"Roberto era muito
bondoso, esforçava-se para ajudar a todos. Sua casa estava sempre aberta aos
necessitados, e todos sabiam que aquele que batia na sua porta nunca saía de
mãos vazias. Porém, certo dia algo diferente começou a acontecer. Roberto
comprou uma grande pilha de toras de madeira e colocou na frente de casa. Mas o
mais estranho é que algumas vezes a pilha inexplicavelmente aparecia nos fundos
da casa, e depois voltava novamente para a frente. O que estava
acontecendo?
Um dos vizinhos de Roberto, muito curioso, quis desvendar o mistério. Ele passou o dia inteiro escondido, observando a movimentação na casa. Primeiro ele viu um pobre batendo na porta. Roberto abriu com um grande sorriso no rosto, conversou um pouco com o pobre, apontou para a pilha de madeira que estava na frente da casa e depois apontou para os fundos da casa. O vizinho viu então que o pobre foi levando as toras de madeira, uma por uma, e novamente empilhou-as nos fundos da casa. Quando o pobre terminou, Roberto agradeceu muito, tirou um pouco de dinheiro do bolso e entregou a ele. Mas o mais inexplicável aconteceu um pouco mais tarde. Outro pobre bateu na porta e também foi recebido com grande alegria por Roberto. Ele então apontou para a pilha de madeiras que estava nos fundos da casa e depois apontou para a frente da casa. Para a surpresa do vizinho, ele viu o segundo pobre levar todas as toras de madeira e empilhá-las novamente na frente da casa. Mais uma vez Roberto agradeceu, tirou um pouco de dinheiro do bolso e deu ao pobre.
Ao ver esta cena, o vizinho não aguentou mais de curiosidade. Ele esperou o pobre sair e foi perguntar ao Roberto o que estava acontecendo. Apanhado em flagrante, Roberto ficou vermelho de vergonha. Depois de muita insistência, ele explicou:
- Eu gosto muito de ajudar as pessoas, sempre me esforcei para dar aos necessitados tudo o que eles precisavam. Mas um dia parei para refletir e percebi que eu não dava a eles o mais importante: dignidade. A partir daquele dia decidi não dar apenas dinheiro aos pobres, quis dar a eles a oportunidade de se sentirem úteis, e para isso comprei estas madeiras. Agora toda vez que alguém vem me pedir ajuda eu não ofereço dinheiro, eu ofereço um trabalho. A quantia que eu dou é a mesma, mas desta maneira eles não sentem vergonha. Ao invés de se sentirem humilhados, eles sentem orgulho por terem se esforçado pelo dinheiro que receberam"
Existem várias maneiras de ajudar uma pessoa necessitada. Mas nada ajuda mais um ser humano do que devolver a ele sua dignidade perdida.
Um dos vizinhos de Roberto, muito curioso, quis desvendar o mistério. Ele passou o dia inteiro escondido, observando a movimentação na casa. Primeiro ele viu um pobre batendo na porta. Roberto abriu com um grande sorriso no rosto, conversou um pouco com o pobre, apontou para a pilha de madeira que estava na frente da casa e depois apontou para os fundos da casa. O vizinho viu então que o pobre foi levando as toras de madeira, uma por uma, e novamente empilhou-as nos fundos da casa. Quando o pobre terminou, Roberto agradeceu muito, tirou um pouco de dinheiro do bolso e entregou a ele. Mas o mais inexplicável aconteceu um pouco mais tarde. Outro pobre bateu na porta e também foi recebido com grande alegria por Roberto. Ele então apontou para a pilha de madeiras que estava nos fundos da casa e depois apontou para a frente da casa. Para a surpresa do vizinho, ele viu o segundo pobre levar todas as toras de madeira e empilhá-las novamente na frente da casa. Mais uma vez Roberto agradeceu, tirou um pouco de dinheiro do bolso e deu ao pobre.
Ao ver esta cena, o vizinho não aguentou mais de curiosidade. Ele esperou o pobre sair e foi perguntar ao Roberto o que estava acontecendo. Apanhado em flagrante, Roberto ficou vermelho de vergonha. Depois de muita insistência, ele explicou:
- Eu gosto muito de ajudar as pessoas, sempre me esforcei para dar aos necessitados tudo o que eles precisavam. Mas um dia parei para refletir e percebi que eu não dava a eles o mais importante: dignidade. A partir daquele dia decidi não dar apenas dinheiro aos pobres, quis dar a eles a oportunidade de se sentirem úteis, e para isso comprei estas madeiras. Agora toda vez que alguém vem me pedir ajuda eu não ofereço dinheiro, eu ofereço um trabalho. A quantia que eu dou é a mesma, mas desta maneira eles não sentem vergonha. Ao invés de se sentirem humilhados, eles sentem orgulho por terem se esforçado pelo dinheiro que receberam"
Existem várias maneiras de ajudar uma pessoa necessitada. Mas nada ajuda mais um ser humano do que devolver a ele sua dignidade perdida.
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Nesta semana lemos a Parashá Behar.
Entre outros assuntos, a Parashá fala sobre a Mitzvá de dar Tzedaká (caridade)
aos necessitados, como está escrito: "Se seu irmão se empobrecer, e se os meios
dele faltarem na sua proximidade, você deve fortalecê-lo" (Vayikrá 25:35). Mas
por que é utilizada a linguagem "fortalecê-lo" ao invés de "ajudá-lo"? Explica
Rashi (França, 1040 - 1105), comentarista da Torá, que este versículo refere-se
à ajuda necessária a uma pessoa que começou a perder sua independência
financeira, mas que ainda não chegou ao nível de tornar-se um completo
destituído. Alguns comentaristas chegam a afirmar que ajudar pessoas que ainda
estão caindo financeiramente é uma Mitzvá por si só, independente da Mitzvá de
ajudar alguém completamente pobre. Mas qual é a diferença entre ajudar um pobre
ou alguém que ainda está caindo? Na prática não estamos fazendo exatamente o
mesmo ato?
O Rambam (Maimônides) (Espanha, 1135 - Egito, 1204), em suas leis sobre Tzedaká (Hilchót Matanot Aniim 10:10), explica que há oito níveis diferentes de Tzedaká, que começa com o ato de doar mesmo que seja de má vontade. Segundo ele, o nível mais elevado de Tzedaká é ajudar uma pessoa de maneira que ela não necessite se apoiar continuamente na ajuda dos outros, isto é, a ajuda deve ser dada de forma que a pessoa volte a ser, o mais rapidamente possível, financeiramente independente e não precise mais pedir aos outros. Por exemplo, o doador pode ajudar doando ou fazendo um empréstimo (sem juros) para que a pessoa reconstrua sua empresa falida, pode oferecer uma sociedade ou pode simplesmente ajudá-lo a conseguir um emprego. E a fonte citada pelo Rambam é justamente o versículo da nossa Parashá, enfatizando que a linguagem "fortalecê-lo" nos ensina a não deixar a pessoa cair completamente, dando a ela a força para se reerguer e novamente caminhar com suas próprias pernas.
O Rav Yossef Karo (Espanha, 1488 - Israel, 1575), mais conhecido como Beit Yossef, explica que esta é a maior forma de caridade pois é feita de forma que não envergonha aquele que recebe a ajuda. Quando oferecemos ajuda a alguém que está caindo, ele não sente que está recebendo uma esmola. A natureza humana nos faz querer ganhar o nosso próprio sustento, e quando somos obrigados a receber algo pelo qual não nos esforçamos, perdemos nosso senso de dignidade. Por isso é tão louvável ajudar o próximo de maneira que ele não se sinta envergonhado nem humilhado pela situação difícil pela qual está passando. Portanto, a melhor forma de ajudar alguém é fazer com sabedoria, de maneira que a pessoa não sinta que está sendo ajudada, ao contrário, que ela sinta que é ela quem está contribuindo de alguma maneira. É mais importante dar um trabalho do que apenas dar dinheiro a um pobre, pois o trabalho dá a ele a certeza de que ainda pode produzir, que ainda tem muito valor, enquanto o dinheiro é apenas uma esmola.
O Rambam (Maimônides) (Espanha, 1135 - Egito, 1204), em suas leis sobre Tzedaká (Hilchót Matanot Aniim 10:10), explica que há oito níveis diferentes de Tzedaká, que começa com o ato de doar mesmo que seja de má vontade. Segundo ele, o nível mais elevado de Tzedaká é ajudar uma pessoa de maneira que ela não necessite se apoiar continuamente na ajuda dos outros, isto é, a ajuda deve ser dada de forma que a pessoa volte a ser, o mais rapidamente possível, financeiramente independente e não precise mais pedir aos outros. Por exemplo, o doador pode ajudar doando ou fazendo um empréstimo (sem juros) para que a pessoa reconstrua sua empresa falida, pode oferecer uma sociedade ou pode simplesmente ajudá-lo a conseguir um emprego. E a fonte citada pelo Rambam é justamente o versículo da nossa Parashá, enfatizando que a linguagem "fortalecê-lo" nos ensina a não deixar a pessoa cair completamente, dando a ela a força para se reerguer e novamente caminhar com suas próprias pernas.
O Rav Yossef Karo (Espanha, 1488 - Israel, 1575), mais conhecido como Beit Yossef, explica que esta é a maior forma de caridade pois é feita de forma que não envergonha aquele que recebe a ajuda. Quando oferecemos ajuda a alguém que está caindo, ele não sente que está recebendo uma esmola. A natureza humana nos faz querer ganhar o nosso próprio sustento, e quando somos obrigados a receber algo pelo qual não nos esforçamos, perdemos nosso senso de dignidade. Por isso é tão louvável ajudar o próximo de maneira que ele não se sinta envergonhado nem humilhado pela situação difícil pela qual está passando. Portanto, a melhor forma de ajudar alguém é fazer com sabedoria, de maneira que a pessoa não sinta que está sendo ajudada, ao contrário, que ela sinta que é ela quem está contribuindo de alguma maneira. É mais importante dar um trabalho do que apenas dar dinheiro a um pobre, pois o trabalho dá a ele a certeza de que ainda pode produzir, que ainda tem muito valor, enquanto o dinheiro é apenas uma esmola.
Há um ensinamento interessante no Talmud (Pessachim 8a), que afirma que uma
pessoa que diz "estou dando esta Tzedaká para que meu filho viva" é chamada de
"Tzadik Gamur" (um justo completo). O Talmud está falando sobre o caso de um pai
cujo filho está gravemente doente e ele quer, através do mérito da Mitzvá de
Tzedaká, que o filho possa se recuperar. Mas por que o Talmud louva esta pessoa
ao ponto de chamá-la de "Tzadik Gamur", título atribuído a poucas pessoas, se
ele cumpriu a Mitzvá de Tzedaká por motivos tão egoístas? O mais elevado é
aquele que cumpre as Mitzvót apenas por D'us ter nos ordenado, e não aquele que
as cumpre para receber algo em troca, como afirmam nossos sábios: "Não sejam
como escravos que servem o seu dono para receber uma recompensa" (Pirkei Avót
1:3). Entendemos o desespero de um pai ao ver seu filho doente, e sabemos que um
pai faria qualquer coisa para salvar a vida de seu filho, mas por que chamá-lo
de Tzadik Gamur?
Responde o Rav Yehonasan Gefen que existem várias explicações para este ensinamento do Talmud. Mas há uma explicação "não convencional" que se conecta com os ensinamentos da nossa Parashá. Ele explica que o caso trazido pelo Talmud refere-se a uma pessoa que está dando Tzedaká e quer ter certeza de que aquele que recebe não vai sentir nenhum tipo de vergonha ou constrangimento. Por isto o doador fala para o pobre: "Estou dando esta Tzedaká para que meu filho viva", isto é, "Não sou eu quem está te ajudando, é você que está me fazendo um grande favor. É pelo mérito desta Mitzvá que você está me possibilitando cumprir que meu filho será curado". E o Talmud quer enfatizar que aquele que chega ao nível de fazer de tudo para não causar nenhuma vergonha ou constrangimento no momento de dar Tzedaká para uma pessoa necessitada é considerado um Tzadik Gamur. Preocupar-se em ajudar o próximo já é um ato bonito, mas preocupar-se além de tudo que o necessitado não se sinta humilhado é ainda mais importante e louvável.
Se pararmos para refletir, chegaremos à conclusão do quanto estamos longe desta forma ideal de ajudar o próximo. Normalmente ajudamos somente àqueles que já estão nas ruas, pedindo esmola para comprar o próximo pãozinho. Porém, muitas vezes perdemos a oportunidade de ajudar pessoas, às vezes até próximas, que estão caindo e perdendo tudo, mas que se envergonham de pedir ajuda. Temos que desenvolver nossa sensibilidade para perceber os sinais e escutar o grito silencioso das pessoas que estão caindo. Pois a pessoa que ainda está caindo se levanta com apenas um pouco de ajuda, mas para reerguer alguém que já caiu é muito mais difícil.
Na prática, fica o ensinamento de sempre pensar no necessitado quando vamos ajudá-lo. Não apenas dar um dinheiro para a uma pessoa necessitada, mas fazê-lo com um sorriso, com uma mensagem de esperança, se esforçando para dar o que a pessoa realmente necessita. Certamente isto fará com que a doação seja recebida com muito mais alegria, tanto aqui embaixo quanto lá em cima.
Responde o Rav Yehonasan Gefen que existem várias explicações para este ensinamento do Talmud. Mas há uma explicação "não convencional" que se conecta com os ensinamentos da nossa Parashá. Ele explica que o caso trazido pelo Talmud refere-se a uma pessoa que está dando Tzedaká e quer ter certeza de que aquele que recebe não vai sentir nenhum tipo de vergonha ou constrangimento. Por isto o doador fala para o pobre: "Estou dando esta Tzedaká para que meu filho viva", isto é, "Não sou eu quem está te ajudando, é você que está me fazendo um grande favor. É pelo mérito desta Mitzvá que você está me possibilitando cumprir que meu filho será curado". E o Talmud quer enfatizar que aquele que chega ao nível de fazer de tudo para não causar nenhuma vergonha ou constrangimento no momento de dar Tzedaká para uma pessoa necessitada é considerado um Tzadik Gamur. Preocupar-se em ajudar o próximo já é um ato bonito, mas preocupar-se além de tudo que o necessitado não se sinta humilhado é ainda mais importante e louvável.
Se pararmos para refletir, chegaremos à conclusão do quanto estamos longe desta forma ideal de ajudar o próximo. Normalmente ajudamos somente àqueles que já estão nas ruas, pedindo esmola para comprar o próximo pãozinho. Porém, muitas vezes perdemos a oportunidade de ajudar pessoas, às vezes até próximas, que estão caindo e perdendo tudo, mas que se envergonham de pedir ajuda. Temos que desenvolver nossa sensibilidade para perceber os sinais e escutar o grito silencioso das pessoas que estão caindo. Pois a pessoa que ainda está caindo se levanta com apenas um pouco de ajuda, mas para reerguer alguém que já caiu é muito mais difícil.
Na prática, fica o ensinamento de sempre pensar no necessitado quando vamos ajudá-lo. Não apenas dar um dinheiro para a uma pessoa necessitada, mas fazê-lo com um sorriso, com uma mensagem de esperança, se esforçando para dar o que a pessoa realmente necessita. Certamente isto fará com que a doação seja recebida com muito mais alegria, tanto aqui embaixo quanto lá em cima.
"Não dê um peixe ao pobre. Dê-lhe uma vara e
ensine-o a pescar" (Ditado popular).
Shabat Shalom!
Lv 25:1-26:2, Je 32:6-27
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