"Jason,
um jovem rapaz judeu, era o típico adolescente californiano, que gostava de
liberdade e não queria saber de responsabilidades. Estava sempre "curtindo a
vida", e não escutava os apelos dos pais, que preocupados com sua vida
desregrada, imploravam para que ele tomasse um rumo na vida. Não levava a sério
os estudos na faculdade, não pensava no futuro e desde seu Bar-Mitzvá estava
completamente desconectado do judaísmo.
Certa vez Jason decidiu passar o dia caminhando sozinho pelo Parque Nacional de Redwood. Depois de um dia inteiro curtindo o contato com a natureza, quando começou a escurecer ele decidiu dormir para recobrar as forças. Procurou um bom lugar para arrumar suas coisas e encontrou, quando já estava bem escuro, uma pequena clareira na floresta. O chão era de pedra, e parecia que havia alguns desenhos no piso, mas ele estava cansado demais para verificar o que era aquele local. Longe de qualquer preocupação, esticou seu "sleeping bag" e dormiu.
Jason acordou de manhã se sentindo desconfortável e um pouco perturbado. Quando ele se sentou, ainda sonolento, percebeu que estava coberto de teias de aranha. Assustado, ele deu um salto e começou a limpar sua roupa. Quando olhou para trás, levou um grande susto ao ver uma enorme lápide ao lado do seu "sleeping bag". Sem perceber, Jason havia dormido sobre o túmulo de alguém.
O choque foi muito grande. Jason, aquele garoto livre e sem responsabilidades, entendeu que aquele era um sinal de que estava vivendo uma vida sem sentido. Decidiu que a partir daquele dia ele mudaria. Começou a se esforçar mais nos estudos, decidiu frequentar as aulas de Torá em uma sinagoga e pediu para que as pessoas o chamassem pelo seu nome em hebraico, Yaacov. Em pouco tempo Yaacov havia se tornado um Baal Teshuvá (pessoa afastada do judaísmo que se reconecta à Torá e às Mitzvót). Quando as pessoas questionavam os motivos de sua mudança tão repentina, ele contava, dando risada:
- Na verdade foi como um novo nascimento. Eu deitei em um túmulo como Jason, e acordei para a vida como Yaacov" (História Real, retirada do livro "Major Impact!", de autoria de Dovid Kaplan.
******************************************Certa vez Jason decidiu passar o dia caminhando sozinho pelo Parque Nacional de Redwood. Depois de um dia inteiro curtindo o contato com a natureza, quando começou a escurecer ele decidiu dormir para recobrar as forças. Procurou um bom lugar para arrumar suas coisas e encontrou, quando já estava bem escuro, uma pequena clareira na floresta. O chão era de pedra, e parecia que havia alguns desenhos no piso, mas ele estava cansado demais para verificar o que era aquele local. Longe de qualquer preocupação, esticou seu "sleeping bag" e dormiu.
Jason acordou de manhã se sentindo desconfortável e um pouco perturbado. Quando ele se sentou, ainda sonolento, percebeu que estava coberto de teias de aranha. Assustado, ele deu um salto e começou a limpar sua roupa. Quando olhou para trás, levou um grande susto ao ver uma enorme lápide ao lado do seu "sleeping bag". Sem perceber, Jason havia dormido sobre o túmulo de alguém.
O choque foi muito grande. Jason, aquele garoto livre e sem responsabilidades, entendeu que aquele era um sinal de que estava vivendo uma vida sem sentido. Decidiu que a partir daquele dia ele mudaria. Começou a se esforçar mais nos estudos, decidiu frequentar as aulas de Torá em uma sinagoga e pediu para que as pessoas o chamassem pelo seu nome em hebraico, Yaacov. Em pouco tempo Yaacov havia se tornado um Baal Teshuvá (pessoa afastada do judaísmo que se reconecta à Torá e às Mitzvót). Quando as pessoas questionavam os motivos de sua mudança tão repentina, ele contava, dando risada:
- Na verdade foi como um novo nascimento. Eu deitei em um túmulo como Jason, e acordei para a vida como Yaacov" (História Real, retirada do livro "Major Impact!", de autoria de Dovid Kaplan.
Nesta
semana começamos o terceiro livro da Torá, Vayikrá, que descreve principalmente
os serviços realizados pelos Cohanim (sacerdotes) no Mishkan (Templo Móvel). E a
Parashá desta semana, Vayikrá, começa justamente falando sobre um dos principais
serviços feitos pelos Cohanim: a oferenda de Korbanót (sacrifícios), como está
escrito: "Quando um 'Adam' (pessoa) entre vocês trouxer um Korban para D'us
(Vayikrá 1:2). Mas algo nos chama a atenção neste versículo, pois normalmente a
Torá utiliza a expressão "Ish" para descrever uma pessoa, e não a expressão
"Adam". Então por que justamente neste versículo a Torá utilizou a linguagem
"Adam"?
Explica o Midrash (parte da Torá Oral) que este versículo está fazendo uma alusão a Adam Harishon (Adão), o primeiro homem criado por D'us. Qual a conexão entre os Korbanót oferecidos no Mishkan e Adam Harishon? Da mesma maneira que não havia como Adam Harishon trazer um Korban que fosse roubado, pois tudo pertencia a ele, então também aprendemos que é proibido oferecer para D'us um Korban roubado.
Mas este ensinamento do Midrash é difícil de ser entendido. Existem muitas Mitzvót da Torá que não têm nenhuma validade caso sejam feitas com objetos roubados. Por exemplo, a Mitzvá das 4 espécies de Sucót só pode ser cumprida se a pessoa adquiriu para si as 4 espécies, mas a Mitzvá não é válida caso a pessoa as tenha roubado, pois a Torá afirma: "E pegarão para vocês no primeiro dia" (Vayikrá 23:40). Como a Torá enfatiza "para vocês", nossos sábios aprendem que para a Mitzvá ser válida, as 4 espécies devem pertencer à pessoa. Portanto, vemos que a Torá tem formas diretas de invalidar o uso de objetos roubados no cumprimento de uma Mitzvá. Então por que em relação aos Korbanót foi necessário fazer uma conexão indireta com Adam Harishon para nos ensinar a proibição de oferecer um Korban roubado?
Outro questionamento vem de um ensinamento do Talmud (Baba Metzia 114b), que afirma que a palavra "Adam" se refere especificamente ao povo judeu e não aos outros povos do mundo. Então por que este termo é utilizado em relação à oferenda de Korbanót, se havia Korbanót que podiam ser oferecidos também pelos outros povos, como os Korbanót de "Olá" (elevação) voluntários?
Além disso, o Talmud Yerushalmi (Shekalim 1:4) aprende da palavra "Adam" que este versículo da Parashá se aplica também àqueles que se converteram ao judaísmo. Mas por que nós precisaríamos de um versículo para incluir os convertidos na Mitzvá de oferecer Korbanót, se a Torá nos ensina que mesmo os não judeus já estavam incluídos nesta Mitzvá?
E finalmente o Rambam (Maimônides) (Espanha, 1135 - Egito, 1204) nos ensina que o posicionamento do Mizbeach (altar de sacrifícios) do Beit Hamikdash de Jerusalém precisou ser feito de forma muito meticulosa, pois ele deveria ficar no exato local onde Noach (Noé), Cain e Hevel (Cain e Abel) e Adam Harishon haviam oferecido seus Korbanót para D'us. O Rambam conclui afirmando que foi daquele exato local que D'us retirou a terra utilizada para criar Adam Harishon. Por que o Mizbeach precisava ficar exatamente no local da criação de Adam? Para que o homem recebesse expiação dos seus pecados exatamente no mesmo lugar em que havia sido criado. Porém, qual é a conexão entre a expiação de uma transgressão e o local onde o ser humano foi criado?
Explica o Rav Yohanan Zweig que, ao fazer com que o local da expiação dos pecados através do oferecimento de Korbanót fosse exatamente o mesmo lugar da criação do ser humano, D'us estava dando ao homem a capacidade de se "recriar" toda vez que ele oferecia um Korban. O Korban era a representação simbólica do próprio dono do animal, e por isso não podia ser algo roubado, deveria ser um animal de sua propriedade. Quando a pessoa trazia um Korban, ela estava declarando sua vontade de se reconectar a D'us e voltar ao ponto no qual o relacionamento ainda não havia sido manchado pela transgressão, como se ela estivesse se recriando. É por isso que nos Korbanót a Torá utiliza a linguagem "Adam", pois aquele que oferece o Korban demonstra que gostaria de voltar ao ponto da criação de Adam Harishon, antes do seu pecado, no qual ele ainda estava completamente puro.
Apesar de todos os povos também terem a permissão de oferecer Korbanót "Olá" para D'us, entretanto os Korbanót deles não têm a mesma função dos Korbanót do povo judeu. Os Korbanót dos outros povos eram uma forma de pagamento de uma dívida ou uma demonstração de gratidão, mas não serviam como uma forma de recriação do ser humano, pois esta função dos Korbanót estava reservada apenas ao povo judeu. É por isso que a Torá precisou "gastar" este versículo também para incluir os convertidos, para nos ensinar que, ao se unir ao povo judeu, os convertidos também recebiam esta capacidade de se recriar através da oferenda de Korbanót.
Realmente havia várias maneiras diretas de a Torá ter invalidado a utilização de um animal roubado como Korban, mas a Torá escolheu ensinar esta lição através da conexão com Adam Harishon para nos transmitir o conceito de que a criação do ser humano foi no exato local onde ocorre sua expiação espiritual, ressaltando o potencial dos Korbanót de nos recriar, de nos dar a chance de um recomeço, de refazer nossa conexão com D'us mesmo após termos transgredido contra Ele.
Cada vez que cometemos uma transgressão, manchamos nossas almas e nos desconectamos de D'us. O Korban não consistia apenas em oferecer um animal para ser sacrificado após uma transgressão. A parte mais importante era o arrependimento pelo erro cometido e a vontade de não voltar a transgredir. Apesar de não termos mais a oportunidade de oferecer Korbanót por nossos erros, ainda nos restou a possibilidade de nos recriar através da Teshuvá (retorno aos caminhos corretos). O povo judeu vive um milagre de renascimento, com milhares de judeus, no mundo inteiro, voltando às suas raízes espirituais após um terrível período de assimilação. Judeus completamente afastados praticamente renasceram e se recriaram. Famílias inteiras, completamente afastadas do cumprimento de Mitzvót, voltam lentamente aos caminhos da Torá. Jovens que viviam sem nenhum propósito se reconectam e decidem frequentar aulas de Torá. É uma verdadeira "ressurreição dos mortos" que ocorre dentro do povo judeu, um movimento de Teshuvá que já mudou a vida de milhares de pessoas no mundo inteiro.
A linguagem "Korban" vem da mesma raiz de "Karov", que significa "estar próximo". Não podemos por enquanto oferecer Korbanót para D'us, mas podemos nos recriar e querer voltar, com todo nosso coração, ao mesmo nível de Adam Harishon antes de seu pecado, no qual sua conexão com D'us era completamente limpa e perfeita. E como ensina o Talmud (Shabat 104a): "Todo aquele que quer se purificar recebe uma ajuda especial dos Céus". Se quisermos de verdade nos reaproximar de D'us, certamente teremos uma enorme ajuda espiritual em nossos caminhos de crescimento, pois D'us é um Pai Misericordioso que espera ansiosamente o momento em que Seus filhos decidirão voltar para casa.
SHABAT SHALOM
Rav Efraim Birbojm
LEVÍTICO l:1-6:7, Is. 43:21-44:23
Explica o Midrash (parte da Torá Oral) que este versículo está fazendo uma alusão a Adam Harishon (Adão), o primeiro homem criado por D'us. Qual a conexão entre os Korbanót oferecidos no Mishkan e Adam Harishon? Da mesma maneira que não havia como Adam Harishon trazer um Korban que fosse roubado, pois tudo pertencia a ele, então também aprendemos que é proibido oferecer para D'us um Korban roubado.
Mas este ensinamento do Midrash é difícil de ser entendido. Existem muitas Mitzvót da Torá que não têm nenhuma validade caso sejam feitas com objetos roubados. Por exemplo, a Mitzvá das 4 espécies de Sucót só pode ser cumprida se a pessoa adquiriu para si as 4 espécies, mas a Mitzvá não é válida caso a pessoa as tenha roubado, pois a Torá afirma: "E pegarão para vocês no primeiro dia" (Vayikrá 23:40). Como a Torá enfatiza "para vocês", nossos sábios aprendem que para a Mitzvá ser válida, as 4 espécies devem pertencer à pessoa. Portanto, vemos que a Torá tem formas diretas de invalidar o uso de objetos roubados no cumprimento de uma Mitzvá. Então por que em relação aos Korbanót foi necessário fazer uma conexão indireta com Adam Harishon para nos ensinar a proibição de oferecer um Korban roubado?
Outro questionamento vem de um ensinamento do Talmud (Baba Metzia 114b), que afirma que a palavra "Adam" se refere especificamente ao povo judeu e não aos outros povos do mundo. Então por que este termo é utilizado em relação à oferenda de Korbanót, se havia Korbanót que podiam ser oferecidos também pelos outros povos, como os Korbanót de "Olá" (elevação) voluntários?
Além disso, o Talmud Yerushalmi (Shekalim 1:4) aprende da palavra "Adam" que este versículo da Parashá se aplica também àqueles que se converteram ao judaísmo. Mas por que nós precisaríamos de um versículo para incluir os convertidos na Mitzvá de oferecer Korbanót, se a Torá nos ensina que mesmo os não judeus já estavam incluídos nesta Mitzvá?
E finalmente o Rambam (Maimônides) (Espanha, 1135 - Egito, 1204) nos ensina que o posicionamento do Mizbeach (altar de sacrifícios) do Beit Hamikdash de Jerusalém precisou ser feito de forma muito meticulosa, pois ele deveria ficar no exato local onde Noach (Noé), Cain e Hevel (Cain e Abel) e Adam Harishon haviam oferecido seus Korbanót para D'us. O Rambam conclui afirmando que foi daquele exato local que D'us retirou a terra utilizada para criar Adam Harishon. Por que o Mizbeach precisava ficar exatamente no local da criação de Adam? Para que o homem recebesse expiação dos seus pecados exatamente no mesmo lugar em que havia sido criado. Porém, qual é a conexão entre a expiação de uma transgressão e o local onde o ser humano foi criado?
Explica o Rav Yohanan Zweig que, ao fazer com que o local da expiação dos pecados através do oferecimento de Korbanót fosse exatamente o mesmo lugar da criação do ser humano, D'us estava dando ao homem a capacidade de se "recriar" toda vez que ele oferecia um Korban. O Korban era a representação simbólica do próprio dono do animal, e por isso não podia ser algo roubado, deveria ser um animal de sua propriedade. Quando a pessoa trazia um Korban, ela estava declarando sua vontade de se reconectar a D'us e voltar ao ponto no qual o relacionamento ainda não havia sido manchado pela transgressão, como se ela estivesse se recriando. É por isso que nos Korbanót a Torá utiliza a linguagem "Adam", pois aquele que oferece o Korban demonstra que gostaria de voltar ao ponto da criação de Adam Harishon, antes do seu pecado, no qual ele ainda estava completamente puro.
Apesar de todos os povos também terem a permissão de oferecer Korbanót "Olá" para D'us, entretanto os Korbanót deles não têm a mesma função dos Korbanót do povo judeu. Os Korbanót dos outros povos eram uma forma de pagamento de uma dívida ou uma demonstração de gratidão, mas não serviam como uma forma de recriação do ser humano, pois esta função dos Korbanót estava reservada apenas ao povo judeu. É por isso que a Torá precisou "gastar" este versículo também para incluir os convertidos, para nos ensinar que, ao se unir ao povo judeu, os convertidos também recebiam esta capacidade de se recriar através da oferenda de Korbanót.
Realmente havia várias maneiras diretas de a Torá ter invalidado a utilização de um animal roubado como Korban, mas a Torá escolheu ensinar esta lição através da conexão com Adam Harishon para nos transmitir o conceito de que a criação do ser humano foi no exato local onde ocorre sua expiação espiritual, ressaltando o potencial dos Korbanót de nos recriar, de nos dar a chance de um recomeço, de refazer nossa conexão com D'us mesmo após termos transgredido contra Ele.
Cada vez que cometemos uma transgressão, manchamos nossas almas e nos desconectamos de D'us. O Korban não consistia apenas em oferecer um animal para ser sacrificado após uma transgressão. A parte mais importante era o arrependimento pelo erro cometido e a vontade de não voltar a transgredir. Apesar de não termos mais a oportunidade de oferecer Korbanót por nossos erros, ainda nos restou a possibilidade de nos recriar através da Teshuvá (retorno aos caminhos corretos). O povo judeu vive um milagre de renascimento, com milhares de judeus, no mundo inteiro, voltando às suas raízes espirituais após um terrível período de assimilação. Judeus completamente afastados praticamente renasceram e se recriaram. Famílias inteiras, completamente afastadas do cumprimento de Mitzvót, voltam lentamente aos caminhos da Torá. Jovens que viviam sem nenhum propósito se reconectam e decidem frequentar aulas de Torá. É uma verdadeira "ressurreição dos mortos" que ocorre dentro do povo judeu, um movimento de Teshuvá que já mudou a vida de milhares de pessoas no mundo inteiro.
A linguagem "Korban" vem da mesma raiz de "Karov", que significa "estar próximo". Não podemos por enquanto oferecer Korbanót para D'us, mas podemos nos recriar e querer voltar, com todo nosso coração, ao mesmo nível de Adam Harishon antes de seu pecado, no qual sua conexão com D'us era completamente limpa e perfeita. E como ensina o Talmud (Shabat 104a): "Todo aquele que quer se purificar recebe uma ajuda especial dos Céus". Se quisermos de verdade nos reaproximar de D'us, certamente teremos uma enorme ajuda espiritual em nossos caminhos de crescimento, pois D'us é um Pai Misericordioso que espera ansiosamente o momento em que Seus filhos decidirão voltar para casa.
SHABAT SHALOM
Rav Efraim Birbojm
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