Certa vez, na noite de Shabat, apareceu
na sinagoga onde o Rav Twersky rezava um judeu que nunca havia frequentado o
lugar. Ele parecia um pouco perdido e, apesar do Shabat já ter começado, ainda
carregava sua maleta de trabalho e estava sem Kipá. O Rav Twersky imediatamente
levantou-se e foi ajudá-lo, indicando um local para ele guardar a maleta. Ele
também ofereceu ao homem uma Kipá e mostrou-lhe um lugar ao seu lado onde ele
poderia sentar-se.
Durante toda a reza, o Rav Twersky ajudou o homem com o livro de rezas, já que ele demonstrava não saber nem mesmo de que lado abrir o Sidur. Após as rezas, o Rav Twersky fez questão de convidá-lo para jantar na sua casa e, pela primeira vez na vida, experimentar o verdadeiro ambiente do Shabat. O homem, após alguma insistência, aceitou o convite. Quando ele foi pegar sua maleta, o Rav Twersky pediu para que ele deixasse-a na sinagoga, pois não era permitido carregá-la durante Shabat. O homem achou estranho e olhou para o Rav Twersky como se ele fosse um extraterrestre, mas como o rabino havia sido tão gentil, não quis ser mal educado e concordou em deixar a maleta na sinagoga.
Durante o caminho eles foram conversando. O Rav Twersky, interessado em saber um pouco mais sobre aquele homem, começou a perguntar sobre sua vida, seus interesses e seu trabalho. O homem, ao invés de responder, começou a procurar nervosamente algo em seus bolsos. Lembrou-se então que o que ele estava procurando estava na maleta que havia ficado na sinagoga. O Rav Twerky perguntou se poderia ajudar, o homem respondeu:
- Que pena. Queria te entregar meu cartão de visitas. Mas eu acabei deixando todos na minha maleta, que ficou na sinagoga.
Depois do Shabat, o Rav Twersky refletiu sobre o ocorrido e chegou a uma incrível conclusão: algumas vezes a vida material nos faz pensar que somos apenas o que está escrito no nosso cartão de visitas. Deixamos de ser humanos e passamos a ser apenas engenheiros, médicos ou advogados. Por isso o Shabat é tão especial. É o dia de esvaziarmos nossos bolsos, de esquecermos os nossos cartões de visitas e descobrirmos quem nós somos e não o que nós fazemos”
Durante toda a reza, o Rav Twersky ajudou o homem com o livro de rezas, já que ele demonstrava não saber nem mesmo de que lado abrir o Sidur. Após as rezas, o Rav Twersky fez questão de convidá-lo para jantar na sua casa e, pela primeira vez na vida, experimentar o verdadeiro ambiente do Shabat. O homem, após alguma insistência, aceitou o convite. Quando ele foi pegar sua maleta, o Rav Twersky pediu para que ele deixasse-a na sinagoga, pois não era permitido carregá-la durante Shabat. O homem achou estranho e olhou para o Rav Twersky como se ele fosse um extraterrestre, mas como o rabino havia sido tão gentil, não quis ser mal educado e concordou em deixar a maleta na sinagoga.
Durante o caminho eles foram conversando. O Rav Twersky, interessado em saber um pouco mais sobre aquele homem, começou a perguntar sobre sua vida, seus interesses e seu trabalho. O homem, ao invés de responder, começou a procurar nervosamente algo em seus bolsos. Lembrou-se então que o que ele estava procurando estava na maleta que havia ficado na sinagoga. O Rav Twerky perguntou se poderia ajudar, o homem respondeu:
- Que pena. Queria te entregar meu cartão de visitas. Mas eu acabei deixando todos na minha maleta, que ficou na sinagoga.
Depois do Shabat, o Rav Twersky refletiu sobre o ocorrido e chegou a uma incrível conclusão: algumas vezes a vida material nos faz pensar que somos apenas o que está escrito no nosso cartão de visitas. Deixamos de ser humanos e passamos a ser apenas engenheiros, médicos ou advogados. Por isso o Shabat é tão especial. É o dia de esvaziarmos nossos bolsos, de esquecermos os nossos cartões de visitas e descobrirmos quem nós somos e não o que nós fazemos”
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A Parashá desta semana, Vayakel, que significa literalmente “e reuniu”, começa com Moshé reunindo todo o povo para nos ensinar sobre uma importante Mitzvá, como está escrito: “E reuniu Moshé toda a assembleia dos Filhos de Israel e disse para eles: ‘Estas são as coisas que D’us ordenou, para fazê-las. Em seis dias o trabalho deve ser feito, e o sétimo dia será sagrado para vocês, um dia de descanso completo para D’us’” (Shemot 35:1). O Talmud (Shabat 97b) nos ensina que Moshé estava transmitindo ao povo judeu as leis do Shabat, incluindo as 39 categorias de “Melachót” (atividades construtivas) que são proibidas. Depois disso a Torá volta a falar sobre a construção do Mishkan (Templo Móvel). Por que estes dois assuntos são escritos juntos? Para nos ensinar a enorme santidade do Shabat. Apesar de o Mishkan ser o lugar mais sagrado do mundo, a Morada de D’us, todos os trabalhos de construção paravam durante o Shabat.
Mas estas palavras de Moshé sobre o Shabat despertam alguns questionamentos. Em primeiro lugar, o Shabat é um dia no qual diminuímos nossas atividades, pois deixamos de fazer as Melachót proibidas. Então por que a linguagem “para fazê-las”, como se no Shabat tivéssemos que ativamente fazer algo, e não apenas nos abster das atividades proibidas? Além disso, por que justamente nesta Mitzvá foi utilizada a linguagem “Vayakel”, que vem da palavra “Kahal” (comunidade), indicando que era importante que a Mitzvá de Shabat, diferente das outras Mitzvót, fosse transmitida ao povo como uma comunidade e não como indivíduos? E finalmente, a Parashá da semana passada (Ki Tissá) falou sobre o terrível pecado do Bezerro de Ouro, enquanto a Parashá desta semana começou falando sobre a Mitzvá de guardar o Shabat. Qual a conexão entre estes dois assuntos?
Responde o Rav Yohanan Zweig que espiritualmente cada Mitzvá que nós fazemos afeta positivamente o mundo inteiro. Porém, em relação ao mundo material, normalmente o cumprimento de uma Mitzvá tem um impacto direto apenas sobre aquele quem a cumpriu. Isto quer dizer que é pequena a influência que vem do cumprimento das Mitzvót de um indivíduo em relação à comunidade. Por exemplo, quando uma pessoa decide comer Kasher, o seu ato tem pouca influência sobre a comunidade como um todo. O contrário também é válido, isto é, quando a comunidade cumpre as leis de Kashrut, isto tem pouca influência sobre o cumprimento desta Mitzvá por cada um dos indivíduos. Mas há uma exceção: a Mitzvá de Shabat.
Uma pessoa que cumpre o Shabat e está cercada de pessoas que não cumprem tem uma experiência completamente diferente do que aquele que cumpre o Shabat cercado por uma comunidade observante. Quem já passou um Shabat em um ambiente de pessoas que não estão cumprindo sabe o quanto é difícil se concentrar e sentir a santidade do dia. E, ao contrário, quem passa o Shabat em companhia de pessoas comprometidas se sente imerso no clima de Shabat e consegue aproveitar melhor a oportunidade espiritual.
Isto quer dizer que qualquer pessoa que cumpre o Shabat está contribuindo para criar um ambiente propício e melhora, portanto, a experiência do Shabat de cada membro da comunidade. O contrário também é válido, isto é, cada pessoa que descumpre o Shabat causa um impacto negativo sobre toda a comunidade. Isto explica por que o versículo utiliza, em relação ao Shabat, uma linguagem ativa, “para fazê-las”, pois parte da obrigação daqueles que cumprem o Shabat é criar uma atmosfera que influencie positivamente a nós mesmos e aos outros.
O ser humano tem uma grande dificuldade de se conectar com coisas que não sejam concretas e palpáveis. Não é muito simples se envolver com conceitos que não podem ser vistos nem tocados. Por isso, o ser humano precisa de símbolos aos quais ele possa conectar-se e com os quais ele se identifica. Por exemplo, independente de quanto um judeu esteja afastado do judaísmo, quando ele acende as velas de Chánuka ou senta-se no Seder de Pessach, algo automaticamente o conecta com a sua espiritualidade, pois estes “símbolos” físicos fazem a pessoa sentir a conexão.
Foi exatamente esta dificuldade de se conectar através de coisas
intangíveis que levou o povo judeu ao pecado do Bezerro de Ouro. Enquanto Moshé
estava com o povo judeu, eles se sentiam conectados a D’us através dele. Mas
quando ele demorou a descer do Monte Sinai, os judeus temeram que ele houvesse
morrido e se desesperaram, achando que haviam se desconectado de D’us. Por isso
os judeus buscaram um substituto para Moshé, algo que os fizessem sentir-se
novamente conectados com D’us. Para grande parte do povo, o Bezerro de Ouro
representava apenas um substituto, concreto e tangível, de Moshé.
Mas não somente símbolos totalmente palpáveis nos ajudam a criar uma conexão espiritual. Por exemplo, outro “símbolo” que é essencial para que a pessoa possa sentir sua conexão espiritual é o ambiente onde ela vive. D’us, logo após o pecado do Bezerro de ouro, pediu para Moshé ensinar aos judeus como eles poderiam criar um símbolo permitido, através do qual eles se sentiriam mais próximos Dele. O Shabat é justamente a Mitzvá que atesta que D’us é o Criador do Universo e que Ele está constantemente envolvido em manter o mundo. Por isso, quando participamos na criação de uma atmosfera de Shabat, nos sentimos mais conectados às outras pessoas que também cumprem o Shabat e, em última instância, à D’us.
Foi por isso que Moshé reuniu todo o povo, depois do pecado do Bezerro de Ouro, para ensinar as leis do Shabat, pois ele não queria ensinar as leis aos judeus como indivíduos, mas como uma comunidade, pois é desta maneira que seremos influenciados e influenciaremos os outros de forma positiva. Quando formamos uma comunidade, isto cria algo mais tangível, para nós e todos os que estão em volta. Além disso, muitas das leis do Shabat são justamente voltadas ao estabelecimento da atmosfera necessária para criar o ambiente de Shabat. O acendimento das velas, as roupas especiais em honra do Shabat e as comidas deliciosas são apenas alguns exemplos.
Moshé nos ensinou que o Shabat é uma oportunidade de ouro, uma forma de construir uma relação concreta com D’us. Cumprir o Shabat é, acima de tudo, uma contribuição que podemos dar para toda a comunidade, uma forma de participar na criação de uma atmosfera propícia ao crescimento espiritual de todo o povo judeu.
SHABAT SHALOM
Rav Efraim Birbojm
Mas não somente símbolos totalmente palpáveis nos ajudam a criar uma conexão espiritual. Por exemplo, outro “símbolo” que é essencial para que a pessoa possa sentir sua conexão espiritual é o ambiente onde ela vive. D’us, logo após o pecado do Bezerro de ouro, pediu para Moshé ensinar aos judeus como eles poderiam criar um símbolo permitido, através do qual eles se sentiriam mais próximos Dele. O Shabat é justamente a Mitzvá que atesta que D’us é o Criador do Universo e que Ele está constantemente envolvido em manter o mundo. Por isso, quando participamos na criação de uma atmosfera de Shabat, nos sentimos mais conectados às outras pessoas que também cumprem o Shabat e, em última instância, à D’us.
Foi por isso que Moshé reuniu todo o povo, depois do pecado do Bezerro de Ouro, para ensinar as leis do Shabat, pois ele não queria ensinar as leis aos judeus como indivíduos, mas como uma comunidade, pois é desta maneira que seremos influenciados e influenciaremos os outros de forma positiva. Quando formamos uma comunidade, isto cria algo mais tangível, para nós e todos os que estão em volta. Além disso, muitas das leis do Shabat são justamente voltadas ao estabelecimento da atmosfera necessária para criar o ambiente de Shabat. O acendimento das velas, as roupas especiais em honra do Shabat e as comidas deliciosas são apenas alguns exemplos.
Moshé nos ensinou que o Shabat é uma oportunidade de ouro, uma forma de construir uma relação concreta com D’us. Cumprir o Shabat é, acima de tudo, uma contribuição que podemos dar para toda a comunidade, uma forma de participar na criação de uma atmosfera propícia ao crescimento espiritual de todo o povo judeu.
SHABAT SHALOM
Rav Efraim Birbojm
Ex. 35:1-38:20, 1 Re 7:13-26, 40-50, 2
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