O Rav Yitzchak Hutner
(Polônia, 1906 - Israel, 1980), o Rosh Yeshivá (líder espiritual) da Yeshivá
Pachad Yitzchak, além de ser um grande sábio de Torá, era também uma pessoa
extremamente sensível às necessidades das pessoas, em especial de seus
alunos.
Certa vez, seu aluno Moshé Cohen (nome fictício), que não era daqueles alunos que mais se destacavam, fez uma pergunta aparentemente simples no meio de uma das aulas. Para o espanto de todos, o Rav Hutner respondeu a pergunta com um entusiasmo fora do normal, como se a pergunta tivesse sido genial. E durante a aula ele repetiu a pergunta várias vezes, com grande admiração. Mas os outros alunos, que não enxergaram nenhuma genialidade naquela pergunta, não conseguiram entender a reação do rabino.
Porém, o Rav Yitzchak Hutner sabia muito bem o que estava fazendo. Moshé Cohen estava passando por um momento muito difícil. Com dificuldades no estudo, ele tinha sérios problemas de autoestima e estava em uma fase de grande queda espiritual, desanimado e com risco de acabar se desviando completamente dos caminhos da Torá. Naquele dia, quando ele escutou os elogios do Rav Hutner, sua vida mudou. Receber aqueles elogios do Rosh Yeshivá deu um enorme impulso na sua autoestima. Ele conseguiu frear aquela queda espiritual e começou uma mudança de marcha na sua vida, melhorando cada vez mais nos estudos e no cumprimento das Mitzvót. Pouco tempo depois ele havia se transformado em uma fonte de vitalidade na Yeshivá. Os pais de Moshé Cohen relataram que o Rav Hutner conseguiu, com um simples ato, realizar uma proeza gigantesca, no mesmo nível de "ressuscitar os mortos".
Quando o Rav Hutner mostrou ao seu aluno que ele era capaz, isso deu a ele um enorme impulso, capaz de salvar até mesmo seu judaísmo. (História Real).
Certa vez, seu aluno Moshé Cohen (nome fictício), que não era daqueles alunos que mais se destacavam, fez uma pergunta aparentemente simples no meio de uma das aulas. Para o espanto de todos, o Rav Hutner respondeu a pergunta com um entusiasmo fora do normal, como se a pergunta tivesse sido genial. E durante a aula ele repetiu a pergunta várias vezes, com grande admiração. Mas os outros alunos, que não enxergaram nenhuma genialidade naquela pergunta, não conseguiram entender a reação do rabino.
Porém, o Rav Yitzchak Hutner sabia muito bem o que estava fazendo. Moshé Cohen estava passando por um momento muito difícil. Com dificuldades no estudo, ele tinha sérios problemas de autoestima e estava em uma fase de grande queda espiritual, desanimado e com risco de acabar se desviando completamente dos caminhos da Torá. Naquele dia, quando ele escutou os elogios do Rav Hutner, sua vida mudou. Receber aqueles elogios do Rosh Yeshivá deu um enorme impulso na sua autoestima. Ele conseguiu frear aquela queda espiritual e começou uma mudança de marcha na sua vida, melhorando cada vez mais nos estudos e no cumprimento das Mitzvót. Pouco tempo depois ele havia se transformado em uma fonte de vitalidade na Yeshivá. Os pais de Moshé Cohen relataram que o Rav Hutner conseguiu, com um simples ato, realizar uma proeza gigantesca, no mesmo nível de "ressuscitar os mortos".
Quando o Rav Hutner mostrou ao seu aluno que ele era capaz, isso deu a ele um enorme impulso, capaz de salvar até mesmo seu judaísmo. (História Real).
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Nesta semana lemos a Parashá Vaishlach, cujo tema principal é o reencontro de Yaacov com o seu irmão Essav. Yaacov estava preocupado, pois o reencontro poderia terminar em uma sangrenta batalha de vida ou morte, porém tudo terminou bem, com os dois irmãos se abraçando e chorando.
Já no final da Parashá a Torá descreve a genealogia de Essav, algo aparentemente sem importância. Mas olhando com atenção, percebemos um nome que nos chama a atenção: "E Timná era uma concubina de Elifaz, filho de Essav, e ela deu a luz a Amalek" (Bereshit 36:12). Amalek, o neto de Essav, foi quem deu origem ao terrível povo de Amalek, a nação que se empenhou diversas vezes na história em tentar exterminar o povo judeu. Mas por que justamente desta mulher chamada Timná saiu Amalek e toda a sua descendência de pessoas cruéis?
Explica o Talmud (Sanhedrin 99b) que Timná era uma princesa, mas ela estava disposta a largar os luxos do palácio para se converter ao judaísmo. Ela procurou Avraham, Ytzchak e Yaacov, nossos patriarcas, mas eles não a aceitaram. Então ela decidiu se tornar concubina de Elifaz, pensando: "É melhor eu ser uma escrava neste povo do que uma mulher poderosa em outra nação". Em outras palavras, a vontade de Timná de entrar no povo judeu era tão grande que ela tentou inclusive pela "porta dos fundos", se tornando parte da família de Essav. A consequência foi que o povo de Amalek, que causou tanto sofrimento ao povo judeu, saiu justamente dela. O Talmud conclui que Amalek nasceu de Timná após ela ter se tornado a concubina de Elifaz justamente pelos nossos patriarcas terem afastado ela. De acordo com Rashi (França, 1040 - 1105), o correto teria sido eles aceitarem Timná e permitirem a sua conversão.
Mas este ensinamento do Talmud desperta um enorme questionamento. Sabemos que os nossos patriarcas dedicaram suas vidas para aproximar pessoas de D'us. Portanto, se eles decidiram não aceitar Timná é porque tinham suficientes razões para isso. Eles sabiam que havia algo muito ruim na natureza dela, e por isso se recusaram a permitir sua entrada no povo judeu. Então, se eles tinham motivos que justificavam a decisão deles, por que foram punidos de forma tão dura, com sofrimentos para todas as gerações?
Explica o Rav Chaim Shmulevitz (Lituânia, 1902 - Israel, 1979) que deste episódio de Timná aprendemos que não importa o quanto uma pessoa possa ser ruim, ela não deve ser completamente rejeitada. Isto quer dizer que, enquanto houver ainda alguma esperança da pessoa melhorar, é proibido afastá-la, pois isto terminaria com suas chances de voltar ao caminho correto. Portanto, se os patriarcas e seus descendentes foram castigados, fica óbvio que apesar das más características de Timná, certamente ela tinha dentro de si algum potencial oculto que justificaria permiti-la entrar no povo judeu.
A mesma lição aprendemos em relação à Lót, o sobrinho de Avraham, uma pessoa instável e rebelde. Após uma briga entre os pastores de Avraham e os pastores de Lót, Avraham percebeu que seu relacionamento com Lót estava começando a se deteriorar e poderia se tornar insustentável, e por isso decidiu que era hora deles se separarem. Porém, o que parecia uma decisão correta e racional de Avraham foi duramente criticada pela Torá. Diz o Midrash (parte da Torá Oral) que houve uma "raiva Divina" contra Avraham Avinu no dia em que ele se separou de Lót, como se D'us estivesse questionando: "Avraham se conecta com todas as pessoas, mas justamente com seu próprio sobrinho ele não se conecta?". Este Midrash está nos ensinando algo incrível, pois Avraham havia feito esforços sobre-humanos para estar perto de Lót e tentar influenciá-lo para o bem. Rashi explica que Avraham esteve disposto a abrir mão do dom da profecia por muito tempo, pois D'us não falou com ele durante todo o tempo em que ele estava perto de Lót, e apesar disso Avraham só se afastou de Lót quando sentiu que o relacionamento estava se estremecendo. Mesmo assim a Torá critica Avraham por ter mandado Lót embora, pois apesar de todas as más qualidades que Lót tinha, ainda havia alguma esperança de trazê-lo de volta aos caminhos corretos.
O Rav Avraham Yeshaya Karelitz (Bielorússia, 1878 - Israel, 1953), mais conhecido como Chazon Ish, explica que existe um limite até quando devemos manter perto de nós uma pessoa com problemas espirituais. Segundo ele, uma pessoa que precisa de cuidados espirituais se assemelha a um doente no hospital. Por um lado, afastá-la é comparado a mandar um doente embora do hospital no meio do tratamento, colocando sua vida em risco. Por outro lado, se este doente tiver uma doença extremamente contagiosa e ameaçar a saúde dos outros em volta, então o afastamento é justificável. É por isso que quando Sara pediu para que Avraham expulsasse seu filho Ishmael de casa, ela teve o apoio total de D'us, pois a má índole de Ishmael certamente influenciaria de forma negativa o outro filho de Avraham, Yitzchak, colocando em risco todo o futuro do povo judeu. Mas enquanto houver esperança e isto não prejudicar ninguém em volta, temos que fazer de tudo para não afastar nenhuma pessoa, por pior que ela seja.
Então qual é a maneira correta de lidar com este problema? A verdade é que incomoda estar perto de uma pessoa que não está bem ou que está caindo espiritualmente, e por isso muitas vezes nos afastamos, principalmente por não sabermos como ajudar. O que podemos fazer na prática? Explica o Rav Chaim ben Atar (Marrocos, 1696 - Israel, 1743), mais conhecido como Or HaChaim HaKadosh, que há um grande ensinamento sobre este assunto na forma como Ytzchak lidou com seu filho Essav "HaRashá" (o malvado). Apesar de Ytzchak estar totalmente ciente de que Essav estava em um nível espiritual muito baixo e Yaacov estava em um nível espiritual muito alto, ainda assim ele preferiu dar a Brachá (benção) de primogenitura para Essav. Por que? Pois como qualquer outro pai, lhe doía muito ver seu filho em um caminho de maldades e transgressões. Ele acreditava que, ao receber a Brachá, Essav começaria a reagir à sua queda espiritual e melhoraria seu comportamento. E, de acordo com o Or HaChaim, pode ser que isto realmente teria funcionado.
Mas como a Brachá teria ajudado Essav a corrigir seus caminhos? Segundo o Rav Yehonasan Guefen, um dos principais motivos das quedas espirituais é a falta de autoestima, que pode levar a pessoa à depressão e às suas consequências negativas. Ao dar a Brachá para Essav, Ytzchak estaria encorajando-o e mostrando que acreditava no seu potencial como parte da cadeia de transmissão do legado dos patriarcas. Esta demonstração de confiança poderia ser o catalisador que causaria as mudanças necessárias na vida de Essav. Portanto, da atitude de Ytzchak aprendemos que encorajar e mostrar que acreditamos em uma pessoa, apesar dela ser rebelde, desobediente e teimosa, é uma poderosa ferramenta para fazer com que a pessoa acredite nela mesma e consiga encontrar dentro de si a força necessária para mudar seu caminho.
Aprendemos de Timná que rejeitar uma pessoa como se fosse uma causa perdida é algo muito grave. Se a Torá nos ensina que até mesmo Timná, a pessoa que produziu Amalek, merecia uma chance para conseguir se reerguer, muito maior é a nossa responsabilidade com as pessoas que estão caindo espiritualmente e que precisam da nossa ajuda para se reerguerem. E uma das melhores maneiras de ajudar alguém a mudar e melhorar é mostrando que confiamos nele.
Este princípio não se aplica apenas em relação às pessoas que estão caindo espiritualmente, mas pode também ser aplicado no nosso comportamento geral em relação aos filhos, alunos e pessoas que estão à nossa volta. Ensina o Talmud (Sotá 47a): "Sempre a mão esquerda deve afastar e a mão direita deve aproximar". A mão direita é a mão forte, enquanto a mão esquerda é a mão fraca. Uma das explicações desta afirmação do Talmud é que sempre devemos dar prioridade ao reforço positivo e aos elogios, ao invés de fazer críticas. Mostrar o que cada um tem de bom é muito mais efetivo para ajudar no crescimento das pessoas do que ficar o tempo todo lembrando suas falhas e defeitos. Da mesma forma que gostamos de procurar somente nossas próprias qualidades e ignorar nossos defeitos, assim devemos nos comportar com os outros. A verdadeira "ressurreição dos mortos" está apenas nas mãos de D'us, mas Ele nos deu o dom de, através de palavras e atitudes de incentivo, darmos vida para outras pessoas.
SHABAT SHALOM
Rav Efraim Birbojm
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