"Sentados num bar russo e bebendo
vodca, alguns amigos conversavam e expressaram seu sincero amor pelo czar e seu
governo. Sentindo-se repleto de lealdade, um dos homens proclamou:
- Se eu tivesse um palácio magnífico, eu o dedicaria ao czar!
- É mesmo? - perguntaram os amigos, impressionados - E se você tivesse uma carruagem de luxo puxada por cavalos de raça, ou uma fazenda com animais, você também dedicaria ao czar?
- Claro que sim! Pelo czar, Sua Majestade, eu daria qualquer coisa que eu tivesse - declarou o homem.
Os outros duvidaram do amigo, imaginando que ele estava afetado pelo álcool. Então o desafiaram de novo:
- E se você tivesse duas galinhas, então você as daria para o czar?
O homem ficou sério e admitiu, em voz baixa, que não daria. Percebendo a expressão de perplexidade dos amigos, o homem explicou com franqueza:
-Estas são as coisas que eu realmente possuo".
Em Rosh Hashaná , e principalmente em Yom Kipur, dissemos para D'us: "Por favor, me dê mais um ano de vida e eu vou cumprir a Sua vontade. Serei uma pessoa completamente diferente". Mas passado Yom Kipur, será que estamos cumprindo nossa palavra, ou o que dissemos foi apenas da boca para fora?
- Se eu tivesse um palácio magnífico, eu o dedicaria ao czar!
- É mesmo? - perguntaram os amigos, impressionados - E se você tivesse uma carruagem de luxo puxada por cavalos de raça, ou uma fazenda com animais, você também dedicaria ao czar?
- Claro que sim! Pelo czar, Sua Majestade, eu daria qualquer coisa que eu tivesse - declarou o homem.
Os outros duvidaram do amigo, imaginando que ele estava afetado pelo álcool. Então o desafiaram de novo:
- E se você tivesse duas galinhas, então você as daria para o czar?
O homem ficou sério e admitiu, em voz baixa, que não daria. Percebendo a expressão de perplexidade dos amigos, o homem explicou com franqueza:
-Estas são as coisas que eu realmente possuo".
Em Rosh Hashaná , e principalmente em Yom Kipur, dissemos para D'us: "Por favor, me dê mais um ano de vida e eu vou cumprir a Sua vontade. Serei uma pessoa completamente diferente". Mas passado Yom Kipur, será que estamos cumprindo nossa palavra, ou o que dissemos foi apenas da boca para fora?
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Após passarmos por Rosh Hashaná e Yom
Kipur, finalmente chegamos à festa de Sucót, que começa na próxima 4ª feira de
noite (08/10). Rosh Hashaná e Yom Kipur são festas relacionadas com nosso
julgamento e, portanto, são dias mais solenes. Já Sucót, também chamada de "Zman
Simchateinu" (a época da nossa alegria), tem como tema central a alegria. Então
qual a relação entre Sucót, Rosh Hashaná e Yom Kipur, festas comemoradas em
datas tão próximas, mas que parecem ser tão diferentes?
Há outra pergunta interessante sobre Sucót. Uma das Mitzvót que simbolizam esta festa são os Arba Minim (as 4 espécias – Etróg, Lulav, Adass e Aravá), sobre os quais fazemos uma Brachá especial todos os dias do Chag. E assim começa o versículo que fala sobre os Arba Minim: "E você deve pegar para você no primeiro dia..." (Vayikrá 23:40). Mas por que a Torá chama Sucót de "primeiro dia", ao invés de se referir a Sucót como "o dia 15 do sétimo mês", como normalmente faz em relação aos Chaguim?
Ensina o Rav Yaacov ben Asher (Alemanha, 1270 - Espanha, 1340), mais conhecido como Tur, que a resposta está em um interessante Midrash (parte da Torá Oral) que explica de onde vem o costume Ashkenazi de jejuar na véspera de Rosh Hashaná. O Midrash responde que o primeiro dia de Sucót é identificado como "primeiro dia" pois é considerado o "primeiro dia para a contabilidade das nossas transgressões". Para explicar este conceito, o Midrash traz a seguinte parábola: uma cidade devia a um poderoso rei uma enorme quantia de dinheiro em impostos. Como resultado da falta de pagamento, o rei marchou contra a cidade com um enorme exército. Antes que o exército chegasse, uma pequena delegação composta pelos anciãos da comunidade, apenas as pessoas mais distintas, foi enviada para tentar apaziguar o rei. O encontro teve sucesso e o rei descontou um terço da dívida, mas continuou avançando com seu exército. Temendo pela sua segurança, os moradores mandaram uma segunda delegação enorme, composta por pessoas comuns, para se encontrar com o rei. Eles também tiveram sucesso e conseguiram convencer o rei a descontar mais um terço da dívida. Entretanto, o rei não deteve o avanço de suas tropas. Em desespero, todos os habitantes da cidade saíram de suas casas e começaram a implorar ao rei, que já havia alcançado os portões da cidade, para que ele os tratasse com gentileza. Comovido com esta exibição de humildade, o rei descontou o último terço da dívida que havia restado.
Qual é o paralelo com as festas judaicas? Durante o ano, o povo judeu acumula uma enorme quantidade de transgressões. Na véspera de Rosh Hashaná, as pessoas mais distintas do povo têm o costume de jejuar, fazendo com que D'us perdoe um terço das nossas transgressões. Durante os "Asseret Yemei Teshuvá" (10 dias de Arrependimento, entre Rosh Hashaná e Yom Kipur), outro terço das transgressões é perdoado. Então chega Yom Kipur, quando o povo inteiro jejua e grita para D'us, e somos absolvidos do último terço das transgressões. Por isso, em Sucót se inicia uma nova contabilidade de transgressões para o ano.
Mas se pararmos para refletir sobre os ensinamentos contidos neste Midrash, surgem muitas perguntas. Em primeiro lugar, Sucót começa só alguns dias depois de Yom Kipur. Então por que a nova contabilidade não começa imediatamente no dia seguinte ao Yom Kipur? Outro detalhe que nos chama a atenção é que o jejum da véspera de Rosh Hashaná tem o mesmo peso do jejum de Yom Kipur, já que, de acordo com o Midrash, cada um deles tem o poder de descontar um terço das nossas transgressões. Mas sabemos que Yom Kipur é o dia mais sagrado do ano, então por que o Midrash aparentemente iguala os dois? E finalmente, em Sucót temos três diferentes Mitzvót: se sentar durante os 7 dias na Sucá, trazer os Korbanót (sacrifícios) relacionados ao Chag ao Beit Hamikdash (Templo Sagrado) e os Arba Minim. Então por que a Torá escolheu justamente os Arba Minim para transmitir a mensagem da nova contabilidade de transgressões que se inicia em Sucót, e não alguma outra Mitzvá de Sucót?
Explica o Rav Yochanan Zweig que há uma incrível semelhança entre o sistema de perdão Divino com uma prática comum no mundo dos negócios, e isto pode nos ajudar a entender o que o Midrash está nos ensinando. Antigamente, quando alguém não conseguia pagar uma dívida, estava sujeito a ir para a prisão. Atualmente, na grande maioria das sociedades civilizadas, existem leis relativas à falência, que permitem que uma pessoa possa se isentar de suas dívidas caso não tenha condições de pagá-las, protegendo-se assim dos seus credores. Mas qual a lógica que está por trás das leis de falência? Por que a sociedade permitiria que uma pessoa se desviasse da prestação de contas por suas ações?
A resposta é que uma pessoa atolada em dívidas, incapaz de sair desta situação negativa, pode acabar deixando de ser um membro produtivo da sociedade e se tornar alguém passivo. Quando permitimos a esta pessoa descontar suas dívidas, totalmente ou parcialmente, estamos permitindo que ela continue andando com suas próprias pernas, ao invés de ter que ficar dependendo dos outros, podendo facilmente voltar a ser um membro produtivo e contribuinte da sociedade, o que acaba sendo bom para todos.
Por outro lado, as leis de falência devem ser exercidas com muito cuidado e atenção, para termos a certeza de que estas leis não serão usadas de forma abusiva por pessoas cuja única intenção seja se esquivar de suas obrigações. Mas sempre existe o perigo potencial da pessoa utilizar a falência como uma "muleta" para se apoiar e se proteger da sua própria negligência e de seu comportamento irresponsável.
Este é o paralelo com o perdão dos nossos erros. É um grande erro pensar que D'us nos perdoa apenas por causa de Sua enorme benevolência, sem que nada precise ser feito da nossa parte. Precisamos entender que esta absolvição não pode se tornar uma "muleta", na qual podemos continuamente nos apoiar para diminuir as consequências do nosso comportamento irresponsável. Ao contrário, recebemos de D'us um "alívio" para que possamos outra vez voltarmos a ser membros ativos da sociedade, sem o enorme peso nas costas das nossas inúmeras transgressões. Mas se nós errarmos na forma de ver a expiação dos nossos erros, ao invés dela ser utilizada como uma ferramenta que nos ajuda a nos tornarmos responsáveis pelos nossos atos, justamente o efeito contrário pode ocorrer, e a expiação dos nossos erros pode se tornar uma "muleta" que apenas gera mais irresponsabilidade.
Se uma pessoa que decretou falência fica ainda responsável por parte das dívidas, então o risco da falência ser utilizada para encorajar um comportamento irresponsável diminui. Portanto, embora Yom Kipur desconte a mesma quantidade de transgressões do que o jejum da véspera de Rosh Hashaná, há uma enorme diferença entre as duas absolvições. Depois de Rosh Hashaná a pessoa ainda tem nas costas o peso de parte das transgressões que ainda não foram descontadas, e por isso ainda não se sente tranquila. Mas em Yom Kipur ocorre a absolvição total, e o perigo desta expiação ser mal utilizada é muito maior. Por isso, somente um dia tão sagrado como Yom Kipur pode nos proporcionar esta expiação total sem estar acompanhada de um sentimento de irresponsabilidade.
Mas para a expiação dos nossos erros ser completa, ela deve ser acompanhada do compromisso de começarmos a pagar nossas dívidas e da aceitação da responsabilidade por nossas ações. Sucót é a época em que novas responsabilidades são colocadas sobre nós e, portanto, serve como um teste da veracidade do nosso compromisso. É o primeiro momento em que nossas propostas de mudança apresentadas para D'us em Rosh Hashaná e Yom Kipur são colocada à prova. É por isso que Sucót é chamado de "o primeiro dia da contabilidade das nossas transgressões".
Os Arba Minim de Sucót precisam ter certas características para serem considerados aptos para o uso. Por exemplo, o Talmud Yerushalmi afirma que um Lulav, que é a folha de uma palmeira, não pode estar demasiadamente seca, e aprendemos isso do seguinte versículo: "E os mortos não louvam a D'us" (Tehilim 115:17). O Lulav é o símbolo de frescor e vitalidade, que representa a nova concessão de vida que recebemos depois de Yom Kipur. Nós utilizamos o Lulav como uma ferramenta para louvar e agradecer a D'us por Sua bondade desta nova chance. É por isso que a Torá considera mais apropriado transmitir o conceito do recomeço, da nova contabilidade dos nossos erros, através dos Arba Minim, que representam justamente o frescor de um recomeço.
O Midrash nos ensina que Sucót é um grande teste das nossas convicções. Sair do conforto de casa para passar a semana na Sucá, uma construção provisória e desprotegida, e cumprir a Mitzvá dos Arba Minim com todos os seus detalhes não são atitudes simples. Somente é possível cumprir estas Mitzvót com alegria se conseguirmos internalizar o conceito de fazer a vontade de D'us mesmo quando não é exatamente a nossa vontade. Em Rosh Hashaná e Yom Kipur pedimos para D'us mais um ano de vida para podermos cumprir as Suas Mitzvót e atingirmos as nossas metas, e Sucót é o momento de demonstrar que vamos cumprir nossa palavra. Assim, teremos mais crédito com Ele quando for necessário pedir qualquer outra coisa durante o ano.
CHAG SAMEACH E SHABAT SHALOM
Há outra pergunta interessante sobre Sucót. Uma das Mitzvót que simbolizam esta festa são os Arba Minim (as 4 espécias – Etróg, Lulav, Adass e Aravá), sobre os quais fazemos uma Brachá especial todos os dias do Chag. E assim começa o versículo que fala sobre os Arba Minim: "E você deve pegar para você no primeiro dia..." (Vayikrá 23:40). Mas por que a Torá chama Sucót de "primeiro dia", ao invés de se referir a Sucót como "o dia 15 do sétimo mês", como normalmente faz em relação aos Chaguim?
Ensina o Rav Yaacov ben Asher (Alemanha, 1270 - Espanha, 1340), mais conhecido como Tur, que a resposta está em um interessante Midrash (parte da Torá Oral) que explica de onde vem o costume Ashkenazi de jejuar na véspera de Rosh Hashaná. O Midrash responde que o primeiro dia de Sucót é identificado como "primeiro dia" pois é considerado o "primeiro dia para a contabilidade das nossas transgressões". Para explicar este conceito, o Midrash traz a seguinte parábola: uma cidade devia a um poderoso rei uma enorme quantia de dinheiro em impostos. Como resultado da falta de pagamento, o rei marchou contra a cidade com um enorme exército. Antes que o exército chegasse, uma pequena delegação composta pelos anciãos da comunidade, apenas as pessoas mais distintas, foi enviada para tentar apaziguar o rei. O encontro teve sucesso e o rei descontou um terço da dívida, mas continuou avançando com seu exército. Temendo pela sua segurança, os moradores mandaram uma segunda delegação enorme, composta por pessoas comuns, para se encontrar com o rei. Eles também tiveram sucesso e conseguiram convencer o rei a descontar mais um terço da dívida. Entretanto, o rei não deteve o avanço de suas tropas. Em desespero, todos os habitantes da cidade saíram de suas casas e começaram a implorar ao rei, que já havia alcançado os portões da cidade, para que ele os tratasse com gentileza. Comovido com esta exibição de humildade, o rei descontou o último terço da dívida que havia restado.
Qual é o paralelo com as festas judaicas? Durante o ano, o povo judeu acumula uma enorme quantidade de transgressões. Na véspera de Rosh Hashaná, as pessoas mais distintas do povo têm o costume de jejuar, fazendo com que D'us perdoe um terço das nossas transgressões. Durante os "Asseret Yemei Teshuvá" (10 dias de Arrependimento, entre Rosh Hashaná e Yom Kipur), outro terço das transgressões é perdoado. Então chega Yom Kipur, quando o povo inteiro jejua e grita para D'us, e somos absolvidos do último terço das transgressões. Por isso, em Sucót se inicia uma nova contabilidade de transgressões para o ano.
Mas se pararmos para refletir sobre os ensinamentos contidos neste Midrash, surgem muitas perguntas. Em primeiro lugar, Sucót começa só alguns dias depois de Yom Kipur. Então por que a nova contabilidade não começa imediatamente no dia seguinte ao Yom Kipur? Outro detalhe que nos chama a atenção é que o jejum da véspera de Rosh Hashaná tem o mesmo peso do jejum de Yom Kipur, já que, de acordo com o Midrash, cada um deles tem o poder de descontar um terço das nossas transgressões. Mas sabemos que Yom Kipur é o dia mais sagrado do ano, então por que o Midrash aparentemente iguala os dois? E finalmente, em Sucót temos três diferentes Mitzvót: se sentar durante os 7 dias na Sucá, trazer os Korbanót (sacrifícios) relacionados ao Chag ao Beit Hamikdash (Templo Sagrado) e os Arba Minim. Então por que a Torá escolheu justamente os Arba Minim para transmitir a mensagem da nova contabilidade de transgressões que se inicia em Sucót, e não alguma outra Mitzvá de Sucót?
Explica o Rav Yochanan Zweig que há uma incrível semelhança entre o sistema de perdão Divino com uma prática comum no mundo dos negócios, e isto pode nos ajudar a entender o que o Midrash está nos ensinando. Antigamente, quando alguém não conseguia pagar uma dívida, estava sujeito a ir para a prisão. Atualmente, na grande maioria das sociedades civilizadas, existem leis relativas à falência, que permitem que uma pessoa possa se isentar de suas dívidas caso não tenha condições de pagá-las, protegendo-se assim dos seus credores. Mas qual a lógica que está por trás das leis de falência? Por que a sociedade permitiria que uma pessoa se desviasse da prestação de contas por suas ações?
A resposta é que uma pessoa atolada em dívidas, incapaz de sair desta situação negativa, pode acabar deixando de ser um membro produtivo da sociedade e se tornar alguém passivo. Quando permitimos a esta pessoa descontar suas dívidas, totalmente ou parcialmente, estamos permitindo que ela continue andando com suas próprias pernas, ao invés de ter que ficar dependendo dos outros, podendo facilmente voltar a ser um membro produtivo e contribuinte da sociedade, o que acaba sendo bom para todos.
Por outro lado, as leis de falência devem ser exercidas com muito cuidado e atenção, para termos a certeza de que estas leis não serão usadas de forma abusiva por pessoas cuja única intenção seja se esquivar de suas obrigações. Mas sempre existe o perigo potencial da pessoa utilizar a falência como uma "muleta" para se apoiar e se proteger da sua própria negligência e de seu comportamento irresponsável.
Este é o paralelo com o perdão dos nossos erros. É um grande erro pensar que D'us nos perdoa apenas por causa de Sua enorme benevolência, sem que nada precise ser feito da nossa parte. Precisamos entender que esta absolvição não pode se tornar uma "muleta", na qual podemos continuamente nos apoiar para diminuir as consequências do nosso comportamento irresponsável. Ao contrário, recebemos de D'us um "alívio" para que possamos outra vez voltarmos a ser membros ativos da sociedade, sem o enorme peso nas costas das nossas inúmeras transgressões. Mas se nós errarmos na forma de ver a expiação dos nossos erros, ao invés dela ser utilizada como uma ferramenta que nos ajuda a nos tornarmos responsáveis pelos nossos atos, justamente o efeito contrário pode ocorrer, e a expiação dos nossos erros pode se tornar uma "muleta" que apenas gera mais irresponsabilidade.
Se uma pessoa que decretou falência fica ainda responsável por parte das dívidas, então o risco da falência ser utilizada para encorajar um comportamento irresponsável diminui. Portanto, embora Yom Kipur desconte a mesma quantidade de transgressões do que o jejum da véspera de Rosh Hashaná, há uma enorme diferença entre as duas absolvições. Depois de Rosh Hashaná a pessoa ainda tem nas costas o peso de parte das transgressões que ainda não foram descontadas, e por isso ainda não se sente tranquila. Mas em Yom Kipur ocorre a absolvição total, e o perigo desta expiação ser mal utilizada é muito maior. Por isso, somente um dia tão sagrado como Yom Kipur pode nos proporcionar esta expiação total sem estar acompanhada de um sentimento de irresponsabilidade.
Mas para a expiação dos nossos erros ser completa, ela deve ser acompanhada do compromisso de começarmos a pagar nossas dívidas e da aceitação da responsabilidade por nossas ações. Sucót é a época em que novas responsabilidades são colocadas sobre nós e, portanto, serve como um teste da veracidade do nosso compromisso. É o primeiro momento em que nossas propostas de mudança apresentadas para D'us em Rosh Hashaná e Yom Kipur são colocada à prova. É por isso que Sucót é chamado de "o primeiro dia da contabilidade das nossas transgressões".
Os Arba Minim de Sucót precisam ter certas características para serem considerados aptos para o uso. Por exemplo, o Talmud Yerushalmi afirma que um Lulav, que é a folha de uma palmeira, não pode estar demasiadamente seca, e aprendemos isso do seguinte versículo: "E os mortos não louvam a D'us" (Tehilim 115:17). O Lulav é o símbolo de frescor e vitalidade, que representa a nova concessão de vida que recebemos depois de Yom Kipur. Nós utilizamos o Lulav como uma ferramenta para louvar e agradecer a D'us por Sua bondade desta nova chance. É por isso que a Torá considera mais apropriado transmitir o conceito do recomeço, da nova contabilidade dos nossos erros, através dos Arba Minim, que representam justamente o frescor de um recomeço.
O Midrash nos ensina que Sucót é um grande teste das nossas convicções. Sair do conforto de casa para passar a semana na Sucá, uma construção provisória e desprotegida, e cumprir a Mitzvá dos Arba Minim com todos os seus detalhes não são atitudes simples. Somente é possível cumprir estas Mitzvót com alegria se conseguirmos internalizar o conceito de fazer a vontade de D'us mesmo quando não é exatamente a nossa vontade. Em Rosh Hashaná e Yom Kipur pedimos para D'us mais um ano de vida para podermos cumprir as Suas Mitzvót e atingirmos as nossas metas, e Sucót é o momento de demonstrar que vamos cumprir nossa palavra. Assim, teremos mais crédito com Ele quando for necessário pedir qualquer outra coisa durante o ano.
CHAG SAMEACH E SHABAT SHALOM
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