uma igreja católica em Bagdá. Na década passada havia 800 mil cristãos no Iraque. Hoje, são apenas 150 mil.
Sob o xá do Irã, os cristãos eram mais ou menos livres para praticar sua religião.
Hoje os cristãos iranianos estão sujeitos a caprichos de soberanos muçulmanos, que não conhecem outra lei a não ser a da supremacia islâmica.
O suplício do pastor evangélico Yousef Nadarkhani é um exemplo. Ele foi preso há dois anos, julgado e condenado à morte por apostasia, por se recusar a renegar sua fé cristã. Não existe lei contra a apostasia no Irã, mas isso não importa. O aiatolá Khomeini era contra a apostasia. A lei islâmica também é.
Depois que a história de Nadarkhani foi publicada no Ocidente, os iranianos mudaram de plano.
Agora eles teriam abandonado a acusação de apostasia e sentenciado o pastor à morte por estupro. O fato dele nunca ter sido acusado ou condenado por estupro não tem importância.
Cristãos palestinos, igualmente, têm sofrido sob os líderes eleitos pela população.
Quando a Autoridade Palestina foi estabelecida em 1994, os cristãos eram 80% da população de Belém. Hoje correspondem a menos de 20%.
Desde que o Hamas “libertou” Gaza em 2007, a antiga minoria cristã da região tem sofrido ataques constantes. Com apenas 3 mil membros, a comunidade cristã de Gaza teve igrejas, conventos, livrarias e bibliotecas incendiadas por integrantes do Hamas e seus aliados. Seus membros foram atacados e mortos. Apesar de o Hamas ter prometido a proteção dos cristãos da cidade, ninguém foi preso por violência anticristã.
Da mesma forma que os judeus no mundo islâmico foram expulsos das suas antigas comunidades por governantes árabes com a criação do Estado de Israel em 1948, os cristãos também foram perseguidos e expulsos de suas casas. Regimes populistas islâmicos e árabes usam o supremacismo da religião islâmica e o chauvinismo racial árabe contra cristãos como gritos de guerra para insuflar as multidões para seus propósitos. Esses apelos, por sua vez, levaram à dizimação das populações cristãs no mundo árabe e islâmico.
Por exemplo, quando o Líbano obteve sua independência da França em 1946, a maioria dos libaneses era cristã. Hoje os cristãos são menos de 30% da população. Na Turquia, a população cristã foi reduzida de 2 milhões no fim da Primeira Guerra Mundial para menos de 100 mil hoje. Na Síria, na época da independência, os cristãos representavam quase metade da população. Hoje 4% dos sírios são cristãos. Na Jordânia, há meio século, 18% da população era cristã. Hoje apenas 2% dos jordanianos são cristãos.
Os cristãos são proibidos de praticar sua religião na Arábia Saudita. No Paquistão, a população cristã está sendo sistematicamente destruída por grupos islâmicos apoiados pelo regime. Incêndios de igrejas, conversões forçadas, estupros, assassinatos, seqüestros e perseguição legal de cristãos paquistaneses se tornaram ocorrências diárias.
Infelizmente, para os cristãos do mundo islâmico, sua causa não está sendo defendida por governos ou igrejas do Ocidente. A França, em vez de impor como condição para seu apoio à oposição síria o compromisso com a liberdade religiosa para todos por parte dos seus líderes, através de seu Ministério das Relações Exteriores reagiu com irritação às advertências de Rai sobre o que provavelmente acontecerá aos cristãos sírios, caso o presidente Bashar Assad e seu regime sejam derrubados. O Ministério das Relações Exteriores da França publicou uma declaração afirmando que estava “surpreso e desapontado” com as declarações de Rai.
O governo de Obama foi menos solidário ainda. Rai está viajando pelos EUA e pela América Latina em uma visita de três semanas a comunidades de imigrantes maronitas. A existência dessas comunidades é conseqüência direta da perseguição árabe e islâmica aos cristãos maronitas do Líbano.
A ida de Rai aos Estados Unidos deveria começar com uma visita a Washington e um encontro com altos funcionários do governo americano, incluindo o presidente Barack Obama. No entanto, após as declarações de Rai em Paris, o governo americano cancelou todas as reuniões marcadas com ele. Ou seja, em vez de considerar os perigos sobre os quais Rai alertou e usar a influência americana para aumentar o poder dos cristãos, curdos e outras minorias em qualquer governo sírio pós-Assad, o governo Obama decidiu boicotá-lo por chamar atenção para o perigo.
Com exceção dos evangélicos, a maioria das igrejas ocidentais está igualmente desinteressada em defender os direitos de co-religiosos no mundo islâmico. A maioria das principais denominações protestantes, da Igreja Anglicana e seus vários ramos dentro e fora dos EUA à Metodista, Batista, Menonita e outras, não fez esforço algum para proteger ou defender os direitos dos cristãos no mundo islâmico.
Em vez disso, na última década, essas igrejas e seus ramos internacionais buscaram repetidas vezes atacar o único país do Oriente Médio em que a população cristã aumentou nos últimos 60 anos: Israel.
Quanto ao Vaticano, nos cinco anos desde que o papa Bento XVI, no seu discurso em Regensburg, lançou um desafio aos muçulmanos para que agissem com bom senso e tolerância ao lidar com outras religiões, abandonou a posição anteriormente adotada. Um diálogo entre iguais se tornou uma súplica ao islã em nome de uma compreensão ecumênica. No ano passado o papa organizou um sínodo sobre os cristãos do Oriente Médio que não mencionou a perseguição anticristã por forças e regimes islâmicos e populistas. Israel, por outro lado, foi o principal alvo de críticas.
A diplomacia do Vaticano se estendeu até o Irã, para onde enviou um representante para participar de uma falsa conferência antiterrorista de Mahmoud Ahmadinejad. Conforme relatou Giulio Meotti para a agência israelense Ynet, enquanto todos os embaixadores da União Européia saíam no meio do discurso de negação do Holocausto de Ahmadinejad na segunda conferência das Nações Unidas em Durban, o embaixador do Vaticano ficou sentado. O Vaticano abraçou líderes da Irmandade Islâmica na Europa e no Oriente Médio.
É difícil imaginar aonde os governos e as igrejas ocidentais pensam que vão chegar fazendo vista grossa à perseguição e dizimação de comunidades cristãs no mundo islâmico. Como mostram os acontecimentos do domingo passado no Egito e os ataques diários de muçulmanos contra cristãos na região, as atitudes do Ocidente não estão aplacando ninguém. Mas fica bastante claro que ele irá colher o que plantou.

(Caroline Glick - www.carolineglick.com – tradução: Luis Gustavo Gentil –
extraído de: www.juliosevero.com – http://www.beth-shalom.com.br)

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Que país é esse?


Legião Urbana

Nas favelas, no Senado
Sujeira pra todo lado
Ninguém respeita a Constituição
Mas todos acreditam no futuro da nação
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
No Amazonas, no Araguaia iá, iá,
Na baixada fluminense
Mato grosso, Minas Gerais e no
Nordeste tudo em paz
Na morte o meu descanso, mas o
Sangue anda solto
Manchando os papeis e documentos fieis
Ao descanso do patrão
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
Terceiro mundo, se foi
Piada no exterior
Mas o Brasil vai fica rico
Vamos faturar um milhão
Quando vendermos todas as almas
Dos nossos indios num leilão
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?

Quinze anos sem Renato Russo. O que ele diria se estivesse vivo hoje? Com sua sagacidade, ele provavelmente seria uma voz a delatar toda a nossa indignação com este governo corrupto.
Tantos absurdos acontecendo... Precisamos erguer a voz e gritar: Este país somos nós. O Brasil em sua coletividade é o retrato de cada um de nós. É assim que queremos ser lembrados no futuro? É este o legado que deixaremos para nossos filhos e netos? 
Devemos retomar o controle e não permitir incompetência e falcatruas. Abaixo a corrupção e qualquer forma de governo que permita que ela ocorra impunimente, como acontece hoje.

domingo, 9 de outubro de 2011

Disparate antropológico

O GloboImaginem a seguinte situação. Em uma cidade qualquer de nosso país, há um terreiro de umbanda, em que a mãe de santo é branca, assim como vários membros desse culto religioso. Seguem certos ritos que os irmana em uma mesma crença, herdada de antepassados negros. Vivem entre outras casas, em harmoniosa relação de vizinhança. Nada nesta descrição é inusitado, considerando o algo grau de interação racial e cultural de nosso país.
Se perguntássemos a qualquer pessoa que congregação é essa, a resposta seria simples. Trata-se de um culto, herdeiro de uma tradição cultural africana, que abriga pessoas das mais distintas procedências raciais, sociais e sexuais. A ninguém ocorreria, porém, dizer que se trata de um "quilombo". Seria disparatado.
No entanto, é o que está acontecendo no país. Já não se trata de uma descrição da realidade, mas de uma construção fictícia fruto do que certos antropólogos e a Fundação Cultural Palmares, vinculada ao Ministério da Cultura, encarregada da certificação de quilombos, consideram como "ressemantização".
Segundo essa nova doutrina, de forte conotação ideológica, quilombo, e por extensão quilombola, veio a significar uma comunidade de tipo cultural, mais precisamente dita etnográfica. O que passa a contar é a identidade cultural em questão, relegando, mesmo, a uma posição secundária a identidade propriamente racial.
Quilombo passa a ser uma comunidade cultural que tem práticas que se exerceriam em um determinado território, que deveria, ainda segundo essa doutrina, possuir uma ampla área em que suas práticas culturais poderiam ser reproduzidas. Quilombo passa a ser um terreiro de umbanda, uma escola de candomblé, uma reunião de famílias negras em um território qualquer.
Quilombo não é mais um lugarejo distante dos centros urbanos, fortificado, que servia de lugar de vida para escravos fugidios e, inclusive, indígenas. A ficção tomou o lugar da realidade. O que a Constituição de 1988 considerou quilombo cessa de ter validade, segundo uma "interpretação" do texto constitucional que subverte completamente o significado das palavras.
Imaginem, agora, tal exemplo ampliado para todo o país, tanto em zona urbana como rural. O que era uma propriedade, o exercício do direito de uma família com títulos de propriedade de décadas, desaparece porque um grupo de pessoas resolve se autointitular quilombola, faz um processo verbal na Fundação Cultural Palmares e um grupo de antropólogos referenda essa demanda. A insegurança jurídica se torna geral.
O texto constitucional é subvertido graças à colaboração de antropólogos, promotores e funcionários da Fundação Cultural Palmares que aderiram a uma nova ideologia. Colocaram-se na função de novos constituintes e passaram a ditar uma nova política que torna a letra e o espírito da lei algo que pode ser simplesmente desconsiderado.
Qualquer coisa pode caber nessa palavra: quilombola. Como foi bem dito na coluna de Opinião desse importante jornal, em 12/09: "Caberá à Corte, blindada contra a ação de grupos de pressão e ao largo de interesses ideológicos, analisar o tema e dar-lhe o mais acertado encaminhamento."

Kátia Abreu é senadora (PSD-GO) e presidente da Confederação Nacional da Agricultura

Dá-lhe, Aldo Rebelo: “Diga a seu professor que, na beira do rio, além de sapos, cobras e rãs, há famílias”

Dá-lhe, Aldo Rebelo: “Diga a seu professor que, na beira do rio, além de sapos, cobras e rãs, há famílias”

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

DEVEMOS PARAR DE PROCURAR DESCULPAS – YOM KIPUR 5772

"Há alguns anos eu (R' Efraim) morei em Israel e lá conheci muitas pessoas interessantes, entre elas um brasileiro não observante. O encontro foi durante um jantar de Sucót, pois ele havia sido convidado para jantar na mesma família que eu. Este brasileiro tinha um filho de nove anos de idade, e percebi que o garoto estava muito quieto e tímido. Resolvi puxar conversa e perguntei ao garoto se ele sabia o motivo de estarmos jantando dentro de uma Sucá. O garoto ficou mudo e assustado, como se a pergunta tivesse sido muito difícil.
O pai do garoto, um pouco envergonhado, explicou que infelizmente em alguns lugares não religiosos de Israel a educação judaica era um pouco fraca. Para exemplificar ele contou que antes de Rosh Hashaná o filho chegou da escola com alguns desenhos sobre as festas do mês de Tishrei. Havia um Shofar, os Arba Minim (4 espécies de Sucót), a Sucá e uma bicicleta. O pai ficou surpreso. Entendia o significado do Shofar, da Sucá e dos Arba Minim, mas a bicicleta representava que festa? O filho respondeu:
- Ué, pai. É o símbolo de Yom Kipur, o "Dia da bicicleta".
Como o garoto chegou a esta conclusão? Por respeito ao dia de Yom Kipur, as pessoas em Israel não utilizam seus carros. Como as estradas ficam completamente vazias, as famílias se vestem de branco, montam em suas bicicletas e saem para pedalar nas estradas e avenidas de Israel. Infelizmente Yom Kipur é o "Dia da bicicleta" para muitos judeus que moram em Israel (História Real)"
Yom Kipur é muito sagrado, mas nós não sentimos mais isso. Lentamente perdemos nossa sensibilidade e percepção espiritual. Nossos E-mails ficam abarrotados de convites para baladas "Open Bar" de Yom Kipur, mas não recebemos nenhum E-mail mobilizando os jovens da comunidade a participar das rezas e da santidade do dia de Yom Kipur. As "Baladas de Yom Kipur" estão cada vez mais cheias e sofisticadas, nos endereços mais chiques da cidade, enquanto as sinagogas estão cada vez mais vazias, mesmo nas Grandes Festas. Da mesma forma que em Israel Yom Kipur se transformou no "Dia da bicicleta", no Brasil o Yom Kipur está se transformando no "Dia da balada". Está em nossas mãos o futuro do judaísmo.
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O próximo Shabat coincide com a festa de Yom Kipur, um dos momentos mais sagrados do ano. É o "Dia do Perdão", no qual podemos, através do arrependimento sincero, da decisão de não voltar a cometer os mesmos erros e da confissão das nossas transgressões, meritar que D'us nos perdoe pelos nossos pecados e nos dê a chance de começar o ano novo limpos como uma folha em branco. Apesar de ser possível se arrepender durante todo o ano, no dia de Yom Kipur os portões da Tefilá (reza) estão todos abertos e D'us fica esperando, como um Pai, o arrependimento dos Seus filhos.
Em Yom Kipur, além das Tefilót, há duas leituras da Torá: a primeira na reza de Shacharit (manhã) e a segunda na reza de Minchá (tarde). Após as leituras da Torá são lidas as Haftarót, trechos do "Nach" (Profetas e Escrituras). Em Minchá de Yom Kipur a Haftará é o "Sefer Yoná", livro que conta a história do profeta Yoná. Qual a conexão entre o Sefer Yoná e Yom Kipur?
Para responder esta pergunta precisamos entender exatamente o que o Sefer Yoná nos ensina. O livro descreve a história de Yoná, um homem sagrado que chegou ao nível de profecia e recebeu de D'us a missão de ir advertir os cidadãos de Níneve, uma gigantesca cidade de idólatras que havia passado dos limites da imoralidade e corrupção. Yoná deveria anunciar à população de Níneve que, por causa de suas graves transgressões, a cidade seria completamente destruída por D'us. Mas Yoná não quis cumprir a ordem de D'us e tentou fugir em um barco, viajando na direção oposta a Níneve. D'us então mandou uma forte tempestade e, após ser revelado aos marinheiros do barco de Yoná que ele era espiritualmente o culpado pelo iminente naufrágio, ele foi atirado ao mar e engolido por um grande peixe. Yoná rezou, implorando pela misericórdia de D'us e foi escutado. O peixe cuspiu-o em terra firme e ele recebeu uma nova chance de cumprir sua missão. E desta vez ele não decepcionou, foi até a cidade de Nínive e advertiu de forma dura seus cidadãos. O povo, em um arrependimento sincero, jejuou e vestiu-se com sacos, em sinal de luto e tristeza pelo mau decreto. D'us teve misericórdia e perdoou o povo de Nínive, cancelando o decreto de destruição.
À primeira vista parece óbvia a conexão do Sefer Yoná comYom Kipur. O livro nos ensina até onde chega a misericórdia de D'us, que aceita um arrependimento sincero e cancela até mesmo os maus decretos de uma nação inteira de idólatras imorais. Mas será que não há nenhum nível mais profundo de conexão entre o Sefer Yoná e Yom Kipur? Na verdade precisamos nos aprofundar na própria história do profeta Yoná, pois ela desperta muitos questionamentos. Se Yoná era um homem tão sagrado e elevado, por que ele não quis cumprir uma simples ordem de D'us, de advertir os moradores de Nínive que haviam se pervertido? Além disso, o profeta achou que poderia fugir de D'us entrando em um barco? Ele não sabia que D'us tem controle sobre todo o universo e não há como escapar do Seu julgamento?
Explicam os nossos sábios que Yoná se sentiu profundamente incomodado com a missão que recebeu de D'us. Em sua época os judeus também haviam se desviado dos caminhos corretos e não escutavam as insistentes advertências dos profetas. Yoná amava tanto o povo judeu que teve medo de cumprir sua missão. Ele sabia que se o povo de Nínive escutasse suas palavras e se arrependesse dos seus maus atos, isto poderia causar um castigo ainda maior ao povo judeu, que era repreendido mas não se arrependia. Por isso ele tentou fugir.
Porém ainda fica uma dúvida. Yoná achou que fugindo de barco iria frustrar os planos do Criador do universo? Certamente que não. Yoná sabia que muitos são os mensageiros de D'us para cumprir Sua vontade, isto é, Ele tem o mundo inteiro sob Seu controle. Yoná sabia que a vontade de D'us se cumpriria de qualquer maneira, mas achou que, ao fugir de barco, faria com que D'us escolhesse outra pessoa para ir a Nínive. Ele sabia que sofreria por sua desobediência, mas preferia o castigo que receberia a ser o causador de sofrimentos ao povo judeu.
Mas ao contrário do que imaginava Yoná, D'us não escolheu outro mensageiro. Manipulando as forças da natureza, Ele forçou Yoná a cumprir sua missão. Por que D'us não quis utilizar outro mensageiro para cumprir Sua vontade? Por que Ele insistiu que Yoná pessoalmente cumprisse a missão? Pois D'us queria ensinar para Yoná e para nós uma valiosa lição: nós não temos o direito de fazer cálculos se vamos cumprir ou não o que D'us nos comandou. Não há nenhum motivo, por mais lógico que pareça, que nos isente de nossas obrigações. Se D'us sabia do amor de Yoná pelo povo judeu, e também sabia das implicações negativas ao povo judeu de um possível arrependimento das pessoas de Nínive, e mesmo assim ordenou que Yoná fosse cumprir sua missão, é porque existia uma sabedoria superior, que estava acima do entendimento de Yoná. D'us quis ensinar que Yoná deveria ter cumprido sua missão sem questionamentos, sem cálculos, sem procurar desculpas.
E esta é a mensagem que conecta o Sefer Yoná com o dia sagrado de Yom Kipur. Por que cometemos tantos erros durante o ano? Pois às vezes quebramos as regras para que elas se adequem às nossas conveniências. Procuramos um meio termo entre nossos desejos e as regras do Criador. Racionalizamos nossos atos para, como Yoná, fugir da nossa própria consciência. Mas devemos aprender de Yoná as consequências negativas de nos acharmos no direito de "escolher" o que queremos e o que não queremos cumprir dentre os decretos de D'us. Por isso, o principal arrependimento de Yom Kipur é assumir os nossos erros que, durante o ano inteiro, encobrimos com desculpas e justificativas infundadas.
Seguir regras nem sempre é o que gostamos de fazer. A curto prazo realmente pode parecer difícil, pois muitas vezes vai contra o que desejamos. Mas a longo prazo é o único caminho que nos leva à tranqüilidade e ao preenchimento espiritual, o verdadeiro prazer da vida.
SHABAT SHALOM, GMAR CHATIMÁ TOVÁ e TZOM KAL (que seja um jejum leve)
R' Efraim Birbojm
http://ravefraim.blogspot.com/
Lv 16:1-34, (Maftír -Nm. 29:7-11), Is. 57:14-58:14, 2 Co. 5:10-21

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Agricultura sustentável requer uso de tecnologia

Diario de Cuiaba

Da Redação

Modelo exigido ainda não está em harmonia com as condições atuais
Para o Brasil alcançar os altos índices da produção agropecuária que possui atualmente e atender à crescente demanda mundial por alimentos, aumentou os investimentos na aquisição de insumos, principalmente os defensivos agrícolas – sem os quais não seria possível produzir em grande escala. O uso deste insumo e suas implicações, assim como a importância do agronegócio mato-grossense para o Brasil e o mundo, foram os temas centrais discutidos ontem (4) durante o workshop sobre agricultura sustentável “Mato Grosso - Fatos e Mitos”, promovido pelo Sistema Famato com o apoio da Andef, Cearpa, Aprosoja e Crea-MT.
“Se existe um modelo de agropecuária sustentável, esse modelo é baseado na agricultura de Mato Grosso. Os defensivos agrícolas são como os remédios que devem ser usados na dose certa e com o acompanhamento de um médico, que na agropecuária é o engenheiro agrônomo”, comparou o diretor executivo do Sistema Famato, Seneri Paludo, lembrando que o Estado possui 38% de área produtiva e 62% de área preservada.
O superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Otávio Celidonio, destacou que apesar de representar um volume importante nos custos de produção, a participação dos defensivos tem caído, principalmente em comparação ao valor das sementes. Segundo levantamento do Imea, a participação dos defensivos no custo total da produção agrícola do Estado reduziu de 20%, da safra 1998/1999, para 15% na safra 2010/2011, enquanto a participação das sementes no mesmo intervalo aumentou de 6% para 7%. Atualmente, Mato Grosso ocupa a 7ª colocação no ranking nacional do consumo de defensivos por quilômetro quadrado.
No Brasil, o uso de defensivos nas lavouras é crescente. Em 2010, o país adquiriu US$ 6,9 bilhões do insumo e a projeção esperada para este ano, segundo a empresa de consultoria alemã Kleffmann Group, é de que sejam consumidos US$ 7,2 bilhões. Conforme o gerente de mercado da empresa, Renato de Oliveira, parte deste crescimento projetado se deve à elevação de preço desses produtos e não necessariamente ao aumento do volume utilizado.
O diretor executivo da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef), Eduardo Daher, que proferiu a palestra “Brasil, um país bipolar? Competitividade Versus Entraves ao Agronegócio”, mostrou o contraste que existe entre a competitividade e os empecilhos da agropecuária brasileira.
Nas exportações do agronegócio, por exemplo, Daher informou que o Brasil negocia com 215 países e que há um bom tempo deixou de ser dependente dos Estados Unidos e do bloco europeu. Com a busca de novos mercados, as exportações cresceram de US$ 20,5 bilhões, em 1999, para US$ 64,8 bilhões, em 2009.
Apesar deste resultado, Daher salientou a deficiência do setor na estocagem de grãos dentro das propriedades nacionais, que possuem apenas 14% do total de armazéns próprios. Enquanto isso, os EUA contam 50%, a Argentina 40% e o Canadá com 85% do total de armazéns próprios instalados nas propriedades. Para o executivo, é preciso haver uniformidade para o país cumprir as metas estabelecidas pelo governo de auxiliar no combate à fome mundial. Até 2022, o objetivo é dobrar a produção, a produtividade e as exportações agropecuárias, além de triplicar os investimentos em pesquisas no campo.
“Tudo isso com a pressão na utilização dos defensivos agrícolas. Por isso, digo que o Brasil é um país bipolar. Vemos que há um contraponto no conceito de crescimento da economia nacional. Enquanto a agência que cuida da área sanitária do país critica nosso modelo de produção agrícola, ao mesmo tempo a presidente Dilma Rousseff está em Bruxelas firmando um acordo entre o Mercosul e a Comunidade Europeia para abastecer alimentos ao planeta. Ou todos nós colaboramos para o Brasil ser realmente o seleiro do mundo, ou optamos por uma agricultura domiciliar sem adoção de tecnologias”.