São pífios os resultados do programa "Minha Casa, Minha Vida" para a parcela da população brasileira que mais padece de problemas habitacionais
O pacote de estímulo imobiliário lançado pelo governo federal tem encontrado, desde o ano passado, um gargalo para a construção de moradias destinadas a pessoas que ganham até três salários mínimos -faixa em que se concentra cerca de 90% do deficit habitacional do país.
Um balanço da Caixa Econômica Federal sobre o andamento do programa, obtido pela Folha, indica que até o final de junho deste ano apenas 1,2% do total de moradias financiadas para a menor fatia de renda estava concluído. Entre as casas voltadas para quem ganha de três a seis salários mínimos, em contrapartida, 59,7% das unidades estão prontas.
O governo espera assinar contratos para a construção de 1 milhão de residências até o fim deste ano. Do total de unidades para a parcela mais pobre da população, apenas 565 casas ou apartamentos (0,23%) já foram entregues.
Dos dois objetivos principais do programa -fomentar o mercado imobiliário e diminuir o deficit habitacional, estimado em até 8 milhões de residências-, apenas o primeiro tem sido alcançado.
Um debate maduro sobre a falta de moradia no país deveria partir desses números e buscar explicações para a dificuldade de se fazer avançar a construção de casas para populações de baixa renda.
Mas o governo federal, mais interessado na campanha eleitoral da ex-ministra Dilma Rousseff (PT), prefere sonegar informações que considere desfavoráveis a suas pretensões eleitorais.
Procurada pela reportagem da Folha, a Caixa alegou não dispor de números sobre a execução do "Minha Casa, Minha Vida". Uma farsa, já que o balanço existia.
O princípio de publicidade, que rege a administração pública, impõe a divulgação de dados de interesse da população. A transparência é um dever dos governantes. Lamentavelmente, esse não tem sido o comportamento da atual administração, que se mostra seletiva quanto às informações que oferece à sociedade.
Folha de S. Paulo
Editorial
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