De acordo com o Relatório do Desenvolvimento Humano o objetivo das políticas multiculturais não é preservar a tradição, mas proteger a liberdade cultural e expandir as escolhas das pessoas – nas formas em que as pessoas vivem e se identificam – e não penalizá-las por essas escolhas. E é neste ponto que discordo integralmente. Porque as pessoas devem ser penalizadas por suas escolhas quando elas escolhem, por exemplo, apedrejar outras simplesmente por serem homossexuais como fazem as culturas islâmicas.
A identidade cultural deve ser respeitada; entretanto devem existir limites e leis que regulem as atitudes das pessoas. Enquanto a tradição preserva a cultura, mantendo a identidade de cada indivíduo. Em artigo publicado na internet intitulado “Nova Ordem Mundial: Revolução Cultural e Política”, Marcus Boeira expõe uma realidade:
Em todas as partes, uma onda de revolução contra a tradição se intensificou nos últimos trinta anos. O movimento feminista, a revolução cultural cujo momento-síntese foi o festival de Woodstock (com sua descarada apologia do uso liberado de drogas e instrumentos bioquímicos utilizados para gerar uma alienação da realidade), o apoio ao aborto, ao que chamam de formas não convencionais de casamento, ao direito dos animais (com o charlatanismo intelectual de Peter Singer), não apenas mostra um ódio contra a Igreja e contra a constituição mesma da ordem da realidade, senão também o estado patológico a que os artífices e participantes desses movimentos estão imersos.
Os estilos de vida podem alterar-se ao longo dos anos, porém os valores morais sempre serão os mesmos. Valores em relação ao caráter do ser humano tais como respeito, honestidade, amor, lealdade entre outros foram, são e serão a base de qualquer sociedade. Independente de condição social, religião, orientação sexual ou etnia. Não podemos permitir o contrário.
Todas as culturas partilham um conjunto de valores básicos que são o fundamento da ética mundial. O facto de as pessoas poderem ter identidades múltiplas e complementares sugere que podem encontrar esse conjunto de valores. A ética mundial não é a imposição de valores “ocidentais” ao resto do mundo. Pensar assim seria tanto uma restrição artificial do âmbito da ética mundial, como um insulto a outras culturas, religiões e comunidades. A principal fonte da ética mundial é a ideia de vulnerabilidade humana e o desejo de aliviar o sofrimento de todas as pessoas, na medida do possível. Outra fonte é a crença na igualdade moral básica de todos os seres humanos. A injunção para tratar os outros como gostaríamos de ser tratados encontra menção explícita no budismo, cristianismo, confucionismo, hinduísmo, islamismo, judaísmo, taoísmo e no zoroastrismo e está implícita na prática das outras fés. (Fonte: World Commission on Culture and Development 1995; UN 2000a.)
Segundo Albrow (1990) "Globalização diz respeito a todos os processos por meio dos quais os povos do mundo são incorporados em uma única sociedade mundial, a sociedade global. Globalismo é uma das forças que atuam no desenvolvimento da globalização". A diversidade cultural age como uma destas forças, não negando os valores específicos, próprios, de cada cultura; não anulando ou destruindo culturas diferenciadas numa interculturalidade inviável e, sim, de inter-relacionar elementos, práticas, referências e aspirações comuns.
Enfim, como educadores, temos o desafio de utilizarmos o que de melhor tem a globalização: a disseminação do conhecimento. Transmitindo-o com respeito e impondo limites morais, os quais são atemporais. Não usemos de multiculturalismo onde pode-se gerar, ao invés de respeito ao próximo, um desequilíbrio no qual ninguém se entende, pois as escolhas de cada um podem ser muito subjetivas e abrem um campo para genocídios, apedrejamentos, infanticídios, entre outros “costumes”. Atuemos elaborando estratégias de avaliação permanente das nossas condições de existência e das chances de melhorarmos nosso espaço seja social, político, econômico ou cultural.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ALBROW, Martin. Globalization, knowledge and society, publicadopor Martin Albrow e Elizabeth King (eds.), Globalization, knowledge and society (Readings from International sociology), London, Sage Publications, 1990, p. 3-13; citação da p. 9. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40141994000200009&script=sci_arttext&tlng=en Acesso em: 28/02/2011.
BOEIRA, Marcus. Nova Ordem Mundial: Revolução Cultural e Política. Disponível em: http://www.midiasemmascara.org/artigos/globalismo/11508-nova-ordem-mundial-revolucao-cultural-e-politica.html Acesso em: 01/03/2011.
CARNEIRO, Sônia Maria Marchiorato. KNECHTEL, Maria do Rosário. MORALES, Angélica Góis Muller. NOGUEIRA, Valdir. SOUZA-LIMA, José Edmilson de. Novas Perspectivas Epistemológicas em Educação Ambiental: Multiculturalismo, Globalização e Formação de Educadores. Disponível em: http://www.anppas.org.br/encontro4/cd/ARQUIVOS/GT9-393-129-20080505110627.pdf Acesso em 02/03/2011.
DESTRI, Mauro José Teixeira. Globalização, educação e diversidade cultural. Disponivel em: http://www.fsma.edu.br/visoes/ed03/3ed_artigo3.pdf Acesso em 01/03/2011.
GLOBALIZAÇÃO E ESCOLHA CULTURAL. Relatório do Desenvolvimento Humano. Capítulo 5. Disponível em:
IANNI, Octavio. Globalização: Novo paradigma das ciências sociais. Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40141994000200009&script=sci_arttext&tlng=en Acesso em: 28/02/2011.
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