sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

‘DESEJO’

Victor Hugo (1802 - 1885)

Desejo primeiro, que você ame,
e que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer
e esquecendo não guarde mágoa.
Desejo também que tenha amigos,
que mesmo maus e inconsequentes,
sejam corajosos e fiéis,
e que em pelo menos num deles
você possa confiar sem duvidar.
E porque a vida é assim,
desejo ainda que você tenha inimigos;
Nem muitos, nem poucos,
e que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
para que você não se sinta demasiado seguro.
Desejo ainda que você seja tolerante;
não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
mas com os que erram muito e irremediavelmente,
e que fazendo bom uso dessa tolerância,
você sirva de exemplo aos outros.
Desejo que você sendo jovem,
não amadureça depressa demais
e sendo maduro, não insista em rejuvenescer,
e que sendo velho não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor
e é preciso deixar que eles escorram por entre nós.
Desejo também, que você plante uma semente
por mais minúscula que seja,
e que acompanhe o seu crescimento
para que você saiba de quantas muitas vidas
é feita uma árvore.
Desejo por fim que você sendo um homem,
tenha uma boa mulher,
e que sendo uma mulher,
tenha um bom homem
e que se amem hoje, amanhã e no dia seguinte,
e que quando estiverem exaustos e sorridentes,
ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer,
não tenho mais nada a desejar.

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