sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

ENSINAR ATRAVÉS DO EXEMPLO PESSOAL – PARASHÁ BÔ 5773



"Alguns cofres de segurança de um grande banco de Montreal, que eram utilizados por clientes para guardar joias e outros pertences de valor, foram arrombados por ladrões e completamente esvaziados. Quando os clientes souberam do roubo, imediatamente enviaram aos diretores uma lista dos objetos que estavam dentro dos cofres para serem ressarcidos. Apesar de não haver responsabilidade legal de o banco ressarcir as perdas, os diretores temiam manchar o nome do banco e decidiram compensar seus clientes. Porém, havia um grande problema: como saber se os clientes estavam realmente sendo honestos? As listas poderiam conter objetos caros que nunca estiveram guardados no cofre, e não haveria como saber que era mentira. O que fazer?

Um dos diretores teve uma ideia brilhante. De todos os cofres, os ladrões não haviam conseguido arrombar sete deles. Eles chamariam aleatoriamente um dos donos destes cofres, diriam que seu cofre havia sido arrombado também e pediriam para que a pessoa preenchesse uma ficha detalhando tudo o que havia lá dentro para fins de ressarcimento. Assim, eles poderiam abrir o cofre e checar se a pessoa estava sendo honesta ou não. O resultado obtido com este cliente aleatoriamente escolhido seria utilizado como norma para a reclamação dos outros clientes.

A pessoa chamada foi a Sra. Bluenstein, uma mulher judia que cumpria as leis da Torá. Ela sabia como a desonestidade é algo abominável e era uma pessoa muito temente a D'us, por isso escreveu na lista apenas os objetos que realmente estavam no cofre, sem acrescentar nem mesmo um item estranho, mesmo sabendo que era uma grande oportunidade para "levar vantagem" da situação. Os diretores, ao verem que a mulher havia sido completamente honesta, concluíram que as pessoas são normalmente honestas e reembolsaram tudo o que eles haviam listado em suas reclamações.

A história ficou tão famosa que ganhou destaque no principal jornal do país, criando um enorme Kidush Hashem (Santificação do nome de D'us)" (História Real)

Toda vez que somos honestos e educados, estamos mandando uma mensagem ao mundo. Uma mensagem de que viver de acordo com as leis da Torá, que D'us nos entregou, ajuda a nos tornar pessoas cada vez melhores. Assim contribuímos para que o mundo possa chegar à perfeição. 

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Nesta semana lemos a Parashá Bô, que traz as últimas três pragas que D'us mandou sobre os egípcios e a posterior libertação do povo judeu do Egito. E os judeus, após 210 anos de pesada escravidão, não saíram de mãos vazias, como ensina o versículo: "E os Filhos de Israel fizeram conforme as palavras de Moshé. Eles pediram dos egípcios utensílios de prata, utensílios de ouro e roupas. E D'us deu ao povo graça aos olhos dos egípcios, e eles concederam seu pedido. Então eles esvaziaram o Egito" (Shemot 12:35,36).

Neste versículo há algo que nos chama a atenção. Está escrito que D'us fez com que os judeus encontrassem graça aos olhos dos egípcios, e eles deram de bom grado todas as suas riquezas para o povo judeu. Porém, os egípcios haviam acabado de ser esmagados e humilhados pelas 10 pragas que D'us havia mandado através de Moshé, o líder do povo judeu. Portanto, os egípcios terem dado seus pertences de bom grado foi um grande milagre. Mas para que este milagre foi necessário? Pois D'us estava cumprindo uma promessa feita a Avraham Avinu. Quando D'us revelou a ele que seus descendentes seriam escravos em uma terra estranha, afirmou que depois sairiam com uma grande riqueza. Por isso, D'us fez com que os egípcios dessem suas joias e roupas de bom grado, para que os judeus saíssem de lá ricos, cumprindo as palavras da profecia.

Mas ainda fica uma grande dificuldade. Após a última praga, a morte dos primogênitos, os egípcios estavam apavorados, achando que não apenas os primogênitos morreriam, mas todo o povo. Certamente fariam qualquer coisa que os judeus dissessem, por temor de que algo ruim aconteceria caso recusassem. Portanto, se os judeus pedissem as riquezas dos egípcios, eles as entregariam imediatamente. Então por que foi necessário um milagre para que os egípcios entregassem suas joias e roupas de bom grado? Qual a diferença se eles entregassem por admiração ou por temor?

Explica o Rav Naftali Tzvi Yehuda Berlin, mais conhecido como Netziv, que o propósito da Criação do mundo é para que toda a humanidade possa reconhecer D'us. A importância de que todos os povos do mundo tenham consciência de D'us pode ser observada em outro grande milagre que ocorreu após a saída do Egito. Na abertura do Mar Vermelho, assim diz o versículo: "Os egípcios devem saber que Eu sou D'us" (Shemot 7:5). De que egípcios o versículo está falando? Dos egípcios que, poucos instantes depois, morreram afogados. Isto quer dizer que o tremendo milagre da abertura do Mar Vermelho foi realizado apenas para que alguns poucos egípcios reconhecessem a força de D'us, por alguns poucos instantes, sem que eles tivessem a possibilidade de passar adiante o conhecimento da força de D'us. Por que? Pois o Mundo Vindouro não é uma exclusividade do povo judeu. Todos os não judeus que andarem no caminho correto também terão o mérito de ir para o Mundo Vindouro.

Mas como as nações do mundo podem saber como cumprir a vontade de D'us? Quando D'us entregou a Torá ao povo judeu no Monte Sinai, Ele nos tornou Seus mensageiros no mundo material, como afirmou o Profeta Yeshaiahu: "Nós somos uma luz para as nações" (Yeshaiahu 42:6). Não através de aulas, mas através do nosso exemplo. Segundo o Netziv, poderíamos cumprir nossa função morando na Terra de Israel, e de lá poderíamos inspirar o mundo inteiro. Mas infelizmente, por causa de nossas transgressões, não tivemos este mérito. Nosso Beit Hamikdash (Templo Sagrado), que iluminava o mundo inteiro, foi destruído. Como não conseguíamos mais ser a luz para as nações estando em Israel, D'us nos espalhou por todo o mundo, para que possamos espalhar a sabedoria de D'us morando entre as nações. Agora nossa obrigação é santificar o nome de D'us através de cada pequeno ato cotidiano. 

É por isso que a Halachá (Lei judaica), em vários aspectos do nosso dia a dia, nos obriga a viver com santidade e a nos comportar da maneira correta, para que possamos santificar o nome de D'us. É estritamente proibido fazer qualquer ato que leve os não judeus a nos punirem por uma conduta que não é adequada a um povo de elevada santidade. Temos que tomar cuidado inclusive com atos que, apesar de serem corretos, podem dar a impressão de que estamos sendo desonestos ou fazendo algo errado. Santificar o nome de D'us é uma faceta da Mitzvá de "amar a D'us", pois ao nos comportarmos da maneira correta, estamos contribuindo para que toda a humanidade possa reconhecer e servir a D'us.

Como representantes de D'us, temos a grande responsabilidade e a obrigação de buscar respeito e favor aos olhos das nações do mundo. Rashi, comentarista da Torá, explica que isto ocorrerá apenas quando nós cumprirmos as Mitzvót da maneira correta, pois uma Mitzvá feita da maneira correta é algo Divino e gera respeito e admiração, como diz o versículo: "Você deve guardá-las e cumpri-las (as Mitzvót), pois é sua sabedoria e seu entendimento aos olhos das nações, que escutarão todas estas leis e proclamarão: 'É realmente sábia e entendida esta grande nação' " (Devarim 4:6). Mas uma Mitzvá que não é feita da maneira correta faz com que sejamos considerados tolos, denegrindo nossa imagem e, automaticamente, a imagem de D'us.

Antes da nossa primeira redenção, a saída do Egito, D'us milagrosamente deu ao povo judeu graça aos olhos dos egípcios. Os egípcios nos deram seus utensílios de ouro e prata e suas roupas para que pudéssemos melhorar nosso serviço a D'us no deserto. Ensinam nossos sábios que a primeira redenção do povo judeu é um modelo de como será a redenção final, na época do Mashiach. Portanto, para que possamos chegar à nossa redenção final, temos que nos esforçar para sermos exemplos ao mundo. Em uma sociedade com tanta violência, corrupção e roubo, bons atos têm um brilho especial. Quando a infidelidade e a desonestidade são a regra, podemos fazer a diferença, mostrando ao mundo que podemos e devemos viver de acordo com os valores corretos. Esta é a maior contribuição que podemos dar para que o mundo chegue um dia à sonhada perfeição. 

"HOJE EM DIA AS PESSOAS SABEM O PREÇO DE TUDO, MAS NÃO SABEM O VALOR DE NADA"

SHABAT SHALOM 

R' Efraim Birbojm
http://ravefraim.blogspot.com.br/
Ex. 10:1-13:16, Je 46:13-28, Rm. 9:14-29

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