domingo, 31 de julho de 2011

Férias... que férias que nada!

Começou, acabou e eu nem percebi...
Livros que não li, faxina no guarda-roupa que não fiz...
Tudo bem que só foram quinze dias.
Mas a gente espera, faz planos. Pega livros na biblioteca, filmes na locadora (que no meu caso é na casa da minha irmã que tem mania de comprar dvd's, para minha sorte e economia!)
Estou lendo "Melhores Contos de Machado de Assis", autor que gosto muito. Ainda estou na metade. E ainda tenho 2 livros na fila. Ai que saudade da época  em que eu lia um livro por semana...
E o resto? Bem, continuei acordando no mesmo horário e por algum motivo desconhecido consegui preencher meu tempo de trabalho na escola e de estudo da pós-graduação fazendo qualquer outra coisa tão irrelevante que nem lembro.
Ah, tá... Fiz um mini curso rápido de 10 horas de Inglês. Isto foi bom. Melhorei meu currículo, me diverti e ainda levei minha mãe para aprender junto! Espero poder colher os frutos deste esforço.
Aqui no sítio só é difícil manter os móveis limpos, pois já faz tanto tempo que não chove... É trabalhoso aguar a horta que a cada dia está mais bonita e variada em legumes e verduras. De resto fica tudo sequinho, meio pálido.
Lindo mesmo é céu num tom de azul maravilhoso. E o por-do-sol? Só não é mais perfeito que as estrelas nesta imensidão azul marinho nas nossas noites geladinhas e ternas.
Amanhã continuará a batalha. Se tudo der certo e o Senhor permitir terça iremos em Belo Horizonte. Já que não viajei nas férias, falto ao trabalho e depois eu reponho... Compromissos importantes sempre se sobrepõem! Que seja!
No final o saldo não fica assim tão ruim. Então, deixe eu voltar para o meu Machado de Assis...

sexta-feira, 29 de julho de 2011

PREOCUPAÇÃO COM OS OUTROS - PARASHÁ MASSEI 5771

"Era dezembro de 1994. O vôo entre Tel Aviv e Nova York começou normalmente, com a decolagem pontualmente às 04h30 e previsão de uma rápida parada de reabastecimento em Bruxelas, na Bélgica. Após o reabastecimento, que ocorreu às 09h00, o capitão anunciou que uma série de problemas mecânicos causaria um atraso no vôo. Mas até as 14h00 os problemas mecânicos do avião ainda não haviam sido resolvidos e os cerca de 500 passageiros, cansados, ​​foram levados de ônibus para um hotel local. Desde a madrugada até o meio da tarde a companhia aérea tinha apenas servido bebidas e salgadinhos. Embora a companhia aérea tivesse distribuído um vale-refeição para ser utilizado no restaurante do hotel, isto não ajudava a maioria dos passageiros, que precisavam de comida Kasher.
As notícias desse atraso interminável chegaram até a Antuérpia, onde ficava a maior comunidade judaica da Bélgica, situada a 45 minutos de Bruxelas. A comunidade judaica da Antuérpia rapidamente organizou uma impressionante variedade de refeições Kasher, e tudo foi entregue no hotel de Bruxelas, onde mais de 400 judeus, homens, mulheres e crianças famintos, ansiosamente se perguntavam quando eles conseguiriam ter uma refeição Kasher.
O detalhe é que a quantidade de alimento enviada foi tão grande que alimentou os passageiros em um farto jantar, sobrou ainda para o café da manhã do dia seguinte e para o almoço durante o vôo, após finalmente o avião ter conseguido decolar com um atraso total de 27 horas" (História Real)
É isso o que a Torá exige de nós: que nos preocupemos com o sofrimento e a necessidade do próximo a ponto de, mesmo sem que os necessitados peçam ajuda, estejamos lá para ajudar"
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 Nesta semana terminamos o quarto livro da Torá, Bamidbar. E a Parashá desta semana, Massei, nos ensina, entre outros assuntos, sobre a pena recebida por uma pessoa que matou não intencionalmente outro ser humano. Mas o que mais impressiona é perceber que, apesar da Torá ressaltar diversas vezes que a pessoa não teve nenhuma intenção de matar, mesmo assim ela é chamada de "assassino". Além disso, a Torá descreve que esta pessoa recebia uma pena extremamente dura. Ela tinha que abandonar sua família, seus amigos e a cidade onde morava para se exilar em uma das cidades de refúgio, construídas justamente para abrigar assassinos que matavam sem intenção. Por quanto tempo durava este exílio? Ninguém sabia. A pessoa ficava na cidade de refúgio até a morte do Cohen Gadol (Sumo Sacerdote), isto é, era um exílio por tempo indeterminado. Poderia ser 1 mês, 1 ano ou 40 anos. Porém, se a pessoa não teve nenhuma intenção de matar, foi tudo uma grande fatalidade, por que a Torá aplica uma pena tão dura?
 mesma pergunta também fazemos em Yom Kipur. Durante o "Vidui", a confissão dos nossos pecados, pedimos perdão para D'us "pelos pecados que pecamos diante de Ti intencionalmente e não intencionalmente". Entendemos a necessidade de pedir perdão por um pecado intencional, mas por que pedir perdão por um ato não intencional? E se foi não intencional, por que mesmo assim é chamado de "pecado"?
Além disso, refletindo um pouco sobre a punição daqueles que cometeram um assassinato não intencional, surge uma grande pergunta. Quando uma pessoa era enviada para a cidade de refúgio, seu maior desejo era poder sair de lá, mas isto só aconteceria apenas após a morte do Cohen Gadol. Portanto, mesmo que de forma não intencional, todos os que estavam na cidade de refúgio desejavam a morte do Cohen Gadol e, quando rezavam para sair logo dali, estavam incluindo indiretamente em suas rezas um pedido pela morte rápida do Cohen Gadol. Esta reza tinha tanta força que o Talmud conta que a mãe do Cohen Gadol levava comida e roupas para os moradores das cidades de refúgio para convencê-los a não rezar pela morte do filho. Mas por que o Cohen Gadol merecia isto? Ele estava sendo castigado por algum tipo de erro?
Explica o Rav Meir Rubman um fundamento espiritual muito importante, que nos ajuda a enxergar acontecimentos do cotidiano com outros olhos. Nos ensina Shlomo Hamelech (Rei Salomão): "Mesmo sem intenção, a alma não é boa" (Mishlei 19:2). O que este versículo quer dizer? Que quando um ser humano comete um mau ato, mesmo sem intenção nenhuma, isto é um sinal que há algo de errado em sua alma. Pois os maus atos não intencionais são consequência da falta de cuidado e da falta de sensibilidade com a dor e com as perdas do próximo. Se a pessoa tivesse tido um pouco mais de cuidado e preocupação com o próximo, certamente o acidente não intencional não teria ocorrido.
Tudo o que ocorre, tanto nos mundos espirituais quanto no mundo material, está sob controle total do Criador do universo. Nada ocorre sem a Sua permissão. D'us cumpre Sua vontade utilizando o nosso próprio livre arbítrio. Ele utiliza pessoas com méritos espirituais como intermediários para mandar coisas boas aos outros e pessoas com problemas espirituais como intermediários para aplicar decretos ruins. Portanto, a pessoa que morreu já tinha um decreto espiritual de morte, mas D'us utilizou o assassino, que não se preocupava com o próximo como deveria, como um intermediário para aplicar esta pena de morte através de um assassinato não intencional. Portanto, alguém que fez mal ao outro de maneira não intencional precisa se questionar e refletir, para procurar alguma falha em sua alma e tentar corrigir. É por isso que pedimos perdão em Yom Kipur também pelas transgressões não intencionais, pois se tivéssemos sido mais cuidadosos, se tivéssemos pensado mais nos outros, teríamos evitado muitos danos e sofrimentos, e D'us não nos teria utilizado como instrumento para causar coisas desagradáveis aos outros.
Explica ainda o Rav Rubman que isto vale para pessoas normais, isto é, de nível espiritual mediano. Mas para pessoas de nível espiritual mais elevado, com um potencial maior, a cobrança é muito mais rigorosa. Para eles, mesmo os atos não intencionais são considerados como intencionais. Mesmo se eles não fizeram nada errado, apenas deixaram de fazer algo que poderiam pelo povo judeu, como rezar para que nada de mal acontecesse, eles são cobrados por isso. O Cohen Gadol era uma pessoa de nível muito elevado, com um contato especial com D'us, diferente de todo o povo. Se durante os anos em que ele exerceu o sacerdócio ocorreram assassinatos não intencionais dentro do povo judeu, isto era um sinal de que ele não havia rezado pelo bem do povo com a intenção e a força que poderia e deveria ter feito. Por isto era castigado desta maneira tão severa.
O que aprendemos deste fundamento espiritual para nossas vidas cotidianas? Muitas vezes causamos, sem nenhuma intenção, sofrimentos e danos aos outros. Tentamos justificar nossos erros com os argumentos de "Não sabia", "Não escutei" ou "Não prestei atenção". Porém, isto na verdade não são justificativas para nossos erros, são na verdade grandes questionamentos: "Por que não sabíamos?", "Por que não escutamos?", "Por que não prestamos atenção?". Se realmente nos preocupássemos com o próximo como deveríamos, poderíamos ter evitado o dano e o sofrimento causado.
Recentemente um motorista de um Porshe, dirigindo a uma velocidade de 150 km/h pelas ruas da cidade, atingiu outro veículo em um cruzamento. A motorista do outro veículo, uma advogada de 28 anos, morreu na hora. Nas entrevistas, o motorista alegou que não era um criminoso, como vinha sendo tratado pela mídia. Mas segundo o judaísmo isto não é verdade. Alguém que dirige desta maneira, alcoolizado e em velocidade irresponsável, é sim um criminoso. O crime praticado é chamado pela Torá de assassinato e o autor é um assassino que menospreza o valor da vida alheia.
A Torá nos ensina que a solução está no cumprimento rigoroso de uma importante Mitzvá: "Ame ao próximo como a ti mesmo". Da mesma forma que nos esforçamos para evitar qualquer tipo de sofrimento ou dano a nós mesmos, assim temos que nos esforçar, no mesmo nível, para evitar danos aos outros. A forma de nos preocuparmos mais com os outros é nos dedicando mais ao Chessed (bondade), pensando mais no próximo e menos em nós mesmos, investindo tempo para encontrar formas de ajudar a quem necessita. Fazendo Chessed de maneira constante, vamos desenvolvendo uma sensibilidade cada vez maior, percebendo o que as pessoas realmente precisam. Podem ser bens materiais, mas muitas vezes pode ser apenas um abraço, um sorriso ou um momento de atenção. Assim ajudaremos aos outros e a nós mesmos, pois D'us nos utilizará apenas como instrumento para levar o bem às pessoas, diminuindo o nosso sofrimento e também o dos outros.
SHABAT SHALOM
Rav Efraim Birbojm
http://ravefraim.blogspot.com/
Nm. 33:1-36:13, Je 2:4 – 28, 3:4, 4:1-2, Tg. 4:1-12

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Quem aí lê norueguês?

Olavo de Carvalho

Que a imprensa norueguesa, em contraste, informasse ser Breivik um membro do Partido Nazista, não mudou em nada a firme decisão geral de pintar o criminoso como um cristão sionista. Afinal, quem lê norueguês?

A mídia iluminada está em festa: no meio de milhares de atentados mortíferos praticados por gente de esquerda, conseguiu descobrir o total de um (1, hum) terrorista ao qual pode dar, sem muita inexatidão aparente, o qualificativo de "extremista de direita".
O entusiasmo com que alardeia a presumida identidade ideológica do norueguês Anders Behring Breivik contrasta da maneira mais flagrante com a discrição cuidadosa com que o qualificativo de "extremista de esquerda" é evitado em praticamente todos os demais casos.
Mais recentemente, até a palavra "terrorista" vinha sendo banida nos chamados "grandes jornais" do Ocidente, acusada do pecado de hate speech, até que o advento de Breivik lhe deu a chance de um reingresso oportuno e - previsivelmente - momentâneo.
Antes disso, tamanho era o desespero da esquerda mundial ante a escassez de terroristas no campo adversário, que não lhe restava senão inventar alguns, como o recém-libertado Alejandro Peña Esclusa, que nunca matou um mosquito, ou espremer até doses subatômicas o limão do "neonazismo" - ocultando, é claro, o detalhe de que os movimentos dessa natureza surgiram como puras operações de despistamento criadas pela KGB (prometo voltar a escrever sobre isso).
Breivik saciou uma sede de décadas, fornecendo aos controladores da informação universal o pretexto para dar um arremedo de credibilidade ao slogan matematicamente insustentável de que a truculência homicida é coisa da direita, não da esquerda.
Aos que sejam demasiado tímidos para fazer coro com a difamação explícita, os atentados de Oslo fornecem a ocasião para que essas sublimes criaturas exibam mais uma vez sua neutralidade superior, alegando que "toda violência é igualmente condenável", que "todos os extremismos são igualmente ruins" e estabelecendo assim, para alívio e gáudio dos campeões absolutos de violência assassina e definitiva humilhação da aritmética elementar, a equivalência quantitativa entre um e mil, um e dez mil, um e cem mil. Isso já se tornou quase obrigatório entre as pessoas elegantes.
Se quando terroristas são de esquerda qualquer menção a seus motivos ideológicos é suprimida, camuflada sob diferentes denominações ou até invertida, mediante insinuações de direitismo - cujo desmascaramento posterior não obtém jamais a menor repercussão na mídia), no caso de Breivik os profissionais da farsa não se contentaram com a mera rotulação: forneceram, do dia para a noite, um perfil ideológico completo, detalhado, definindo o sujeito como uma espécie de Jerry Falwell ou Pat Robertson, e aproveitando a ocasião, é claro, para sugerir que as ideias do Tea Party, desde o outro lado do oceano, haviam movido a mão do assassino.
Que a imprensa norueguesa, em contraste, informasse ser Breivik um membro do Partido Nazista, não mudou em nada a firme decisão geral de pintar o criminoso como um cristão sionista. Afinal, quem lê norueguês?
Meu amigo Don Hank, do site Laigles Fórum, lê, como lê também não sei quantas outras línguas - e me repassa notícias de primeira mão que o resto da humanidade desconhece.
Não deixar-se enganar, nos dias que correm, exige cada vez mais recursos de erudição inacessíveis à massa dos leitores. A elite farsante não se incomoda de que dois ou três estudiosos conheçam a verdade e a proclamem com vozes inaudíveis: ela sabe que a própria massa ficará contra nós, curvando-se à autoridade universal do engodo e chamando-nos de "teóricos da conspiração".
Que Breivik fosse ostensivamente maluco é outro detalhe que não atenua em nada o desejo incontido de explicar o seu crime por um intuito político real e literal.
Lembram-se de Lee Harvey Osvald? Leves sinais de neurose bastaram para que o establishment e a mídia em peso isentassem o assassino de John Kennedy de qualquer suspeita de intenção política, embora o indivíduo fosse um comunista militante e tivesse contatos nos serviços secretos da URSS e de Cuba, de onde acabara de voltar.
Embora Breivik tenha uma conduta ostensivamente psicótica e não haja o menor sinal de contato entre ele e qualquer organização conservadora ou sionista dos EUA, o diagnóstico vem pronto e infalível: um sujeito ser cristão, sionista ou, pior ainda, ambas as coisas, é um perigo para a espécie humana, uma promessa de crimes hediondos em escala epidêmica.
A pressa obscena com que se associa o crime de Breivik ao seu alegado cristianismo também não é refreada pela lembrança de que a mesma associação se fez persistentemente, universalmente, no caso de Timothy McVeigh, autor dos atentados de Oklahoma em 1995, até que veio, tardiamente como sempre, a prova de que o criminoso era muçulmano e ligado a organizações terroristas islâmicas.
Veremos quanto tempo transcorrerá até que a pesquisa histórica erga um sussurro de protesto contra o vozerio unânime da mídia internacional. Fundados na certeza da ignorância popular que jamais poderá desmascará-los, alguns dos diagnosticadores de cristianismo assassino vão até mais longe, deleitando-se em análises profundíssimas segundo as quais a coisa mais danosa e mortífera do mundo, inspiradora dos atentados em Oslo, é a ideia reacionária de combater o "marxismo cultural" - rótulo infamante inventado pela direita para sugerir (oh!, quão difamatoriamente!) que os filósofos da Escola de Frankfurt tinham a intenção de destruir a civilização do Ocidente.
Na verdade essa intenção foi proclamada aos quatro ventos pelo próprio fundador da escola, o filósofo húngaro Georg Lukács, mas, como parece que não pegou bem, não custa atribuí-la aos seus inimigos.
Pior ainda: escrevendo num site chamado Crooks and Liars (que só posso atribuir à modéstia de seus editores), o articulista David Newett, ecoando aliás mil comentários no mesmo sentido, publicados cinco minutos após a notícia do atentado, informa que o combate ao marxismo cultural é inspirado por abjetos preconceitos antissemitas, e dá como prova disso o fato de William S. Lind, que se destacou nesse combate, ter informado em uma conferência que todos os membros-fundadores da Escola de Frankfurt eram judeus de origem - coisa que eles eram mesmo, como aliás o próprio Karl Marx, e daí?
A implicação do raciocínio não escapará aos leitores mais atentos: Anders Breivik, além de ter matado dezenas de não-muçulmanos por ódio ao Islam, foi também movido por sentimentos pró-judaicos antissemitas.
Não entenderam nada? Não é mesmo para entender. Já expliquei mil vezes que a técnica da difamação exige atacar a vítima por vários lados, sob pretextos mutuamente contraditórios, para confundir e paralisar a defesa, obrigando-a a combater em dois ou mais fronts ao mesmo tempo e a usar de uma argumentação complexa, com aparência sofística, incapaz de fazer face à força maciça da acusação irracional.
Se alguma dúvida resta na mente dos leitores quanto à realidade da hegemonia revolucionária no mundo, objeto de meus últimos artigos, a uniformidade do noticiário sobre Anders Behring Breivik lhes dá uma amostra de que, mais uma vez, não estou tão louco quanto pareço.
http://www.midiasemmascara.org/artigos/movimento-revolucionario/12278-quem-ai-le-noruegues.html

terça-feira, 26 de julho de 2011

WWF é acusada de associação com empresas desmatadoras

Relatório da Global Witness diz que a ONG está permitindo às empresas aproveitar os benefícios da associação com a marca do 'panda'
Do Estadão
Uma pesquisa do grupo investigativo Global Witness implica a ONG WWF no incentivo a atividades desmatadoras. A pesquisa gerou matérias no jornal britânico The Guardian, na agência BBC e no site Carbono Brasil, entre outros veículos. O título original do estudo, "Pandering to the loggers" (Favorecendo os Desmatadores), faz uma ironia com a palavra pandering (favorecer), e o panda, símbolo da WWF.
Segundo a Global Witness, a Rede Global de Floresta e Comércio (GFTN em inglês), programa da WWF que apoia o comércio de madeira legal e sustentável, tem padrões de filiação pouco rigorosos, permitindo que empresas suspeitas de realizar desmatamento ilegal, ameaçar espécies e desrespeitar direitos humanos utilizem seu selo de sustentabilidade. Segundo o relatório, mesmo companhias envolvidas em atividades altamente destrutivas, como derrubar florestas naturais para criar plantações ou comprar produtos de madeira de fontes ilegais, podem se unir ao GFTN e se beneficiar.
O briefing da Global Witness releta que a grande empresa madeireira malaia Ta Ann Holdings Berhad, que é um membro contribuinte do GFTN, tem operações destruindo floresta a uma taxa equivalente a 20 campos de futebol por dia, incluindo o hábitat dos orangotangos dentro dos limites de um projeto da própria WWF. Em um comunicado à imprensa, Tom Picken, líder da campanha de florestas do Global Witness, afirmou que "as regras da GFTN são menos rigorosas do que as leis dos EUA e da UE que proíbem a importação de madeira ilegal. Quando um programa emblemático criado em nome da sustentabilidade e da conservação tolera que uma de suas empresas-membro destrua o hábitat do orangotango, é que algo vai realmente mal."
Segundo a Global Witness, a WWF está permitindo às empresas aproveitar os benefícios da associação com ONG e sua marca icônica (o panda), enquanto continuam a destruir as florestas e comercializar madeira de origem ilegal.
De acordo com matéria publicada no site Carbono Brasil, a resposta às acusações foi publicada no próprio documento, e a WWF justificou que “a GFTN não faz quaisquer reivindicações de sustentabilidade, nem endossa companhias, suas políticas ou seus produtos. O WWF desafia as companhias a aspirarem à liderança em questões ambientais. A GFTN é o programa da WWF que trabalha com empresas comprometidas a fazer mudanças em suas operações florestais e/ou nas práticas de terceirização."
No comunicado publicado na página da Global Witness, Tom Piken declarou que “o WWF deveria se desvincular publicamente de qualquer empresa que utilize madeira de origem ilegal ou pouco ética. É revoltante que um dos grupos de conservação mais reputados do mundo considere aceitável se beneficiar economicamente destas empresas."
http://www.srb.org.br/modules/news/article.php?storyid=4490

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Fingindo loucamente

Olavo de Carvalho
Mesmo sem contar os eventos paralelos que a acompanharam em dezenas ou centenas de cidades menores, a Marcha para Jesus 2011, em São Paulo, foi de longe a maior manifestação de massas já registrada ao longo de toda a História nacional, pondo no chinelo a “Diretas Já”, os protestos estudantis do tempo da ditadura e tudo o mais que a mídia chique enaltece e badala como expressão histórica e paradigmática da vontade popular. Com a diferença adicional de que foi preparada sem nenhuma ajuda de jornais, canais de TV, partidos políticos, fundações bilionárias e outras entidades que injetaram toneladas de hormônio publicitário naquelas efusões de esquerdismo cívico.
Com toda a evidência, a elite opinante tem seu próprio “povo brasileiro”, moldado à sua imagem e conveniência, que não coincide em nada com aquele que vemos nas ruas, nas praças, nas igrejas e nas casas.
Se fosse preciso mais uma prova do abismo que separa o Brasil real do Brasil politicamente correto dos bem-pensantes, a Marcha demonstrou que esse abismo não foi cavado só pela ignorância e incompetência dos chamados “formadores de opinião”, mas pelo ódio mortal e intolerante que votam a tudo quanto o povo ama, respeita e venera.
O Brasil oficial de hoje é, de alto a baixo, criação de um grupo de professores ativistas uspianos, semicultos e presunçosos, que se acreditavam o cume da inteligência humana e o tribunal de última instância para o julgamento de tudo. Num horizonte mental circunscrito pelas “ciências sociais” com viés entre marxista e positivista, não se ouvia nesse tribunal nem a voz dos clássicos da religião e da espiritualidade, nem a da alma popular brasileira, ali substituída pelo estereótipo prêt-à-porter da militância sindical.
Os profissionais que hoje dominam as redações tiveram sua mentalidade formada por essa gente, não sendo de espantar que ainda tomem os mitos esquerdistas dos anos 60-70 como medida máxima de aferição da realidade, nem que, por isso mesmo, se sintam atônitos e enraivecidos quando um Brasil cuja existência negavam faz ouvir o seu protesto contra aquilo que tomavam como valores certos, definitivos e universalmente aprovados.
Nem espanta que, sem saber o que dizer, apelem aos artifícios verbais mais bobos para salvar o que podem de uma fantasia autolisonjeira impiedosamente despedaçada pelos fatos. Num paroxismo de fingimento, o Sr. Gilberto Dimenstein, por exemplo, nega a realidade do protesto multitudinário, jurando, contra os números, que a cidade de São Paulo é ainda “mais gay do que evangélica”. Prova? A Parada Gay, diz ele, é alegre e festiva, enquanto o protesto evangélico é “raivoso”. O argumento é doido em si, já que o tom emocional das manifestações não constitui medida de aferição de sua respectiva popularidade ou impopularidade. Se assim fosse, as “Diretas Já”, espumando de indignação cívica, teriam sido menos populares que qualquer festinha de aniversário. Mas o julgamento ético aí subentendido é de um cinismo pérfido, ao insinuar que a índole lúdico-carnavalesca das paradas gays é prova de superioridade moral e o protesto indignado dos evangélicos um indício de maus instintos. De um lado, é claro que julgamento similar jamais ocorreu ou ocorreria a Dimenstein ante explosões de ódio esquerdista ao capitalismo, à religião, a George W. Bush ou ao que quer que fosse. De outro, é preciso ter galgado os últimos degraus da hipocrisia para olhar só a expressão material dos sentimentos sem ter em conta os motivos que os geraram. Afinal, gays em parada saltitam pela cidade, cobertos de batom e rouge, vestidos de freiras ou trajes de sex shop, celebrando os favores estatais concedidos à sua modalidade especial de satisfação sexual. Quem não estouraria de felicidade triunfante ao ver seus caprichos eróticos elevados à condição de méritos oficiais? Bem diversa é a motivação dos evangélicos, que saíram às ruas para precaver-se contra autoridades insanas que ameaçam levá-los à cadeia por delito de opinião. Deveriam fazê-lo em tom de festa, para não posar de malvados na coluna de Gilberto Dimenstein? Ele finge imaginar que sim. Mas quem acredita em Gilberto Dimenstein? Nem ele mesmo, é claro.
Publicado com permissão.
Fonte: Olavo de Carvalho
Divulgação: www.juliosevero.com
http://juliosevero.blogspot.com/2011/07/fingindo-loucamente.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+JulioSevero+%28Julio+Severo%29&utm_content=Yahoo%21+Mail

domingo, 24 de julho de 2011

Vícios na origem

Dora Kramer
O Estado de S.Paulo
São tantas e tão variadas as controvérsias envolvendo o PSD antes mesmo de oficializado seu ato inaugural, que a ausência de definição ideológica acaba sendo o menor dos questionamentos suscitados pelo partido a ser criado sob inspiração do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.
Até quatro meses atrás era a novidade da estação, destinada a abrigar os insatisfeitos de variadas legendas, uma nova força de apoio ao governo Dilma Rousseff que arrasaria quarteirões oposicionistas depois de depositar a última pá de cal sobre os escombros do DEM.
Entraria bem na fotografia da cena parlamentar, fazendo e acontecendo já na eleição municipal de 2012.
Pode ser que o PSD consiga resolver nos próximos dois meses - quando se encerra o prazo para a obtenção do registro na Justiça Eleitoral a tempo de disputar prefeituras no ano que vem - os problemas que enfrenta com fraudes e denúncias de uso da máquina pública na coleta das assinaturas de apoio e apresentar as 490 mil necessárias perfeitamente legalizadas.
Ainda assim, não se livrará facilmente da imagem de um partido que surge no cenário político marcado pelos vícios de sempre. Nesse sentido, já nasce velho.
Foi seu próprio criador quem definiu a obra como algo insípido, insosso e inodoro - "nem de direita, nem de esquerda nem de centro". Traduzindo: não pretende a representação de um pensamento. Busca juntar pessoas daqui e dali, de preferência já detentoras de mandatos eletivos, para funcionar como um facilitador de acomodações regionais.
Isso fica evidente no método de arregimentação de lideranças, a partir das conveniências de caciques locais: senadores, deputados, governadores, que necessitem de um rearranjo no equilíbrio de forças, pouco importando se representem o que há de mais retrógrado na política.
Um exemplo emblemático é o processo de formação do PSD no Maranhão. O acerto com o clã Sarney foi feito nos seguintes termos: a governadora Roseana Sarney oferece alguns tantos deputados federais e estaduais para integrar a legenda e, em troca, Kassab garante que o partido não abra espaço para adversários da família no Estado.
Recapitulando as práticas: fraudes na coleta em assinaturas detectadas em cinco Estados (São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Paraná e Amazonas), suspeita de uso da máquina pública, ausência de identidade programática, arregimentação cartorial de lideranças, acolhimento de adesões sem olhar de quem.
Não bastasse, o PSD institucionaliza o troca-troca partidário, ao arrepio da decisão do Supremo Tribunal Federal sobre a fidelidade devida ao partido por parte do eleito.
Em seu estatuto, o partido oferece a garantia de que nunca exigirá na Justiça a devolução do mandato de parlamentares que porventura venham a sair do PSD.
Uma mão na roda. E a lei? Ora, a lei...
No paralelo. É de se perguntar com que autoridade o ex-presidente Luiz Inácio da Silva diz que os demitidos do Ministério dos Transportes poderão voltar a seus cargos se "provarem" ser inocentes.
Lula faz média com os partidos atingidos (PR e PT), sem atinar para a inconsequência da declaração. Primeiro, porque não é dele (ou não deveria ser) a prerrogativa de decidir sobre nomeações e demissões. Segundo, não havendo inquérito policial - e por enquanto não há - não existe como comprovar culpas ou inocências.
A sem-cerimônia de Lula com os ritos do poder formal já se evidenciou algumas vezes desde que deixou a Presidência. Seja atuando como interlocutor da base aliada na crise Palocci, ou visitando obras que não teve tempo para inaugurar quando presidente.
Lula se declara um "ajudante" de Dilma e, assim, tenta não imprimir a suas ações um caráter de usurpação e obter junto à opinião pública salvo-conduto para circular como a sombra oficial da presidente.
Não só não pretende "desencarnar", como vai ocupando o espaço privilegiado de um "shadow president".
À falta de uma oposição com consistência, unidade e senso de direção para cumprir esse papel.
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,vicios-na-origem,749184,0.htm

Comento:
Até que ponto desceremos no nível ético dos "nossos" partidos políticos? Mesmo quando se cria um novo partido ele já começa com fraudes. É um absurdo o que acontece neste país. Como é possível que um Lula da vida se porte como presidente, fale e desfale e ninguém o conteste? Por que a oposição se cala? A corrupção já está tão forte que corroeu todos? Não sobrou um? Um que seja corajoso o suficiente para ser a voz que leve aos quatro ventos a verdade que deve ser revelada?
Prevejo dias tenebrosos... Que Deus nos ajude!

sexta-feira, 22 de julho de 2011

COMUNICAÇÃO COM O INFINITO - PARASHÁ MATÓT 5771

"Atualmente todos os edifícios de Israel são preparados para bombardeios e ataques aéreos. Um dos quartos de cada apartamento, ou pelo menos um ambiente no subsolo do edifício, é construído com paredes de concreto maciço e janelas blindadas. Em caso de ataques aéreos, como aconteceu na Guerra do Golfo e na Guerra de Gaza, sirenes alertam os habitantes sobre o ataque iminente e todos correm o mais rápido que podem para os abrigos blindados.
Mas nem sempre foi assim. Em 1967, durante a Guerra dos 6 dias, Jerusalém estava sendo severamente bombardeada pelos aviões de guerra árabes. Naquela época, poucas pessoas tinham abrigos para se refugiar no momento dos ataques. Um dos lugares um pouco mais seguros para os moradores do centro de Jerusalém era o refeitório da famosa Yeshivá de Mir. O que havia lá de especial? Parte do refeitório era enterrado, protegendo as pessoas e funcionando como um abrigo nos momentos de ataques aéreos. Quando os ataques começavam, toda a vizinhança corria para lá.
Durante um dos fortes ataques, muitos correram para o refeitório de Mir, inclusive os alunos e rabinos da Yeshivá, entre eles o Rav Chaim Shmulevitz, o Rosh Yeshivá (Diretor). O refeitório estava completamente lotado. Muitas bombas caiam perto do edifício da Yeshivá, causando um barulho assustador e deixando as pessoas apavoradas.
O Rav Chaim Shmulevitz percebeu então que, em um canto escuro do refeitório, uma mulher rezava com muito fervor. Com os olhos fechados, ela conversava com D'us com muita emoção, como se pudesse vê-Lo e senti-Lo. O sofrimento daquela mulher era muito conhecido no bairro, pois seu marido a havia abandonado e nunca mais tinha mandado notícias. Curioso, o Rav Chaim Shmulevitz aproximou-se para ouvir o que ela pedia e escutou as seguintes palavras de desabafo:
- D'us, desde que meu marido me abandonou, Você sabe o quanto eu sofro diariamente. Diante de todos os meus conhecidos e amigos eu passo uma enorme vergonha e humilhação. Mas, apesar de todo o mal que ele me causa, eu o perdôo de todo o coração. Por favor, D'us, perdoe também o Seu povo e nos salve das mãos dos nossos inimigos.
O Rav Chaim Shmulevitz ficou emocionado ao escutar aquela reza tão sincera. Alguns minutos depois escutaram um forte barulho, seguido de um violento tremor e depois um silêncio total. Quando foram verificar o que havia acontecido, descobriram que um grande míssil havia caído dentro da Yeshivá de Mir. Era grande o suficiente para ter mandado pelos os ares toda a Yeshivá, matando imediatamente todos os que estavam escondidos no refeitório. Mas, apesar do forte impacto com a estrutura do edifício, milagrosamente o míssil não explodiu, salvando centenas de homens, mulheres e crianças.
Quando o Rav Chaim Shmulevitz contava esta história aos seus alunos, ele fazia questão de ressaltar sua certeza de que todos os presentes naquele refeitório, uma centena de pessoas, tiveram suas vidas salvas por causa da Tefilá sincera de uma única mulher"
********************************************
Na Parashá desta semana, Matót, a Torá nos descreve a guerra de vingança que D'us comandou contra o povo de Midian, por eles terem propositalmente desviado o povo judeu, levando-o à idolatria e promiscuidades. O mais grave no ato dos Midianim é que eles não tinham nenhum motivo importante para nos prejudicar. Não era uma questão de defesa pessoal, não era uma briga por território, era apenas um sentimento de ódio gratuito. Moshé então formou o exército com participantes de todas as tribos. E assim descreve o versículo: "Mil de cada tribo, mil de cada tribo, de todas as tribos de Israel vocês devem enviar para o exército" (Bamidbar 31:4). Como eram 12 tribos, o total de soldados enviados para a frente de batalha foi de 12 mil homens.
Nos ensina o Midrash Rabá (parte da Torá Oral) que na verdade não foram mandados para a guerra apenas mil homens de cada tribo, e sim três mil homens. Mil eram os soldados enviados para a frente de batalha, mas também foram enviados mil homens para cuidar dos suprimentos do exército e mais mil homens para fazer Tefilá (reza) pelos soldados.
Deste interessante Midrash surgem algumas perguntas. Em primeiro lugar, a guerra contra Midian havia sido comandada diretamente por D'us, para se vingar do ato desprezível deles. Se foi D'us Quem ordenou a guerra, certamente Ele ajudaria que o povo judeu tivesse sucesso. Portanto, com a vitória já garantida, por que era necessário rezar? Além disso, a linguagem do Midrash sugere que os homens que faziam Tefilá também saíram para a guerra junto com os soldados. Por que tiveram que fazer a Tefilá no local da batalha, ao invés de fazer a Tefilá no acampamento, junto com o resto do povo judeu? E finalmente, por que foi necessário designar mil homens de cada tribo para a Tefilá? Se estes homens não tivessem sido escolhidos, não é certeza de que Moshé e o resto do povo teriam rezando pelos soldados que foram para a batalha?
Explica o Rav Yechezkel Levinshtein que, por vivermos em um mundo material, onde a presença de D'us não é evidente e explícita, o ser humano vive muito próximo da mentira e da enganação. Por isso estamos tão propensos a viver com a idéia equivocada de que "minha força e o esforço de minhas mãos me trouxeram estas riquezas", esquecendo que D'us é o verdadeiro responsável por todo o nosso sucesso, em todas as áreas da vida. É necessário um grande e constante esforço para arrancar do nosso coração este tipo de idéia equivocada.
Apesar de Moshé ter mandado para o exército apenas Tzadikim (Justos) com elevado nível espiritual, escolhidos a dedo, eles também estavam sujeitos a, após a vitória na batalha, sentir orgulho por sua força e valentia. D'us quis ensinar, para a geração do deserto e para cada um de nós, uma das mais importantes lições de vida: as batalhas são vencidas através de méritos espirituais, não com a força física. Foi por isso que D'us mandou o mesmo número de soldados e de pessoas para fazerem Tefilá, demonstrando que, tão importante quanto a pessoa que segura a espada é aquele que está rezando e protegendo espiritualmente o exército.
Mas ainda fica uma pergunta: por que os homens que faziam Tefilá não podiam permanecer no acampamento? Explicam os nossos sábios que os 5 sentidos exercem muita influência sobre o ser humano, tanto para o bem quanto para o mal. Se os homens que faziam Tefilá tivessem permanecido longe do campo de batalha, os soldados não associariam sua vitória à Tefilá. Somente vendo com seus próprios olhos a força da Tefilá é que eles conseguiam fugir da falsa idéia de que a vitória era mérito dos seus golpes de espada. Se os soldados apenas imaginassem que o povo rezava por eles, sem ver com seus próprios olhos, não teria o mesmo impacto para salvá-los da mentira e enganação.
Quem estuda a história das modernas guerras de Israel logo percebe que elas não seguem nenhuma lógica. Vitória de 1 milhão de pessoas, com pouco treinamento militar e armas obsoletas, contra 12 milhões de árabes. Uma guerras vencida de forma arrasadora em 6 dias. Inimigos que fugiam sem estarem sendo perseguidos por ninguém, apenas por falsas informações de seus serviços de inteligência. Fatos que vão contra a lógica e o bom senso. Novamente a mão de D'us presente, para que tenhamos a certeza de que as vitórias não dependem de armamentos nem de soldados, e sim de méritos espirituais. Pois enquanto soldados iam para a frente de batalha, milhares de judeus no mundo inteiro rezavam fervorosamente, pedindo a ajuda e a proteção de D'us.
Mas se tudo depende da nossa Tefilá, por que temos que nos esforçar? Apenas para que D'us oculte Seus milagres atrás dos nossos atos. Fazemos a nossa parte, cumprimos a nossa obrigação, mas com a certeza de que os resultados dependem apenas de D'us.
Não apenas nas guerras corremos o risco de esquecer que nós somos apenas atores coadjuvantes neste mundo onde tudo o que acontece é controlado por D'us. Por este motivo nossos sábios decretaram que devemos pronunciar Brachót (bênçãos) antes de termos qualquer tipo de proveito do mundo material. É um lembrete que tudo que temos na vida, sem exceção, é um grande presente de D'us.
Portanto, este é um dos principais motivos pelos quais fazemos Tefilá: D'us sabe tudo o que necessitamos, mas quando fazemos uma Tefilá e abrimos nosso coração para pedir coisas para Ele, mesmo as nossas pequenas necessidades, estamos na verdade enraizando no nosso coração de que tudo vem de D'us.

SHABAT SHALOM
Rav Efraim Birbojm
http://ravefraim.blogspot.com/
Nm. 30:1- 32:42, Je 1:1-2:3, Fp. 3:7-21

quinta-feira, 21 de julho de 2011

O crime como uma categoria política

Os petistas dizem se preocupar tanto com a desigualdade social não por humanismo ou por senso de justiça, mas porque ela oferece um excelente pretexto para o estado autoritário e confere certo sentido moral às ilegalidades praticadas para a construção da hegemonia partidária. As misérias humanas — e a conseqüente necessidade de criar o novo homem — são o fundamento dos dois grandes totalitarismos do século passado: fascismo e comunismo. Ambos têm mais em comum do que gostam de admitir fascistas e comunistas.
Não existe regime de força que não tenha se instalado prometendo promover o bem comum. Aliás, as tiranias precisam esvaziar os indivíduos de todas as suas verdades e necessidades “egoístas” em nome da coletividade, que será representada por um partido ou por um condutor das massas — em certos casos, por ambos.
Todos nos fartamos do discurso de Luiz Inácio Apedeuta da Silva, que se apresentou como o “pai” do povo, saindo, como anunciava a propaganda eleitoral petista, para deixar em seu lugar a “mãe de todos os brasileiros”. Ditadores e candidatos a tiranos gostam da idéia de que são chefes de uma grande família, da qual esperam uma ativa e entusiasmada obediência. Afinal, “eles” sabem o que é melhor para “nós”, mergulhados que estamos em nosso egoísmo, comprometidos com uma visão parcial de mundo, sem entender, muitas vezes, as decisões que são tomadas para nos salvar… Quem de nós nunca discordou, afinal, a seu tempo, de uma decisão do pai ou da mãe? Impossível, no entanto, supor que agissem para nos prejudicar. Tampouco imaginávamos tomar para nós o lugar da autoridade. Pais e filhos não são — e nem devem ser — uma comunidade democrática, certo?
O PT se consolidou com a fantasia de que um partido — e, dentro desse partido, um homem, o pai — seria o porta-voz dos excluídos, que, afinal, estariam reivindicando a sua cidadania. De modo emblemático, Lula passou várias antevésperas de Natal em companhia dos catadores de papelão, tornados “cidadãos-recicladores”. Estava anunciando, diante de uma imprensa freqüentemente basbaque, que excluídos também são cidadãos, ainda que dentro de sua exclusão. Um líder e um partido, ungidos pela necessidade de “mudar o Brasil”, podem atropelar leis, moralidade, costumes, valores, tudo… Estão imbuídos de uma missão.
Apurem bem os ouvidos. Ouve-se já certo sussurro. Talvez se torne um alarido. Mas o que é isso? O que será que será que andam suspirando pelas alcovas e sussurrando em versos e trovas? O que será, que será que andam combinando no breu das tocas, que andam acendendo velas nos becos e já estão falando alto pelos botecos? O que será, que será que não tem conserto nem nunca terá? O que não tem tamanho… Cito este plágio que Chico Buarque fez de Cecília Meireles (Romanceiro da Inconfidência) para emprestar, assim, certa grandeza poético-dramática a mais uma conspiração dos petistas contra a moralidade, o dinheiro público, a decência e tudo o mais que vocês julgarem adequado a homens de bem.
Lula já fez saber ao mercado político que ele não concorda com a “execução sumária” dos patriotas do PR. E fez chegar a sua avaliação na forma de uma “preocupação”. Estaria temendo o isolamento de Dilma Rousseff. José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, afirmou ontem que vai avaliar se há motivos suficientes para a Polícia Federal abrir um inquérito para apurar as sem-vergonhices no Ministério dos Transportes. Já foram demitidas 16 pessoas da cúpula da pasta e do Dnit, mas ele está cheio de dúvidas. Tarso Genro (PT), atual governador do Rio Grande do Sul e chefe da Polícia Federal (era ministro da Justiça) quando se deu boa parte da bandalheira, saiu ontem em defesa de seu amigo Hideraldo Caron, um dos chefões do Dnit, mantido até agora no cargo. Ele é petista. Tarso deixou claro: se o homem fez algo de errado, não foi em benefício pessoal.
É a primeira vez que se ouve voz assim no PT? Claro que não! Nem é necessário remontar ao mensalão. Durante a crise que colheu Antonio Palocci, Gleisi Hoffmann, hoje sua sucessora, mas senadora à época (PT-PR), deixou claro que não conseguia defender o então ministro por uma razão simples: ele tinha agido apenas em defesa do próprio interesse. Ou seja: no caso do mensalão ou dos aloprados, crimes foram cometidos em benefício do… partido! Nesse caso, tudo bem…
Setores do PT estão pedindo, em suma, que tudo fique como está. Seu esforço em favor da impunidade, no entanto, teria, sim, uma raiz ética, entendem? Insistir na investigação pode prejudicar o partido, a convivência com os aliados, a agenda que o governo tem pela frente, incluindo, obviamente, os pacotes sociais destinados a combater a miséria. Tarso chegou a indagar por que essas notícias só apareceram agora… Conhecedor da arte de desestabilizar governos (como experimentou Yeda Crusius), ele conspira em favor da impunidade ao sugerir que há uma conspiração contra os patriotas do Ministério dos Transportes…
Foi-se o tempo “esse-dinheiro-não-é-meu”, de Paulo Maluf! Mesmo para ele, o errado era “errado” e, por isso, negava tudo. Não há nada a favor desse emblemático político a não ser uma coisinha: nunca tentou chamar crimes de virtudes — negando, claro!, que os tivesse cometido. Com o petismo, é diferente: o roubo e a lambança em nome da causa têm um propósito superior. Fazer sacanagem para enriquecer é reprovável; para construir o partido, bem, aí é não só aceitável como pode distinguir o militante com uma medalha de “Honra ao Mérito”.
À medida que a lei é afrontada com tal vigor e que o malfeito vira um instrumento corriqueiro da ação política, os brasileiros têm expropriada a sua cidadania. Se para eles, todo excluído é cidadão, que mal há em considerar todo cidadão um excluído?
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/

Commodities puxam balança comercial brasileira

O Estado de S. Paulo

Alessandra Saraiva
As commodities devem "salvar" a balança comercial brasileira este ano, na avaliação do presidente em exercício da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro. O saldo deficitário, que poderia ocorrer em consequência do câmbio, está praticamente afastado. As projeções da AEB, revisadas ontem, apontam para superávit de US$ 26,260 bilhões, ligeiramente acima da última estimativa, de US$ 26,100 bilhões.
O avanço das importações este ano foi equilibrado pela forte procura por matérias-primas brasileiras no mercado internacional. A estimativa para as exportações brasileiras saltou de US$ 225,790 bilhões para US$ 244,561 bilhões; e a projeção para as importações subiu de US$ 199,690 bilhões para US$ 218,301 bilhões.
Para as exportações, a AEB revisou de 13,1% para 21,1% o crescimento previsto para este ano, similar ao que ocorreu com as importações, cuja elevação foi revisada de 9,5% para 20,2%. Mas a entidade alertou para a intensa concentração de poucos produtos na pauta exportadora brasileira. Em 2011, apenas três commodities devem responder por 35,7% das receitas totais de exportação do Brasil: minério de ferro, complexo soja, e petróleo e derivados. No caso específico do minério, o produto deve responder por US$ 39,036 bilhões da receita, ou 15,96% dos ganhos totais do País com vendas externas este ano.
Para José Augusto de Castro, é alto o risco de o Brasil voltar a ocupar a posição de fornecedor de matérias-primas no mercado internacional. "No momento, estamos respondendo à boa demanda por commodities no cenário internacional. Mas o problema é que não temos plano B", afirmou o executivo.
A ineficiência das medidas adotadas pelo governo para conter o consumo doméstico, anunciadas em dezembro do ano passado, também influenciou as revisões das estimativas da AEB. "Ainda temos forte demanda interna e, além disso, a oferta de crédito aumentou. Isso estimula crescimento das importações", comentou o especialista.
O cenário conduziu à redução no número de exportadoras; e avanço no de importadoras. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) citados por Castro atestam que 198 empresas deixaram de exportar de janeiro a maio deste ano; no mesmo período, surgiram 3.156 novas importadoras.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Agroclima passa a ter acesso gratuito

O Estado de S. Paulo

Tânia Rabello
No site produtor pode se informar sobre condições de umidade do solo e previsão climática para as principais regiões

Os agricultores podem ficar apreensivos no fim de setembro, à espera das primeiras chuvas para iniciar o plantio da safra 2011/2012. As águas podem não rolar no exato momento em que deveriam, mas tudo não vai passar de um susto e a semeadura ainda poderá ser feita dentro do prazo, pois as precipitações logo interromperão o veranico típico do Centro-Oeste, a maior região produtora de grãos do País.
Este é o cenário climático esperado para a região entre o fim de setembro e começo de outubro, segundo a Climatempo, que acaba de abrir o seu portal agrometeorológico, o Agroclima, para consulta gratuita. Basta o interessado se cadastrar no site (www.agroclima.com.br) para ter acesso a informações climáticas bastante úteis sobre as principais commodities agrícolas: soja, milho, trigo, feijão, arroz, algodão, cana, laranja e café. "O Agroclima existe desde 2001, mas era um site exclusivo para assinantes", diz o presidente da Climatempo, Carlos Magno do Nascimento, acrescentando que com a entrada de alguns patrocinadores do agronegócio, o Agroclima passou a ser gratuito.
Assim, o produtor rural terá condições de verificar a previsão do clima com antecedência de 15 dias para os principais municípios do País. "Temos 500 estações meteorológicas em todo o País", diz Nascimento, que destaca que outro ponto importante no Agroclima é a possibilidade maior de interação entre os produtores e a equipe. "Se, por exemplo, o agricultor solicitar algum balanço climático específico para a sua região e começarmos a perceber que esta demanda está aumentando, poderemos passar a prestar gratuitamente este serviço."
O novo Agroclima foi lançado agora, justifica Nascimento, porque no inverno a agricultura corre maior risco de passar por turbulências climáticas. "Tivemos, por exemplo, duas importantes geadas no Paraná, que prejudicaram bastante a safrinha de milho", diz. Há cerca de 15 dias o Agroclima foi franqueado aos interessados e, neste período, de 500 assinantes, o cadastro já ultrapassou 5 mil.
Entre os principais serviços prestados pelo site estão a previsão do clima para regiões produtoras das commodities acima citadas; boletins com informações sobre os próximos 30 dias para todas as culturas; prognósticos de chuva acima ou abaixo da média, períodos de frio, calor, estiagem e outras situações climáticas que interferem diretamente no plantio; informações sobre chuva em todo o País para os próximos cinco dias e comentários sobre as situações climáticas e a chuva ocorrida na última semana, além de previsões precisas e conteúdos que auxiliam o agricultor em seu planejamento e tomada de decisão, medição do nível de umidade do solo, além de mapas, vídeos e reportagens sobre o setor.
SITES CLIMÁTICOS
Agritempo
http://www.agritempo.gov.br/
Infoseca
http://www.infoseca.sp.gov.br/
Inpe
http://www.cptec.inpe.br/

Soneto do amigo

Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.

É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.

Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.

O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...

Vinicius de Moraes

terça-feira, 19 de julho de 2011

Reflexões

Fernando Pessoa (Caeiro)


Onde você vê um obstáculo,
alguém vê o término da viagem
e o outro vê uma chance de crescer.

Onde você vê um motivo pra se irritar,
Alguém vê a tragédia total
E o outro vê uma prova para sua paciência.

Onde você vê a morte,
Alguém vê o fim
E o outro vê o começo de uma nova etapa...

Onde você vê a fortuna,
Alguém vê a riqueza material
E o outro pode encontrar por trás de tudo, a dor e a miséria total.

Onde você vê a teimosia,
Alguém vê a ignorância,
Um outro compreende as limitações do companheiro,
percebendo que cada qual caminha em seu próprio passo.
E que é inútil querer apressar o passo do outro,
a não ser que ele deseje isso.

Cada qual vê o que quer, pode ou consegue enxergar.

"Porque eu sou do tamanho do que vejo.
E não do tamanho da minha altura."

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Brasil, um exemplo de quê?

O Estado de S. PauloCarlos Alberto Sardenberg
Hillary Clinton andou elogiando o sistema tributário brasileiro, pela ampla capacidade de arrecadação de impostos, como definiu, e o modo como o governo gasta o dinheiro em programas sociais que tiram pessoas da pobreza. O comentário serviu para o momento político nos EUA.
O governo democrata de Barack Obama, ao qual pertence Hillary, como secretária de Estado, está justamente numa guerra fiscal com os republicanos, que dominam o Congresso. Os democratas querem um programa de ajuste que aumente os impostos - mas só para os mais ricos, ressalva Obama - sem prejudicar programas sociais. Os republicanos querem um forte e amplo corte de gastos públicos e se opõem a qualquer aumento de imposto.
Faz sentido falar em aumentar imposto nos EUA? Sim, se a comparação se dá entre os países desenvolvidos. Nesse grupo, excetuando o Japão, os EUA têm a mais baixa carga tributária, em torno dos 27% do Produto Interno Bruto (PIB). Nos demais, essa carga está acima dos 35% e passa dos 40% em muitos europeus, como na França.
Mas há diferenças enormes no modo de organização da sociedade. Nos europeus, o governo precisa de mais dinheiro porque presta mais serviços diretamente à população. Os serviços de saúde, por exemplo, são basicamente públicos na Europa e privados nos EUA. Idem para o sistema de aposentadoria e de escolas.
Na verdade, porém, todo mundo paga. Os americanos recolhem menos impostos, mas precisam pagar quando vão ao médico ou às universidades. Os europeus são atendidos de graça (ou fortemente subsidiados), mas pagam mais caro pelos produtos que compram por causa dos impostos.
E, curiosamente, tanto os EUA como muitos países europeus estão com o mesmo problema: déficit no orçamento dos governos e dívidas públicas muito elevadas.
Por outro lado, entre os emergentes, o Brasil ostenta, disparado, a maior carga tributária, em torno dos 35% do PIB. Na China, por exemplo, os impostos levam apenas 20% da renda nacional. Na América Latina é a Argentina que arrecada mais impostos, depois do Brasil, mas não chega aos 30%. No México está em torno dos 20%.
Embora arrecade mais, o setor público brasileiro deve mais do que na maior parte dos emergentes, especialmente quando se considera a dívida bruta. E opera com déficit nominal no orçamento total do governo (federal, estadual e municipal.)
Resumindo, o governo brasileiro arrecada mais e toma mais dinheiro emprestado. Gasta mais, portanto, e bastante em programas sociais, como disse Hillary Clinton.
Por exemplo, um quarto da população brasileira recebe os pagamentos mensais do Bolsa-Família. Mas também um quarto da população mexicana está no Oportunidades, o Bolsa-Família deles e que, aliás, é anterior ao nosso. Também no Chile, que recolhe ainda menos impostos que no México, há o Solidariedade, distribuição de renda tão ampla e eficiente quanto os outros dois.
Considerando padrões como saúde e educação, os indicadores brasileiros de qualidade e eficiência não são superiores aos dos demais emergentes. Ao contrário, nossos alunos, nos testes internacionais, perdem de colegas de países onde a arrecadação e o gasto por estudantes é menor do que aqui.
O Sistema Único de Saúde (SUS) é admirado em alguns países da América Latina, pela sua ampla capacidade de atendimento. Mas o pessoal talvez não saiba que, além de recolher os impostos que financiam o SUS, cerca de 45 milhões de brasileiros pagam planos de saúde privados. (E que Hugo Chávez vai ser tratado num hospital privado, onde se trataram, aliás, José Alencar e Dilma Rousseff).
De todo modo, um tema frequente aqui na região é, como na proposta de Hillary, aumentar impostos para financiar saúde e educação - e melhorar esses indicadores. Dizem: já que a carga tributária ainda é baixa...
Ora, isso, em si, já mostra como algo deu errado no Brasil. Nossos impostos já estão lá em cima e não se nota desempenho notável dos serviços públicos prestados. Mas a aposentadoria pública funciona bem, especialmente para os mais pobres, no caso do INSS, e para os funcionários públicos. Só que é também uma fonte enorme de déficit. Ou seja, aqui, paradoxalmente, a arrecadação de impostos e contribuições não é suficiente.
Entre os ricos também há comparações interessantes: o ensino médio europeu, basicamente público e gratuito, é superior ao americano, público e privado. Mas as universidades dos EUA, privadas e pagas, mesmo quando pertencem a governos, são muito superiores às da Europa, públicas em geral.
Somando dinheiro público e privado, os EUA são os que mais gastam (per capita) em saúde, com resultados contraditórios. Há setores da população que não conseguiam nenhuma assistência - objeto do novo programa de Obama - e setores atendidos com medicina de alto nível.
Transporte e infraestrutura nos EUA, mais privados, igualam ou superam muitos europeus, públicos.
Dá o que pensar, não é mesmo? Leva a uma conclusão que a muitos parece tão simples que não pode ser isso. Mas considerem: a questão central não está no tamanho da carga tributária e do gasto, mas na eficiência de uma e de outro. E, olhando por esse lado, o elogio de Hillary ao modelo brasileiro foi apenas uma fala para a política interna, ou resulta de falta de informação, ou as duas coisas. O governo, aqui, arrecada muito, complica e encarece a vida do contribuinte e não entrega serviços e obras na proporção esperada.
Claro que, com pouco dinheiro, governos podem fazer pouco. Mas não decorre daí que, com muito, farão mais e melhor. O Brasil é exemplo disso. Nosso caso, aqui, é como reduzir impostos e aumentar a eficiência do gasto.
JORNALISTA

domingo, 17 de julho de 2011

As sete verdades do Bambu

Depois de uma grande tempestade, o menino que estava passando férias na casa do seu avô, o chamou para a varanda e falou:
Vovô corre aqui! Me explica como essa figueira, árvore frondosa e imensa, que precisava de quatro homens para balançar seu tronco se quebrou, caiu com o vento e com a chuva... este bambu é tão fraco e continua de pé?
Filho, o bambu permanece em pé porque teve a humildade de se curvar na hora da tempestade. A figueira quis enfrentar o vento. O bambu nos ensina sete coisas. Se você tiver a grandeza e a humildade dele, vai experimentar o triunfo da paz em seu coração.
A primeira verdade que o bambu nos ensina, e a mais importante, é a humildade diante dos problemas, das dificuldades. Eu não me curvo diante do problema e da dificuldade, mas diante daquele, o único, o princípio da paz, aquele que me chama, que é o Senhor.
Segunda verdade: o bambu cria raízes profundas. É muito difícil arrancar um bambu, pois o que ele tem para cima ele tem para baixo também. Você precisa aprofundar a cada dia suas raízes em Deus na oração.
Terceira verdade: Você já viu um pé de bambu sozinho? Apenas quando é novo, mas antes de crescer ele permite que nasça outros a seu lado (como no cooperativismo). Sabe que vai precisar deles. Eles estão sempre grudados uns nos outros, tanto que de longe parecem com uma árvore. Às vezes tentamos arrancar um bambu lá de dentro, cortamos e não conseguimos. Os animais mais frágeis vivem em bandos, para que desse modo se livrem dos predadores.
A quarta verdade que o bambu nos ensina é não criar galhos. Como tem a meta no alto e vive em moita, comunidade, o bambu não se permite criar galhos. Nós perdemos muito tempo na vida tentando proteger nossos galhos, coisas insignificantes que damos um valor inestimável. Para ganhar, é preciso perder tudo aquilo que nos impede de subirmos suavemente.
A quinta verdade é que o bambu é cheio de “nós” ( e não de eus ). Como ele é oco, sabe que se crescesse sem nós seria muito fraco. Os nós são os problemas e as dificuldades que superamos. Os nós são as pessoas que nos ajudam, aqueles que estão próximos e acabam sendo força nos momentos difíceis. Não devemos pedir a Deus que nos afaste dos problemas e dos sofrimentos. Eles são nossos melhores professores, se soubermos aprender com eles.
A sexta verdade é que o bambu é oco, vazio de si mesmo. Enquanto não nos esvaziarmos de tudo aquilo que nos preenche, que rouba nosso tempo, que tira nossa paz, não seremos felizes. Ser oco significa estar pronto para ser cheio do Espírito Santo.
Por fim, a sétima lição que o bambu nos dá é exatamente o título do livro: ele só cresce para o alto. Ele busca as coisas do Alto.
Essa é a sua meta.
Livro - Buscando coisas do alto
http://www.bilibio.com.br/mensagem/473/As+sete+verdades+do+Bambu.html

sábado, 16 de julho de 2011

A menina e o pássaro encantado

Ruben Alves


Era uma vez uma menina que tinha um pássaro como seu melhor amigo.
Ele era um pássaro diferente de todos os demais: era encantado.
Os pássaros comuns, se a porta da gaiola ficar aberta, vão-se embora para nunca mais voltar. Mas o pássaro da menina voava livre e vinha quando sentia saudades… As suas penas também eram diferentes. Mudavam de cor. Eram sempre pintadas pelas cores dos lugares estranhos e longínquos por onde voava. Certa vez voltou totalmente branco, cauda enorme de plumas fofas como o algodão…
— Menina, eu venho das montanhas frias e cobertas de neve, tudo maravilhosamente branco e puro, brilhando sob a luz da lua, nada se ouvindo a não ser o barulho do vento que faz estalar o gelo que cobre os galhos das árvores. Trouxe, nas minhas penas, um pouco do encanto que vi, como presente para ti…
E, assim, ele começava a cantar as canções e as histórias daquele mundo que a menina nunca vira. Até que ela adormecia, e sonhava que voava nas asas do pássaro.
Outra vez voltou vermelho como o fogo, penacho dourado na cabeça.
— Venho de uma terra queimada pela seca, terra quente e sem água, onde os grandes, os pequenos e os bichos sofrem a tristeza do sol que não se apaga. As minhas penas ficaram como aquele sol, e eu trago as canções tristes daqueles que gostariam de ouvir o barulho das cachoeiras e ver a beleza dos campos verdes.
E de novo começavam as histórias. A menina amava aquele pássaro e podia ouvi-lo sem parar, dia após dia. E o pássaro amava a menina, e por isto voltava sempre.
Mas chegava a hora da tristeza.
— Tenho de ir — dizia.
— Por favor, não vás. Fico tão triste. Terei saudades. E vou chorar…— E a menina fazia beicinho…
— Eu também terei saudades — dizia o pássaro. — Eu também vou chorar. Mas vou contar-te um segredo: as plantas precisam da água, nós precisamos do ar, os peixes precisam dos rios… E o meu encanto precisa da saudade. É aquela tristeza, na espera do regresso, que faz com que as minhas penas fiquem bonitas. Se eu não for, não haverá saudade. Eu deixarei de ser um pássaro encantado. E tu deixarás de me amar.
Assim, ele partiu. A menina, sozinha, chorava à noite de tristeza, imaginando se o pássaro voltaria. E foi numa dessas noites que ela teve uma ideia malvada: “Se eu o prender numa gaiola, ele nunca mais partirá. Será meu para sempre. Não mais terei saudades. E ficarei feliz…”
Com estes pensamentos, comprou uma linda gaiola, de prata, própria para um pássaro que se ama muito. E ficou à espera. Ele chegou finalmente, maravilhoso nas suas novas cores, com histórias diferentes para contar. Cansado da viagem, adormeceu. Foi então que a menina, cuidadosamente, para que ele não acordasse, o prendeu na gaiola, para que ele nunca mais a abandonasse. E adormeceu feliz.
Acordou de madrugada, com um gemido do pássaro…
— Ah! menina… O que é que fizeste? Quebrou-se o encanto. As minhas penas ficarão feias e eu esquecer-me-ei das histórias… Sem a saudade, o amor ir-se-á embora…
A menina não acreditou. Pensou que ele acabaria por se acostumar. Mas não foi isto que aconteceu. O tempo ia passando, e o pássaro ficando diferente. Caíram as plumas e o penacho. Os vermelhos, os verdes e os azuis das penas transformaram-se num cinzento triste. E veio o silêncio: deixou de cantar.
Também a menina se entristeceu. Não, aquele não era o pássaro que ela amava. E de noite ela chorava, pensando naquilo que havia feito ao seu amigo…
Até que não aguentou mais.
Abriu a porta da gaiola.
— Podes ir, pássaro. Volta quando quiseres…
— Obrigado, menina. Tenho de partir. E preciso de partir para que a saudade chegue e eu tenha vontade de voltar. Longe, na saudade, muitas coisas boas começam a crescer dentro de nós. Sempre que ficares com saudade, eu ficarei mais bonito. Sempre que eu ficar com saudade, tu ficarás mais bonita. E enfeitar-te-ás, para me esperar…
E partiu. Voou que voou, para lugares distantes. A menina contava os dias, e a cada dia que passava a saudade crescia.
— Que bom — pensava ela — o meu pássaro está a ficar encantado de novo…
E ela ia ao guarda-roupa, escolher os vestidos, e penteava os cabelos e colocava uma flor na jarra.
— Nunca se sabe. Pode ser que ele volte hoje…
Sem que ela se apercebesse, o mundo inteiro foi ficando encantado, como o pássaro. Porque ele deveria estar a voar de qualquer lado e de qualquer lado haveria de voltar. Ah!
Mundo maravilhoso, que guarda em algum lugar secreto o pássaro encantado que se ama…
E foi assim que ela, cada noite, ia para a cama, triste de saudade, mas feliz com o pensamento: “Quem sabe se ele voltará amanhã….”
E assim dormia e sonhava com a alegria do reencontro.
* *
Para o adulto que for ler esta história para uma criança:
Esta é uma história sobre a separação: quando duas pessoas que se amam têm de dizer adeus…
Depois do adeus, fica aquele vazio imenso: a saudade.
Tudo se enche com a presença de uma ausência.
Ah! Como seria bom se não houvesse despedidas…
Alguns chegam a pensar em trancar em gaiolas aqueles a quem amam. Para que sejam deles, para sempre… Para que não haja mais partidas…
Poucos sabem, entretanto, que é a saudade que torna encantadas as pessoas. A saudade faz crescer o desejo. E quando o desejo cresce, preparam-se os abraços.
Esta história, eu não a inventei.
Fiquei triste, vendo a tristeza de uma criança que chorava uma despedida… E a história simplesmente apareceu dentro de mim, quase pronta.
Para quê uma história? Quem não compreende pensa que é para divertir. Mas não é isso.
É que elas têm o poder de transfigurar o quotidiano.
Elas chamam as angústias pelos seus nomes e dizem o medo em canções. Com isto, angústias e medos ficam mais mansos.
Claro que são para crianças.
Especialmente aquelas que moram dentro de nós, e têm medo da solidão…

As mais belas histórias de Rubem Alves
Lisboa, Edições Asa, 2003
http://contadoresdestorias.wordpress.com/2008/01/07/a-menina-e-o-passaro-encantado-ruben-alves/

OPORTUNIDADES PERDIDAS CUSTAM CARO - PARASHÁ PINCHÁS 5771 (15 de julho de 2011)

"Fernando Rodrigues era um trabalhador esforçado que sonhava se tornar milionário. Trabalhava duro, mas mesmo assim o dinheiro não vinha. Certo dia escutou que haviam descoberto uma nova mina de pedras preciosas, que estava à disposição de todos os que quisessem escavar.
Fernando Rodrigues enxergou que aquela era a chance de enriquecer que ele tanto esperava. Mas não queria apenas para si, decidiu convidar também seus amigos mais próximos, para que todos aproveitassem aquela excelente oportunidade. Reuniu os amigos, contou a novidade e sugeriu que viajassem juntos, pois assim seria mais fácil agüentar o trabalho cansativo. Para sua decepção, todos deram as mais incríveis desculpas para não ir, pois no fundo não queriam se esforçar na viagem e no trabalho na mina. Muito triste, Fernando Rodrigues juntou suas ferramentas, arrumou as malas e foi sozinho.
Passaram-se alguns anos e Fernando Rodrigues voltou, trazendo uma enorme quantidade de pedras preciosas. Ele estava milionário. Aqueles poucos anos de trabalho foram suficientes para que ele vivesse com muito conforto e luxo para o resto de sua vida. As pessoas sempre o viam andando pelas ruas de carro novo, com um incrível sorriso no rosto.
Já os amigos de Fernando Rodrigues não estavam assim tão sorridentes. Eles invejavam toda a fortuna acumulada pelo amigo e se arrependeram profundamente por não terem aceitado o convite. Um pouco mais de esforço, um pouco mais de dedicação, e poderiam ter evitado o sofrimento que durou por toda vida"
Explica o Chafetz Chaim que tudo o que juntarmos de valores espirituais nesta vida, como Mitzvót e bons atos, as nossas verdadeiras "jóias", nos alimentarão e nos trarão prazer por toda a eternidade. Mas se desperdiçarmos a oportunidade, o que ficará para sempre será o arrependimento.
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Na Parashá desta semana, Pinchás, Moshé Rabeinu recebeu o aviso de D'us para que se preparasse para morrer, pois se aproximava o momento do povo judeu entrar na Terra de Israel. Moshé então pediu para que D'us nomeasse um novo líder, que cuidasse do povo judeu e o guiasse nesta nova jornada. D'us indicou Yoshua bin Nun, que constantemente servia Moshé e o acompanhava no estudo da Torá. E assim D'us comandou a Moshé: "E dê da sua majestade para ele, para que escute todo o povo judeu" (Bamidbar 27:20). D'us queria que fosse transmitida a majestade para que o povo honrasse e escutasse Yoshua como escutava Moshé.
Nos ensina o Talmud (Torá Oral - Baba Batra 75a) algo muito interessante. Da linguagem do versículo "Dê da sua majestade" aprendemos que Moshé passou para Yoshua apenas parte da sua majestade, não tudo, resultando que a face de Moshé era como a face do sol e a face de Yoshua era como a face da lua. O Talmud continua e nos ensina que os anciãos daquela época, ao verem que Yoshua havia sido escolhido para substituir Moshé, disseram "Pobre de nós pela "Bushá" (vergonha), pobre de nós pela "Klimá" (humilhação)". O que o Talmud está nos ensinando?
Poderíamos pensar que a vergonha dos anciãos era que Yoshua, o novo líder, tivesse um nível muito mais baixo do que o de Moshé. Mas a Torá diz explicitamente que Yoshua tinha um nível muito elevado, como está escrito "E disse D'us para Moshé: Pegue para você Yoshua Bin Nun, um homem que está repleto de espírito (de sabedoria)" (Bamidbar 27:18). Então de que vergonha os anciãos estão falando? E por que utilizaram duas linguagens diferentes, "vergonha" e "humilhação"?
Explica o Rabino Israel Meir HaCohen, mais conhecido como Chafetz Chaim, que quando os anciãos daquele geração viram que Yoshua, uma pessoa do mesmo nível deles, foi o escolhido para suceder Moshé, sentiram inveja e um grande arrependimento. Eles entenderam que Yoshua recebeu toda aquela grandeza pelo fato de ter passado o tempo inteiro próximo de Moshé, escutando a sua Torá e recolhendo "pedras preciosas". O sofrimento deles foi de ter entendido que eles também poderiam ter aproveitado a proximidade de Moshé para juntar uma enorme riqueza espiritual. Poderiam, com um pouco mais de esforço e dedicação, ter atingido altos níveis de profecia e sabedoria, como Yoshua atingiu.
O Chafetz Chaim também explica que existe uma grande diferença entre o termo "Bushá" (vergonha) e o termo "Klimá" (humilhação). O termo "Bushá" não está conectado com nenhum ato errado. É o que sentimos naturalmente quando, por exemplo, estamos diante de alguém que tem um nível espiritual muito mais alto que o nosso. Já o termo "Klimá" é utilizado para explicar o sentimento que é consequência de um ato errado que a pessoa cometeu, isto é, ter feito um ato proibido ou ter deixado de fazer um ato positivo.
Portanto, este é o entendimento das palavras do Talmud. Diante da grandeza de Moshé os anciãos sentiam "Bushá", tamanha era a diferença de nível espiritual entre eles. Porém, quando os anciãos viram Yoshua, alguém que inicialmente estava no mesmo nível que eles, mas que havia meritado que seu rosto brilhasse como a lua, refletindo o brilho de Moshé, perceberam que toda aquela grandeza e honra havia sido adquirida através de esforço, e o mesmo nível poderia ter sido atingido por qualquer um deles. Foi por isso que eles também sentiram "Klimá", pois entenderam que, por causa de sua preguiça, haviam perdido para sempre aquela oportunidade.
Explica o livro Messilat Yesharim que muitas pessoas pensam: "Para que se esforçar neste mundo? Para mim é suficiente não ser um malvado. Para que viver sob pressão apenas para chegar a níveis mais elevados do Mundo Vindouro? Ficarei satisfeito com uma porção pequena lá. Não vale a pena por isso aumentar meu esforço neste mundo". Mas será que este argumento é realmente verdadeiro e consciente?
Quando vemos um amigo que, mesmo neste mundo passageiro e limitado, se sobressaiu e teve mais sucesso que nós, nosso sangue ferve de inveja. Ficamos nos imaginando tendo o mesmo sucesso e nos lamentamos pelo outro ter conseguido o que sonhávamos. Se isto já ocorre aqui no mundo material, onde a vergonha é um sentimento passageiro, como nos sentiremos no Mundo Vindouro ao ver uma pessoa com o mesmo potencial que o nosso mas que, por ter se esforçado mais, chegou a níveis mais elevados? Não será um remorso e uma vergonha eterna? Certamente não estaremos contentes tendo uma pequena porção se soubermos que poderíamos ter recebido muito mais.
Este ensinamento do Messilat Yesharim parece algo muito simples e lógico. Por que não aplicamos para nossas vidas, para vencer o cansaço e a preguiça? Pois infelizmente vivemos de maneira cômoda, raramente paramos para pensar e refletir, mesmo sobre as coisas mais importantes da vida. Acordamos, passamos o dia inteiro ocupados com estudos ou trabalho e vamos dormir sem ter pensado ou questionado nossos atos. Vivemos sem verificar se estamos caminhando na direção correta.
Ensinam os nossos sábios que, de acordo com fontes místicas da Torá, quando a pessoa sai deste mundo ela assiste a um filme que contém todos os atos que ela fez em sua vida, em câmera rápida, mas com todos os detalhes. Alguns acrescentam que na verdade não é apenas um filme que assistimos, são dois filmes: um filme mostra a vida que vivemos, enquanto o outro mostra a vida que poderíamos ter vivido se tivéssemos nos esforçado e aproveitado nosso potencial. Assistir o potencial que poderíamos ter atingido mas perdemos por descaso ou falta de reflexão certamente será um grande sofrimento.
A Parashá desta semana vem para nos despertar, ao internalizarmos o sofrimento vivido pelos anciãos. Ver o sucesso do outro sabendo que, se nos esforçássemos um pouco mais, poderíamos chegar ao mesmo nível nos traz um terrível sentimento de inveja e arrependimento. Se isto vale para a vida limitada neste mundo, muito maior será a vergonha eterna no Mundo Vindouro, onde viveremos para sempre, se descobrirmos que, se tivéssemos nos esforçado um pouco mais, poderíamos ter chegado a níveis muito maiores.
SHABAT SHALOM
Rav Efraim Birbojm
http://ravefraim.blogspot.com/

Nm. 25:10-29:40, 1 Rs. 18:46-19:21, Jo. 2:13-25

sexta-feira, 15 de julho de 2011

No Brasil, consumo de café cresceu 50%

Nos últimos 10 anos, o país aumentou em 50% seu consumo de café, que deve superar a marca das 20 milhões de sacas neste ano - um recorde. "Em todo o mundo, são os países produtores os grandes responsáveis pela expansão da demanda", afirma José Sette, diretor da Organização Internacional do café (OIC).
Esses países abocanharam metade do crescimento global acumulado desde o ano 2000 e ajudaram a impulsionar os preços, que praticamente dobraram desde o ano passado. Países em desenvolvimento, especialmente do leste europeu, onde o café já era um hábito cultivado, também se fazem notar.
A Rússia elevou suas importações de 1,8 milhão de sacas, no ano 2000, para mais de 4 milhões em 2009. Na Ucrânia, os desembarques saltaram de 184 mil para 1,8 milhão de sacas no mesmo período. "O fato de o consumo crescer em níveis tão favoráveis, sem que a China tenha tomado esse trem, é realmente animador", afirma Sette. (GFJ)
Fonte: Valor Economico
http://www.canaldoprodutor.com.br/comunicacao/noticias/no-brasil-consumo-cresceu-50#wrapper

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Presidente da CNA defende, no Senado, investimentos em logística de transporte

Só Notícias

Da Redação
A presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu, criticou ontem (12/7), em discurso no Plenário do Senado, as deficiências da logística de transporte e lembrou que o investimento em 2.700 quilômetros de uma hidrovia, a Tocantins, permitiria o escoamento de tudo o que produzido na Zona Franca de Manaus e a distribuição de todo o combustível da região Norte do País e do Centro-Norte, reduzindo custos. “A hidrovia Tocantins está empatada por uma eclusa em Lajeado”, lembrou ao acrescentar que está sendo construída outra hidroelétrica em Estreito, também sem a eclusa. “Os barramentos próximos ao futuro Porto de Praia Norte impedem que essa hidrovia possa ser um instrumento poderoso para o Brasil diminuir custo”, afirmou. A construção da hidrovia Tocantins, estimou, custaria R$ 1,5 bilhão, valor inferior ao desviado, segundo denúncias da revista Veja, em apenas uma obra conduzida pelo Ministério dos Transportes no período de um ano.
A senadora Kátia Abreu avaliou, também, a condição do transporte hidroviário em países que concorrem com o Brasil no mercado internacional. Enquanto os Estados Unidos têm 41 mil quilômetros de hidrovias; a China tem 124 mil; a Rússia, 102 mil; e o Brasil, 7 mil quilômetros de hidrovias. “Essa condição empata o nosso crescimento. Estamos empatando os nossos Mississipis com as hidrelétricas sem as eclusas”, afirmou. Ao criticar a falta de investimentos em logística, a senadora Kátia Abreu citou denúncias de superfaturamento em obras do Ministério dos Transportes. “É por isso que o dinheiro não dá. Se é um sistema viciado, de anos e anos, vamos corrigir, vamos estancar essa ferida. Mas nós precisamos de logística. O País não pode continuar com o custo com que se encontra”, afirmou.
Para comprovar a ineficiência do sistema brasileiro de transporte, a presidente da CNA acrescentou, ainda, que são quatro milhões de quilômetros de rodovias asfaltadas nos Estados Unidos; na China, são 1,5 milhões de quilômetros asfaltados; e no Brasil, 196 mil quilômetros. “Esses são nossos concorrentes. Nossos concorrentes são os americanos, são os chineses, são os australianos, são os canadenses, que vão nos tirar do ramo, porque não temos logística”, afirmou. Acrescentou, ainda, as péssimas condições das estradas. “Nós sabemos que 70% das estradas do País são péssimas ou ruins”, avaliou.
Em seu discurso, a presidente da CNA citou ainda os problemas das ferrovias. Nos Estados Unidos, as ferrovias somam 226 mil quilômetros. Na China, são 74 mil quilômetros. “No Canadá, são 48 mil quilômetros, apesar das grandes extensões de gelo naquele país e de que muito pouca área daquele país produz. E no Brasil, são 29 mil quilômetros de ferrovias, enquanto o recurso público vai pelo ralo”, afirmou a senadora Kátia Abreu ao lembrar que o Ministério dos Transportes deveria “ser um ministério vital para o país, junto com a Agricultura, porque não existe produção, não existe industrialização, sem logística”.
Após apresentar uma radiografia da logística do País, a presidente da CNA avaliou os custos para implantação de cada um desses modais e afirmou que os governos anteriores não priorizaram as hidrovias sob alegação de que os custos de instalação são altos. “Mas quero dizer que construir um quilômetro de ferrovia custa R$ 6 milhões; de rodovias, R$ 2,5 milhões, mas de hidrovias não chega a R$ 50 mil, dependendo das condições do rio, como é o caso do rio Madeira, que já nasceu pronto. Basta a eclusa do Madeira, das hidrelétricas que estão sendo feitas em Jirau, para que oportunizássemos mais quatro hidrovias para fora do país”, afirmou. Em seu discurso, a senadora Kátia Abreu também lamentou que a partilha de cargos no governo seja feita por interesse de partidos. “Muitas vezes, os interesses dos estados são comprometidos. O povo não consegue entender como os cargos são divididos”, afirmou.
A senadora Kátia Abreu também destacou o artigo Por que os brasileiros não reagem?, de Juan Arias, correspondente do jornal El Pais no Brasil, texto publicado originalmente no periódico e reproduzido pelo jornal O Globo na última segunda-feira (11/7). A presidente da CNA classificou o artigo como "brilhante", mas disse que lia o texto "com muita tristeza". “Eu quero ler alguns trechos do artigo com muita tristeza. Não quero entrar em detalhes, nos méritos das culpas, dos erros, que são muitos, imensos, mas para uma reflexão de todos nós”, afirmou a senadora Kátia Abreu.
O artigo lembra que, em seis meses, a presidente Dilma Rousseff já afastou dois ministros importantes. Juan Arias diz que no Brasil não existe o "fenômeno dos indignados", comum em todo o mundo. "Será que os brasileiros não se importam que os políticos sejam salteadores do dinheiro público?", questiona o autor. Os senadores Armando Monteiro (PTB-PE) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) fizeram apartes e elogiaram o discurso da senadora Kátia Abreu.
Assista ao vídeo com o pronunciamento completo:
http://www.canaldoprodutor.com.br/comunicacao/videos/pronunciamento-da-presidente-da-cna-sobre-falta-de-log%C3%ADstica-no-brasil

sábado, 9 de julho de 2011

Pegando no santo pé da santidade

Dizem que pego no pé de Marina Silva. É falso! Não é que não pudesse fazê-lo, mas é falso. Tenho outras prioridades. Confesso, os meus leitores sabem disto, ter um lado meio parnasiano, formalista mesmo. Não chego a dizer que a forma determina o conteúdo, mas nunca senti bom perfume em frasco ruim. Se alguém me diz,tentando parecer profundo, que “o frasco não faz o perfume”, o diabinho que habita em mim logo cutuca: “Mas por que fará o mais, o bom perfume, quem não sabe fazer o menos, o frasco?” Eu me deixo tentar pelo diabo da lógica. O bicho é feio, mas a palavra é linda, procurem. O “diabo” é aquilo que desune, que divide, que desafina o coro dos contentes. Nesse estrito sentido, Marina é pura, e eu sou diabólico. Ela fica juntando gente dos mais diferentes matizes, e eu fico desunindo…
A mulher saiu do PV e agora montou o que ela chama “movimento”, que, segundo diz, congrega pessoas dos mais diversos partidos. Marina ainda era uma socialista da floresta quando eu já era um pós-Milton Friedman. Eu descobri com ele, e com outros, faz tempo, que não existe almoço grátis — muito menos creme anti-rugas da Natura. Alguém sempre paga a conta. O jornalismo brasileiro não se ocupa de tentar descobrir quem paga as contas de Marina porque também resolveu ser militante e militonto. Eu escrevi acima, notem ali, “pós-Milton Friedman”. À sua maneira, mesmo sabendo que não existe almoço grátis, ele era um idealista. No modelo de Friedman, não cabe um BNDES financiando os “capitalistas”, os “liberais”. No Brasil, o liberalismo tem sala quase contígua à de Dilma Rousseff, como Jorge Gerdau Johannpeter. O mundo civilizado descobriu a sociedade que coíbe o estado; o Brasil descobriu o estado que coíbe a sociedade em nome do bem comum. Não é a minha praia. Eu sou um idealista exigente. Em matéria de metafísica, comigo, é Deus ou é nada. Se não é Deus, é humano. Se é humano, indago: quem paga a conta?
Marina concedeu uma entrevista ao Estadão. O jornalismo anda mais ou menos — na verdade, “mais” — embasbacado com aquele ódio liofilizado à política, que ela oferece. Ah, meu Deus! Se as galinhas não me aborrecessem depois de um ou dois dias, eu iria criar galinhas! Não é preciso muitos livros, apenas os certos, para perceber que o discurso de Marina tem matriz e matiz fascistóides. Supõe que a verdade, nas ciências humanas e na política, tem um lugar, um ponto de chegada, uma síntese definitiva — que ela, evidentemente, encarnaria.
Não há um só repórter que tenha se interessado em saber: “Mas, afinal, o que esta senhora queria do PV?” Eu revelo: ela queria o comando do partido no Distrito Federal, por onde pretendia se lançar candidata ao senado em 2014 — ainda não era a Presidência. Era uma esforço para mudar o domicílio eleitoral porque o Acre não elege mais Marina Silva! Na disputa pela Presidência da República, ela ficou em terceiro lugar em seu estado natal. A eleição para o Senado também é majoritária, como a Presidência. O PT local (que é a turma de Marina no Acre) agoniza. O que parece ser uma causa transnacional é, na verdade, um problema paroquial, entenderam? E o presidente do PV, o demonizado deputado federal José Luiz Penna (SP), não quis lhe entregar o partido no DF. O resto é história.
Eu fico verdadeiramente fascinado por esses processos porque posso entender, mas não endossar, as razões que levam as massas, em determinados momentos, a fazer certas tolices. Mas continua a desafiar a minha inteligência o que leva minorias informadas a aderir a certas idéias estúpidas, como é o marinismo. Notem bem: Marina tentou dar um golpe e assumir o comando do PV. Como ela não conseguiu, então declara uma espécie de falência não exatamente do partido, mas do sistema partidário como um todo. E lança o seu “movimento”. Em suma: se Marina não consegue ser a primeira numa vila, então quem está em crise é a República. É brincadeira!
Muito bem” Este “movimento”, COMO SABEM TODOS OS JORNALISTAS, EMBORA OMITAM ESTA INFORMAÇÃO DOS LEITORES, conta com assessoria de imprensa, assessoria de imagem, assessoria política, essas coisas. Afinal, quem os pauta? Embora Friedman tivesse um lado “sonhático”, fazia boas perguntas com seu lado pragmático: “QUEM PAGA O ALMOÇO?” Por outra: quem paga a conta do “Movimento Marina”? Não devem ser apenas os cremes anti-rugas da Natura.
Eu sou aborrecidamente lógico. E também tenho certas tentações. Se me proponho perguntar, fico louco para responder eu mesmo. NÃO DEVEM pagar a conta do “Movimento Marina” os setores manufatureiros da economia porque eles, no fim das costas, apresentam um passivo alto de carbono, entenderam? É uma gente horrorosa, que fica destruindo a natureza para dar uma vida melhor aos desdentados. Não que esses capitalistas pérfidos atuem com esse objetivo. Eles querem é lucro. Ocorre que, invariavelmente, sempre que um desses ogros obtém lucro, também geram empregos e acabam melhorando a vida dos pobres de um modo como um verde ou um socialista jamais conseguiriam. A turma da manufatura, que está suja na rodinha do carbono, não deve financiar o movimento de Marina Silva.
Seria o setor agroindustrial? Duvido! A agroindústria, as cidade e as obras de infra-estrutura ocupam apenas 27,5% do território nacional. Mesmo assim, Marina conseguiu demonizar o agronegócio e as hidrelétricas. Não devem ser os “capitalistas do campo” a sustentar o proselitismo na nossa Santa Verde. Certo! Descartando-se a manufatura e agroindústria, com seu pendor para destruir a natureza, quem sobra para financiar o tal movimento suprapartidário da Santa da Floresta? Qual setor da economia? Qual empresário?
Marina diz querer uma política diferente. Uma das pregações do nosso tempo é a tal “transparência”. Muito bem! Em nome dela, pergunto: quem paga as contas do tal movimento suprapartidário de Marina? Quem arca com o custo da campanha, digamos, pré-eleitoral? Almoço grátis, já sabemos, não existe. Quando menos, devemos a nosso anfitrião o decoro!
Não! Eu não dou, de hábito, a menor bola para as minorais fim-do-mundistas, vocês sabem disso. Mas Marina chama a minha atenção. Partidos políticos são obrigados a dizer quem os sustenta. Pergunto: quem paga a conta do “movimento Marina”, que se apresenta como ombudsman dos partidos? A pergunta não é nova, já tem mais de 400 anos e foi feita por Padre Vieira: “Quem remedeia os remédios?”
É nossa obrigação tentar saber.
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/

Código Ambiental Internacional

Denis Lerrer Rosenfield

O Rio de Janeiro organizará, em 2012, a Conferência da ONU sobre o Desenvolvimento Sustentável (UNCSD 2012, denominada de Rio+20), em cuja ocasião terá lugar igualmente a Cúpula dos Povos para o Desenvolvimento Sustentável — também chamada de Rio+20. Será, portanto, uma oportunidade de reunião de países, ONGs e movimentos sociais, tendo como objetivo a preservação do meio ambiente. O seu mote é, portanto, uma grande discussão sobre o que a ONU denomina de “economia verde” e de desenvolvimento em “harmonia com a natureza”. A mídia internacional se debruçará sobre esses eventos.
Logo, a oportunidade será única para todos os países levarem a sério o que se propõem, e não fazerem apenas uma mera encenação, que sirva somente para impor regras aos países em desenvolvimento, em particular o Brasil, um dos países que mais conservaram suas florestas nativas. Não deixa de ser estranho que o país mais preservacionista seja o alvo das atenções mundiais, sobretudo dos países desenvolvidos. Uma proposta simples e singela seria a elaboração de um Código Ambiental Internacional, que fosse seguido por todos os países, a começar pelos EUA e pelos países europeus. O atual Código Florestal e o próximo estipulam que os empreendedores rurais e o agronegócio em geral devem, em todo o país, preservar a vegetação e a floresta nativas de 20% de suas propriedades, chegando a 35% no Cerrado, na zona de transição para a Floresta Amazônica, e de 80% nesta última. Isto se chama de “reserva legal”.
Nesta perspectiva, os EUA e os países europeus deveriam, também, criar o instituto da “reserva legal”, estipulando um percentual mínimo de 20%. Como se trata de países desmatadores, que devastaram suas vegetações e florestas nativas, teriam um belo trabalho de recomposição de seus biomas originários. Meios científicos, tecnológicos e financeiros certamente não faltariam. Seria uma extraordinária contribuição à preservação ambiental, à “economia de verde” e ao desenvolvimento em “harmonia com a natureza”. Não é isso que defendem? Por que não aplicam em seus próprios países?
Imaginem um planeta em que, uniformemente, em todos os Estados, houvesse uma preservação de 20% de suas vegetação e florestas nativas, obrigando os produtores rurais e o agronegócio desses países a renunciarem a essa parcela de suas propriedades. O índice poderia ser, inclusive, maior, dependendo do maior interesse ambiental. Penso que deveriam fazer isto voluntariamente, pois não cansam de defender essa ideia para o Brasil e outros países como a Indonésia. Guardariam a coerência e os seus discursos não seriam meros disfarces. Não esqueçamos que o Brasil preserva, até hoje, 61% de suas florestas nativas, chegando esse índice a pouco mais de 80% na Amazônia. Nos EUA e nos países europeus, esse índice não chega, em média, a 5%. O ganho ambiental para eles, e para o planeta, seria enorme.
O ministro Antônio Patriota, em recente viagem aos EUA, foi obrigado a se explicar junto a um “Think tank” sobre a legislação ambiental brasileira a partir da aprovação pela Câmara dos Deputados do novo Código Florestal. Como assim se explicar? Ele é que deveria pedir explicações para a pouca atenção desse país com suas vegetação e flores ta nativas. Deveria perguntar por que os produtores rurais americanos e o seu agronegócio não dispõem da “reserva legal”. Não deveriam criá-la? Têm medo do lobby desse setor americano? Por que vociferam aqui e se calam lá?
Um princípio elementar da ciência consiste na validade universal de suas proposições, que de hipóteses se tornam, então, verdades científicas. Se, por exemplo, a “reserva legal” ganha o estatuto de uma verdade científica, ela não poderia ser válida apenas para o Brasil, mas para todos os países do planeta. A SBPC e a ABC deveriam se engajar junto às suas organizações congê-neres nos EUA e na Europa a defenderem a mesma posição, sob pena de estarem a serviço particular de uma causa, em cujo caso não haveria nisto nenhuma ciência, mas tão só um posicionamento parcial e político.
Imaginem o ganho “científico”, se essas entidades congêneres americanas e europeias se engajassem nos mesmos tipos de estudos e, sobretudo, na aplicação de políticas, pressionando os seus respectivos governos e se comprometendo, como fazem no Brasil, junto às editorias de jornais e dos meios de comunicação em geral.
Continua sendo um enigma, digamos de maneira polida, a omissão de ONGs e movimentos sociais em relação à preservação do meio ambiente nos países desenvolvidos. Ressalte-se que os ditos movimentos sociais no Brasil são, em sua maioria, patrocinados e financiados por entidades religiosas católicas, protestantes e anglicanas, tendo suas sedes em países como Grã-Bretanha, Canadá, Alemanha e Áustria.
Deveria ser provocada uma grande campanha internacional para a criação de reserva legal ou de conservação de APPs (áreas de preservação permanente) nos mesmos índices dos que são válidos no Brasil. Por que não utilizam, por exemplo, os mesmos critérios para os rios Douro, Sena, Tamisa e Reno? Por que não fazem campanha contra as plantações de tulipas na Holanda e o cultivo de uvas e a produção de vinho em França, Alemanha, Itália e Portugal? No Brasil não se pode cultivar à beira de rios, encostas e topos de morro e lá pode? De onde provém essa parcialidade?
Ressalte-se ainda que algumas dessas ONGs internacionais e, mesmo, nacionais são atuantes nesses países, algumas tendo neles seus escritórios centrais. Ademais, muitos países europeus financiam ONGS brasileiras, o que mostra uma mistura, diria “impura”, entre interesses estatais e atuação ambientalista no Brasil.
A Conferência da ONU sobre o Desenvolvimento Sustentável e a Cúpula dos Povos para o Desenvolvimento Sustentável, ou seja, o megaevento Rio+20, seriam uma ocasião única para levantar o véu da hipocrisia. Por que não um Código Ambiental Internacional?

DENIS LERRER ROSENFIELD é professor de Filosofia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul
http://www.itamaraty.gov.br/sala-de-imprensa/selecao-diaria-de-noticias/midias-nacionais/brasil/o-globo/2011/06/06/codigo-ambiental-internacional-artigo-denis-lerrer

sexta-feira, 8 de julho de 2011

NÃO TROQUE O CERTO PELO INCERTO - PARASHÁ BALAK 5771 (08 de julho de 2011)

"Há cerca de 20 anos passava na televisão um programa dominical, conduzido pelo famoso apresentador Senor Abravanel, mais conhecido como Silvio Santos. O programa era conhecido como "A cabine do Silvio Santos", pois o elemento principal era uma cabine à prova de som colocada no meio do palco. Uma pessoa sorteada entrava na cabine e ficava fechada lá dentro, sem saber o que acontecia do lado de fora. Enquanto isso o Silvio Santos perguntava para a pessoa se ela queria trocar certo objeto por outro. Uma luz vermelha acendia-se na cabine e o participante tinha que dizer "Sim" ou "Não". Após algumas trocas o jogo terminava e a pessoa recebia o prêmio que havia restado após a última rodada.
Certa vez Antônio Golçalves foi sorteado. Ele não acreditou na imensa sorte de participar do programa do Silvio Santos, pois além dos 15 minutos de fama, os prêmios oferecidos eram muito bons. Fogões, geladeiras, motos e até carros. Antônio estava nervoso quando começou o jogo. Ansioso, ele permanecia em silêncio absoluto, esperando a luz vermelha. Então a luz acendeu e ele gritou "Sim", trocando uma bicicleta por um fogão. Na outra rodada ele decidiu gritar "Não", salvando-se de trocar seu fogão por uma boneca. A sorte parecia estar do lado de Antônio. Na penúltima rodada Antônio estava com uma moto. Então o Silvio Santos trouxe um carro para o palco e perguntou: "Você troca sua moto por este carro zero quilômetros? Antônio viu a luz acendendo e, sem saber o que acontecia do lado de fora, gritou "Sim". Chegou a rodada final e Antônio tinha um carro em suas mãos. Foi então que o Silvio Santos, fez a última pergunta: "Você troca seu carro por uma coxinha?". A luz vermelha acendeu-se e Antônio, confiante, fechou seus olhos e gritou com toda sua força: "Siiiiiiim".
A porta da cabine foi aberta e Antônio saiu, esperançoso. Que grande prêmio teria ganhado? Viu no palco uma televisão, um fogão e uma geladeira. Seus olhos viram também um carro parado no palco e brilharam de alegria. Foi então que o Silvio Santos veio trazendo uma coxinha. Era a coxinha pela qual Antônio havia trocado seu carro. Que decepção! Antônio Golçalves queria sumir de tanta vergonha. Ao sair do palco levava em sua mão a coxinha que havia trocado pelo seu carro zero quilômetros"
Algumas vezes nos equivocamos e, no jogo da vida, nos comportamos como o Antônio Gonçalves. Nos esquecemos que os prazeres do mundo material são limitados e temporários, enquanto os prazeres do mundo espiritual são infinitos. Algumas vezes D'us nos pergunta se queremos trocar os prazeres eternos por prazeres limitados e, na ingenuidade, respondemos "Siiiiiiiim".
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Na Parashá desta semana, Balak, a Torá descreve uma pessoa de personalidade interessante chamada Bilaam. Ele tinha um nível muito elevado de profecia, ao ponto de falar diretamente com D'us, mas preferiu utilizar seu potencial espiritual para ganhar dinheiro e fama vendendo seus "serviços" para interessados em amaldiçoar pessoas e até mesmo povos inteiros. Um dos "clientes" de Bilaam foi o rei Balak, do povo de Moav, que temeu muito o iminente confronto com o povo judeu após ver sua esmagadora vitória contra o povo de Amorá. Balak sabia que a vitória na guerra não dependia de força física, mas sim de méritos espirituais, por isso contratou Bilaam por uma enorme soma de dinheiro para amaldiçoar o povo judeu, possibilitando assim vencer na guerra.
Bilaam, que era famoso pelo grande sucesso em seus "trabalhos espirituais", aceitou a generosa oferta de Balak e, por três vezes, tentou amaldiçoar o povo judeu, mas em todas elas D'us protegeu os judeus, fazendo com que as maldições que saíam da boca de Bilaam se transformassem em Brachót (Bençãos).
Na terceira vez, antes de tentar amaldiçoar o povo judeu, Bilaam pediu para subir em uma montanha e observar o acampamento dos judeus, garantindo que assim poderia amaldiçoá-los. Porém, da sua boca saíram as seguintes palavras de louvor ao povo judeu: "Quão belas são tuas tendas, Yaacov, teus tabernáculos, Israel". Mas que tipo de louvor é esse? O que havia de especial nas tendas do povo judeu? Além disso, por que o versículo mistura as linguagens "Yaacov" e "Israel", já que ambas são utilizadas para se referir ao povo judeu? E finalmente, para que Bilaam precisava ver o povo judeu para poder amaldiçoá-lo?
Explicam nossos sábios que D'us criou e dirige o mundo baseado em misericórdia, pois se Ele julgasse nossos atos com justiça estrita, o mundo não sobreviveria. Mas existem alguns poucos instantes em cada dia em que D'us sim julga o mundo com justiça estrita. Bilaam não tinha o poder de amaldiçoar ninguém. Ele tinha, na realidade, o potencial espiritual de saber qual era o momento da justiça estrita de D'us. Como ele aproveitava este dom espiritual? No exato momento da justiça estrita ele mencionava para D'us alguma transgressão da pessoa ou povo, causando uma "maldição", que nada mais era do que a consequência de uma punição espiritual mais severa. Por isso ele subiu na montanha, para observar o acampamento do povo judeu e procurar qualquer defeito que pudesse ser mencionado no momento da justiça estrita de D'us.
O que Bilaam esperava ter visto? Um erro comum de acontecer entre vizinhos: a falta de recato, resultado da curiosidade que temos de sempre querer saber o que está acontecendo na vida dos outros. Vivemos sem privacidade, janela com janela, um olhando sempre o que os vizinhos estão fazendo. Porém, Bilaam viu no acampamento do povo judeu justamente o contrário. As tendas eram montadas de forma recatada, isto é, nunca a abertura de uma tenda ficava de frente para a abertura de outra tenda. O povo judeu se preocupava com a privacidade e o recato de cada família. Ao invés de uma maldição, Bilaam pronunciou uma Brachá.
Explica o Rav Moshe Shterenbuch que, além desta explicação mais simples, a Brachá de Bilaam pode ser entendida de uma maneira mais profunda, necessitando apenas uma pequena introdução. A Torá se refere ao povo judeu de duas maneiras diferentes. Pessoas mais simples, com um nível espiritual mais baixo, são chamadas de "Yaacov", enquanto pessoas em um nível espiritual mais elevado são chamadas de "Israel".
O que significa "Quão belas são tuas tendas, Yaacov"? A tenda simboliza coisas provisórias e temporárias. Elas não são moradias fixas, são utilizadas apenas como uma solução temporária por pessoas que estão fora de casa. Este foi o louvor que Bilaam deu ao povo judeu: da mesma forma que eles moravam em tendas porque estavam apenas de passagem pelo deserto, assim eles também viviam suas vidas. Eles colocavam no coração que a vida no Olam Hazé (Mundo Material) é provisória e passageira, apenas uma preparação para o Olam Habá (Mundo Vindouro), que é a vida verdadeira e eterna. Bilaam ressaltou como é bom viver com esta certeza, mesmo para as pessoas mais simples chamadas de "Yaacov", pois assim podem dedicar suas vidas ao que realmente é importante, sem investir mais do que o necessário no que é passageiro e limitado.
E o que significa "Teus tabernáculos, Israel"? Que as pessoas mais elevadas, chamadas de "Israel", podem viver em um nível espiritual ainda mais alto. Para elas não é suficiente apenas viver com a certeza de que o mundo material é temporário, elas conseguem transformar suas vidas em um pequeno Mishkan (tabernáculo ou Templo Móvel). Qual a característica de um Mishkan? Através da utilização de objetos do mundo material, da maneira como D'us ensinou, conseguimos trazer a Sua presença para o mundo. Viver uma vida de Mishkan significa utilizar o mundo material e seus prazeres de uma forma tão sagrada que podemos elevar tudo o que é material a um nível espiritual.
Deste ensinamento aprendemos algo muito interessante: não é abdicando dos prazeres do mundo material e vivendo uma vida de pobreza e privações que podemos nos tornar pessoas espiritualmente mais elevadas. A maneira verdadeira de criar uma conexão com D'us é utilizando o mundo material, tendo proveito dos prazeres que ele pode nos oferecer, mas canalizando estes prazeres ao mundo espiritual. As Mitsvót nos ajudam nesta difícil tarefa. Por exemplo, podemos ter o prazer de uma boa comida, mas a comida Kasher e as Brachót feitas antes e depois de termos proveito transformam a comida gostosa em alimento para a alma. E assim funciona com todos os prazeres do mundo material que, ao serem obtidos da maneira correta, podem virar prazeres espirituais, transformando nossas casas e nossas vidas em um verdadeiro Templo Móvel.
A Brachá de Bilaam não foi apenas para o povo judeu que estava no deserto, foi para cada um de nós. Foi uma Brachá para que possamos ter claridade durante o tempo limitado em que estamos neste mundo material e possamos focar corretamente os nossos atos. Não apenas para não gastarmos o nosso tempo na busca incessante de prazeres limitados que não nos preenchem, mas para que possamos trazer espiritualidade para o mundo com cada pequeno ato que fazemos.
SHABAT SHALOM
Rav Efraim Birbojm
http://ravefraim.blogspot.com/
Nm. 22:2-25:9, Mq 5:6-6:8, Rm. 11:25-32