segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Anastasia cria o “bolsa drogado”

Leiam o que informa o blog em.com.br, do jornal o Estado de Minas. Volto em seguida.
Usuários de drogas em Minas terão bolsa de R$ 900 para custear tratamento
O governador Antonio Anastasia (PSDB) afirmou, nesta quinta-feira, na entrevista oficial Palavra do Governador, que mil famílias nos municípios de Teófilo Otoni - Norte de Minas - e de Juiz de Fora - Zona da Mata -, que tenham parentes usuários de drogas receberão do estado uma quantia em dinheiro para ajudar a custear o tratamento. Intitulado Aliança pela Vida, o cartão dará direito a um auxílio mensal de R$ 900. “É fundamental a participação das famílias, da sociedade, das empresas, das instituições todas nessa luta tão importante a favor da vida e contra as drogas. É um projeto que vai aproximar a família daquela clínica ou comunidade terapêutica em que o familiar está sendo tratado”, afirma Anastasia.
Segundo o governo estadual, a previsão é de que a cota de R$ 800 se destine ao pagamento da clínica de reabilitação e os demais R$ 100 são previstos para as despesas de deslocamento e transporte dos familiares até o paciente.
Anastasia acrescentou que o canal telefônico criado para dar apoio aos dependentes químicos ou parentes, chamado Disque Drogas, passou a atender de 3 mil a 30 mil ligações por mês. O serviço pode ser acionado pelo número 155.

VolteiGoste da iniciativa quem quiser. Eu reprovo. Sei que vou apanhar dos tucanos mineiros mais do que dos petistas - com alguma freqüência, alguns deles conseguem ser ainda mais violentos porque se apegam àquela piada que consiste em jogar São Paulo contra Minas… E eu, para estes ao menos, cultivo o mau gosto de ser paulista… Fazer o quê? Acho o bairrismo uma tolice. Até porque, se a questão é a minha “pátria”, eu sou mesmo é da Fazenda Santa Cândida… Como nasci só em 1961, bem depois de 1932, não dou bola…
A notícia ainda é um tanto precária, mas uma coisa é certa: o tratamento de um dependente custa bem mais do que R$ 800. Fosse assim, tudo seria muito fácil e tranqüilo. Não entendi, e não está claro, se o dinheiro poderia ser usado apenas nas clínicas de reabilitação, sendo vedado o seu emprego em outros estabelecimentos. Sendo assim, qual é a rede de clínicas conveniadas e qual é o protocolo de tratamento? Como será acompanhada a qualidade do trabalho e como se vai medir a sua efetividade?
Se o uso do recurso for, vamos dizer, de livre provimento, aí é o pior dos mundos. Uma coisa é entregar dinheiro nas mãos de um carente, como faziam os vários programas de bolsa do governo FHC, depois reunidos no Bolsa Família. Outra, diferente, é entregá-lo a famílias com dependentes químicos. Caso estes se saibam o motivo de uma doação…
Parece-me haver na proposta o indisfarçável cheiro da solução fácil e errada para um problema de difícil solução. Por que os dependentes químicos hão de merecer pensão de R$ 900 do poder público, mas não, sei lá, os que têm as suas respectivas casas destruídas pelas chuvas ou que padecem de outras doenças crônicas, adquiridas não por vontade, com tratamento precário do SUS?
O Brasil vai mesmo se tornando um país muito especial. Por aqui, pagam-se um “auxílio reclusão” e um “auxílio drogado” (no caso de Minas) bem superior ao salário mínimo percebido por quem não está preso nem é viciado. O operário, assim, pode trabalhar para o bem do Brasil e de Minas, certo de estar gerando a riqueza da qual se tirarão os recursos para sustentar os presos e os viciados, que “merecem” um salário maior…
Um país sui generis.
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/

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