quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

A agropecuaria devera liderar o crescimento

O Estado de S. Paulo

Editorial Econômico

Em 2013, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o aumento no valor bruto da produção agropecuária deverá ser de 18,2% - um salto de R$ 380 bilhões para R$ 450 bilhões.

Diante disso, consultorias econômicas preveem que o setor sairá da recessão de 2012 e liderará a retomada do PIB, em 2013, com crescimento estimado em 5,4%, superior ao da indústria e dos serviços.

As perspectivas oficiais para 2013 já haviam indicado recordes nas safras de grãos e oleaginosas, com aumentos entre 8,6% e 9,9%, respectivamente, segundo a Conab e o IBGE. E o agronegócio, mesmo em 2012, um ano de preços baixos, gerou exportações de US$ 95,8 bilhões e superávit comercial de US$ 79,4 bilhões. As projeções da CNA indicam para 2013 um cenário ainda mais favorável.

A soja gerou um valor bruto de produção de R$ 69 bilhões, em 2012, e são previstos R$ 105 bilhões neste ano - ou seja, mais R$ 36 bilhões na renda dos produtores. O valor da produção de Cana-de-açúcar deverá crescer de R$ 42,8 bilhões para R$ 48,5 bilhões, mais R$ 5,7 bilhões. E, no caso do milho, com a mesma quantidade produzida em 2012 e 2013, o valor da produção crescerá R$ 5,4 bilhões, de R$ 35 bilhões para R$ 40,4bilhões. As piores perspectivas são para o algodão e o café.

Para que essas estimativas se confirmem, muito contribuirá o crescimento da economia, previsto em 3,18% neste ano, segundo o último boletim Focus, do Banco Central, Mas isso também significa que os preços, que já subiram muito em 2012, devem continuar elevados - caso do tomate e da laranja. Os produtores estão otimistas, porque o valor bruto da produção de tomate deverá crescer R$ 3,7 bilhões e o da produção de laranja, R$ 8 bilhões.

Na pecuária, o valor da produção deverá crescer 7%, de R$ 137 bilhões para R$ 146,5 bilhões. Será um reequilíbrio, depois dos maus resultados do ano passado.

Preços favoráveis na agropecuária ajudam as exportações, evitando que se acentue o declínio do superávit da balança comercial (que foi de apenas US$ 19,4 bilhões, em 2012, inferior em US$ 10,4 bilhões ao de 2011). A recuperação da China dará maior estímulo às vendas externas, mas, além disso, a demanda de alimentos tende a crescer de forma generalizada.

Do ponto de vista interno, não haverá problemas com o abastecimento, mas que não se conte com preços que favoreçam o consumo da população de baixa renda e deem uma grande ajuda para controlar os índices de inflação.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

A FORÇA QUE VEM DO SHABAT – PARASHÁ BESHALACH 5773

 
"A Rebbetzin Esther Jungreis nasceu na Hungria. Ela viveu, desde sua infância, tempos difíceis para os judeus. Muitos anos antes dos nazistas dominarem a Europa, o antissemitismo já mostrava sua face mais cruel na Hungria. Os húngaros costumavam alistar jovens judeus para trabalhar em campos de trabalho escravo. As carroças que transportavam os jovens judeus passavam pela cidade de Szeged, onde vivia Esther. Seu pai, o rabino chefe da cidade, conseguia trazer para sua casa, toda semana, de 10 a 15 jovens para que passassem o Shabat com ele. Apesar do mundo lá fora ser cada vez mais horrível, quando o rabino entrava em casa e dizia "Shabat Shalom, crianças", a casa se iluminava de uma maneira especial. O dia de Shabat era um dia de muita alegria. Enquanto o mundo inteiro mergulhava em escuridão, o Shabat na casa dos Jungreis elevava todos os presente às alturas espirituais, e eles se sentiam, mesmo que por apenas um único dia, imunes à devastação que ocorria no mundo lá fora.

Quando os nazistas invadiram a Hungria, toda a família Jungreis foi enviada para o Campo de Concentração de Bergen-Belsen. Todos os dias eles recebiam de alimento apenas uma fatia de pão com um pouco de serragem. Mas o pai de Esther nunca comia todo o seu pão. Ele sempre tirava um pequeno pedaço do pão e guardava em um local escondido. Ele ensinava seus filhos a contar: "Faltam quatro dias para o Shabat... Faltam três dias para o Shabat...". Quando o Shabat finalmente chegava, no meio da noite a família se sentava no chão do barraco, que estava cheio de ratos, e o pai de Esther dizia: "Fechem os olhos, crianças. Agora nós estamos em casa. Vamos comer um pouco de Chalá". Então ele retirava do esconderijo as migalhas e pequenos pedaços de pão que havia cuidadosamente guardado durante a semana, dividia entre todos os familiares e cantavam "Shalom Aleichem", dando as boas vindas aos anjos que nos acompanham até em casa na noite de Shabat. Certa vez, após cantar "Shalom Aleichem", o irmão menor de Esther falou para seu pai:

- Pai, nós damos as boas vindas para os anjos, mas eu não consigo ver nenhum anjo! Onde eles estão?

O pai então começou a chorar e, enquanto lágrimas corriam pelo seu rosto, ele falou:

- Meus filhos, vocês são os verdadeiros anjos do Shabat.

Foi com a força do Shabat que toda a família Jungreis conseguiu sobreviver ao inferno de Bergen-Belsen e, após o Holocausto, ajudar a construir o judaísmo da América" (História Real)

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Na Parashá desta semana, Beshalach, o Faraó, arrasado pelas pragas que destruíram o Egito, deixou o povo judeu ir embora, mas logo se arrependeu e saiu em perseguição aos judeus com um grande exército. D'us então fez o grande desfecho, abrindo o Mar Vermelho para que o povo judeu pudesse atravessar em terra firme e fechando-o sobre os egípcios, matando todos afogados.

Mas logo após este grande milagre, a Torá descreve um pequeno incidente. Os judeus caminharam três dias no deserto de Shur e não encontraram água. Então eles chegaram a um local chamado Mará, onde havia água, mas as águas eram muito amargas e, portanto, não eram potáveis. O povo então reclamou de forma agressiva com Moshé, que rezou para D'us. D'us escutou os pedidos de Moshé, mostrou a ele uma árvore e ordenou que ele a atirasse nas águas amargas. Milagrosamente as águas se tornaram doces, possibilitando o povo beber e saciar sua sede.

Mas como o povo judeu pôde reclamar de forma tão agressiva, quase gerando uma rebelião contra Moshé, três dias após o incrível milagre da abertura do Mar Vermelho? O Talmud (Baba Kama 82a) explica que a falta de água é apenas uma analogia à falta de Torá, pois a Torá é, em várias características, comparada com a água. Por exemplo, da mesma forma que a água se acumula apenas nos lugares mais baixos, assim também a Torá se acumula apenas entre os humildes, que vencem o seu orgulho e a sua busca pela honra. Além disso, da mesma forma que é impossível viver sem água, também é impossível viver sem a Torá, pois ela é o nosso "Manual de Instruções" de como a vida, a interação entre o material e o espiritual, funciona.

Quando Moshé Rabeinu percebeu que apenas três dias após um gigantesco milagre o povo começou a reclamar, ele entendeu que o povo judeu não poderia ficar mais de três dias consecutivos sem o estudo da Torá, pois isto causava uma enorme deterioração de sua espiritualidade. Então ele estabeleceu que a Torá deveria ser lida publicamente na 2ª feira e na 5ª feira, além da leitura feita no Shabat, para que o povo judeu não passasse mais de três dias sem Torá.

Porém, daqui surge uma pergunta interessante: se o objetivo era não deixar que passassem três dias sem Torá, isto poderia ser conseguido através de várias possibilidades. Por exemplo, a leitura poderia ser na 3ª e na 5ª, ou na 2ª e na 4ª. Por que Moshé fixou a leitura da Torá justamente na 2ª e na 5ª?

Há um Midrash (parte da Torá Oral) que nos ajuda a responder a pergunta. O Midrash (Bereshit Rabá 11:9) diz que, após a criação do mundo, o Shabat reclamou com D'us, pois todos os dias da semana tinham um "par", menos o Shabat. D'us então consolou o Shabat dizendo que seu "par" seria o povo judeu. O que significa este conceito de que cada dia tem um par? E o que este Midrash nos ensina?

O Rambam (Maimônides) nos ensina que todas as criações de D'us têm como base quatro elementos fundamentais: a terra, a água, o fogo e o vento. Quando analisamos a criação do mundo, podemos perceber que em cada dia um dos elementos foi predominante. No primeiro dia D'us criou a luz, que é predominantemente composta pelo fogo. No segundo dia D'us criou o céu, que é resultado da divisão das águas e, portanto, o elemento predominante foi a água. No terceiro dia D'us criou a terra firme e a vegetação, sendo o elemento predominante a terra. O ciclo então se repete, pois no quarto dia D'us criou o sol, a lua e as estrelas, cujo elemento predominante é o fogo. No 5º dia D'us criou os peixes e animais aquáticos que, segundo o Talmud, foram formados a partir da própria água, sendo o elemento predominante a água. No 6º dia D'us criou os animais terrestres e o primeiro ser humano, que recebeu o nome de Adam, pois foi feito da "Adamá" (terra), sendo o elemento predominante neste dia a terra.

Segundo o Midrash, da mesma forma que praticamente tudo no mundo material é produzido através da combinação de "macho-fêmea", os elementos que D'us utilizou para criar o mundo também têm propriedades de "macho e fêmea" que, combinados, formam certa criação que apresenta este elemento de maneira predominante. Portanto, o Domingo e a 4ª feira se unem para produzir as criações baseadas no elemento fogo; a 2ª e a 5ª se unem para formar as criações baseadas no elemento água; e finalmente a 3ª e a 6ª se unem para produzir as criações baseadas no elemento terra. Estes são os "pares" a que se refere o Midrash. Pelo fato de Moshé ter fixado as leituras adicionais da Torá baseado na comparação entre a Torá e a água, os dias mais indicados para que a Torá fosse lida publicamente eram a 2ª e a 5ª, cuja combinação gera criações cujo elemento predominante é a água.

Explica o Rav Yohanan Zweig que o único elemento não utilizado nos seis primeiros dias da criação é o vento (Ruach), que é o mais espiritual de todos os elementos. Portanto, o Shabat, o dia mais espiritual da semana, é a criação em que o elemento predominante é o vento. Por isso o Shabat tem um caráter maior de espiritualidade e santidade do que os outros dias da semana. Mas como ensinou o Midrash, para conseguir alcançar uma criação é necessário um "par". Por isso, é somente a união entre o povo judeu e o Shabat que gera a santidade deste dia tão especial, santidade que permeia todos os outros dias da semana e dá para eles existência e sentido.

Muitas pessoas veem o Shabat como algo monótono e antiquado. Isto é porque muitas vezes não entendemos o caráter tão especial deste dia, que influência nossa semana de forma tão impactante. O Shabat é a fonte de energia de toda nossa semana. Os três primeiros dias da semana recebem energia do Shabat que passou, enquanto os três últimos dias da semana recebem influência do Shabat que está por vir. Principalmente nos dias atuais, em que a pressão do trabalho e do cotidiano nos afeta tanto, o Shabat é um verdadeiro oásis no meio do deserto, uma possibilidade de semanalmente recarregar as baterias.

Sem o Shabat nos tornamos escravos do mundo material. O Shabat é uma chance de nos desligarmos, durante um dia inteiro, de tudo o que nos escraviza. Podemos viver um dia por semana sem nossos computadores e celulares. Podemos viver um dia por semana sem pensar nos lucros da empresa, nos fornecedores e nos clientes. Podemos dedicar pelo menos um dia de nossa semana para nossa família, sentando juntos para as refeições de Shabat. Podemos dedicar pelo menos um dia de nossa semana para ler e conhecer um pouco mais da infinita sabedoria contida na nossa Torá. É um dia de descanso para o corpo e para a alma, no qual podemos nos conectar a D'us de uma maneira muito mais intensa.

Quando nos "unimos" ao Shabat, estamos contribuindo para trazer mais santidade ao mundo. Assim, além de aproveitar um dia especial, no qual nossas energias podem ser recarregadas, estaremos contribuindo para a construção de um mundo com mais paz e harmonia.

SHABAT SHALOM

R' Efraim Birbojm
http://ravefraim.blogspot.com.br/
Ex. 13:17-17:16, Jz. 4:4-5:31, Jo. 6: 22-40 (Shabat Shirá / Tu Bish’vat)

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

ENSINAR ATRAVÉS DO EXEMPLO PESSOAL – PARASHÁ BÔ 5773



"Alguns cofres de segurança de um grande banco de Montreal, que eram utilizados por clientes para guardar joias e outros pertences de valor, foram arrombados por ladrões e completamente esvaziados. Quando os clientes souberam do roubo, imediatamente enviaram aos diretores uma lista dos objetos que estavam dentro dos cofres para serem ressarcidos. Apesar de não haver responsabilidade legal de o banco ressarcir as perdas, os diretores temiam manchar o nome do banco e decidiram compensar seus clientes. Porém, havia um grande problema: como saber se os clientes estavam realmente sendo honestos? As listas poderiam conter objetos caros que nunca estiveram guardados no cofre, e não haveria como saber que era mentira. O que fazer?

Um dos diretores teve uma ideia brilhante. De todos os cofres, os ladrões não haviam conseguido arrombar sete deles. Eles chamariam aleatoriamente um dos donos destes cofres, diriam que seu cofre havia sido arrombado também e pediriam para que a pessoa preenchesse uma ficha detalhando tudo o que havia lá dentro para fins de ressarcimento. Assim, eles poderiam abrir o cofre e checar se a pessoa estava sendo honesta ou não. O resultado obtido com este cliente aleatoriamente escolhido seria utilizado como norma para a reclamação dos outros clientes.

A pessoa chamada foi a Sra. Bluenstein, uma mulher judia que cumpria as leis da Torá. Ela sabia como a desonestidade é algo abominável e era uma pessoa muito temente a D'us, por isso escreveu na lista apenas os objetos que realmente estavam no cofre, sem acrescentar nem mesmo um item estranho, mesmo sabendo que era uma grande oportunidade para "levar vantagem" da situação. Os diretores, ao verem que a mulher havia sido completamente honesta, concluíram que as pessoas são normalmente honestas e reembolsaram tudo o que eles haviam listado em suas reclamações.

A história ficou tão famosa que ganhou destaque no principal jornal do país, criando um enorme Kidush Hashem (Santificação do nome de D'us)" (História Real)

Toda vez que somos honestos e educados, estamos mandando uma mensagem ao mundo. Uma mensagem de que viver de acordo com as leis da Torá, que D'us nos entregou, ajuda a nos tornar pessoas cada vez melhores. Assim contribuímos para que o mundo possa chegar à perfeição. 

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Nesta semana lemos a Parashá Bô, que traz as últimas três pragas que D'us mandou sobre os egípcios e a posterior libertação do povo judeu do Egito. E os judeus, após 210 anos de pesada escravidão, não saíram de mãos vazias, como ensina o versículo: "E os Filhos de Israel fizeram conforme as palavras de Moshé. Eles pediram dos egípcios utensílios de prata, utensílios de ouro e roupas. E D'us deu ao povo graça aos olhos dos egípcios, e eles concederam seu pedido. Então eles esvaziaram o Egito" (Shemot 12:35,36).

Neste versículo há algo que nos chama a atenção. Está escrito que D'us fez com que os judeus encontrassem graça aos olhos dos egípcios, e eles deram de bom grado todas as suas riquezas para o povo judeu. Porém, os egípcios haviam acabado de ser esmagados e humilhados pelas 10 pragas que D'us havia mandado através de Moshé, o líder do povo judeu. Portanto, os egípcios terem dado seus pertences de bom grado foi um grande milagre. Mas para que este milagre foi necessário? Pois D'us estava cumprindo uma promessa feita a Avraham Avinu. Quando D'us revelou a ele que seus descendentes seriam escravos em uma terra estranha, afirmou que depois sairiam com uma grande riqueza. Por isso, D'us fez com que os egípcios dessem suas joias e roupas de bom grado, para que os judeus saíssem de lá ricos, cumprindo as palavras da profecia.

Mas ainda fica uma grande dificuldade. Após a última praga, a morte dos primogênitos, os egípcios estavam apavorados, achando que não apenas os primogênitos morreriam, mas todo o povo. Certamente fariam qualquer coisa que os judeus dissessem, por temor de que algo ruim aconteceria caso recusassem. Portanto, se os judeus pedissem as riquezas dos egípcios, eles as entregariam imediatamente. Então por que foi necessário um milagre para que os egípcios entregassem suas joias e roupas de bom grado? Qual a diferença se eles entregassem por admiração ou por temor?

Explica o Rav Naftali Tzvi Yehuda Berlin, mais conhecido como Netziv, que o propósito da Criação do mundo é para que toda a humanidade possa reconhecer D'us. A importância de que todos os povos do mundo tenham consciência de D'us pode ser observada em outro grande milagre que ocorreu após a saída do Egito. Na abertura do Mar Vermelho, assim diz o versículo: "Os egípcios devem saber que Eu sou D'us" (Shemot 7:5). De que egípcios o versículo está falando? Dos egípcios que, poucos instantes depois, morreram afogados. Isto quer dizer que o tremendo milagre da abertura do Mar Vermelho foi realizado apenas para que alguns poucos egípcios reconhecessem a força de D'us, por alguns poucos instantes, sem que eles tivessem a possibilidade de passar adiante o conhecimento da força de D'us. Por que? Pois o Mundo Vindouro não é uma exclusividade do povo judeu. Todos os não judeus que andarem no caminho correto também terão o mérito de ir para o Mundo Vindouro.

Mas como as nações do mundo podem saber como cumprir a vontade de D'us? Quando D'us entregou a Torá ao povo judeu no Monte Sinai, Ele nos tornou Seus mensageiros no mundo material, como afirmou o Profeta Yeshaiahu: "Nós somos uma luz para as nações" (Yeshaiahu 42:6). Não através de aulas, mas através do nosso exemplo. Segundo o Netziv, poderíamos cumprir nossa função morando na Terra de Israel, e de lá poderíamos inspirar o mundo inteiro. Mas infelizmente, por causa de nossas transgressões, não tivemos este mérito. Nosso Beit Hamikdash (Templo Sagrado), que iluminava o mundo inteiro, foi destruído. Como não conseguíamos mais ser a luz para as nações estando em Israel, D'us nos espalhou por todo o mundo, para que possamos espalhar a sabedoria de D'us morando entre as nações. Agora nossa obrigação é santificar o nome de D'us através de cada pequeno ato cotidiano. 

É por isso que a Halachá (Lei judaica), em vários aspectos do nosso dia a dia, nos obriga a viver com santidade e a nos comportar da maneira correta, para que possamos santificar o nome de D'us. É estritamente proibido fazer qualquer ato que leve os não judeus a nos punirem por uma conduta que não é adequada a um povo de elevada santidade. Temos que tomar cuidado inclusive com atos que, apesar de serem corretos, podem dar a impressão de que estamos sendo desonestos ou fazendo algo errado. Santificar o nome de D'us é uma faceta da Mitzvá de "amar a D'us", pois ao nos comportarmos da maneira correta, estamos contribuindo para que toda a humanidade possa reconhecer e servir a D'us.

Como representantes de D'us, temos a grande responsabilidade e a obrigação de buscar respeito e favor aos olhos das nações do mundo. Rashi, comentarista da Torá, explica que isto ocorrerá apenas quando nós cumprirmos as Mitzvót da maneira correta, pois uma Mitzvá feita da maneira correta é algo Divino e gera respeito e admiração, como diz o versículo: "Você deve guardá-las e cumpri-las (as Mitzvót), pois é sua sabedoria e seu entendimento aos olhos das nações, que escutarão todas estas leis e proclamarão: 'É realmente sábia e entendida esta grande nação' " (Devarim 4:6). Mas uma Mitzvá que não é feita da maneira correta faz com que sejamos considerados tolos, denegrindo nossa imagem e, automaticamente, a imagem de D'us.

Antes da nossa primeira redenção, a saída do Egito, D'us milagrosamente deu ao povo judeu graça aos olhos dos egípcios. Os egípcios nos deram seus utensílios de ouro e prata e suas roupas para que pudéssemos melhorar nosso serviço a D'us no deserto. Ensinam nossos sábios que a primeira redenção do povo judeu é um modelo de como será a redenção final, na época do Mashiach. Portanto, para que possamos chegar à nossa redenção final, temos que nos esforçar para sermos exemplos ao mundo. Em uma sociedade com tanta violência, corrupção e roubo, bons atos têm um brilho especial. Quando a infidelidade e a desonestidade são a regra, podemos fazer a diferença, mostrando ao mundo que podemos e devemos viver de acordo com os valores corretos. Esta é a maior contribuição que podemos dar para que o mundo chegue um dia à sonhada perfeição. 

"HOJE EM DIA AS PESSOAS SABEM O PREÇO DE TUDO, MAS NÃO SABEM O VALOR DE NADA"

SHABAT SHALOM 

R' Efraim Birbojm
http://ravefraim.blogspot.com.br/
Ex. 10:1-13:16, Je 46:13-28, Rm. 9:14-29

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

PENSANDO NO FUTURO – PARASHÁ VAERÁ 5773

 

"Daniel era uma pessoa muito correta. Mas ele sofria muito por seu pai ser um alcoólatra incorrigível. Certa vez Daniel estava passando por uma rua perto de sua casa e viu outro homem completamente bêbado, caído na sarjeta, em um estado degradante. Um grupo de jovens estava em volta do bêbado, atirando pedras e ofendendo-o com palavrões e insultos.

Quando Daniel viu aquela cena lamentável, correu para trazer seu pai, na esperança de que, vendo aquela cena, ele enxergaria a degradação que o alcoolismo causa. Quando chegaram ao local, o bêbado estava todo machucado, caído no esgoto, sujo e fedido, ainda com uma garrafa de vinho quase vazia na mão. O pai arregalou os olhos, aproximou-se do bêbado e disse:

- Ei, senhor. Onde você comprou este vinho? É de alguma loja aqui perto?

Daniel ficou chocado com a reação do pai. Então, desanimado por ter visto seu plano fracassar, falou:

- Pai, eu te trouxe aqui para você ver a humilhação pública que este homem está passando. Eu queria que você enxergasse como você fica quando está bêbado, e a vergonha que você causa para você mesmo e para toda a família. Eu imaginei que vendo este bêbado você ficaria chocado e abandonaria este seu terrível vício!

- Eu sei, meu querido filho – respondeu com tristeza o pai – mas o que eu posso fazer se o maior prazer da minha vida é beber?" (História retirada do Midrash – parte da Torá Oral)

É muito provável que esta pessoa sabe dos danos que a bebida causa para ele. Porém, os prazeres imediatos que ele consegue através da bebida o cegam e não o deixam enxergar os danos causados em sua vida a longo prazo. Em várias áreas da vida, focar apenas nos resultados imediatos sempre traz consequências desagradáveis.

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Na Parashá desta semana, Vaerá, D'us mandou Moshé ordenar ao faraó que libertasse o povo judeu. Após sucessivas recusas do faraó, D'us devastou o Egito com dez terríveis pragas, um duro castigo por todo o mal que os egípcios haviam causado ao povo judeu em mais de 210 anos de pesada escravidão.

Na segunda praga, D'us encheu o Egito de sapos. Os sapos entraram em todos os locais: nos quartos, nos banheiros, nas cozinhas e até mesmo dentro dos fornos dos egípcios, transformando a vida deles em um verdadeiro inferno. E assim diz o versículo sobre o momento em que a praga começou: "E estendeu Aharon sua mão sobre as águas do Egito, e o sapo subiu, e cobriu a terra do Egito" (Shemot 8:2).

Mas deste versículo surge uma pergunta: se a Torá nos ensina que os sapos infestaram todo o Egito, e não havia um único lugar onde não havia sapos, então provavelmente D'us mandou sobre os egípcios milhares de sapos. Por que a Torá diz que "o sapo subiu", como se fosse apenas um único sapo?

Rashi, baseado em um Midrash (parte da Torá Oral), explica que originalmente apenas um único sapo saiu do rio Nilo e subiu em direção aos egípcios. Mas como um único sapo cobriu todo o Egito? Quando os egípcios viram o sapo, tentaram golpeá-lo para matá-lo. Mas ao invés de machucá-lo, o golpe fez com que o sapo se dividisse em vários sapos. Cada vez que um egípcio golpeava um dos sapos, ele se multiplicava. Assim, em pouco tempo, aquele único sapo se transformou nos milhares de sapos que infestaram todo o Egito.

Mas desta explicação do Rashi surge uma grande pergunta: quando os egípcios golpearam o primeiro sapo, viram que não apenas o sapo não tinha morrido, mas tinha se multiplicado. E assim com os outros sapos, quanto mais os egípcios batiam, mas eles se multiplicavam e se espalhavam pelo Egito. Então por que eles não pararam de bater nos sapos? Se racionalmente eles viram que o ato de bater só prejudicava, por que bateram até o Egito estar completamente tomado por sapos? Por que não aprenderam a lição?

Responde o Rav Yaacov Kanievski zt"l, mais conhecido como Staipler, que deste episódio dos sapos aprendemos uma importante lição de como a característica da raiva pode ser destrutiva para o ser humano e como nos faz agir como tontos no nosso cotidiano.

Normalmente, quando uma pessoa é insultada, ela fica dominada pela raiva e se vinga, "devolvendo" as ofensas ao agressor. O agressor então aumenta o tom dos insultos, e o agredido sente novamente a necessidade de pagar na mesma moeda, até que torna-se um círculo vicioso de retaliações sem sentido, com consequências desastrosas para todos os envolvidos.

Foi neste círculo vicioso da raiva que os egípcios entraram. Quando eles foram ameaçados pelo sapo, instintivamente reagiram golpeando-o. Quando o sapo se multiplicou, a fúria dos egípcios se acendeu e eles quiseram se vingar dos sapos, golpeando-os novamente. Mesmo que falharam outra vez, continuaram com sua atitude agressiva, golpeando os sapos sem parar, até que todo o Egito estava imerso em uma praga incontrolável. Daqui vemos o quanto a raiva nos causa danos, e quanto ela nos faz agir de maneira autodestrutiva.

Diz o Rav Yonathan Guefen que precisamos nos aprofundar um pouco mais na característica da raiva para entender por que ela leva a pessoa a agir de forma tão tola, como agiram os egípcios ao continuamente golpear os sapos que não paravam de se multiplicar. Quando uma pessoa é agredida e reage, ela sente um prazer imediato de ter devolvido as ofensas ao agressor, que ousou falar com ela de maneira tão rude. Mas depois desta satisfação momentânea, a pessoa sente, a longo prazo, um terrível remorso, acompanhado de outros sentimentos negativos que normalmente sentimos após uma discussão ou briga. Segundo a lógica, a pessoa deveria aprender a lição sobre os danos a longo prazo que sua reação violenta causou a si mesma e deveria utilizar este aprendizado para se controlar da próxima vez em que a mesma situação estressante ocorresse. Mas sabemos que não é isto o que ocorre, pois constantemente caímos na mesma armadilha. Entramos neste círculo vicioso de "agressão – reação impensada – remorso", do qual não conseguimos sair.

A fonte deste problema que prejudica a todos nós é que focamos sempre nos resultados a curto prazo, ao invés de levar em consideração as consequências a longo prazo. É necessário muito esforço e investimento no autoaprimoramento para mudar esta forma de comportamento destrutiva. Antes de tudo é necessário mudar a forma de como vemos a vida, pois uma das principais estratégias do nosso Yetzer Hará (má inclinação) para nos vencer é nos cegar em relação aos efeitos a longo prazo dos nossos atos. Com esta arma, ele consegue atrapalhar muito nosso trabalho espiritual. Pode parecer evidente em um bêbado, que prefere o prazer momentâneo da bebida e "se esquece" das consequências destrutivas de seu ato. Porém, isto ocorre em muitas outras áreas de nossas vidas, com consequências até mesmo mais devastadoras do que o álcool. Isto se aplica a todos os vícios e todos os desejos impulsivos do ser humano, cujo ponto em comum é a falta de autocontrole. E qualquer um que queira realmente atingir seu potencial deve levar isto em consideração e ter a vontade de mudar.

O primeiro passo para um processo real de crescimento é desenvolver o reconhecimento intelectual de que qualquer reação instintiva que temos quando confrontados com uma dificuldade é, em última instância, prejudicial. A raiva, por exemplo, pode trazer o prazer momentâneo da vingança e do "não levar desaforo para casa", mas a longo prazo pode gerar destruição e dor. Uma pessoa que grita com seu cônjuge ou com seus filhos de maneira impensada pode ter benefícios por alguns instantes, pode "ganhar a discussão" naquele momento, mas certamente a consequência futura será a destruição dos relacionamentos familiares, um preço muito alto por aquele pequeno benefício momentâneo.

Isto fica óbvio ao acompanharmos as notícias dos jornais. Quantas brigas de trânsito acabam em tragédias, que poderiam ter sido evitadas com uma reação mais calma de uma das partes? Acabamos de acompanhar o caso de uma acalorada discussão por causa da diferença de sete reais na conta de um restaurante que terminou em um banal assassinato de um jovem, recém-formado, que tinha um futuro inteiro pela frente. Por causa de discussões sem sentido muitas vidas já se perderam. A regra é que fogo não se apaga com fogo, se apaga com água. Assim nos ensina Shlomo Hamelech (Rei Salomão): "Uma fala tranquila afasta a raiva, mas uma fala dura desperta a raiva" (Mishlei 15:1).

O segundo passo é refletir sobre possíveis situações onde testes podem ocorrer, para que possamos estar intelectualmente preparados para reagir de maneira positiva, sem que o "efeito surpresa" nos leve a reações impensadas. Com isto, a pessoa conseguirá, mesmo sendo insultada, frear suas reações naturais e tolerar a situação adversa com calma, baseada no reconhecimento racional de que gritar e insultar de volta somente agravará a situação. Um exemplo é quando estamos no trânsito. Temos que saber que passar horas no volante estressa qualquer pessoa, e responder a um insulto ou a uma buzinada somente fará ferver o sangue. Portanto, o correto é sair de carro mentalizando que você encontrará pessoas irritadas e mal-humoradas no caminho. Assim será mais fácil manter a calma durante uma situação de stress.

Manter a tranquilidade durante um insulto não é algo fácil de ser alcançado, mas com o tempo, à medida que a pessoa internaliza este conceito, vai adquirindo o autocontrole necessário para reagir às dificuldades com tranquilidade e moderação. Devemos aprender dos egípcios, que golpeavam sem parar os sapos, que as consequências da raiva são sempre negativas. Assim poderemos refletir e aprender a, da próxima vez, "esfriar" nossa raiva antes de tomar qualquer atitude.

SHABAT SHALOM

R' Efraim Birbojm
Ex. 6:2-9:35, Ez. 28:25-29:21, Ap. 16:1-21

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

O QUE ESTÁ POR TRÁS DE UM NOME? - PARASHÁ SHEMOT 5773

"Ronaldo foi contratado para trabalhar no censo demográfico de sua cidade. Quando chegou a uma das últimas casas que teria que visitar naquele dia cansativo, percebeu que os moradores eram judeus, por causa da mezuzá na porta. Tocou a campainha e foi recebido por uma mulher que estava rodeada por várias crianças. Ele se apresentou como funcionário do censo e perguntou se a mulher estava disposta a colaborar, respondendo algumas perguntas simples. Como ela concordou, ele começou a perguntar:
- Minha senhora, quantos filhos você tem?
- Bom, deixe-me ver. Tem a Miriam, o David, o Jonathan...
O funcionário do censo interrompeu-a, visivelmente irritado, e disse:
- Minha senhora, eu não estou interessado em seus nomes. Eu quero apenas saber os números!
A mulher olhou-o nos olhos e respondeu, com indignação:
- Senhor, meus filhos não são objetos. Eles não são números, eles têm nomes..."
Quando um judeu era mandado a um Campo de Concentração, em seu braço era tatuado um número. O que os nazistas queriam não era manter o controle do número de prisioneiros. Eles queriam desumanizar os judeus, atribuindo a eles um número e transformando-os em objetos. Pois o nome não é apenas uma forma de sermos reconhecidos, ele carrega muito do nosso potencial espiritual.

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Nesta semana começamos o segundo livro da Torá, Shemot, também conhecido como "Sefer HaGalut Ve HaGueulá" (O livro do Exílio e da Redenção), pois descreve todas as dificuldades e sofrimentos do povo judeu no exílio egípcio e a posterior salvação, culminando com o recebimento da Torá no Monte Sinai e a transmissão das primeiras Mitzvót ao povo judeu. Mas há algo um pouco estranho no nome deste livro, pois a palavra "Shemot" significa "Nomes". Por que o segundo livro da Torá se chama "Nomes"? E qual a conexão com o exílio e a redenção do povo judeu?

Quando nasce uma criança e os pais escolhem para ela um nome, achamos que este nome é fruto da criatividade dos pais. Mas, na realidade, o nome vem através de inspiração Divina, pois o nome não é algo "decorativo" na vida de uma pessoa, ele traz profundas implicações espirituais. Por exemplo, o Talmud (parte da Torá Oral) afirma que o Mazal (influência dos mundos espirituais) pode ser modificado através da mudança no nome da pessoa. Por que isto acontece?

No mundo material, quando combinamos diferentes elementos químicos, formamos um composto. Por exemplo, combinando dois átomos de hidrogênio e um átomo de oxigênio forma-se a água. Se os elementos forem alterados, a composição final também muda. Explica o Rav Simcha Barnett que cada letra em hebraico representa um "elemento" espiritual. A combinação destes "elementos" forma um componente espiritual único. Portanto, o nome de uma pessoa revela suas características espirituais e seu potencial espiritual único.

Mais do que isso, a palavra "Shem", que em hebraico significa "nome", vem da mesma raiz da palavra "Sham", que significa "lá". Mesmo que não conseguimos enxergar os átomos de oxigênio e hidrogênio do composto H2O, sabemos que a água que bebemos contém estes dois elementos químicos. Da mesma maneira, a realidade espiritual de uma pessoa está lá, em sua alma. A sua essência está escondida dentro dela, por trás de seu exterior físico. Todos os seres humanos são impulsionados para transcender suas limitações físicas, emocionais e espirituais. O destino está lá, no espiritual, em algo mais real e duradouro do que o mundo material. O nome de uma pessoa representa esta busca do seu potencial.

Cada um de nós é enviado para este mundo para buscar algo. Buscamos em muitos lugares, durante muitos anos, sob uma grande variedade de condições. Mas nem sempre encontramos o que estamos buscando, pois a missão de nossas vidas é encontrar o verdadeiro "eu", não apenas quem somos, mas quem deveríamos ser. A viagem da vida nos leva a lugares e situações estranhas e difíceis, mas o itinerário é apenas um meio para o crescimento e o autoconhecimento. Somente aquele que segue a viagem com sucesso, sem desistir ou parar nas paradas intermediárias do caminho, encontrará seu verdadeiro nome, isto é, o seu verdadeiro "eu".

A jornada de cada um é uma viagem solitária. Por mais que as pessoas à nossa volta possam nos ajudar, ninguém pode fazer a busca por nós. Algumas vezes sentimos dor, frustração e dificuldades. É como entrar em um túnel escuro carregando apenas uma pequena lanterna. Esta viagem é muito instável, nunca nos sentimos em casa. Por que? Pois esta é a sensação da nossa alma enquanto está no mundo material, dentro de um corpo, longe de sua morada espiritual. Isto é comparado a um exílio.

É por isso que o segundo livro da Torá, que descreve o exílio e a redenção do povo judeu, chama-se "Shemot" (Nomes), pois D'us está nos lembrando da nossa própria jornada pessoal no mundo material, que se inicia em uma situação de exílio, o exílio espiritual de nossas almas, mas que terminará com a nossa redenção, quando nossa alma voltará para casa após atingir o potencial contido em seu nome.

Este conceito pode ser observado na luta entre Yaacov e o anjo da guarda de Essav. Após ver que não conseguiria derrotar Yaacov, o anjo perguntou a ele seu nome. Mas se os anjos são seres espirituais, conectados diretamente com D'us, como pode ser que este anjo não sabia o nome de Yaacov? A resposta é que o anjo sim sabia, mas a pergunta tinha outro contexto. O anjo queria saber se, depois de tanta luta e dificuldades, Yaacov ainda lembrava-se de sua missão, que estava "embutida" em seu próprio nome. Então o anjo anunciou que o nome de Yaacov mudaria para Israel. Por que? Pois ao vencer o anjo, Yaacov terminou sua missão neste mundo. Ao receber um novo nome, ele estava recebendo uma nova missão.

Mas a grande pergunta é: como chegar "lá", ao nosso objetivo, mesmo imersos em tanta escuridão? Como não esquecer o nosso "nome" depois de tanta luta e dificuldade aqui no mundo material? A resposta está na nossa Parashá. D'us tem vários Nomes, pois cada um deles descreve alguma característica de Sua essência. Quando D'us escolheu Moshé como líder, pediu para que ele avisasse ao povo judeu que havia chegado o momento da salvação. Moshé então questionou: como o povo saberia que ele estava dizendo a verdade, isto é, que D'us realmente havia se revelado para ele? E se o povo perguntasse qual era o nome deste D'us que havia se revelado, o que ele deveria responder? D'us então ensinou que Seu nome era "Eu serei o que Eu serei", revelando para Moshé que Ele é a única realidade verdadeira, todo o resto é enganação. Mesmo o nome mais conhecido de D'us, de 4 letras, carrega esta mensagem. As letras que compõe este nome (Iud, Hei, Vav e a letra Hei), quando combinadas entre si, formam as conjugações do verbo "ser" no passado, no presente e no futuro, isto é, "Haia" (Eu fui), "Hovê" (Eu sou) e "Ihie" (Eu serei), nos ensinando que D'us é a única realidade, a única verdade, eterno e acima do tempo e do espaço.

A luta para se conectar com a realidade é a única maneira de alcançar a verdadeira felicidade. Mecânicos precisam entender a realidade sobre motores para poder consertar os carros. Médicos precisam saber a realidade do corpo humano para tratar os doentes. Precisamos saber a realidade da vida para podermos alcançar a felicidade. Será que é com nosso dinheiro, atrás do qual gastamos tanto tempo e esforços, que chegaremos à felicidade verdadeira? A experiência nos ensina que não. Pois no fundo, nossa busca pela realidade e pela felicidade é uma busca por D'us, e não será preenchida por nenhum prazer deste mundo.

"Geralmente, a quem me pergunta a razão das minhas viagens, respondo que sei muito bem do que estou fugindo, mas não o que estou procurando" Michel de Montaigne, filósofo francês.

SHABAT SHALOM

R' Efraim Birbojm
http://ravefraim.blogspot.com.br/
Ex. l:1-6:1, Is. 27:6-28:13, 29:22-23, Jr. 1:1-2:3, I Co.14:13-25