Relatório da Global Witness diz que a ONG está permitindo às empresas aproveitar os benefícios da associação com a marca do 'panda'
Do Estadão
Uma pesquisa do grupo investigativo Global Witness implica a ONG WWF no incentivo a atividades desmatadoras. A pesquisa gerou matérias no jornal britânico The Guardian, na agência BBC e no site Carbono Brasil, entre outros veículos. O título original do estudo, "Pandering to the loggers" (Favorecendo os Desmatadores), faz uma ironia com a palavra pandering (favorecer), e o panda, símbolo da WWF.
Segundo a Global Witness, a Rede Global de Floresta e Comércio (GFTN em inglês), programa da WWF que apoia o comércio de madeira legal e sustentável, tem padrões de filiação pouco rigorosos, permitindo que empresas suspeitas de realizar desmatamento ilegal, ameaçar espécies e desrespeitar direitos humanos utilizem seu selo de sustentabilidade. Segundo o relatório, mesmo companhias envolvidas em atividades altamente destrutivas, como derrubar florestas naturais para criar plantações ou comprar produtos de madeira de fontes ilegais, podem se unir ao GFTN e se beneficiar.
O briefing da Global Witness releta que a grande empresa madeireira malaia Ta Ann Holdings Berhad, que é um membro contribuinte do GFTN, tem operações destruindo floresta a uma taxa equivalente a 20 campos de futebol por dia, incluindo o hábitat dos orangotangos dentro dos limites de um projeto da própria WWF. Em um comunicado à imprensa, Tom Picken, líder da campanha de florestas do Global Witness, afirmou que "as regras da GFTN são menos rigorosas do que as leis dos EUA e da UE que proíbem a importação de madeira ilegal. Quando um programa emblemático criado em nome da sustentabilidade e da conservação tolera que uma de suas empresas-membro destrua o hábitat do orangotango, é que algo vai realmente mal."
Segundo a Global Witness, a WWF está permitindo às empresas aproveitar os benefícios da associação com ONG e sua marca icônica (o panda), enquanto continuam a destruir as florestas e comercializar madeira de origem ilegal.
De acordo com matéria publicada no site Carbono Brasil, a resposta às acusações foi publicada no próprio documento, e a WWF justificou que “a GFTN não faz quaisquer reivindicações de sustentabilidade, nem endossa companhias, suas políticas ou seus produtos. O WWF desafia as companhias a aspirarem à liderança em questões ambientais. A GFTN é o programa da WWF que trabalha com empresas comprometidas a fazer mudanças em suas operações florestais e/ou nas práticas de terceirização."
No comunicado publicado na página da Global Witness, Tom Piken declarou que “o WWF deveria se desvincular publicamente de qualquer empresa que utilize madeira de origem ilegal ou pouco ética. É revoltante que um dos grupos de conservação mais reputados do mundo considere aceitável se beneficiar economicamente destas empresas."
http://www.srb.org.br/modules/news/article.php?storyid=4490
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