"Gabriel era um homem muito piedoso e
cuidadoso com a observância das Mitzvót. Mas ele era tão pobre que não tinha
dinheiro nem mesmo para comprar uma bacia e uma caneca para lavar suas mãos
quando acordava de manhã. Certa noite, Gabriel sonhou que D'us havia se comovido
com a sua pobreza extrema e o havia presenteado com uma bacia e uma caneca.
Quando Gabriel acordou de manhã, viu que no chão, ao lado de sua cama, estavam a
bacia e a caneca com os quais ele havia sonhado. Não tinha sido um sonho, D'us
realmente havia lhe dado um presente, e ele apreciou muito.
Então algo incrível aconteceu, pois a partir daquele dia a sorte de Gabriel mudou. Ele enriqueceu e logo decidiu fazer uma enorme reforma em sua casa. Quando o serviço estava terminando, Gabriel foi supervisionar o trabalho e percebeu que a caneca e a bacia haviam desaparecido. Ele ordenou aos trabalhadores que parassem tudo e não continuassem até que aqueles objetos fossem encontrados. Após muita procura, eles finalmente encontraram, mas ficaram perplexos. Eles acharam que se tratava de algo muito valioso, feito de ouro ou prata, de valor inestimável. Mas quando encontraram a caneca e a bacia, e viram que eram feitas de um metal barato, algo que poderia ser encontrado em qualquer camelô, não entenderam por que o homem havia ficado tão angustiado com a perda. Gabriel então explicou:
- Se D'us pessoalmente tivesse dado algo a vocês de presente, vocês não considerariam este o objeto mais valioso de suas casas?"
Assim se comportam os Tzadikim (Justos). Eles valorizam tudo o que possuem, pois sabem que cada coisa que têm na vida é um presente que receberam diretamente de D'us. Por isso não desprezam nada.
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Então algo incrível aconteceu, pois a partir daquele dia a sorte de Gabriel mudou. Ele enriqueceu e logo decidiu fazer uma enorme reforma em sua casa. Quando o serviço estava terminando, Gabriel foi supervisionar o trabalho e percebeu que a caneca e a bacia haviam desaparecido. Ele ordenou aos trabalhadores que parassem tudo e não continuassem até que aqueles objetos fossem encontrados. Após muita procura, eles finalmente encontraram, mas ficaram perplexos. Eles acharam que se tratava de algo muito valioso, feito de ouro ou prata, de valor inestimável. Mas quando encontraram a caneca e a bacia, e viram que eram feitas de um metal barato, algo que poderia ser encontrado em qualquer camelô, não entenderam por que o homem havia ficado tão angustiado com a perda. Gabriel então explicou:
- Se D'us pessoalmente tivesse dado algo a vocês de presente, vocês não considerariam este o objeto mais valioso de suas casas?"
Assim se comportam os Tzadikim (Justos). Eles valorizam tudo o que possuem, pois sabem que cada coisa que têm na vida é um presente que receberam diretamente de D'us. Por isso não desprezam nada.
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Neste
Shabat lemos a Parashá Haazinu, um cântico entoado por Moshé que expressa o
reconhecimento da harmonia da Criação. E no domingo de noite (30/09) começa a
festa de Sucót, também conhecida como "Zman Simchateinu" (O tempo da nossa
alegria). Por uma semana comemos e dormimos na Sucá, uma habitação temporária e
desprotegida até mesmo das intempéries, coberta apenas por bambus, galhos e
folhas. Qual é a essência desta festa tão especial que, como o nome já indica,
nos ensina a verdadeira fonte da felicidade?
Explica o Tur Shulchan Aruch (Orach Chaim 417) que os "Shalosh Regalim" (Pessach, Shavuót e Sucót) correspondem aos nossos três patriarcas, Avraham, Yitzchak e Yaacov. O Tur continua e explica que a festa de Sucót corresponde ao patriarca Yaacov, pois assim está escrito no versículo: "E para o seu gado ele (Yaacov) construiu "Sucót" (cabanas)" (Bereshit 33:17). Mas será que esta é a única conexão entre Yaacov e a festa de Sucót?
Para enxergar a verdadeira conexão, é preciso entender o contexto do versículo trazido pelo Tur Shulchan Aruch. No primeiro livro da Torá, Bereshit, está descrito o difícil relacionamento de Yaacov com seu irmão Essav. Embora Essav tivesse vendido a sua primogenitura para Yaacov, ele ficou furioso ao saber que Yaacov havia recebida a Brachá (Benção) de primogenitura em seu lugar, obrigando Yaacov a fugir para salvar sua vida. Mais de 30 anos depois, no caminho de volta para casa, Yaacov foi atacado pelo anjo da guarda de Essav. Apesar de sair ferido, Yaacov venceu a luta com o anjo. Depois disso, com muita apreensão, Yaacov encontrou-se com Essav, mas saiu deste encontro ileso. Então cada irmão seguiu seu caminho, e assim diz o versículo sobre Yaacov: "E Yaacov viajou para Sucót, e construiu para ele uma casa, e para o seu gado ele fez cabanas (Sucót). E por isso chamou o nome do lugar de 'Sucót' " (Bereshit 33:17).
O Talmud (Chulin 91a) descreve que Yaacov estava sozinho quando foi atacado pelo anjo da guarda de Essav. Por que, se ele estava viajando com toda a família? Pois ele lembrou-se que havia esquecido no local do acampamento anterior alguns pequenos utensílios e voltou sozinho para buscar. Eram pequenos vasos, de pouco valor monetário, mas Yaacov dava muito valor às suas posses. O Talmud aprende do ato de Yaacov que para os Tzadikim (Justos), seu dinheiro é mais querido do que seu corpo. Mas este ensinamento do Talmud nos deixa um grande questionamento: por que Yaacov, e todos os Tzadikim, acham suas posses tão preciosas? Eles não deveriam dar mais valor à espiritualidade do que aos bens materiais?
A resposta está na continuação da explicação do Talmud: "Eles (os Tzadikim) não estendem sua mão para roubar". Explica o Rav Chaim Vital que os Tzadikim apreciam cada pequeno objeto que possuem, cada centavo que ganham, não pelo valor intrínseco dos objetos e do dinheiro, mas porque sabem que foi D'us quem deu para eles, para que possam utilizar para cumprir seu trabalho espiritual no mundo. Os Tzadikim não roubam, eles não querem utilizar nada do que D'us não deu para eles. Por isso eles valorizam cada pequena coisa com as quais D'us os abençoou, pois eles sabem que podem utilizá-las para cumprir as Mitzvót da Torá. Eles valorizam cada centavo que recebem, pois sabem que é um verdadeiro presente entregue pessoalmente por D'us.
Sucót é a festa na qual nós abandonamos o conforto de nossas casas e passamos a semana na Sucá, uma moradia temporária. E da mesma forma que a Sucá é uma moradia temporária, devemos nos lembrar que nossa vida neste mundo material é apenas temporária e provisória. E mais do que isso, da mesma maneira que D'us nos fez habitar em Sucót no deserto e nos proveu de tudo o que necessitávamos, assim também Ele provê tudo o que é necessário para nossas vidas.
Mas por que o versículo diz que Yaacov construiu Sucót (cabanas) para seu gado, isto é, suas posses, mas para si ele construiu uma casa? Explica o Targum Yonatan que o versículo não está falando literalmente sobre uma casa, e sim sobre uma "casa de estudos" (Beit Midrash). Isto demonstra que Yaacov tinha muita claridade de seu papel no mundo. Ele valorizava suas posses pelos motivos corretos, não utilizava seu dinheiro em coisas passageiras, investia em coisas permanentes, como na construção de uma casa de estudo de Torá. Já as suas posses temporárias ele guardava em Sucót, cabanas temporárias.
Este é o propósito da nossa Sucá. Ela deve nos ensinar a mesma lição que aprendemos com Yaacov. Nós devemos ter claridade sobre nosso propósito neste mundo material passageiro. Nós devemos ter claridade sobre quais são as nossas prioridades na vida. Devemos ter apreço por nossos bens, cuidar do que é nosso, mas não pelo que eles representam e sim pela forma como eles podem ser investidos no nosso crescimento espiritual. Devemos entender que o roubo e a inveja são tolices, pois recebemos de D'us tudo o que necessitamos para o nosso trabalho, não precisamos de nada que pertence aos outros.
Somente quando tivermos esta claridade, de que cada centavo e cada pequeno objeto que temos na vida é um presente vindo de D'us, então chegaremos à felicidade de Sucót, a felicidade de saber que somos milionários com cada um dos bens que possuímos.
SHABAT SHALOM e CHAG SAMEACH.
R' Efraim Birbojm
http://ravefraim.blogspot.com.br/Explica o Tur Shulchan Aruch (Orach Chaim 417) que os "Shalosh Regalim" (Pessach, Shavuót e Sucót) correspondem aos nossos três patriarcas, Avraham, Yitzchak e Yaacov. O Tur continua e explica que a festa de Sucót corresponde ao patriarca Yaacov, pois assim está escrito no versículo: "E para o seu gado ele (Yaacov) construiu "Sucót" (cabanas)" (Bereshit 33:17). Mas será que esta é a única conexão entre Yaacov e a festa de Sucót?
Para enxergar a verdadeira conexão, é preciso entender o contexto do versículo trazido pelo Tur Shulchan Aruch. No primeiro livro da Torá, Bereshit, está descrito o difícil relacionamento de Yaacov com seu irmão Essav. Embora Essav tivesse vendido a sua primogenitura para Yaacov, ele ficou furioso ao saber que Yaacov havia recebida a Brachá (Benção) de primogenitura em seu lugar, obrigando Yaacov a fugir para salvar sua vida. Mais de 30 anos depois, no caminho de volta para casa, Yaacov foi atacado pelo anjo da guarda de Essav. Apesar de sair ferido, Yaacov venceu a luta com o anjo. Depois disso, com muita apreensão, Yaacov encontrou-se com Essav, mas saiu deste encontro ileso. Então cada irmão seguiu seu caminho, e assim diz o versículo sobre Yaacov: "E Yaacov viajou para Sucót, e construiu para ele uma casa, e para o seu gado ele fez cabanas (Sucót). E por isso chamou o nome do lugar de 'Sucót' " (Bereshit 33:17).
O Talmud (Chulin 91a) descreve que Yaacov estava sozinho quando foi atacado pelo anjo da guarda de Essav. Por que, se ele estava viajando com toda a família? Pois ele lembrou-se que havia esquecido no local do acampamento anterior alguns pequenos utensílios e voltou sozinho para buscar. Eram pequenos vasos, de pouco valor monetário, mas Yaacov dava muito valor às suas posses. O Talmud aprende do ato de Yaacov que para os Tzadikim (Justos), seu dinheiro é mais querido do que seu corpo. Mas este ensinamento do Talmud nos deixa um grande questionamento: por que Yaacov, e todos os Tzadikim, acham suas posses tão preciosas? Eles não deveriam dar mais valor à espiritualidade do que aos bens materiais?
A resposta está na continuação da explicação do Talmud: "Eles (os Tzadikim) não estendem sua mão para roubar". Explica o Rav Chaim Vital que os Tzadikim apreciam cada pequeno objeto que possuem, cada centavo que ganham, não pelo valor intrínseco dos objetos e do dinheiro, mas porque sabem que foi D'us quem deu para eles, para que possam utilizar para cumprir seu trabalho espiritual no mundo. Os Tzadikim não roubam, eles não querem utilizar nada do que D'us não deu para eles. Por isso eles valorizam cada pequena coisa com as quais D'us os abençoou, pois eles sabem que podem utilizá-las para cumprir as Mitzvót da Torá. Eles valorizam cada centavo que recebem, pois sabem que é um verdadeiro presente entregue pessoalmente por D'us.
Sucót é a festa na qual nós abandonamos o conforto de nossas casas e passamos a semana na Sucá, uma moradia temporária. E da mesma forma que a Sucá é uma moradia temporária, devemos nos lembrar que nossa vida neste mundo material é apenas temporária e provisória. E mais do que isso, da mesma maneira que D'us nos fez habitar em Sucót no deserto e nos proveu de tudo o que necessitávamos, assim também Ele provê tudo o que é necessário para nossas vidas.
Mas por que o versículo diz que Yaacov construiu Sucót (cabanas) para seu gado, isto é, suas posses, mas para si ele construiu uma casa? Explica o Targum Yonatan que o versículo não está falando literalmente sobre uma casa, e sim sobre uma "casa de estudos" (Beit Midrash). Isto demonstra que Yaacov tinha muita claridade de seu papel no mundo. Ele valorizava suas posses pelos motivos corretos, não utilizava seu dinheiro em coisas passageiras, investia em coisas permanentes, como na construção de uma casa de estudo de Torá. Já as suas posses temporárias ele guardava em Sucót, cabanas temporárias.
Este é o propósito da nossa Sucá. Ela deve nos ensinar a mesma lição que aprendemos com Yaacov. Nós devemos ter claridade sobre nosso propósito neste mundo material passageiro. Nós devemos ter claridade sobre quais são as nossas prioridades na vida. Devemos ter apreço por nossos bens, cuidar do que é nosso, mas não pelo que eles representam e sim pela forma como eles podem ser investidos no nosso crescimento espiritual. Devemos entender que o roubo e a inveja são tolices, pois recebemos de D'us tudo o que necessitamos para o nosso trabalho, não precisamos de nada que pertence aos outros.
Somente quando tivermos esta claridade, de que cada centavo e cada pequeno objeto que temos na vida é um presente vindo de D'us, então chegaremos à felicidade de Sucót, a felicidade de saber que somos milionários com cada um dos bens que possuímos.
SHABAT SHALOM e CHAG SAMEACH.
R' Efraim Birbojm
Dt. 32:1-52, II Sm.22:1-51, Rm.10:17-11:12, 12:19, 15:9-10
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