O Estado de S. Paulo
Alessandra Saraiva
As commodities devem "salvar" a balança comercial brasileira este ano, na avaliação do presidente em exercício da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro. O saldo deficitário, que poderia ocorrer em consequência do câmbio, está praticamente afastado. As projeções da AEB, revisadas ontem, apontam para superávit de US$ 26,260 bilhões, ligeiramente acima da última estimativa, de US$ 26,100 bilhões.
O avanço das importações este ano foi equilibrado pela forte procura por matérias-primas brasileiras no mercado internacional. A estimativa para as exportações brasileiras saltou de US$ 225,790 bilhões para US$ 244,561 bilhões; e a projeção para as importações subiu de US$ 199,690 bilhões para US$ 218,301 bilhões.
Para as exportações, a AEB revisou de 13,1% para 21,1% o crescimento previsto para este ano, similar ao que ocorreu com as importações, cuja elevação foi revisada de 9,5% para 20,2%. Mas a entidade alertou para a intensa concentração de poucos produtos na pauta exportadora brasileira. Em 2011, apenas três commodities devem responder por 35,7% das receitas totais de exportação do Brasil: minério de ferro, complexo soja, e petróleo e derivados. No caso específico do minério, o produto deve responder por US$ 39,036 bilhões da receita, ou 15,96% dos ganhos totais do País com vendas externas este ano.
Para José Augusto de Castro, é alto o risco de o Brasil voltar a ocupar a posição de fornecedor de matérias-primas no mercado internacional. "No momento, estamos respondendo à boa demanda por commodities no cenário internacional. Mas o problema é que não temos plano B", afirmou o executivo.
A ineficiência das medidas adotadas pelo governo para conter o consumo doméstico, anunciadas em dezembro do ano passado, também influenciou as revisões das estimativas da AEB. "Ainda temos forte demanda interna e, além disso, a oferta de crédito aumentou. Isso estimula crescimento das importações", comentou o especialista.
O cenário conduziu à redução no número de exportadoras; e avanço no de importadoras. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) citados por Castro atestam que 198 empresas deixaram de exportar de janeiro a maio deste ano; no mesmo período, surgiram 3.156 novas importadoras.
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